Poemas, frases e mensagens de Figas

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Figas

As estrelas são bibliotecas?

 
AS ESTRELAS; SÃO BIBLIOTECAS?!
Tantos livros,
que tenho!

Tantas palavras
que encontro; doutros palavras,
não minhas,
são de corpos que se foram,
que deixaram sementes,
para jardins!

E que dizem os livros que leio?

Milhões de livros, que há!
Tanto conhecimento!

Tantas letras, em palavras,
em versos, em poesias,
em romances, em novelas,
mas, tempo para ler?

Solução?

Eu, eu era para ler poesia,
mas olho as estrelas;
belas, que Iluminam palácios,
mas, e as favelas?!

As estrelas; têm luz; são belas;
bibliotecas para favelas?!

O que se lê nas estrelas?!
 
As estrelas são bibliotecas?

EDITAL NÃO SAGRADO

 
EDITAL NÃO SAGRADO
Que chatice falar sobre o sagrado, mas, o que é sagrado?!
Será que a mãe do Papa é tão sagrada como a do Maomé?

O Papa disse, a um seu colaborador, organizador de viagens religiosas, que se ele insultasse sua mãe levaria um murro! Não seria melhor, neste caso, o Francisco aplicar a sabedoria popular: “a palavras loucas orelhas moucas” ou o “não reajo a provocações”, ou até mesmo, como castigo, não propor a beatificação do insultador?!
Pergunto eu: Ó Francisco, e se o insultador estivesse longe, e se fosse um muçulmano, mandavas alguém dar-lhe um murro?! Não seria terrorismo?!

Afinal, Cristo disse que quem receber uma bofetada que dê a outra face, mas tu, Francisco, não vais nessa! Não estás com contemplações! Vais mais no:Ai insultas?! Então, levas já um murro nas ventas"!
E se do murro resultar um morte?! Quem te perdoa?

À grande Francisco; és apenas mais um ser humano e como tal reages, mas já me pareces o Tritão; satélite de Neptuno, que entre as suas treze luas é o único que orbita em sentido oposto! Não és como o resto do rebanho! Valha-te Deus. Mas olha que eu até te compreendo quanto orbitas em volta do planeta Vaticano em sentido oposto. Não ficas mal no meio do grande rebanho dos améns!

Costumo afirmar que leis e dogmas não são produtos naturais! São feitos por homens, alterados por homens e eliminados por homens! Quem gosta de ler ou estudar história sabe que os homens, desde sempre, para benefício próprio (chamam-lhes milagres) ao longo de séculos criaram e eliminaram deuses! Faz-me lembrar o Tide, que desde o seu aparecimento, não há ano em que não apareça outro detergente, de outra marca, para lavar roupa, a dizer que lava muito mais branco! Morro sem saber o que é o branco puro!

Maomé apareceu cinco séculos depois de Cristo! Este, por sua vez, como o pessoal ansiava um messias apareceu ele, feito homem por outro homem, José! Como escrita criativa não está mal, não senhora.

Enfim, as leis, no mundo, são sempre o que os homens querem em cada época, e o que era ontem hoje já não é! É a evolução darwinista espiritual!

A minha dúvida, agora, perante a reação de Francisco, é saber se a minha mãe também é sagrada e se eu posso mandar uns murros explosivos a qualquer charlie que a insulte?!

Embora não dê garantias, sou propenso, normalmente, a “fazer orelhas moucas a palavras loucas” ou entrar naquela de não “reagir a provocações”, mas cuidado com o Francisco e com sua mãe. Ele é perigoso. Depois de levarem um murro não caiam na asneira de lhe pedir perdão!
Ainda podem levar mais!

Francisco, se leres isto, aceita a minha compreensão e o meu perdão! Diz o que pensas, nem que sejas como Tritão, que orbita em sentido oposto !

Que chatice falar sobre o sagrado, num país em que quase é pecado não tratar por senhor Doutor, por senhor Professor, por senhor Bispo, por sua Eminência, por sua Excelência, por Senhor Engenheiro , Senhor Ministro, Senhor Presidente, enfim, título sempre primeiro. Tudo "vacas sagradas"! Há que ajoelhar!

