Poemas, frases e mensagens de Liliana Jardim

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Liliana Jardim

Saberás um dia a que vieste?

 
Sem saber de mim
deslizo pela correria do tempo
em passos lentos ….avanço agitada
ao encontro do amanha ….incerto

Saberás um dia a que vieste?

Desliza um brilho pelos meus olhos já baços
um brilho que encegueira quem dele duvida
poderás falar eloquentemente, em discurso
mas poderás ver-te, como puzzle da vida?

Saberás um dia a que vieste?

Na calada da noite adormeço
em contante insónia, permaneço
nem a quentura do teu olhar acalma
esta ânsia ansiosa de querer-te

Amanhece, igual a tantas outras manhãs
desliso por aí, onde permanece o brilho dos meus olhos
febrilmente permaneço, quieta

Será que hoje saberei ao que vim?
E tu, será que hoje também saberás se virás?

Escrito 27/04/23
 
Saberás um dia a que vieste?

Parabens Haeremai

 
Parabéns minha amiga, que este teu dia seja repleto de muita ternura, amigos e bués de poesia. Que a vida te dê um pouquinho daquilo que mais desejares, em azul.

Chegaste à Lusos em Setembro
trazias ainda o aroma da primavera
nas palavras a maresia do mar
nesse teu jeito único de dar
cativaste, poetas e poetisas
deste imenso mar literário
deste-nos algo único
o teu BEIJO AZUL
e a tua alma,
embebida
na ternura
dos teus versos
apesar dos temporais
das nuvens pardacentas
carentes de sol

Com a força da vontade
bradaste à vida,
num grito guerreiro
e venceste
a guerra da sobrevivência
com orgulho e humildade
permaneces neste mar revolto
envolta no respeito
e na ternura
de nós por ti

Tudo de bom para ti amiga… sempre
Obrigado por permaneceres
 
Parabens Haeremai

Na palma da minha mão

 
Na palma da minha mão
 
Na palma da minha mão
há o reflexo lapidado de um olhar,
desse olhar que se perde
no interstício da alma minha,
há um tudo e um nada, como a vida que desliza
na ponta da asa de uma gaivota cega

Na palma da minha mão
há um sonho, uma estrela dançante
num olhar gotejante
de corpúsculos cristalinos de sal,
torrente fluindo num pedaço de mar
do teu mar, pertinho de ti

Na palma da minha mão
tatuado a lume e lágrimas,
há um diamante, enobrecido pelo tempo
um tempo vão… forçado… o teu

Na palma de uma mão
na lonjura das vagas marinhas, sem nexo…
há um olhar vazio….. falho de algo...
de mim

Escrito a 31/05/10
 
Na palma da minha mão

Tempo vagabundo

 
Tempo vagabundo
 
Com a impotência algemada à alma
e as mãos calejadas de acariciar
o vazio do eco arquejante
lavro na pedra barrenta
do destino
um outro olhar,
um outro caminhar

Com a firmeza de um sem abrigo
semeio na alma as flores do desejo
desse desejo que me faz crente
e na berma da estrada
visto-me
dos minutos e das horas do tempo,
desse tempo
sem tempo p`ra mim

A impotência permanece
na ardência da alma nua
e num impulso de puro
atrevimento
exijo ao vagabundo do tempo
um milésimo de tempo
por fim

Escrito a 30/12/09
 
Tempo vagabundo

Como uma rosa Azul

 
 
Queria ser como a rosa azul
Viver meramente um dia
Ser a tua primavera, o teu Verão
O teu Outono, o teu Inverno
Sentir a fragrância da tua pele,
Tuas mãos docemente no meu rosto
Com a macieza das pétalas azuis.
Sentir o prazer de ser especial
Somente um dia, que importa
Como a rosa azul

Afogar a saudade no sabor do teu odor
Saciar o sonho perdido num olhar ardente
Mergulhar na limpidez orvalhada
Que afaga as tuas pétalas imortais
Diluir–me na imensurabilidade de ti
Um dia, uma vida, uma eternidade.
Morrer e renascer como a rosa azul

Escrito a 2/11/08
 
Como uma rosa Azul

A minha ilha enlutada

 
O pranto ressoa na ilha enlutada
no enlameado das aguas em furor
jaz sem honra a beleza amortalhada
d´um exíguo paraíso outrora em flor

Suspende-se a vida em estupefacção
de um povo bravio, soterrado na dor
perdem-se vidas na estúpida tragédia
e ao olhar incrédulo … surpreendido
junta-se a agonia do futuro sem cor

Em momentos de autentico desalento,
alimentando-se da sua própria dor
cerram forte os punhos…. crentes
trajando a ilha de renovada cor

Num pranto incontido …sufocante
chora-se os corpos na morte perdidos
e murmura-se uma prece resignada
de um povo, unido na reconstrução.

