Poemas, frases e mensagens de Jorge Linhaça

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Jorge Linhaça

AS GORDINHAS DE ONDINA

 
As gordinhas de Ondina
Jorge Linhaça


Lá no bairro de Ondina
Cidade de Salvador
Encontrei a Catarina
Numa tarde de calor

Seus cabelos tão lisinhos
Negros como a graúna
E seus olhos puxadinhos
Linda índia da fortuna

Mais além a Mariana
Com seus ares lusitanos
Ciumenta já me chama
Com sotaque trasmontano

Com seu ar de européia
Voltada pra Portugal
Teve logo a idéia
De pular o carnaval

Damiana, negra linda
Me chamou espevitada
Dum jeito que me fascina
Para a África voltada

Deu-me um banho de axé
Pra tirar a ziquizira
Firmo termo e dou fé
Quem as vê se admira

Da Eliana, as filhas
Gordinhas e sensuais
São eternas maravilhas
que não se esquece jamais

Um monumento às três raças
Que com garbo varonil
Misturaram-se com graça
Formando a RAÇA BRASIL.

Arandu, 6/03/2010
 
AS GORDINHAS DE ONDINA

SONETO DO RONCO

 
Soneto do ronco
Jorge Linhaça

Nefando ruído que tão me incomoda.
A roda dá mó é menos ruidosa
do que o som da garganta pavorosa
que ronca à noite repetida moda

Vade pois retro, qu'eu já te esconjuro;
Boca do inferno!Tormento dos demos!
Deixai-me dormir uma noite ao menos.
Por tudo qu'é sagrado t'abjuro!

Silencia, ronco de mil estertores,
Livrai-me agora desses teus horrores
Poupa-me já, aos meus pobres ouvidos

Ata a mordaça à boca nefanda
Cessa o barulho da pérfida banda
Deixai-me sonhar, sem tantos ruídos.

***
 
SONETO DO RONCO

As Tuas Coxas

 
As Tuas Coxas
Jorge Linhaça


Tuas coxas me seduzem
Tão roliças e douradas
Carnes firmes e macias
Em holocausto ofertadas
Resplandecendo magia

Quando vejo-te dar voltas
Desfilando o teu corpo
Logo lembro do teu gosto
Em minha boca voraz
Não me importa o teu rosto
Se é maio ou é agosto
Teu sabor me satisfaz

Fico ali à tua espera
Até ficares no ponto
Se é inverno ou primavera
Quero mesmo é degustar
Tuas coxas já de pronto
Pro desejo saciar

E quando estamos sozinhos
Entrego-me logo ao pecado
Numa gula, devagarzinho
Devoro-te, FRANGO ASSADO.
 
As Tuas Coxas

UMA LENDA DE AMOR

 
A LENDA
Jorge Linhaça

Há uma lenda desconhecida,
como todas as lendas de amor...
Há muito tempo foi esquecida,
nesses cantos desertos da vida
até que ora se faz renascida
nos versos de um poeta cantor

Em um país estranho e distante...
Onde o sol abrasava ao dia,
um casal de sensíveis amantes,
apaixonou-se em um instante,
almas unidas e triunfantes,
coração repleto de alegria.

A distancia que os separava,
o seu amor a fazia pequena.
Encontravam-se sempre que dava
os seus corpos ardiam em lava
passava o dia, a noite chegava,
O leito de flores de açucena.

O tempo foi assim se passando,
e se firmando o seu sentimento...
os amantes sempre se amando,
algumas vezes até discordando,
- pois faz parte, de quando em quando-
para que haja um crescimento

Mas uma tempestade de areia,
deu o rapaz como que perdido...
Hoje nas noites de lua cheia,
- quando o deserto assim clareia-
É a moça com sua candeia
a buscar seu amante querido.

E nem mesmo as areias do tempo
puderam esse amor dissolver.
Podem-se ouvir nas vozes do vento
declarações de amor, sentimento,
-sussurros do rapaz ao relento-
declarando-se à moça outra vez
 
UMA LENDA DE AMOR

Devoro-te

 
DEVORO-TE!
Jorge Linhaça
18/04/2008

Ó , minha bela e salgada senhora
com meu espeto a marcar-te o meio:
Devorar-te as entranhas é o anseio
que eu espero cumprir sem mais demora.