Qualquer antão é um antão até ser santo, depois passa a Santo Antão! Passa a ser mais um! E o pessoal acredita e respeita! Pois então!

Mas, afinal, o nome de minha mãe é sagrado ou não? Só eu sei o que ela foi para mim e que tem um altar no meu coração, mas é natural que para outros não seja santa.
…….xxxxxxxx……
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
 
EDITAL NÃO SAGRADO

REFUGIADO

 
REFUGIADO
Fui refugiado,
peguei em mim
fui para outro lado;
outro país,
para o do meu amor,
nele abrigado,
com amor subsidiado,
estou feliz,
de'amor não mais canseiras,
tive sorte,
meu amor
depois de me ter protegido
fechou fronteiras!

Eu tornei-me egoísta,
com ideias certas;
não o quero,
para outros,
com fronteiras abertas!

Como sou um bem amado
deixei de ser refugiado!

Oxalá que
quem não é que seja,
para que todo o refugiado
com amor feliz se veja!
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Gondomar-PORTUGAL
 
REFUGIADO

LEVA-ME

 
LEVA-ME
Se me despires
até à minha inocência
levar-me-ás
à pureza do meu cristalino
à retina dos horizontes
ao espanto do acontecer
ao espanto de te ver!

Sim
ai se me levasses!

Leva-me
livra-me do caleidoscópio dos nadas
do tudo e nada que me rodeiam!

Sê tu meu reinício.

Faz com que eu seja pérola
no colar dos teus desejos

Quero, com a minha inocência
bailar no palco das ânsias do teu olhar

Se me despires
até à pureza do meu cristalino
poderás comigo brincar
serei o teu menino.

Despe-me

Livra-me de todos- os- nadas
Para mim és tudo!
 
LEVA-ME

Da minha pena

 
DA MINHA PENA!
Eu, era para te fazer um poema.
Poema? Que é um poema?
Letras, meras letras que saem da pena.

Tenho pena que me não saia o poema,
poema, com poesia.

Poesia? Que é poesia?

Eu, era para te fazer um poema,
que tivesse poesia, mas, que pena,
que nem poema nem poesia me saiam da pena!

Foi quando, olhando para ti,
no teu olhar; como um poema.
toda a poesia li!
Até hoje tenho meu poema por fazer,
que era para to oferecer!
porque tenho andado distraído,
impedido,
por andar a ler, no teu olhar,
o que tens para me dizer e o que devo fazer!
Que é um poema?
Que é poesia, se eu já a tenho feita em cada dia?!

Nem chego a ter pena do poema
não me sair da pena!
………xxxxxxxxxxx…………..
Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Gondomar-PORTUGAL
 
Da minha pena

Linguagem decente.

 
LINGUAGEM DECENTE
Sentia-se ultrapassado!
O amor tinha começado
com modos básicos, práticos,
porém, depois vieram evoluções
e mais de sessenta e nove posições!
Até a poesia,
que começou com o acalanto do “ó ó ó ó”
maternal, para embalo da cria,
passou à sinfonia do soneto
e na música surgiu o minueto!

A linguagem passou a vestir alta linhagem,
mas, depois veio a desconstrução de estilos
e quase tudo passou ao livre,
livre expressão, poesia estilo livre,
música livre, picassadas,
dalianas e outras mais ousadas;
pôr tudo a nu!
Enfim, tudo livre do passado,
porque, hoje; o presente
tenta ser espelho do futuro.

Ele, poeta, andava baralhado,
começou a ler um poema ,
moderno,
em que o autor sisifiava a
imponderabilidade volátil
da forma de expressão,
que almejava extrair
do acervo evidências traumatizantes,
que ultrapassassem a ignara perscruta da Verdade,
fechada em dédalos
sem ariadnícos fios condutores.

