Os garranchos da sua covardia...
Eu não pude esconder minha tristeza
no momento da nossa despedida
Em meu peito ficou uma ferida
que não sei calcular a profundeza
Quando ela negava com frieza
que estava fazendo a traição
um pedido sincero de perdão
que fizesse a mim já bastaria
Os garranchos da sua covardia
arranharam demais meu coração
Nunca imaginei que fosse ver
um amor tão bonito se acabar
Tantos sonhos pensei realizar
com aquela que só me fez sofrer
Eu agora preciso é esquecer
suas juras de amor feitas em vão
pois pra minha maior decepção
me deu nada quem tudo prometia
Os garranchos da sua covardia
arranharam demais meu coração
O silêncio da noite é que tem sido
testemunha das minhas amarguras
Abalaram-se minhas estruturas
quando sem dar motivos fui traído
Vendo nosso amor ser destruído
foi melhor não manter a ilusão
Mas se agora aprendi uma lição
foi por meio da dor daquele dia
Os garranchos da sua covardia
abalaram demais meu coração
Eu queria amar só Jacqueline
e a dita não quis o meu amor
Eu carrego comigo esta dor
tão amarga que verso não define
Mesmo que seu descaso determine
estar longe a nossa união
provarei que a minha intenção
nunca foi uma promessa vazia
Os garranchos da sua covardia
arranharam demais meu coração
Sei que o grande amor da minha vida
foi o que só senti por Jacqueline
mas ainda que o tempo extermine
esta minha paixão mal resolvida
pra que ela por mim seja esquecida
eu preciso deixar o meu sertão
que somente com esta precaução
esta brasa em meu peito se resfria
Os garranchos da sua covardia
arranharam demais meu coração
Não que seja melhor viver sozinho
ou vagar pelo mundo magoado
Pois já fui um bobão apaixonado
e da flor só fiquei com o espinho
Mas não quero ganhar o seu carinho
e pagar com a minha sujeição
Mergulhei de cabeça na paixão
pra sofrer o que eu não merecia
Os garranchos da sua covardia
arranharam demais meu coração
A beleza das mulheres
O encanto de uma flor
que se vê numa mulher
não é para ser versado
por um poeta qualquer
É preciso muita verve
pra cumprir esse mister
É preciso de Petrarca
fluência e sonoridade
de Homero a inventiva
de Camões profundidade
de Neruda a riqueza
de Lorca a intensidade
Se eu pudesse escrever
com o estro de alguém
do porte de um Vinícius
Drummond e Cabral também
não diria nem metade
do valor que a mulher tem
Ela tem da margarida
a graça e a singeleza
do jasmim tem a ternura
do lírio tem a pureza
da rosa tem elegância
do cravo a delicadeza
Contemplando a natura
com suas formas singelas
nas paisagens primorosas
as flores são as mais belas
e a beleza da mulher
supera a de todas elas
A filha da noiva do pistoleiro
No faroeste selvagem
de nativo e forasteiro
aconteceram histórias
de enredo aventureiro
Uma delas é A filha
da noiva do pistoleiro
A nossa trama começa
em cidade do Arizona
que é onde um xerife
por uma linda colona
que procurava seu pai
com furor se apaixona
Nós já sabemos que Fred
com a Jéssica se casou
Foi um caça-recompensas
que depois se aposentou
Mas uma filha tiveram
que a sua mãe puxou
No rancho do pai a moça
trabalhava sem fricote
sabendo usar o machado,
o martelo e o serrote
aprendendo com a mãe
o manejo do chicote
Certa feita num salão
Fred estava entretido
esperando que chegasse
na cidade um bandido
quadrilheiro perigoso
só por ele conhecido
Com ele estava o xerife
esperando o bandoleiro
pra dar ordem de prisão
e levá-lo prisioneiro
só precisando que Fred
apontasse ele primeiro
Ele nem desconfiava
que esperavam em vão
O bandido procurado
já estava na prisão
Mas seriam envolvidos
numa outra situação
De repente ali chegou
em um bonito alazão
a jovem filha de Fred
já de chicote na mão
Amarrou o seu cavalo
e penetrou no salão
Vestida como rancheira
parou olhando os presentes
como quem procura alguém
que está entre os clientes
enfrentando os cobiçosos
olhares concupiscentes
E apesar da sua roupa
ser de rancheira singela
seu traje não escondia
a beleza da donzela
que faria um roseiral
chorar de inveja dela
Avistando o pai na mesa
com ele já foi gritando:
- Papai o que você faz
em mesa de bar jogando?