A minha boca já andava sedenta
de sentir-te assim, inda umedecida
sentir o teu aroma em minhas ventas,
engolir-te inteira, desprevenida..

Tua pele doirada, como o sol,
deitada displicente sobre a mesa,
desnuda das vestes que te cobriam

-Que se dane o meu tal colesterol!
degustar-te é a minha mor certeza,
se, tu, batata frita, me aviam.
 
Devoro-te

Corujita, A professora

 
 
Corujita, A Professora
Jorge Linhaça


Lá no bosque encantado
vive Dona Corujita.
Com seu jeito animado
todo aluno ela conquista

Lá no galho da amoreira
ela fez a sua escola
Corujita é bem faceira
prá ensinar não se enrola

Passa do dia procurando
jeitos novos de ensinar
Quando pode vai brincando
na escola ao luar

A garotada agradece
por tanta dedicação:
fazem sempre uma prece,
lembram dela na oração

Ensinar não é brinquedo,
haja jogo de cintura!
Tem no meio mil segredos:
é preciso ter candura.

Corujita, minha amiga,
é o exemplo que escolhi,
Deus, à todo mestre bendiga,
seja o professor mais feliz!

Quero aqui agradecer
essa classe especial
que de ensinar e aprender
fizeram o seu ideal.

Às amigas professoras
mando pois o meu carinho.
Mulheres batalhadoras
que abrem nossos caminhos

Ao amigo professor
vai também o meu recado
pois são homens de valor
e tão pouco são lembrados.

Aos alunos, amiguinhos,
nunca parem de estudar
sempre tenham mui carinho
por quem vem lhes ensinar

E agora já me vou,
Corujita está chamando,
pois o sinal já tocou
e na classe vou entrando.

*****

APRENDENDO COM A CORUJITA


Palavrinhas e expressões:

O que quer dizer " faceira " ?
O que significa " prece" ?
O que significa " ter jogo de cintura"?
O que quer dizer "candura"?
O que quer dizer "ideal"?
O que significa " abrir caminhos"?

Entendendo o texto:

Onde mora Dona Corujita?
Onde fica a sua escola ?
O que Dona Corujita está sempre procurando?
Como os alunos agradecem?
Ensinar é uma coisa fácil ? Por que ?
Para que o autor usou corujita como exemplo?
Por que devemos sempre estudar ?

Escreva uma cartinha para sua professora dizendo o que você acha das aulas.

Brincando de contar:

Quantos vesinhos( linhas ) tem esta historinha?
Quantas estrofes ( conjunto de versinhos) ?
Quantas vezes o nome de Corujita aparece no texto?

Brincando de ser poeta:

complete a quadrinha abaixo:


Minha professora é
_______________
_______________
_______________



Abraços do "Tio" Linhaça

mid: corujinha- Toquinho e Vinícius de Moraes
 
Corujita, A professora

O Pecado da Omissão

 
Carta aos amigos cariocas
Jorge Linhaça



Solidarizo-me plenamente com a população do estado do Rio de Janeiro neste momento de grande tragédia que se abate sobre sobre vários municípios daquele estado.
É alarmante ver a cidade do Rio de janeiro com muitas de suas vias de acesso praticamente submersas. A prefeitura e a defesa civil pedem que ninguem deixe suas casas.( exceto é claro os que estão em área de risco ).
Mas quero deixar aqui uma pergunta que precisa ser feita:

Semanas atrás o povo carioca saiu às ruas lutando pelo direito de manter o seu quinhão ( milionario ou bilionário ) por ser um estado produtor de petróleo.
Creio ser justo lutar por esse direito e por outros ,mas creio que é preciso entender que esse dinheiro que deve retornar aos estados produtores deve ter com destinação obras de infra estrutura e meio ambiente.
Portanto a pergunta que fica é :
Onde está sendo enfiado esse dinheiro? Onde estão as obras de infra estrutura? Onde estão os cuidados com o meio ambiente ?
Será que o povo carioca que compareceu às manifestações e justamente expos sua indignação com as mudanças das regras do jogo, alguma vez procurou saber quanto é e onde está sendo investido esse dinheiro? Ou contenta-se com os elefantes brancos como o engenhão e instalações de jogos panamericanos sempre superfaturadas?
Podem-se considerar tais obras como obras de infra estrutura?
Vem agora o sr Governador Sérgio Cabral dizer que investiu mais de 120 milhões em equipamentos para o corpo de bombeiros.
Diz também que esta investindo 300 milhões de reais na contenção de encostas dos morros onde se contruiram várias comunidades.
Oras, isso em relação ao que se recebe oriundo do petróleo é dinheiro de pinga.
Meu apelo ao povo carioca é justamente que não se deixe iludir por essas migalhas...
falo hoje do Rio de Janeiro, mas o mesmo serve para tantos outros estados.
A favor do Governador apenas o fato de ir á TV dizer para as pessoas sairem das áreas de risco...mas sabemos que logo que a chuva passe, que cesse a cobertura jornalística ele estará pouco se lixando para o destino dessas pessoas.
Quantos anos se passarm desde que os morros foram ocupados?
Que providênciaas reais ja foram tomadas para a sua desocupação?
Remover essa população para onde ?

Para quem luta tanto para manter o dinheiro do petróleo entrando em caixa, deveria usar tanto ou mais energia para cuidar de dar uma destinação honesta a esse rendimento extra que chega aos cofres públicos.
Infelizmente, o Rio, como outras grandes cidades brasileiras preocupa-se apenas em cuidar das partes da cidade por onde os turistas possam transitar.

Acorda RIO!



*
SP, 06 de abril de 2010



Contatos com o autor
anjo.loyro@gmail.com
 
O Pecado da Omissão

O pecado da omissão ( este é o correto )

 
O pecado da omissão
Jorge Linhaça



Na sociedade moderna, onde cada qual a ensinado a olhar apenas para o próprio umbigo e isolar-se na sua própria ilha da fantasia, não são os grandes pecados, ( aqueles que ganham destaque na imprensa) como o roubo, o assassinato, o tráfico, etc que me assustam. Um outro pecado, grealmente esquecido, até nas pregações religiosas, é que permite que todos os demais se multipliquem em proprorção geométrica na sociedade.

O pior é que todos nós, em maior ou menor escala somos culpados de cometê-lo.
É o pecado da omissão.

Todos ( ou quase todos) ficamos chocados quando um crime hediondo como o caso Isabela ganha destaque e transforma-se em um espetáculo para o público, televisionado quase que em tempo real. A mídia penhorada agradece a nossa audiência sistemática nesses casos, brindando-nos com novas coberturas de casos semelhantes.
Centenas, às vezes milhares de pessoas comparecem à porta dos foruns quando está para ser julgado algum caso hediondo, e isso, claro que não é exclusividade tupiniquim.
Nos Estados Unidos é até pior...vendem-se camisetas, botons e qualquer tipo de "lembrancinha" que traga uma frase ou foto alusivas ao evento.

O que devemos questionar, no entanto, não é se os réus são culpados ou não, se merecem a pena máxima ou se as provas são suficientes, etc. Para isso existe o jurí...
O que devemos questionar , na verdade, é o que leva o sentimento de comoção a extrapolar as fronteiras físicas e sociais nesses casos.

Quando dizemos que a sociedade anda cada vez mais violenta, que o uso das bebidas alcoólicas , das drogas, da permissividade social e a corrupção são os culpados por grande parte dos problemas socias da atualidade, talvez seja também a hora de fazermos um "mea culpa" em relação a isso.

- Mas como assim Linhaça? Eu não bebo, não uso drogas, nãoroubo, não mato...não tenho nada com isso!

Será mesmo? Será que exatamente essa frase final..." não tenho nada com isso" não é o que permite que o quadro de nossa sociedade vá ganhando cada vez mais tons negros e vermelhos?

Quando, por medo, por sentimento de impotência, por pressa ou por desalento , ou por acreditarmos que o problema é do governo,da escola, da polícia, etc ,fechamos nossos olhos ao que se passa ao nosso redor, criamos condições favoráveis para que se multipliquem os problemas sociais que nos afligem e revoltam.

Ontem assisti no CQC ( Custe o Que Custar) um quadro bastante interessante sobre o ser cidadão ( ou não ser ). Atores contratados faziam as vezes de um casal em conflito em plena praça pública e outros atores o papel de pai e e filho, com o pai agredindo o garoto e ainda em outro quadro um garoto agredia verbal e fisicamente à mãe.
Todos os quadros se passavam em locais públicos, mais ou menos no estilo das "pegadinhas" ,com a diferença de que não havia nada de engraçado.