O poeta gostava de fazer palavras cruzadas,
mas no poema não acertava uma!
Procurou nas soluções.
Ficou admirado!
só saberia 50 anos mais tarde!
Desistiu.
O poema já era do futuro!
Aí, pensou:
-“Mas, eu ainda estou no persente!
Olha as merdas, que eu aturo!”

Continuou a ler o jornal,
as medidas do Governo;
essas sim, em linguagem decente,
do presente,
que todos percebem,
que são para foder a gente,
agora, não 50 anos para a frente!
……….xxxxxxxxx………
Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Gondomar
 
Linguagem decente.

Esta noite

 
Esta noite o vento andou por aí,
a noite era preta e o vento cego,
batia nas paredes,
...nas casas,
nas árvores
derrubava-as às vezes,
o vento tinha asas,
batia em seu amor
e dizia sibilando:
-"ai se eu te pego"

De manhã,
ao ver os estragos que fez,
recolheu a sua casa de serenidade
e jurou que só seria brisa em noites de claridade!

Seu amor,
que antes lhe fugia,
como folha empurrada pela violência das rajadas,
deixou-se estar no chão
até que suave brisa, ao luar,
de suave claridade,
toda a noite com ela bailou.

O vento a pegou!
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Figas De Saint Pierre
 
Esta noite

Afagos

 
Afagos

Lembro-me dos tempos de menino
brincava com latas de café
era ainda menino de colinho
e mal me aguentava de pé

Doces recordações de criança
no coração eu resguardo
pois são sempre minha esperança
quando
em desespero
as afago

Belos tempos
os da infância
cercada de muitos mimos
rodeada de muita tolerância

Que bom
em adultos sentirmos
nesta vida de luta e de ganância
o prazer de termos sido crianças
 
Afagos

NÃO PRENDAM AS PALAVRAS

 
NÃO PRENDAM AS PALAVRAS
Palavras saem de mim,
levam-me sentires
desnudam-me a mente!

É bom ser assim
ou ser assim é ser demente?

Quem segura as palavras?
Quem amordaça as palavras?

Somos homicidas de palavras
se dentro de nós asfixiadas!

Gosto de libertar minhas palavras,
quais pombos à solta,
nos céus da liberdade!
e se não voltarem ao pombal
é sinal de felicidade!

Palavras saem de mim,
não as prendam,
são pombos a voar,
transportam liberdade!
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
 
NÃO PRENDAM AS PALAVRAS

FALTA DE ESTIMA

 
FALTA DE ESTIMA
Tinha a Terra
biliões de anos quando nasci!
tanto tempo
para um “artista” fazer uma "obra prima"

olho para mim
ainda tal não vi
e não tenho nenhuma estima!

de nascer não me lembro
de morrer não sei quando
apenas num tempo vou vivendo
e nem do passado me lembrando!

quem me fez gozou comigo
para me fazer não me pediu licença!
vim dum tempo muito antigo
mas
não vejo qualquer diferença!

tanto olho para alturas
como para profundidades
dumas sofro tonturas
noutras vejo verdades

os que nasceram comigo
depois de biliões de mortos
biliões de anos atrás
continuam a ter seu umbigo
à frente
e um buraco atrás!
mas, talvez
depois destes biliões de anos
fosse melhor o Homem
ter o buraco de trás à frente
para ver a porcaria que faz!

como veem
após biliões de anos
sempre guerras e desamores
de tiranos
e de livre arbítrio

tal só pode ser
por não ter havido evolução
e os buracos
estarem no mesmo do sítio!

Não sei a solução.

Trocar os buracos?
 
FALTA DE ESTIMA

O BRILHO DAS ESTRELAS NO OLHAR DUMA MENINA

 
O BRILHO DAS ESTRELAS NO OLHAR DUMA MENINA!