Escrito a 22/02/10
 
A minha ilha enlutada

Faço de ti “poesia”

 
Faço de ti “poesia”
o meu sustento
a minha crença do dia a dia
a minha arma, o meu lamento
o meu gemido, a minha fantasia

Faço de ti, o leito do meu sossego
o vento da minha tempestade
a seiva do meu carinho
no teu corpo versado

Faço de ti a taça de bom vinho
bebido no acto da embriaguez,
nas curvas do meu caminho,
no meu eterno destino

E lá, onde arde a desdita
faço de ti a minha guitarra,
a canção do meu bailado
o traje da minha memória
o meu destemido fado

Faço de ti “poesia”a minha saudade
a minha querença, a minha infinidade

Escrito a 2/08/10
 
Faço de ti “poesia”

...libertando as marcas da pele

 
Sangue ardente vertendo-se em cima do papel
os dedos tensos libertando as marcas da pele
e os lábios morrendo nas palavras ainda doces
fluindo por entre as rimas perdidas do verso

AH meu amor, tão mate é agora a cor do poema
nuas são as mãos que sustêm os resquícios
da tinta com que tinjo o peito e afogo o olhar
na longinquidade do mar onde me sepulto nua

E na boca do vento ainda gemem os sussurros
que a brisa suavemente lá deixou, delirante
em lábios feitos de instantes, adormeço no tempo
no tempo que teima a me abraçar, suculento

Escrito a 24/05/15
 
...libertando as marcas da pele

Aos pés do divino

 
O céu tombou sobre os nossos corpos
… despidos

As asas abriram-se em arco
engolindo a pele
… hirta

Profano o teu corpo num altar de prazeres
…faminta

E sucumbo ao peito
que me ofereces, aos pés do divino

18-11-15
 
Aos pés do divino

… visto-me do avesso

 
Toco no reverso da alma,
visto-me do avesso e rio-me do tempo,
em gargalhadas cínicas, desafio-o
poderosa força avassalando a mente
numa brisa translucida que me cobre
ao de leve
e transporta-me
num adejar de asas febris
ao teu encontro despida

Escrito a 1/06/15
 
… visto-me do avesso

nos braços quentes da noite

 
Pouso o meu cansaço
na obscuridade da lua
onde o eco do silencio
desaparece
no riso comovido dos astros
sem saber ….saudade

destranco o grito laminado
do meu peito
lanço-me na brisa suave do teu rosto
e adormeço
nos braços quentes da noite

Escrito 20/05/23
 
nos braços quentes da noite

no encanto felino do teu corpo, nasce o poema

 
Pesa-me na pele o encanto felino do teu corpo
nos lábios o sabor dos teus… ensopados
lentamente cobre-me o vaivém das tuas mãos
na iris do meu olhar lacrimeja os teus…delinquentes
neste poema que amanhece na minha mente
onde adormece o meu cansaço numa astenia latejante
eclodindo no ondar do meu peito nu
pequenos sois tangentes á memoria no meu corpo, levitam
e no sopro das palavras sem rimas…poeto-te,
sem saber delinear outros escritos fecundos

Pesa-me na pele o encanto felino do teu corpo
e nas pétalas de uma gerbera plantada em mim
nasce o poema

Escrito a 18/6/23
 
no encanto felino do teu corpo, nasce o poema

O amor encontrou-me algures

 
O amor encontrou-me algures
 
O amor encontrou-me algures
e chamou-me logo de meu amor
murmurando obstinado
que era p`ra toda a eternidade

Como se eu fosse mar
ele me beija na mansidão do sol
Como se eu fosse a lua
ele me incendeia como um cometa
Como se fosse o horizonte
ele me oferece o mar no meu olhar
Como se eu fosse pássaro
ele me acaricia na brisa esvoaçante
Como se eu fosse flor
ele me rega com a ternura de sentir
Quando eu grito
no silencio da saudade
ele me acalma e me embriaga
na doce loucura de ser
Como sou paixão
ele me alimenta de sonhos, de quereres
e nas noites frias, ele me dá
o fogo dos sonhos alados
rasgando o céu no infinito desejado

Escrito a 28/01/10
 
O amor encontrou-me algures

Lavo as insónias

 
Lavo as insónias
 
Abrigo o meu pranto
no marejar mudo das rochas,
onde florescem as giestas
num preludio primaveril

Lavo as insónias
no relento das madrugadas
que chegam arrogantes
ao relevo do meu corpo febril

Descalça, trajo-me de sal,
e o reflexo do meu olhar
perde-se
no enrodilhar tumultuoso
das sensações
vazias de aridez

Deixo-me sucumbir
ao silencioso cantar frenético
dos pássaros,
aos afoitos raios solares
e perco-me nas encostas de ti.