O resultado não foi nenhuma surpresa, embora não deixe de ser um inquietante retrato dos dias de hoje.

As pessoas passavam pelos atores sem dar a mínima importância ao desenrolar do acontecimentos, como se aquilo ocorre-se em um mundo paralelo.
Com exceção de uma brava senhora que interveio na cena da agressão do namorado à namorada, a reação das pessoas era olhar de longe como se assistissem a uma peça teatral, rindo e comentando o que viam mas sem tomar atitude alguma.

No caso de pai x filho um policial aproximou-se de forma displicente apenas para perguntar se tudo estava bem apesar do pai girtar como filho e agredi-lo com um jornal.
A resposta do "pai" foi, tá tudo bem, é que esse garoto é folgado...
O policial deu-se por satisfeito e foi embora.
Mais tarde voltou, obviamente pressionado por reclamações de populares que foram reclamar da cena e limitou-se a dizer...
Pegue seu filho e leve pra casa, vocês ficam discutindo aqui e o povo vai lá encher meu saco...aqui vocês não podem mais ficar...

Pois bem, vejamos o que tudo isso tem a ver com o caso Isabela, por exemplo...

Creio que é bem difícil de alguém acreditar que a mesma tenha sofrido a primeira agressão dentro do apartamento da qual foi arremessada. Provavelmente alguém presenciou a agressão inicial à menina, tenha sido no shopping ou no carro. Mas, por não ser " da sua conta" deixou de intervir...o resultado todos conhecemos...
Quantos casos semelhantes não acontecem diariamente à nossa volta e nos parecem coisas corriqueiras e sem consequências até que a taça transborda e viram notícia de jornal?

Para quem acha que este é um caso extremo e que estou "forçando as tintas" , vamos para casos mais simples...café pequeno talvez...Qual é nossa reação ao vermos bares e outros estabelecimentos venderem bebidas alcóolicas para menores?
Quantos pais não levam seus filhos para tomar um cerveja seja em casa ou nos bares?
Quantos não se dão conta de que esse "inocente ato" pode ter consequências devastadoras mais adiante?
Quantos jovens não voltam para casa embriagados ao fim de cada balada, dirigindo seus carros ? Quantos não perdem a vida nesse trajeto? Quantos não ceifam outras vidas?
Quantas brigas ocorrem por causa da bebiba?
Nossa sociedade tem se tornado premissiva por demais, por culpa de nós mesmos,
por causa de desejarmos ser modernos, acharmos natural que nossos filhos e filhas saiam para baladas com cada vez menos idade, que 'fiquem' com várias pessoas numa mesma noite. Nos consolamos com os conselhos que damos...olha, não esquece a camisinha...não vá arranjar confusão...leva o celular pra eu saber onde você está...
O fato é que, geração após geração, abrimos mão de nossos filhos, deixando-os à própria sorte. Queremos nossa liberdade e , para usufruirmos dela, damos "graças a Deus" quando nossos filhos saem para a balada.Chega a ser um alívio.

Quando a coisa fica feia, hipocritamente nos perguntamos " Onde foi que eu errei?"
ou lançamos as culpas nas leis vingentes, brandas demais , como se coubesse ao estado zelar pelos nossos filhos deixando-nos livres para fazer o que quisermos.

Como podemos repudiar um comportamento inadequado de nossos filhos se nos sentamos com eles, hipnotizados, assistindo as novelas que pregam a promiscuidade das relações, a degradação dos valores ?

Sei que muitos, neste momento estão a um clique de deletar esta mensagem, afinal, segundo sua visão as novelas apenas retratam a realidade...mentira. As novelas amplificam a realidade e tornam a exceção em regra. Um exemplo simples embora passe despercebido é a questão da desagregação familiar. Se é verdade que já existiam casais separados antes da teledramaturgia abordar esse tema , criando personagens divorciados ou que se divorciam no correr da trama e que ,ao fim da novela encontram o "verdadeiro" amor, também é verdade que a repetição das tramas do casa-separa, criaram na população uma pré disposição a relacionamentos efêmeros baseados no..." se não der certo a gente separa e acha outro".