CONTA-ME UMA “ESTÓRIA”,
É com o pedido acima que sobrinhas e sobrinhos, sempre que me veem, me pedem uma “estória, fresquinha!
Vejo-me à rasca. Penso um bocado, enquanto os fregueses me rodeando não me largam
Então: “Era uma vez uma menina, de olhos grandes, que gostava muito de sonhar. Um dia, à noite, estando o céu muito estrelado , ela na varanda do seu apartamento, perguntou a sua mãe:
-“Mãe. Por que é que as estrelas brilham tão alto lá no céu?”
-“Parece-te”, disse a sua mãe, continuando:
-“Se olhares bem e se abrires bem os olhos elas descem até ti”
A menina, de 10 anos, sonhadora e criativa como era, ficou no que lhe pareceu.
Deitou-se, mas pressentindo que sua mãe já dormia, levantou-se foi até à varanda, para olhar as estrelas.
De pé, pescoço bem esticado, com seus olhos grandes bem abertos com eles esperava que as estrelas dela de acercassem.
Ficou a olhar, a olhar, a olhar, e quase que adormecia na varanda não fosse sua mãe, dando por falta dela e:
-“Que estás ai a fazer”
-“Estou a ver as estrelas”
-“Anda já para a cama, que estás aí a apanhar frio.
A menina obedeceu. Seguindo atrás de sua mãe ainda deu uma última olhada ao céu, como que acenando num carinhoso adeus às estrelas.
De manhã, quando chegou à escola, alguém lhe disse.
-“Que se passa? Teus olhos têm um estranho, mas bonito olhar. Parecem duas estrelas!”
Quando, a sua casa chegada, a menina, cheia de contentamento disso a sua mãe o que tinha a acontecido.
“Quem é que te disse isso?”, perguntou a mãe!
-“Foi um rapaz”
-“Quem?”
-“Não sei o seu nome”
-“Se ele te disser isso, outra vez, quero saber quem é. Ouviste?
-“Tá bem”
Certo é que a menina, todas as noites, antes de se deitar olha as estrelas para em seus olhos possam brilhar! É de graça e aos olhos dão mais graça!
Porém, a menina sabe que tem de dizer a sua mãe quem é que lhe diz que
seus olhos o brilho de estelas tem .
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Autor deste original e inédito:
Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
(Nota: No final da “estória”, a opinião é que estava muito bonita: Tou tramado!
Não me faltam “encomendas”, para contar estórias, de “graça”
 
O BRILHO DAS ESTRELAS NO OLHAR DUMA MENINA

GUERRA

 
GUERRA
O burro é pacífico!
O homem é pacífico!
Vão os dois pela mesma estrada!

Toc toc, toc toc,
vai o burro andando,
vai o homem, a seu lado,
caminhando!

Andam aviões no ar,
caem bombas!

O burro deu em zurrar!
O homem em gritar!
Depois ambos a enterrar!

Eram pacíficos!
Os aviões continuam a voar!
e bombas a largar!

Quem é pacífico?
O burro ou o Homem?
É o Burro, que é burro!

O Homem tende mais pró cavalo!
 
GUERRA

Delícias

 
DELÍCIAS
A mulher é musa, tem rios
tem montanhas, tem vales
tem ventos de tempestades
tem bonanças,
tem regaços de esperanças
e abraços.
Tudo isso a mulher tem
e sabe ser esposa e mãe
e ainda dentro dela já somos alguém!

Quem, digam lá,
quem como a mulher tudo isto tem?
E ainda, só para agradar,
ao homem diz, muitas vezes:
-“Tá bem”
O homem fica feliz,
depois empina o nariz,
mas um homem sem uma mulher!
coitado; um infeliz!
 
Delícias

"Ó minha senhora, saia-me da frente"

 
“Ó MINHA SENHORA, SAIA-ME DA FRENTE”
Tic, tic, tic, lá ia eu, com minha bengala, batendo no pavimento, naquela manhã soalheira, a adorar o deus sol, para me abraçar e darmos um passeio juntos, mas, de repente, sofri uma operação stop!

Não, não era a polícia, para ver se eu tinha licença de uso de bengala! Era uma senhora, aí pra cima dos oitenta anos, franzina, daquelas que atingem facilmente os cento e vinte!