Escrito a 15/05/10
 
Lavo as insónias

…na longura de ser corpo em ebulição

 
Sinto-te feitiço, emoção
loucura e paixão
sussurro que murmura baixinho
…perdição

sinto-te aromas por degustar
perdidos no meu peito de (a)mar
e nas veias esta vontade louca
de te tocar
sabores em mim aprisionados
na falta de um olhar

A vida é um autêntico carrossel,
que roda, roda sem se deter
fácil é parar no tempo,
esta loucura de te querer
corre-me nas veias sangue delinquente
daquele que nos faz doer
corpo agridoce flutuando ao vento
antes do mesmo amanhecer
na longura de ser
corpo em ebulição

Escrito 28/06/23
 
…na longura de ser corpo em ebulição

Sou ninguém

 
Sentes a suavidade da brisa
roçando o teu semblante,
nas madrugadas pardacentas
deste Outono que chega?

Sou eu que te afago

Sentes os ruídos imperceptíveis,
daqueles que se cruzam contigo
na alameda da vida?

Sou eu que falo de mim,
para que te compreendas a ti

Sentes o gotejar da chuva
escorrendo no teu corpo cansado?

Sou eu que acaricio os poros da tua alma

Sentes a vida que por ti passa?
saúda-a com um sorriso,
mesmo que ténue,
contempla-a e em pequenos goles
sorve-a, bebendo na fonte translúcida
e voa para a plenitude de ti

Porque foi comigo que te cruzaste
na distancia de mim, num tempo qualquer

Sentes? sou ninguém
mas estou aqui, sempre aí
aconteça o que acontecer.
 
Sou ninguém

Alma poetica

 
Palavras esculpidas
em papel inerte
pedaços da alma poética
de quem padece no corpo
a dor transcendente dos mortais
absurdos, bárbaros e insanos
alguém em que
as palavras são
desabafos impetuosos
que brotam do inconsciente
calcinado pelas emoções da vida
de uma alma engrandecida
dos sentires consciente do seu ser
que não cala a revolta,
a injustiça, a displicência
dos seres ditos racionais
pedaços de alma
prensados em palavras
transmitindo
gritos silenciosos
da grandeza de uma alma poética
penetrando na profundidade
da imundice humana

(a doce mulher, a insana poeta…)

Escrito a 19/01/08
 
Alma poetica

E o vento silencia-se em palavras anémicas

 
O vento silencia-se em palavras anémicas
e as mãos abraçam o vazio, por onde os pássaros poisam as asas inertes
no colo envidraçado do verso

e onde os mares abraçam a linha recta do luso fusco
há pétalas envergonhadas despetalando-se do poema
que teima em desabrochar, despido de tudo e de nada

e as mágoas inanimadas deslizam nas paginas brancas celulóticas
onde famintos os vocábulos dicotómicos ausentam-se das rimas por dizer
e o vento silencia-se em palavras anémicas

Escrito a 3/12/16
 
E o vento silencia-se em palavras anémicas

Náufrago, deste (a)mar

 
No rio obscuro da vida
existe um barco á deriva
nas aguas paradas no tempo
deste tempo que se perde
na sombra das tuas brumas

O barco desliza inquieto, ávido
espera a luz do amanhecer,
onde o sol seque a humidade
que goteja perene de querer.

São tantas as gotas gotejadas
e tantas as fragrâncias exaladas
que em arrojado ondular desliza,
nas pacatas águas da vida
o barco náufrago, deste (a)mar

(E lá… )

Onde se funde o rio e o mar
na meiguice de um raio de luar
tu barco, deixarás de te perder,
descobrirás os teus velhos remos
e nos braços de um renovado ser
permanecerás firme, pungente,
neste rio que o destino
não quer ainda destruir

Escrito a 23/11/09
 
Náufrago, deste (a)mar

Volúpia

 
O clarão ilumina-se na calada da noite
num retumbar de explosivas sensações
rasgando as vestes que cobrem
o meu corpo flamejante de ti

A chuva docemente inunde-me
em carícias perfumadas de timidez
numa volúpia incontida de querer

A chama intensa extravasa
o meu olhar lânguido de desejo
O vento irrompe no pensamento
em temporais de idealização
A neblina afaga-me vagarosamente
em danças de desnudo prazer
A terra humedecida estremece
num prolongamento sísmico de mim

E o sol, ah o sol
aquece-se sofregamente
da ternura e êxtase exaladas
embebendo a terra de imenso prazer
numa exultação incontida de ser…..

Escrito a 27/02/09
 
Volúpia