Como na vida real nem sempre o final é um conto de fadas, não é de se estranhar que um número cada vez maior de filhos cresça sem a presença do pai ou da mãe.
Também não é de se estranhar que hoje em dia troque-se de parceiros ou conjuges como se troca de roupa...

Que impacto isso tem na formação das crianças e adolescentes?

Vamos criando geração cada vez menos comprometidas como núcleo familiar, cada vez com menos freios...cada vez mais "auto-suficientes" e "donas de sue próprio nariz" sem no entanto terem maturidade para tal.
Aprendemos a nos omitir nas pequenas coisas, depois nas coisas médias e hoje somos uma geração de omissos felizes em, apenas e tão somente, seguir a correnteza do rio sem saber onde o mesmo vai desembocar.

No entanto quando a correteza se torna forte e ameça nos levar à destruição gritamos apavorados e apontamos culpados, "esquecendo" que nós mesmos nos atiramos no rio que parecia calmo quilômetros atrás.

De omissão em omissão vamos juntando o nosso quinhão...



*
SP, 06 de abril de 2010
 
O pecado da omissão ( este é o correto )

A ROSA E OS ESPINHOS

 
A ROSA E OS ESPINHOS
Jorge Linhaça

Inda há dias me disseram sabiamente
que toda bela rosa tem seus espinhos
que espetam os dedos e alma da gente
sufocando no peito a nascedoura semente
do amor, afastando de nós o carinho.

Espinhos são, talvez, a forma de proteção,
contra as pragas que infestam o jardim,
contra os medos que invadem o coração,
contra a falta de uma maior compreeensão,
contra as intempéries da vida enfim.

Podemos nos ater aos cardos e espinhos,
ignorando a primavera em gestação,
podemos fugir, desviar-nos do caminho,
achando melhor caminharmos sozinhos,
mas não podemos enganar nosso coração.

O perfume das rosas há de sempre existir,
por mais que o tentemos disfarçar.
Por mais que busquemos, em vão, nos iludir,
e em outros corpos o calor do amor sentir,
o perfume há de sempre nos fazer lembrar.
 
A ROSA E OS ESPINHOS

CAVALEIRO DO AMOR

 
CAVALEIRO DO AMOR
Jorge Linhaça

Duas almas que se encontram,
dois corpos que se completam
duas bocas que se desfrutam
mãos que carinhos emprestam.

Doce dama e audaz cavaleiro,
Audaz dama e cavaleiro doce,
inebriados de amor verdadeiro
como se o mundo nada fosse.

Emoldurados pelo sol poente,
a viajar no arco-íris do amor,
estrelas nos olhos reluzentes,
paixão que explode em vigor.

Nas batalhas ao longo da vida,
forjou-se a alma do cavaleiro,
A dama, em afazeres envolvida,
a esperar, o amor. em luzeiro.

Chamas que não se apagam,
brasas que não se arrefecem,
quando as da paixão nos tragam,
as flores do amor não fenecem
 
CAVALEIRO DO AMOR

SAUDADE

 
Saudade
Jorge Linhaça

A coluna marmórea, silenciosa,
vil testemunha deste meu sofrer;
pobre suporte da luz do meu ser,
ouve quieta meu pranto em prosa

E se em meus versos souber me expressar
alí estará a pétrea coluna;
a não dizer-me palavra nenhuma:
testemunhando este meu lagar

Dói a saudade, congela-me a alma
treme meu corpo suado de frio.
Espinhos cruéis das folhas das palmas

São meus adornos, os meus atavios
e quando a dor no peito se espalma
queima minh'alma tal como um brasil


Arandú,13 outubro de 2008

anjo.loyro@gmail.com
 
SAUDADE

O LÁPIS FELIZ

 
O LÁPIS FELIZ
Jorge Linhaça

Encontrei numa gaveta,
um lápis lá esquecido,
ele fazia caretas,
a borracha estava seca;
estava tão deprimido!

Se sentia desprezado
por não ter o que escrever;
do papel tão separado,
por causa do meu teclado,
sem ter mais o que fazer.

Fiquei muito entristecido
por esse meu amiguinho
esse lápis tão querido
na gaveta esquecido
precisando de carinho.