Já faz tempo que estou
na cidade o procurando!
Surpreso ao ver a filha
chegando de relancina
Fred a ela retrucou:
- Não é você na cantina
que não sabe que aqui
não é lugar de menina?
Mas a jovem a seu pai
não conseguia escutar
uma vez que o pianista
(um artista do lugar)
um piano barulhento
não parava de tocar
A moça pediu silêncio
mas ele não quis parar
Nisso o fio do chicote
deu um estalo no ar
e na perna do piano
começou a se enrolar
Com bastante agilidade
a jovem deu um puxão
e a perna enroscada
se partiu no safanão
fazendo todo o piano
cair e quebrar no chão
Demonstrando embriaguês
nas expressões faciais
um mineiro aproximou-se
e com gestos teatrais
gritou para a menina:
- Mas assim já é demais!
O chicote novamente
com força foi estalando
Na garrafa de vermute
que ele estava segurando
com extrema rapidez
foi o fio se enrolando
Para longe do sujeito
a garrafa foi puxada
e batendo na parede
terminou estilhaçada
Todo povo admirou-se
com aquela chicotada
O mineiro incomodado
com aquela humilhação
tentou sacar a pistola
mas ficou na pretensão
que com outra chicotada
a arma saltou da mão
A jovem disse: - Vocês
não sejam tolos assim!
Se 1 outro engraçadinho
quiser atirar em mim
vai levar as chicotadas
rinchar e comer capim!
Numa mesa 1 jogador
disse a ela: - Querida,
aqui é lugar de jogo,
de mulheres e bebida
e a porta da entrada
é a mesma da saída!
Em resposta ao sujeito
nesse momento se ouviu
um estalo de chicote
que no esticar do fio
o charuto aceso dele
num golpe seco partiu
Com aquilo o jogador
por perder a sensatez
foi sacando a pistola
com notável rapidez
pra fazer a mira nela
mas nem isto ele fez
Antes que ele pudesse
sua pistola apontar
levou outra chicotada
que fez a arma voar
Só a mão do jogador
ficou parada no ar
E como se não bastasse
ela enroscou o chicote
na perna da mesa dele
que só cobra dando bote
puxando com tanta força
que ela deu um pinote
Deixando mesa e piano
pelo chão desmantelados
aquela jovem rancheira
com seus modos arrojados
já testava a paciência
dos clientes enraivados
Foi ali que o xerife
fez a sua intervenção
explicando para a moça
que eles tinham razão:
- Você precisa sair!
Não queremos confusão!
- Só vim buscar o meu pai
que só anda desarmado!
Já terminaram seus dias
de pistoleiro afamado!
Não quero vê-lo voltando
para casa embriagado!
- Eu entendo sua queixa,
mas preciso dele agora!
Então peço que você
fique esperando lá fora!
Com pouco dou permissão
pra vocês irem embora!
Palavras não eram ditas
e a jovem já respondia
com mais uma chicotada
no chapéu que ele vestia
que voando para o alto
no meio se repartia
Com maior velocidade
o xerife disparou
e no cabo do açoite
o seu tiro acertou
Finalmente o chicote
da mão de Daisy vuou
Pegando no braço dela
sem qualquer hesitação
o xerife levou Daisy
para fora do salão
querendo ligeiramente
resolver toda questão
- Reconheço ter você
muito boa intenção
Por zelar pelo seu pai
tem minha admiração
mas o zelo pela ordem
é a minha profissão...
