Poemas, frases e mensagens de dalvadeoliveira

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de dalvadeoliveira

Solidão

 
Sinto-me vazia e extenuada,
Desconfigurada em pleno arrebol,
Banho-me com a luz do sol
E umedeço de brilho a pele suada.

Dia claro e de forte calor
Massageia-me o corpo com sua brisa,
Minhas mãos de veludo a tez alisam
E me sinto renovada, pronta para o amor.

Na noite dos pirilampos há força motriz
Que meu organismo expele como diarreia
Entre as quatro paredes da suíte sem plateia...

Depois o sono numa penumbra de verniz
Acaricia o sonho que se esvai pela janela
De um quarto sombrio onde dorme a cinderela!
 
Solidão

Perdida em mim...

 
Do alto da montanha
Olho o mundo e contemplo
A rainha natureza brotar amor...

Do alto da montanha
Observo a natureza e contemplo
O mundo colorir-se de flor...

De dentro de mim mesma
Vejo a solidão instalar-se
E como não sei onde encontrar-te
Fico sozinha a contemplar a minha dor...

De dentro do mundo
Escuto soar a tua voz
E como sempre estou a sós
Já nem sei mais onde estou!
 
Perdida em mim...

Convite à Reflexão

 
Estou com a cabeça sob as estrelas
Em um céu bordado de ponta a ponta,
Quero versejar nesta noite que desponta
Sem coibir minha inspiração, nem corrompê-la...

De norte a sul o vento vem em solidariedade
E sopra uma brisa que me dispõe a escrever,
A imaginação vagueia num circuito de prazer
E as palavras bailam cutucando uma saudade...

O brilho da lua desvenda uma penumbra
Dos galhos frondosos que balouçam e fecundam
Meu pensamento que busca no firmamento, o metafísico...

Minha luz interior ronda intenso aclive
E um vexatório poético que jamais tive
Descreve em nuances as artimanhas do meu tear psíquico...
 
Convite à Reflexão

Quem me dera...

 
Quem me dera...
Compartilhar dos anelos da inocência !
Chorar, apanhar, gritar, brincar...
Quem me dera...
Conviver com os atributos da eloquência !
Ser exato, conciso, inovador, perfeito...
Tudo são sonhos, meros efeitos !

Quem me dera...
Instituir regras de justiça !
Ser o exemplo, o equilíbrio, a moeda...
Quem me dera...
Instaurar a concepção de respeito e amor!
Ser o carinho, a ternura, a meiguice...
Tudo são devaneios, mera pieguice !

Quem me dera...
Amplificar o Evangelho para todos!
Ser a boca, o versículo, o livro santo...
Quem me dera...
Poder governar o universo !
Ser a lei, o alimento, a amizade...
Tudo são desejos, meros artifícios da verdade !
 
Quem me dera...

Espelho da Ilusão

 
Os ventos alijaram minha esperança
E minha alma de inocente criança
Grita no vácuo da noite, abandonada...

Tempestades alucinógenas derribaram meus planos
E transformaram meus amores em desenganos
Ceifando de sedução minha paixão desvairada...

Ouço o uivo sibilante da brisa noturna
E tateio na escuridão da noite meu corpo suado,
Imagino-me sequiosa nos braços de meu amado
Que transita livremente por entre lindas curvas...

Em meu semáforo íntimo já não há o vermelho,
E o verde é um convite para um belo passeio,
Sonho com tuas mãos em meus róseos seios
E de repente vejo-me despida e trêmula diante do espelho...
 
Espelho da Ilusão

Velhas magnólias

 
Em meu coração só não há magnólias,
Cultivo todos os tipos de flores,
Todos bem de acordo com meus amores
E cada qual tem sua própria história.

Perfumes aromatizam minha alma
Que ébria vagueia sem rumo pelo jardim,
Numa agenda compulsória dedetizo a mim
E ressabiado o amor se instaura.

Meu olfato capta o que há na flora
E joga irremediavelmente fora
A essência que de mim destoa...

Há uma vacância que meu coração descreve
E logo imediatamente mais que breve
Preenche com extratos que sobram à toa!
 
Velhas magnólias

Átomos Sensuais

 
Sento-me na varanda,
Olho em todas as direções,
Vislumbro os andarilhos e suas sensações
E me inspiro com emoções tantas...