Então eu tive uma idéia
dessas que me dão na bola:
Chamei a Dorotéia,
a filha da Sidnéia,
no caminho pra escola.

Dei-lhe o lápis, meu amigo,
prá ir com ela estudar.
Ela me abriu um sorriso
e ao lápis deu abrigo;
ganhou ele um novo lar.

O lápis se foi contente
prá cumprir sua missão.
Na escola, sorridente,
ajudava alegremente
à menina na lição.

Vejam só que coisa boa:
que é aos outros ajudar.
O lapís, aqui à toa,
na escola hoje voa,
no papel a rabiscar.


*****
Arandú, 8 de novembro de 2008
***
Aprendendo com o Lápis:

Palavrinhas novas:

Procure no dicionário o significado de:
deprimido
à toa

*

O historinha do lápis:

O lápis estava deprimido por:

( ) ter sido jogado fora

( ) ter sido esquecido pelo dono

( ) ou por ter quebrado?

Pelo que ele havia sido trocado?
( ) caneta ( ) teclado ( ) telhado

O autor gostava do lápis ?

Qual solução o poeta encontrou ?
( ) jogou o lápis no lixo
( ) fechou a gaveta de novo
( ) deu o lápis a uma amiga

Como se sentiu Dorotéia com o novo amigo?
E o lápis, como se sentiu?
Por que o lápis se sentia assim?
O que ele fazia na escola ?

Aprendendo com o Lápis.

O que você aprendeu com o Lápis feliz ?
O que devemos fazer com o que não usamos mais ?
Você acha que outras pessoas podem ficar felizes em receber algo que você não usa mais ??

*
Brincando de escrever:

Escreva uma historinha sobre um lápis


Matematicando

Cada estrofe ( grupinhos de versos) tem 5 versos
cada verso é uma linha.
Quantas estrofes tem este poema?
Multiplique o número de estrofes pelo número de versos de uma delas ( 5 ) para saber quantos versinhos tem este poema.
 
O LÁPIS FELIZ

DOCE CIGANA

 
DOCE CIGANA
Jorge Linhaça

Esses teus cabelos negros
a sempre me enlouquecer
a prometer mil segredos
os quais desejo conhecer

Teus olhos misteriosos
que só fazem me embriagar
em devaneios silenciosos
profundos como o mar

Doce cigana envolvente
e sua dança de sedução
teu corpo é como serpente

A envolver meu coração
qum me dera ser somente
o motivo de tua paixão
 
DOCE CIGANA

PENSATIVA

 
PENSATIVA
Jorge Linhaça

Recostada, quase displicente.
na poltrona surrada da vida,
repousa a dama, pensativa,
com olhar distante e silente.

Sua alma meio entristecida,
sonhos a pulsar em sua mente,
- a razão a dizer diferente -
divergências subversivas.

No éter navega, o pensamento,
galáxias de luz e pura magia,
o sol brilhante no firmamento

Pensativa, a luz a alumia,
a alma reveste-se de alento:
Amanhã será um novo dia.
 
PENSATIVA

EU CHOVO...

 
EU CHOVO

Já sei que vão me dizer
que "eu chovo" não existe
Mas eu chovo pra valer
cada vez que estou triste

Os meus olhos viram nuvens
de gotas sempre salinas
não há o que as perfumem,
chovem lágrimas meninas

Das meninas dos meus olhos
chovem gotas de paixão
se feridas nos abrolhos

fustigando o coração
as dores que vem em molhos
chovem minha emoção.


Arandú, 09/nov/2008
 
EU CHOVO...

Anjo sem Asas

 
Anjo Sem Asas
Jorge Linhaça

Suas asas jazem, ao lado amputadas
angélico ser, caído na terra
que em seu peito resiste e encerra
a paz e a luz de sua jornada

As cicatrizes, nas costas marcadas
sinais antigos de áureas eras
signos de outras tantas primaveras
flores abertas ao longo da estrada

Anjo sem asas, mulher renascida.
No doce olhar aflora a ternura.
Mulher alada, nas asas da vida,

a paz do teu ser nos atos perdura
as asas do amor , jamais incontidas
voa tu' alma, eterna e pura.