Não querendo fomentar
atritos com a donzela
ou mesmo com o seu pai
o xerife por cautela
foi recolher o chicote
e o devolveu pra ela
Perto da porta apartada
ela sentou-se chorando
De repente vislumbrou
um forasteiro chegando
que apeou do seu cavalo
e foi no salão entrando
O tipo mal-encarado
gritou pra todo salão
com um jeito insolente
que chamou a atenção
avisando ao xerife
em tom de provocação:
- Vim aqui para propor
ao xerife aqui presente
um duelo de pistolas
pois no passado recente
levou pra forca meu pai
que estava inocente!
O xerife se erguendo
disse ao desconhecido:
- Para forca ou prisão
já levei muito bandido!
O juiz é quem decide
como alguém será punido!
- Eu declaro a vocês
que a questão é pessoal!
O juiz foi corrompido
e quero um ponto final
decidindo num duelo
de igual para igual!
O xerife achou melhor
para infundir respeito
aceitar esse duelo
e tirar algum proveito
encerrando a questão
com 1 susto no sujeito
Como aquele xerife
era firme em seu brio
foram eles para rua,
ribalta do desafio,
como já era de praxe
no faroeste bravio
Assim disse o sujeito
com seu ar de cafajeste:
- Você está confiante
que pode passar no teste
mas eu sou o mais veloz
dos gatilhos do oeste...
O xerife deu ao tipo
a resposta merecida:
- Meu brio é suficiente
pra defender minha vida
O receio não me dobra
nem medo me intimida!
Com a gente do salão
inteira testemunhando
em tal silêncio os dois
ficaram se estudando
que daria para ouvir
até mosquito passando
A rancheira misturada
com a gente do salão
depois de ficar ciente
de toda a situação
ficou atenta pra ver
o xerife em ação
A tensão tomava conta
daquele breve momento
Parecendo estatuetas
aspirando ao movimento
só o lenço do xerife
se movia com o vento
O estranho confiante
que no tiro era melhor
não fez caso da torcida
do xerife a seu redor
e não tinha em seu rosto
nem um pingo de suor
Quando sacaram as armas
só um deles disparou
Foi o xerife que o tiro
na mão do outro acertou
Ninguém viu pra onde foi
que a arma dele vuou
Foi então que o xerife
disse ao desconhecido:
- Acertei só a pistola
e você não foi ferido!
Espero que considere
o duelo concluído!
Pensando que o sujeito
tinha aprendido a lição
o xerife confiante
virou-se pra multidão
pedindo que todos eles
voltassem para o salão
Todavia o forasteiro
pela vingança movido
ao notar que o xerife
já estava distraído
foi sacando um punhal
no casaco escondido
E sabendo usar a arma
com espantosa destreza
foi arremessando ela
com ataque de surpresa
para não dar ao xerife
uma chance de defesa
Nisso ouviu-se o estalo
de um golpe magistral
do chicote da rancheira
que acertando o punhal
desfazia em pleno ar
seu movimento fatal
O forasteiro pagou
pela sua ousadia
Por atacar o xerife
com nefanda covardia
pelo mesmo foi levado
para uma enxovia
E com Daisy o xerife
ficou muito agradecido
perguntando para ela
se o queria por marido
que bastante satisfeita
aceitou o seu pedido
O FIM
Cada não que recebo é um desgosto...
