SÚBITO DESEJO (WesRocha e Felisbela)
Tu és a fonte inesgotável
Dos meus anseios e poemas
Corpo doce irrecusável
Fantasia sem dilemas…
Ilumina-me a luz das velas
Nesta noite de quimera
Corre a lua pelas janelas
Temperando a atmosfera
Esculpir de amor sem fronteiras
Ao tocar em mim teu corpo ardente
Amar-te-ia a noite inteira
Ao sussurrar do prazer latente
Fazer do amar prosa e verso
Fulgurar do desejo súbito incandescente
Ao emergir num dulçor submerso
Extasiar de volúpia ao despir-te lentamente.
AMOR POR SI SÓ
Ao Ver em teus olhos sinceros
O reflexo de um ser que clama
Amar-te ainda mais espero
Como o sol que flameja em chama
Guardado em teu seio ardente, pondera a ti,
Quem não ama?
Desperta-me olhar inerte
De amor cheio meu peito inflama
Pois o amor é por si só,
refúgio escondido
O amargo-doce
Em teu pranto colhido
Que se encontra em tempo incerto
Viver, e não sentir que te amo
É morrer no vazio deserto.
MAIOR QUE O TEMPO
Tão abstrato é o divagar do Tempo
Que ao porvir saber, tão súbito se encerra
Vislumbrar de contentamento sua face eterna
Desfrutar de ti ao meu bel prazer intento
Desconcertante dissabor de ver passar
Velhas feições que outrora tão bela fizestes
Sufocam-me ao assistir meu ledo fulgor findar
Ao padecer no desaguar que a mim trouxestes
Já ao contentar saber-me que partiste
Saciado quero estar de amor, tenro acalento
És tão sublime que ao tempo maior, não viste?
Transcendente fazer provar em ti extasiado alento
Enlevar de folgança ao encontrar-me de amor sedento
Momento que anseio ser sempre fiel, de amar a tempo.
ERA AMOR
Era tanto amor,
Que descompensado parecia
Ao ver teus olhos rezulentes
Ir de encontro aos meus somente
Sentir sua boca que à minha pertencia
Era tanto amor,
Que de tão perfeito eu duvidaria
Sentir teu corpo ao meu tão rente
Ser tu só minha simplesmente
Ao mergulhar em teu olhar me perderia
Foi tão puro e transparente
E por tanto tempo assim seria
Se de tão forte e inconsequente
Não se entregasse à nossa frente
Ao ciúme ao qual se renderia
Foi tão belo e raro amor
Sonho um dia por nós sentido
Ainda que não fora eterno, foi vivido
Esquecer-te jamais eu poderia.
POÉTICA LIBERDADE (Wes Rocha e GiL Façanha)
Breve instante a pensar, me encerro,
Que tal liberdade é a mim comedida.
Poeticamente ser livre espero,
Não limitar-me a regras pré-concebidas.
Entreguei-me ao prazer que a poesia me traz.
Entre versos e prosas, sou mais eu do jamais fui.
Da liberdade que anseio, tenho fome voraz,
E vou além dos conceitos que um dia me impus.
De que adianta um bom verso rimado,
Ou perfeita separação de sílabas medidas,
Se ao poetar não encontro o afago,
Do que intento expurgar, em minh’alma contida.
Enclausurado senti-me nas fronteiras por outrem criadas,
Abstendo-me assim da livre inspiração.
Mas sigo meu estilo de poesia liberta adotada,
Sem recear criar, nem refutar qualquer opinião.
Sou o avesso do limite imposto,
E a obediência quando bem me aprouver.
Mas cada poeta tem seu estilo, seu gosto,
Escreva do jeito que tua alma quiser.
Basta um Sorriso
Basta um sorriso
e o meu ser, se entrega ao teu.
Um sorriso sincero,
é destes que eu quero
se demorar, eu espero
dou a vida por um sorriso seu.
Mas se algum dia chora
Com palavras vãs de outrora
Que disse sem ter razão
Pense,ignora,
pois não tive a intenção,
Eu preciso é te ver sorrir
Pra aquecer meu coração
pois o sorriso é isso,
um agir sereno
um ato pequeno
Mas tanto sentimento esconde
e por este momento
vale a pena esperar,esperar...
INÍQUA REALIDADE
Imerso nesta iníqua realidade
Deste sono moribundo
Visto à caráter este traje
De estado de transe profundo
Onde outrora me isento, me escondo
Fingindo não saber a verdade
Alienado estou deste mundo
Corrupto em minha sobriedade
Ainda que num suspiro último
De ser o que almejei no passado
Encontre em mim o afago
Em meu âmago dilacerado
Despir-me-ei deste traje imundo
Libertarei-me um dia deste fardo
Onde receio viver sonhando
Ou talvez, de morrer acordado.
Wes Rocha
PRELUDIUM I - A Passagem (1º ATO)
O respirar árido se tolda
à leve brisa do vento
entre as janelas, cortinas soltas
apenas um, mais um momento
Onde esperar seja em mim alma
O leve brando descanso
fecho os olhos, coração para
me vejo deitado, ao cantar dos anjos
E no repouso celeste encontro
Um paraíso afinco sonhado
Nas quatro torres que entoam
O cantar de um antigo brado
Onde vejo o que sinto por dentro
Num astral devaneio esperado
A liberdade de um ser por inteiro
E não mais de um ser em pedaços.
ENTRE GESTOS
Entre gestos
Num breve contemplar me sustento
Ao fitar em teus traços cada gesto
Desvendar-te, ordem que me presto
Desbravar cada pedaço de ti ostento
Ao parecer dominar cada parte tua
Mesmo que se faça assim tão displicente
Sei que no fundo existe um desejo ardente
De mostrar-te a mim ousadamente nua
E ao te sentir ofegar entre tantos ruídos
Ensaio o deleite que teu corpo espera
Revelar teu desejo por mim extraído
Por entre os gestos deste doce castigo
Disfarço a volúpia que o desejo venera
Ser só teu ao ceder a este amor proibido.
PRELUDIUM II (Por dentro do véu - 2º ato)
Trespasso o véu dos sonhos
Planície verde, clarão D'aurora
No casebre ao longe, alguem espera
Entrais então profano, ja é hora
de Deixar fluir a essência contida
em teu íntimo alma implora
Despe-te do denso tormento
Aqui ja não és, o que foi outrora
E ao vislumbrar tão simples templo
Vejo, por dentro, o mais lindo palácio
Em teu seio, portais do mundo
No jardim,solo sagrado
Onde todas as vidas se encontram
No real ser contemplado.
Meu guia então, brada seu nome
Revelando antigo ditado
Abandona a noite e procura o dia
Teu corpo denso, já não é mais fardo
À sutil essência retornas
Já não estas mais sozinho profano
Pois eu caminho ao teu lado.
Continuação, do poema PRELUDIUM I