*****
Arandú,14 outubro de 2008
 
Anjo sem Asas

LUGARES

 
LUGARES
Jorge Linhaça

Há lugares em que estive sem estar
Há lugares em que estando nunca estive
Pontes pênseis que cruzei por sobre o mar
E grilhões que me tornaram homem livre

Criei asas e voei em pleno ar
Subi cerros e rolei pelos declives
Muito amei pelo desejo de amar
Muitos ganhos e derrotas obtive

Nos lugares onde chega minha voz
( Inda que muda soe na amplidão )
Ata os fios soltos formando fortes nós

E se acaso o verso perde-se no vento
Sempre haverá um nobre coração
Para resgatá-lo das malhas do tempo.

Arandu, 18 de outubro de 2009

*****
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LUGARES

Morro do bumba, Tragédia da Irresponsabilidade Social

 
MORRO do BUMBA
A Tragédia da Irresponsabilidade Social
Jorge Linhaça

Uma explosão na madrugada...a terra desliza por 600 metros engolindo dezenas de casas à sua passagem. Algumas pessoas correm à frente dos desmoronamento e conseguem escapar.Moradores correm para o local e começam a cavar em busca de sobreviventes antes da chegada dos bombeiros.

Não amigos, não é nenhuma cena de um filme catástrofe de Hollywood, é a realidade dos moradores do Morro do Bumba, na Cidade de Niteroi.

A tragédia poderia ser evitada muitos anos atrás se o poder público não fosse negligente em suas atribuições.

Ocorre que o morro do bumba, segundo "descobriu-se agora" nada mais é do que um antigo aterro sanitário desativado. Com o passar dos anos as pessoas foram ali construindo suas casas sem a menor preocupação por parte dos órgãos públicos.

Não é segredo para ninguém que o lixo soterrado gera gás metano, formando bolsões que em alguns casos servem de fogareiros improvisados para habitantes de áreas desse tipo. A instalação é fácil...basta enfiar um cano a determinada profundidade e criar uma faísca na saída do gás.

Ora, devido às fortes chuvas e deslizamentos, não é necessário nenhum exercício mirabolante de imaginação para crer que o choque de duas rochas ou pedras possa ter produzido tal fagulha sobre um desses bolsões e gerado a explosão que foi ouvida pelos moradores e que gerou o, até agora, último ato de uma tragédia que poderia não acontecer.

Se, por um lado fica a sensação de que os moradores jamais deveriam ter ali edificado suas casas nesse local, por outro não há como atribuir-lhes uma culpa maior do que a da necessidade material e da ignorância dos riscos.

Já da parte das autoridades municipais fica a eterna questão da irresponsabilidade com os habitantes de sua região.Claro que os governantes sabiam sobre o aterro sanitário, claro que era obrigação dos fiscais impedirem que as pessoas ali se instalassem, mas como sempre, não o fizeram.
Podem alegar que não há fiscais suficientes para isso ou outras falácias que costumeiramente ouvimos.
Não duvido nem mesmo que a área tenha sido loteada por algum espertalhão ávido por ganhar uns trocos ou que tudo tenha corrido sob o olhar complacente de algum vereador, de olho nos votos daquela comunidade.

A irresponsabilidade social tanto de governantes como da própria população é que permite que hajam tantos morros do bumba por este Brasil afora.
Ver o Governador do Rio anunciar agora a construção de 4000 moradias leva à inevitável pergunta:
- Por que não foram construídas antes ?
- Se vão se construídas agora é porque já haviam os recursos, por que então não foram usados de maneira adequada?

Tais medidas populistas que parecem esmolas para calar a boca de quem imaginar fazer cobranças , assemelham-se muito ao dito popular que fala que " depois da casa arrombada é que se coloca a tranca"

Sei que não adianta apenas responsabilizar os governantes pois eles são escolhidos pela maioria dos eleitores que, na maioria das vezes não votam com responsabilidade alguma, contentando-se em apenas livrar-se da obrigação de comparecer às urnas a cada dois anos.

Irresponsáveis são também todos aqueles que vêem as coisas acontecer e omitem-se de emitir uma opinião ou fazer as denuncias aos órgãos competentes.
Irresponsáveis sociais são também as redes de jornais e televisão,com seus rabos presos aos poderosos, que se limitam a noticiar as tragédias como um circo de horrores em busca de alavancar a audiência, sem jamais fazer os questionamentos necessários.
Porque a Globo, que noticia por horas a tragédia, em nenhum momento faz questionamentos sobre o porquê da omissão do governo que é, no fundo, a causa desta e de outras tragédias?