Você é intocável como a rosa
cravejada de espinhos para mim
Entretanto não saio do jardim
pra arrancar toda planta venenosa
Vendo sua corola mais viçosa
só aumenta a minha aflição
Sou um fruto caído no seu chão
que esperando acaba decomposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Eu fiquei recordando outro dia
do momento que eu lhe conheci
O primeiro interesse que senti
foi crescendo além da simpatia
Quando fico na sua companhia
só procuro nutrir sua afeição
pois entendo que numa relação
sentimento não pode ser imposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Não queria nem mesmo ter lembrado
que no abril começou nossa amizade
Já em maio pra ter felicidade
eu ficava mais tempo do seu lado
Se em junho fiquei apaixonado
vi em julho crescer minha paixão
Hoje sofro depois da confissão
rejeitada em meados de agosto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Um sujeito que teve o predicado
de mostrar a você adjetivos
com certeza lhe deu muitos motivos
para ter seu carinho e cuidado
No período que fui analisado
você quis aplicar a correção
Pelos termos da sua revisão
me faltou vocativo e aposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Ao fracasso causado só por mim
eu não posso imputar outro autor
Se na trama quem vence é o amor
eu vou ler o romance até o fim
O meu sonho é você dizendo sim
Pesadelo é você dizendo não
Mas história de dor e solidão
é o enredo que não está proposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Eu não sei se agi com afoiteza
e o momento não era o devido
mas você recusou o meu pedido
sem mostrar no entanto aspereza
Eu preciso somente ter certeza
que você encerrou essa questão
Mas não tenho sequer a impressão
que me dê a idéia de sol-posto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Fiz de tudo para lhe conquistar
e ainda lhe tenho esperado
Com as flores e estando preparado
novamente irei me declarar
Se os amigos vierem me alertar
que você vai rasgar o meu cartão
eu respondo sem ter hesitação
que o repúdio ainda é suposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Já tentaram até me convencer
que a minha paixão é doentia
Como ela aumenta a cada dia
não consigo parar de lhe querer
Penso às vezes que para esquecer
só se eu fosse embora pro Japão
Mas refuto depois a solução
que faria somente a contragosto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Minha ação não perdeu o objeto
pois a lei do amor lhe afiança
Eu não quero perder a esperança
mesmo estando meu sonho no projeto
Se viajo perdido sem trajeto
nas estradas da minha ilusão
esperando pela degustação
nosso vinho ainda está no mosto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Eu não posso dizer que não lhe amo
desmentindo num verso apaixonado
no momento que sonho acordado
e no pranto que por você derramo
O seu nome sonhando ainda chamo
e não quero negar minha paixão
pra depois na primeira ocasião
declarar a você só o oposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Toda noite eu fico desejando
nos seus beijos matar a minha sede
Certa feita deitei na minha rede
e sonhei que estava lhe abraçando
Assustado eu fui me acordando
pois na rua estourou um foguetão
Como sonho não tem prorrogação
levantei nesse dia indisposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
É difícil aceitar que essa dama
a quem eu declarei meu sentimento
transformou meu desejo em lamento
abrandando o calor da minha chama
Mas se ela ainda não me ama
continuo a lhe dar minha atenção
Um soldado na guerra da paixão
não deserda nem abandona o posto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Eu não quero viver de amargura
mas a falta de afeto me afeta
Minha alma já anda inquieta
suspirando com essa desventura
Eu preciso saber se é loucura
ou se existe um motivo ou razão
pra esperança na mesma proporção
desse pranto que molha o meu rosto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Quero ser pra você igual Romeu
superando a rixa das famílias
ou até navegar por muitas milhas
como fez o valente Odisseu
Quero ser cavaleiro ou plebeu
pra salvar a princesa do dragão
Mas você me negando a sua mão
vou chorar igualmente um rei deposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Pra provar a você o meu valor
só preciso ter oportunidade
Eu só quero lhe dar felicidade
todos dias lhe amando com ardor
Hoje sou no banquete do amor
um faminto atrás da refeição