-“Dá-me licença de lhe dar uma palavrinha?”

Num milionésimo de segundo, logo fiquei descansado. Afinal não era pedinte, até porque eu nem levava trocados!
-“Jesus é a vida a salvação, que veio ao mundo para nos salvar. O senhor acredita?” Ouvi.

Olhei aquela senhora, cheia de fé, de convicção, numa missão apostólica ambulante, interrompendo passantes e, com o respeito respondi.
-Não. Não tenho capacidade mental para compreender essas coisas.

-“Então, quando o senhor está doente a quem pede ajuda? Jesus é que nos salva!

-Como é que sabe?

-“Eu leio na bíblia. Está lá tudo.” Eu era para dizer que leio revistas, jornais e outras coisas mais, mas não:

-Eu não tenho jeito para pedir subsídios. Disse-lhe

-“Mas, ó senhor, Jesus faz tudo por amor. Basta acreditar.

-Eu admiro a senhora e outros, que estão tão convencidos, ou fazem-se, dessas certezas todas! Já eu, um limitado mental, penso que os deuses são feitos e desfeitos pelos homens.

Repare que antes de Cristo; de Jesus, (que só apareceu há dois mil anos) antes de Alá e de Há cá, houve milhares de deuses; olhe, eram os dos maias, eram os dos aztecas, os dos gregos, os dos egípcios, os dos chineses, dos judeus, dos indianos, dos africanos, etc, etc , depois passaram à reforma! O que acontece é que, em milhares de anos, Jesus Cristo, e seus afins, é o que está na moda, embora já comece a aparecer muita concorrência!

Aliás, os homens ainda continuam fazer deuses, que dão emprego a muita gente.
A senhora, por exemplo trabalha para o seu!

-“Mas olhe, senhor, Deus é só um”

-Pois sim, dizem que Deus há só um, mas cada um tem o seu, sejam pajés, bispos, cristos, pais santos, orixás, e por falar em santos, a Igreja tem milhares de santos para tão poucos milagres! Isto para não falar de bruxos e bruxas, e santinhas por essas aldeias fora!Já era tempo de despedir alguns, por falta de produtividade! Afinal, Fátima resolve tudo!

-“Mas, então o senhor não acredita?

-Não. Não tenho essa capacidade mental, até porque se eu acreditasse ficaria com problemas. Lá teria eu de seguir o que a senhora quer, isso iria mexer com a minha liberdade! Eu respeito a liberdade da senhora em vender a banha da cobra, até lhe faz bem, pois que dá um passeio, como eu, para desentorpecer as pernas e ainda faz negócio de almas, já eu não tenho jeito para pedir subsídios celestiais, só me limito a apanhar sol, sem andar, por aí, no negócio da venda da banha da cobra, que dão lucros para encher a bandeja de cada igreja.

-“Ó não. Ó minha senhora, saia-me da frente.

Foi o que a senhora ouviu, dum homem, num tom ríspido, quando, desiludida, de mim se afastou e se dirigiu a um casal, que vinha em sentido contrário.

Não sei como, nesse dia, correu o negócio da venda da banha da cobra, e o número de almas que a senhora apóstolo teria convertido e reportado ao seu bispo! Sei é que eu continuei meu caminho, sem a companhia de deuses, só com o meu, que, por acaso até é um gajo porreiro; ri-se comigo e eu com ele.

Foi o que aconteceu: Rimo-nos os dois, até porque não era preciso ser tão ríspido no;
“Ó minha senhora, saia-me da frente”.
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Autor:Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
 
"Ó minha senhora, saia-me da frente"

Por que novo tempo novo chamais?

 
POR QUE TEMPO NOVO CHAMAIS?

Por que chamais ano novo
ao tempo que é tão velho,
como tão velho é o fogo
e a água fazer de espelho?

O tempo por nós não passa,
nós é que por ele passamos
e nele deixamos marca
no tempo que lhe gastamos!