Cruzo distraidamente as pernas,
Ao longo observo as ondas do mar
Que se quebram vadias ao luar
Espalhando espumas brancas e eternas.

Pés descalços perambulam pela areia úmida,
Violões em serenata provocam nostalgia profunda
Nas bocas que se beijam num ímpeto sedutor...

Mãos bobas percorrem afoitas corpos quase desnudos
Desabrochando átomos sensuais que varrem tudo
O que as almas segredam na noite de amor!
 
Átomos Sensuais

Colheita

 
Beijo-te duas vezes ao dia:
Ao deitar-me profundamente enamorada
E ao levantar-me após extensa madrugada
Sonhando ainda com tua fisionomia.

Sei que da moldura não sairás
E ao teu sorriso dedico meu pranto,
Os dias que passam me consomem enquanto
Meu amor cresce sempre mais e mais...

Por que tanto sofro por ti que já partiste ?
Por que este amor em devorar-me insiste ?
Não sei, é como se ainda tivesses vida...

Entendo agora que jamais poderei te esquecer,
Deixaste dentro de mim uma fagulha do teu ser
Em quem perceberei tua presença assaz refletida !
 
Colheita

Exotismo

 
Amamento caricaturas de devaneios
Que tingem minha alma de solidão,
Encarapuço tais sonhos em meu seio
E deixo que fantasmas povoem meu coração.

No solo infértil de meu ventre
Há uma saudosa andorinha que sibila ressabiada,
Seu canto se perde pelos confins das madrugadas
E o silêncio apodrece a saudade de repente.

Nas areias negras do meu deserto escorre o pranto
Que meus olhos céticos e pálidos de espanto
Permitem o germinar do meu indócil pensamento.

Um oásis desponta numa seca superfície da terra
Onde torvelinhos engordam uma ficção que encerra
Acordes sinfônicos que desequilibram o despertar do sentimento!
 
Exotismo

Farra de Amor

 
Quiseste fazer-me um montepio,
Deliberei que isso seria desejar tua morte,
Quero-te sensual, sadio e muito forte
Para satisfazer-me quando eu estiver no cio.

Não te permuto por qualquer que seja o dinheiro,
Sem ti abrir-se-ia em mim intensa vacância,
Não vejo em ninguém teu porte e elegância
E de tudo que for último serás sempre primeiro.

Nas brancas grinaldas que o mundo me ofertou
Só tu descobriste por onde anda o amor
E na adesão ao sexo soubeste pintar o que se quer...

Na farra do tesão bebes de todas as cachaças
E sinto de ti o néctar que me despedaça
E que me torna senhora e musa, amante e mulher!
 
Farra de Amor

Primeiro Beijo

 
Vi que a chuva caía
Inundando corações soturnos,
E eu acoplada às cortinas de veludo
Botava vida em minhas fantasias.

Lembrei-me de quando menina
Debaixo de uma chuva de festejos
Roubaram de mim o primeiro beijo
Sob a luz de fracassadas lamparinas...

Discreta lágrima remoeu uma saudade
Que me trouxe reminiscências da puberdade
Há muito enclausurada em meu ventre...

O tempo que afaga também oculta
A rebelião de sentimentos em disputa
Que me faz estremecer não mais que de repente...
 
Primeiro Beijo

Coração Sonhador

 
Eu tenho um bom tino observador
E para falar de amor não preciso de flores,
Preciso de palavras...

Palavras que expressem meu sentimento
E que revelem de minha alma o ardor
Que possa exprimir meu ego emergente...

Eu tenho um bom tino observador
E às vezes nem as palavras transmitem o sabor
Que eu possa impregnar com meu olhar apaixonado...

Eu tenho um bom tino observador,
De vez em quando ultrapasso os limites
E meu coração que renega palpites
É constantemente tímido,
Mas profundamente sonhador...
 
Coração Sonhador

Hipoteca

 
Solo infértil, areia movediça,
Sexo estéril que irrita
O hálito que o beijo consome.

Barro amarelo, argila grossa,
Volúpia indócil que não se esforça
Para sincronizar um vaivém sem nome.

Terra úmida, chão imberbe,
Taça de hormônios que não serve
Para saciar tão miserável fome.

No húmus travestido pela atmosfera
A certeza já hipotecada de uma nova era!
 