pois o prato da minha solidão
com desprezo foi temperado a gosto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Do seu meigo olhar você me priva
Do carinho que tenho não desfruta
Meus projetos de amor você refuta
e das minhas propostas se esquiva
Mas diante da sua negativa
fiz uns versos pra ter consolação
Meu consolo é fazer lamentação
e o lamento deixei aqui exposto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
Pra poder reverter perdas e danos
faço tudo que está no meu alcance
Só desejo a ventura de um romance
com você aceitando os meus planos
Nos amando seremos dois pianos
afinados num só diapasão
E o hino da nossa união
nesse dia feliz será composto
Cada não que recebo é um desgosto
que afeta demais meu coração
O ciclista
Se um poeta é aquele
que alguma hora do dia
se dedica a escrever
o que sua verve cria
é isso que tenho feito
com a minha poesia
Mas privado das imagens
que a inspiração projeta
por vezes fico pensando
que ainda não sou poeta
e deixo de versejar
para andar de bicicleta
Só preciso pedalar
para ter esse prazer
de ir fazendo nas ruas
que estou a percorrer
a combinação perfeita
de esporte com lazer
E dobrando as esquinas
com a minha bicicleta
nem fico questionando
se sou um bardo atleta
ou apenas um ciclista
que é metido a poeta
Até porque escrevendo
não expresso a beleza
harmonia e perfeição
das coisas da natureza
que eu vejo pedalando
nas ruas da redondeza
Nas entranhas da cidade
deparo a fauna e a flora
seja numa trepadeira
que na cerca se escora
seja num joão-de-barro
lá no poste onde mora
E tanto no preto e branco
definido da andorinha
quanto no arroxeado
esboçado na azulzinha
eu vejo uma poesia
mais bonita que a minha
E me vejo a passear
pedalando a magrela
subindo por uma lomba
ou descendo com cautela
sem saber se ela me leva
ou se é eu que levo ela
Saindo da Agronomia
que atravesso primeiro
cruzando viela e beco
pela Lomba do Pinheiro
vou fazer em Belém Velho
meu passeio costumeiro
Variando meu percurso
com prazer vou pedalando
e a encosta dos morros
no entorno observando
tendo sempre na lonjura
o horizonte me chamando
Escanchado no selim
e estribado nos pedais
vou atento deparando
os campos e matagais
numa região repleta
de belezas naturais
Montado no meu camelo
subo e desço ladeira
nas ruas de Porto Alegre
sentindo a brisa fagueira
Se não faltasse pulmão
cruzava uma cordilheira
Se no trajeto escolhido
a subida é mais custosa
no declive a gangorra
vai descendo silenciosa
e posso parar na sombra
de uma figueira frondosa
E na sombra da figueira
eu descanso assistindo
um bando de passarinhos
em revoada subindo
e o colorido vistoso
de arbustivas florindo
E fazendo uma parada
ou pilotando a magrela
eu vejo um belo cenário
sem moldura nem janela
Sou como a ave que voa
no meu passeio com ela
Margeando a estrada
entre carro e pedestre
vejo toda a variedade
da vegetação rupestre
e no tempo que faz jus
a paisagem silvestre
É quando vem a vontade
nesse trecho que percorro
de morar numa casinha
dessas de cima do morro
com galinheiro, pomar,
horta, poço e cachorro
Pra ter na minha varanda
o mais extenso mirante
do panorama espraiado
no horizonte distante
desfrutando o privilégio
da beleza circundante
Entretanto essa idéia
é somente um devaneio
inspirado na paisagem
que vejo nesse passeio
manobrando o guidom
na estrada que costeio
E um roteiro diferente
que faço na zica amiga
é seguir pra Vila Nova
que é uma vila antiga
O bairro mais italiano
que nossa cidade abriga
Bisnetos de imigrantes
cultivam seus parreirais
nesse trecho do caminho
de paisagens rurais
que nossa serra gaúcha
nos faz recordar demais
Um cariz diferenciado
esse percurso descerra
Seus vinhedos no verão
parecem com os da serra
que lembram por sua vez
os vales da outra terra
O verde dessas videiras
tem variações sutis
contrastando com o céu
no seu imenso matiz
e o sol alegra as imagens
de ambientes pastoris
Em resumo é onde vou
nessas minhas pedaladas
com a minha bicicleta
pelas ruas e estradas
conhecendo a cidade
nos declives e lombadas
O fracasso da causa e a causa do fracasso
O fracasso da causa comunista
promovido em quase o mundo inteiro
sendo efeito do erro mais grosseiro
de se crer numa idéia utopista
ampliando os lesados dessa lista
que tem Laos, Camboja, Rússia, China,
Alemanha cercada na cortina,
a Coréia e países africanos,
repetiu-se aqui com os cubanos
e avança na América Latina...