Mas se, como diz alguém,
o tempo tem sua idade,
então, meditando bem;
Lar da Terceira idade
é a Terra, na idade que tem,
a rodar na eternidade!

Mas, pergunto eu, de novo:
porquê
chamar novo ao velho,
se tão velho como fogo
e a água como espelho?

É que tempo não tem tempo,
porque tempo não nasceu,
mas sabemos todo o tempo
que cada um tempo viveu!

Silvino Figueiredo

Publicada por Galeria Vieira Portuense
 
Por que novo tempo novo chamais?

Pedra pó

 
PEDRA PÓ!
Sou pedra, que rola no tempo,
que vai rolando, rolando,
levada por águas de rios,
por rajadas do vento,
que dilata ao sol,
que encolhe ao frio,
que aquece, que gela,
sempre pedra,
que quebra, que une,
que no tempo rola,
ficando erodida, erodida,
pedra que foi de montanha
pela encosta caída,
agora parada no vale,
esperando rajada,
para novamente rolar,
até que, completamente
erodida e em pó ficar a pedra,
que foi de montanha, no cimo dum monte,,
mas, em pó, por aí a voar,
pelo horizonte!
………….xxxxxxxxxxx………….
Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraqe
Gondomar-PORTUGAL
 
Pedra pó

Falar sózinho

 
FALAR SÓZINHO
Convoquei Deus e o Diabo,
para conversações.
Deus respondeu-me,
dizendo que não aceitava provocações!
O diabo disse-me que é ele quem as faz
e que não aceita tentações!
Tentei, mais algumas vezes, mas desisti.
Deus e o Diabo nunca vi,
mas gostava de com Eles conversar,
caso existam, fisicamente,
além da mente!

Dizem que um tem um rabo e que outro é um velho, de barbas, mas, infelizmente,
não falando com Eles,
tenho, na vida, andado a falar sózinho!
Não sei se com outros também é assim,
mas desconfio que quando os convoco,
e Eles não vindo,
é porque um e outro já estão dentro de mim
e de mim vão rindo!
 
Falar sózinho

DE BRAÇO DADO

 
DE BRAÇO DADO
Em mim,
quando o futuro crescia,
para o presente eu o queria trazer
o mais depressa que podia,
para que fosse o acontecer,
mas, o futuro foi como minha nascença;
em mim crescendo para ser um todo!
porém, seu nome depois mudou!;
de futuro passou a passado!

Agora,
quando pego em mim,
e me passeio,
lembro-me das lembranças do futuro,
que queria para presentes,
e com elas me enleio;
lembranças ou saudades do presente,
do futuro ou do passado,
que com elas passeio e me enleio
de braço dado!
……….xxxxxxxxx………..
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
 
DE BRAÇO DADO

OUTRO ELE

 
OUTRO ELE

No meu esfarrapar por dentro,
no meu esfarrapar de mim
vejo outro;
do avesso de tudo que penso!

Ao ver-me,
depois de por dentro rasgado
visto outra pele,
mas nunca sou eu!
sou sempre outro!
que é ele!

Continuo a me rasgar
até me encontrar,
talvez mesmo depois de todo roto,
talvez só depois de morto.
........XXXXXXXXX..........
Autor; Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar-PORTUGAL
 
OUTRO ELE

Crise

 
CRISE
Cada um nasce nu
em crise chora
para os pais uma crise
cresce na crise
e pais atentos ao menor deslize
na crise do crescimento.

Mandam-no para a escola
para a crise da educação
ficar doutor ou pastor
enfim um HOMEM!

Depois
dele esperam que resolva
a crise do seu tempo
que dela seu salvador
mas eis que declara solenemente:
-“Gente. Nasci em crise
cresci na crise e vivo na crise!
Amigos. Irmãos. Eu sou a crise!”

Os homens continuam a nascer nus
a viverem na crise
de quererem morrer
bem vestidos
e bem calçados!
A crise continua!
Descalços!

Pelo menos
poupa-se na graxa para os sapatos!
 
Crise

Figas