Hipoteca

Insensatez

 
Envenena-me teu capricho,
Teu sórdido sorriso amarelo,
Ter-te comigo é o que mais quero
E as mágoas deixo-as no lixo.

Machuca-me teu olhar de desdém,
Teus lençóis suados de solidão,
Desejo-te aprisionar-te em meu coração
E semear-me de saudade também.

Magoa-me tua insensata indiferença...
Gostaria de transmutar-te no que pensas
E trazer-te ao meu nicho isento de rancor.

Violenta-me a distância em ti presente,
Fujo-me de mim para desvendar o que sentes
E poder oferecer-te a plenitude do meu amor!
 
Insensatez

Bailado Ritual

 
A dançarina rodopiou diante do espelho
E vi meu rosto rubro, deveras vermelho
Por uma saudade que consumia minha solidão.

Em seus movimentos espertos e sensuais
Havia uma carência que me perturbava demais,
Pois era um inconfundível retrato do meu coração.

Terrível angústia acomodou-se em minha mente
Ao perceber que aquela música era amargura,
Diante de um bailado e de uma agitação pura
Fui plagiando os rodopios assim de repente.

Fui levada a dançar no ritmo do figurino
E pude atravessar ruas e cruzar esquinas...
Como gostaria de ser a insensível bailarina,
Despedir de mim a tristeza e bailar sorrindo!
 
Bailado Ritual

Inspiração Sensual

 
Abracei-me ao travesseiro choramingando e arrependida
Por haver sonhado que ele teria ido embora,
Minhas lágrimas teimavam cair naquela hora
Num triste ritual que era de despedida.

Profecia que adulterou meu libido inconsequente
E me trouxe farpas de gigantesco tormento,
Nas linhas em meu corpo percebi um veículo em movimento
Que eram meus dedos acariciando meu tesão saliente.

Vi-me num holocausto queimando as entranhas
E num fogo de intensa paixão uma volúpia medonha
Fez-me suar uma ternura como há muito eu não via.

Numa tempestade de desejos meu colchão parecia areia
E no sangue que corria alucinado em minhas veias
Senti na sutileza do orgasmo uma inspiração de poesia!
 
Inspiração Sensual

Força de Mulher

 
Invoca-me no perfil feminino
O ditado de que mulher é fraca,
Nada me acomoda em cama, nem em maca,
Pois possuo talentos que regem meu destino.

A emancipação da mulher não é algo aleatório,
Durante séculos vivemos em prisão domiciliar,
A história que mudou tal realidade vem de além-mar
E hoje governamos e atendemos em consultório.

O homem que se cuide enquanto chefe do lar,
Esta sua posição encontra-se deveras ameaçada,
A força torna a mulher capaz de qualquer parada
E os exemplos estão aí no seio social para comprovar.

A mulher tudo faz sem que em nada se acanhe,
Já o homem é restrito e jamais poderá ser mãe!
 
Força de Mulher

Prisioneira do Tesão

 
Deito minha alma num sonho de amor
E me vejo vagabunda na seara do prazer,
Confecciono imagens em que percebo acontecer
Um idílio cuja sensualidade é de profundo sabor.

Meu vulto cambaleia na sensação ardente
E depaupera-me de combustão afrodisíaca,
O viço que se associa à minha estrutura física
Desenha em mim a chama de um desejo persistente.

Um gélido suor enlameia minha face
E desperto cretina por inesperado desenlace
Que me mantém prisioneira de inquebrantável tesão.

O incidente onírico é um insulto à personalidade
Em que conservo indulgente a imaculada virgindade
Que protege o campo onde habita meu coração!
 
Prisioneira do Tesão

Jurei...

 
Jurei a mim mesma
Amar o mundo sem cerimônia
E mesmo em noite de insônia
Deitar minhas lágrimas ao vento...

Jurei a mim mesma
Cuidar do órfão desvalido
E mesmo que não haja sentido
Correr o mundo com o meu pensamento...

Jurei a mim mesma
Suar por um mundo melhor
E mesmo que tudo vire pó
Chorar por seu engrandecimento...

Jurei a mim mesma
Sorrir com a minha alegria
E mesmo que morra de melancolia
Convidar o universo para o meu sepultamento...
 
Jurei...