Por aqui a esquerda brasileira
prometendo fazer muitas mudanças
retirou do país as esperanças
com mãos cheias de óleo e sujeira
Foi não foi levantou sua bandeira
escondida na sombra do gramscismo
A corrente do patrimonialismo
com os anos foi mesmo ampliada
Nossa pátria está sendo acuada
empurrada que vai para o abismo
Engendrando uma vã teologia
disfarçada de crença religiosa
a disputa na igreja foi rendosa
devorando no bolo uma fatia
Resultado de trama tão sombria
foi o lobo ficar mais atrevido
Atacou um rebanho iludido
na de Roma, Lutero e Metodista
pra rezarem cartilha marxista
como se estivessem num partido
Foi Karl Marx na sua juventude
um cristão numa vida desregrada
Caminhando em trilha tão errada
corrompeu-se por sua atitude
Com a alma sofrendo inquietude
conheceu a mudança imprevista
Os relatos dão mais de uma pista
de que a sua fé sofreu revés
aceitando por guia Moses Hess
para entrada na esfera ocultista
Pois é esse o mentor do socialismo
que nas teses que havia formulado
foi de Deus inimigo declarado
para ver triunfar o satanismo
Basta ver nos anais do esquerdismo
o terror do passado mais grotesco
a barbárie em drama gigantesco
genocídios,expurgos, crueldades,
escravismo e demais atrocidades
e a fome em grau sempre dantesco
Bibliografia:
Era Karl Marx um satanista?
Richard Wurmbrand
O Livro Negro do Comunismo
ANDRZEJ PACKZOWSKI,
JEAN-LOUIS MARGOLIN,
JEAN-LOUIS PANNE,
KAREL BARTOSEK,
Nicolas Werth,
e Stéphane Courtois
Hoje é o dia mundial do livro
Dia 23 de abril
Se o livro é a base da cultura
para o povo não pode faltar nada
A leitura é pra ser compartilhada
que é pra isso que serve a leitura
Quem trabalha com a literatura
desenhista, poeta ou escritor
se no texto ele hospeda o leitor
é no livro o lugar que ele mora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nesse dia é preciso promover
proteção aos direitos autorais
que os livros nos são essenciais
e é ato importante o de ler
Todo aquele que vive de escrever
nas idéias que passa a expor
da cultura se torna um defensor
com as obras que ele elabora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nosso mundo está muito avançado
no progresso da tecnologia
que na mídia aparece todo dia
um recurso pra ser utilizado
mas o livro não foi ameaçado
por aquilo que é inovador
já que ele mantém o seu teor
com o mesmo prestígio de outrora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nessa data é preciso promover
uma grande e profunda discussão
onde o povo receba a atenção
no direito de ler e escrever
O acesso aos livros pode ser
uma meta que temos que propor
que se falta escola e professor
é questão que o governo ignora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Parabéns a quem faz divulgação,
sem visar interesses mercantis,
dos autores que tem nosso país
promovendo a leitura em profusão
Merecida é a comemoração
mas o prêmio quem ganha é o leitor
quando abre um livro de valor
e nos seus cotovelos se escora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
O resultado das apostas em jogos de azar
O assunto em questão
é um problema real
São os jogos de azar
que no estágio atual
já estão configurados
num flagelo social
Eu pergunto ao leitor
que aposta seu cascalho
em bozó, briga de rinha,
bingo, bicho ou baralho:
que lucro dá o dinheiro
recebido sem trabalho?