Que tipo de "jornalismo premiado" é este, que oculta as informações mais importantes, limitando-se a relatar os acontecimentos sem buscar suas causas?

Na Globo, especificamente, ao fim de cada reportagem , procura-se incutir na mente da população que a culpa é de São Pedro, que mandou a chuva fora de hora. Oras bolas, até onde eu saiba , São Pedro não é prefeito das cidades atingidas, não me consta que o mesmo tenha criado o aterro sanitário e nem que depois tenha ali construído ou permitido a construção de casas.

Omitir tais questionamentos não é mais do que pura irresponsabilidade para com a sociedade, cumplicidade com o descaso para com as vidas humanas.

Quem sabe se a "poderosa" Rede Globo ocupasse-se menos dos big brothers da vida e utiliza-se seus horários para levantar os problemas sociais, cobrando das autoridades soluções para essas questões, ao invés de fingir que noticia fatos, fazendo o jogo dos poderosos, o quadro pudesse ser outro.

Talvez eu não estivesse aqui hoje escrevendo sobre esta tragédia, poderia quem sabe estar deliciosamente me ocupando de escrever um soneto de amor.

Não imagine o amigo leitor que me delicio em escrever sobre a estupidez da sociedade como um todo, sobre a omissão permissiva que assola todas as camadas sociais. Não amigo, isso não me dá nenhum prazer e, na verdade só me traz prejuízos em termos de número de leitores de meus escritos.
Por que então insisto em escrever?
Porque, por mais ínfima que possa ser a repercussão de meus escritos, sempre existe a possibilidade de alguém me ler e estabelecer sua própria visão sobre o assunto. Porque sempre existe a possibilidade de minhas crônicas chegarem aos olhos ou ouvidos de quem esteja disposto a fazer a sua parte e multiplicar o meu grito de indignação.
Quem me dera este grito se tornasse um dia tão alto que desentupisse os ouvidos daqueles que mantém o poder decisório em suas mãos, despertando-os para a necessidade de ajudar na construção de uma sociedade onde fossem respeitadas ao menos as necessidades básicas de cada ser humano.

Jorge Linhaça
 
Morro do bumba, Tragédia da Irresponsabilidade Social

MEUS RABISCOS

 
MEUS RABISCOS
Jorge Linhaça

Rabisco versos no branco papel
derramo tintas do meu sentimento
Palavras soltas, lançadas ao vento,
versos perdidos, jogados ao léu

Sombras da noite, fel do meu tormento,
Alvorada do dia, versos de mel:
Histórias do meu inferno e céu;
confessionário de dores e alento.

Quem me dera ser poeta pra cantar
metáforas sem ter tanta clareza,
nas figuras de linguagem ocultar

Minhas dores e medos, sob a mesa
valer-me da figura d'outro lugar
para ocultar d'alma a aspereza.
 
MEUS RABISCOS

CINDERELA ( DUPLO SONETO)

 
CINDERELA I
Jorge Linhaça

Vestida nos panos rotos da vida,
descansa a alma pura e singela.
Quem princesa reconhecerá nela,
em roupas de borralho travestida?

Quem pode ver a doçura contida,
em seus olhos, da alma a janela;
descobrir em seu peito a Cinderela,
por detrás da aparência sofrida ?

Quem, em seus pés, calçará o cristal,
em forma de sapatos esculpido?
Onde andará seu pretenso esponsal?

N'algum baile da vida perdido,
a buscar o amor, que num sarau,
deixou ficar o sapato esquecido.

CINDERELA II
Jorge Linhaça

Na carruagem dessa fantasia,
puxada por fadas e por corcéis,
deita-se a musa em seus dosséis,
em suaves sonhos de pura poesia.

O príncipe chega, em agonia,
seguido por empregados fies,
buscando encontrar os doces pés
que os sapatos vestiram um dia.

Por detrás da cinza que escurece,
a face divina da Cinderela,
os seus olhos tão doces reconhece

Desperta o amor: ali está ela!
Respondidas foram suas preces,
abertas são, do futuro, as janelas
 
CINDERELA ( DUPLO SONETO)