O apostador só quer
se divertir no início
depois fica seduzido
por um lucro fictício
e a praxe da jogatina
termina virando vício
Quem joga pode mostrar
os sintomas de um doente
Onde mora ou estuda
vai se tornando ausente
Ter mais tempo pra jogar
é seu desejo fremente
E quem fica endividado
com os jogos de azar
vende tudo o que tem
mas não para de jogar
que o vício no comando
não dá ordem pra parar
Investir na jogatina
é um processo oneroso
Quando o jogador acerta
com um prêmio fabuloso
paga tudo o que deve
em um ciclo vicioso
Se ganhar dinheiro fácil
era o primeiro incentivo
acaba na bancarrota
porque o vício ativo
conjuga o verbo jogar
sempre no imperativo
Tem muitos jogos de azar
que estão legalizados
onde poucos vencedores
tem sonhos financiados
com dinheiro que foi pago
por milhões de azarados
Quem procura no cassino
um negócio lucrativo
vê a sorte se ofertar
com um preço abusivo
e só premiar os donos
com poder aquisitivo
O freqüentador do bingo
clandestino ou liberado
de cartela em cartela
com o vício é premiado
e só busca o tratamento
quando está endividado
Já no turfe é a paixão
que arrecada o dinheiro
O prêmio passa montado
no cavalo mais ligeiro
e o acaso atropelando
sempre chega em primeiro
Se vê no jogo do bicho
que é comum apostador
sonhar com o resultado
e perder grande valor
e o bicheiro vai fazendo
fortuna com sonhador
Vejam que a loteria
é um estranho rateio
onde o governo promove
com o capital alheio
benefício só pra um
escolhido por sorteio
Foi não foi um pobretão
vai jogar na loteria
compra apenas um bilhete
que o capricho premia
e um novo milionário
vira da noite pro dia
Deslumbrado na riqueza
que não sabe onde gastar
com os seus novos amigos
em tudo quer esbanjar
como se aquela fortuna
nunca mais fosse acabar
Ele passa o ano inteiro
com o pé no aeroporto
Desperdiça nos presentes
da mulher de cada porto
gozando a ostentação,
o prazer e o conforto
Quando as suas despesas
já se tornam abundantes
termina dando um calote
em hotéis e restaurantes
retornando pra miséria
mais arruinado que antes
Se a sorte pode pagar
pra somente um sortudo
o azar sempre consegue
um rendimento polpudo
levando até o dinheiro
daquele que aposta tudo
Outro golpe que a sorte
pode dar na clientela
é entregar a bolada
a quem não precisa dela
e o azar não indeniza
os projetos que cancela
Eu pergunto novamente
que lucro dá o dinheiro
apostado em jogatina
parcelado ou inteiro
se bagunça o processo
do sistema financeiro?
Ascensão, apogeu, declínio e queda de uma paixão
Hoje em dia um rapaz
não deseja ter família,
ser fiel a uma esposa,
educar filho ou filha
Diz até que casamento
é um fardo sem rodilha
Um amigo que casou
ele olha com desdém
Sua vida é uma festa,
a balada é seu harém
Pensa até que liberdade
só quem é solteiro tem
A viver sem compromisso
já está acostumado
mas um dia experimenta
um poder inusitado
Numa troca de olhares
ele fica apaixonado
Os amigos apresentam
a mulher especial
Ele entra na conversa
com assunto trivial
repetindo para ela
a cantada mais banal
A mulher que ele quer
joga com a sedução,
finge até desinteresse,
faz comer em sua mão
É ali que ele conhece
os arroubos da paixão
Começando o namoro
seu tormento é completo,
fica noites sem dormir,
passa o dia inquieto,
conhecendo uma lei
que vigora sem ter veto
Ele diz para os amigos,
mesmo para quem duvida,
que agora encontrou
a mulher da sua vida
pois em antes e depois
sua história é dividida
O sujeito apaixonado
muda até sua rotina
pra estar com a mulher
que lhe ama e alucina
Nessa mente obsessiva
já circula a dopamina
Quando pensa em declarar
tudo o que por ela sente
bota uma faixa na rua:
-Vou te amar eternamente!
como prova desse amor
de paixão entorpecente
Os seus nomes no umbú
ele escreve a canivete
Quando estão no celular
para ela se derrete
Manda flores e bombons
ou e-mail pela net
Ele troca de emprego,
muda pra outra cidade,
pra ficar mais perto dela
e abrandar sua saudade
pois só na sua presença
é que tem felicidade
Cego por essa mulher
pensa nela todo instante
Gasta tudo o que tem
pra comprar um diamante
e lhe dar como presente
que ela aceita radiante
Mas um dia ele descobre
que na trama tinha três
Ela toma a decisão
de voltar para seu ex
e o que sentia por ele
nega de uma só vez
Não querendo aceitar
ele começa a beber
Com a língua enrolada
diz que quer lhe esquecer
Quando fala da amada
dá risadas sem querer
Ele diz que quando bebe
sabe a hora de parar
divertindo os amigos
que estão naquele bar
Diz que é só a paixão
que lhe pode embriagar
E tomando outros goles
aos amigos ele diz
que ele é o bom partido
para fazê-la feliz
Só não entende por que
sua amada não lhe quis
Paga mais uma rodada
para quem está na mesa
Dizendo ser o mais rico
vai ficar com a despesa
mas só fala na mulher
que não quis sua riqueza
Com mais doses de bebida
vai ficando mais valente
Diz que bate em qualquer um
que esteja ali presente
se falar da namorada
que deixou-lhe de repente
Ele xinga os clientes
que estão naquele bar
Os amigos que ele tem
fazem ele se calar
E lembrando da mulher
ele começa a chorar
É levado para a casa
por amigos carregado
perguntando o motivo
de ter sido rejeitado
e adormece na varanda
num tapete estirado
Acordando já nem lembra
das bobagens que ele fez
Na ressaca só recorda
que a sua embriaguez
foi por causa da mulher
que deixou-lhe duma vez
Essa história termina
num tormento sem mister
e o sujeito que padece
pelo amor duma mulher
por entrar em desespero
se transforma em esmoler
Isso tudo é o que faz
os caprichos da paixão
Seja leigo o sujeito
ou de muita instrução
ela consegue apagar
a lanterna da razão
Minha musa
Sentindo a inspiração
mais intensa e profusa
eu me ponho a escrever
com vigor, brilho e fiúza
pra revelar os encantos
que eu vejo em minha musa
Minha Rosa tem a graça
que inspira qualquer artista
e a mim faz desfrutar
de uma verve imprevista
sendo uma mulher bonita
em qualquer ponto de vista
Ela tem o esplendor
que ninguém sabe medir
Tão fácil reconhecer
e custoso definir
mas todo poeta aspira
em seus versos traduzir
Há mulheres graciosas
porém ela é demais
A beleza é um barco
atracado no seu cais
e no mar da poesia
quero ser o seu arrais
Um sorriso mais bonito
não há em todo universo
Tem tamanha excelência
que não cabe no meu verso
e deixou meu coração
no rio do encanto imerso
O brilho arrebatador
que dos olhos irradia
como as luzes da noite
e do sol trazendo o dia
sugere tanto mistério
e extravasa em poesia
O beija-flor é feliz
quando uma flor visita
e o sabiá cantando
sua canção favorita
Eu sou feliz descobrindo
quanto ela é bonita
Me enlevo na formosura
que da aurora é provinda
e reconheço que as flores
tem uma beleza infinda
mas não comparo a dela
porque ela é mais linda
Admiro a lua cheia
quando a vejo da janela
e cada estrela no céu
que na noite se revela
porém me fascina mais
quanto minha musa é bela
Eu vejo a brisa passar
acariciando uma rosa
e o vento jogar na rocha
uma onda vigorosa
e não consigo esquecer
quanto ela é graciosa
No mar o navegador
olha o céu e suspira
namorando uma estrela
que brilha como safira
e é isso que eu sinto
por ela que me inspira
O sol pode recolher
o seu halo rosicler
e a lua pode mudar
escondendo seu mister
mas nela sempre reluz
sua graça de mulher