Poemas, frases e mensagens de Ezie

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Ezie

Um poema é uma adaga!

 
Um poema é uma adaga
Com dois gumes
Ou é amor e alegria
Ou é dor e agonia!
Só que não sabia
E fui escrevendo
O que pensava saber
Ou sabendo o que não devia
Mas escrevia!
Escrevia a torto e a direito
Sem preceito
Só o que a alma sentia.
Mas eu não queria
Abrir a alma ao mundo
Tão cheio e profundo
De malévolas agonias!
Mas o que me deu?
Foi esta dicotomia
Entre o amor e a alegria
E o pão de cada dor em cada dia!
Mas sonhar é fácil
Dificil é viver cada cada ilusão
Quando desfalece o coração!
Um poema é uma adaga
Com dois gumes
Ou é amor e alegria
Ou é dor e agonia
Tenho dito!
 
Um poema é uma adaga!

FADOS

 
FADOS

O grito das gaivotas
Calam no nosso olhar...
Que fado tem o nosso olhar?
Fado ou destino
Está escrito nestas paredes,
Na palma das nossas mãos
Como na tinta desta caneta...
A vida corre como rio entre fráguas
E o vento segue o destino
No meio de nossas mágoas.

Será que no destino
Está escrito as nossas mágoas?
De que se fará o nosso destino?
E os nossos olhares?
Será que se expandem
No grito das gaivotas?
Ou será nas derrotas
Onde o destino nos leva
Forçando o leme
Enquanto a alma treme
E se esfuma e apaga
Como a tinta desta caneta!
 
FADOS

Foste apenas uma...

 
Foste apenas uma...

Fui tardo em perceber
Que em ti, não havia amor
Para me oferecer!
Fizeste o favor de me dizer
Que para ti, o importante "era ser"!
Rias satisfeita
Quando me chamavam de poeta.
Infelizmente, para ti claro
Nunca lias a ultima linha
Quando me chamavam de pateta
Ainda bem que assim foi
Porque depois de saber
E conhecer toda a verdade
Não podias dizer
Que perdeste a idade
com sonhos infantis!
Foi tudo o que eu quis?
Claro que não! Não querias
Perder sonhos de criança!
Todos os têm e ninguém os quer!
Imaginamos ser o que nunca somos
E se calhar nem queremos ser!
Inventamos razões
Projectamos ilusões
Aprendemos lições
Mas sempre seremos
O que nunca parecemos
E muito menos o que queremos!
Morreste e tudo acabou!
E nada de ti em mim ficou!
Foste apenas uma que passou...
 
Foste apenas uma...

Sobem-me canções à vida!

 
SOBEM-ME CANÇÕES À VIDA!

Os verdes ramos
Estendem-se frondosos
Sobre minha velhice
Que passa formosa
Bela e radiosa
Impante e orgulhosa!
Pelos anos vividos
É demasiado comprida,
Mas ainda assim apetecida!
Invernos aquecidos
No fogo brando do meu sonhar!

Vida que valeu a pena¿
Sim, tudo vale a pena
Quando a apoteose não é pequena!
Foram sonhos,
Foram razões,
Pensamentos risonhos!
E sempre que passo
O tronco em flor
Estende seus ramos
Á minha velhice
Quando passa
Pelos vales da vida!
 
Sobem-me canções à vida!

Por que cantas?

 
Por que cantas

Por que cantas
“Bem-te-vi”
Não vês que é madrugada
Que são horas tantas
As que não te vi
É cantiga desesperada
A que cantas por aqui
Mas bem te vi
Ou mal te vi
Ouve a canção
Que me acorda
Não sei se é a corda
Que me ata o coração
E me amarra á vida
Chorada e sentida
Por sonhos que sonhei
Pelas mulheres que amei
 
Por que cantas?

SOU O HOMEM!

 
SOU O HOMEM!

Sou o mundo,
Vida e morte,
O hoje e o amanhã!
O passado e o futuro
Os sonhos e a razão!
O pensamento e a ilusão,
O sul e o norte!

Da alma o profundo
O sentir prematuro
Do fogo da paixão,
Belo, irresoluto, traquino!
Em mim se condensam
Os mistérios do mundo
Do amor e da solidão!

Há um caminho profundo
D’além do horizonte,
Da sua linha imóvel
E irrefutável
Que atrai as vontades
Descobre as verdades
E por querê-las saber
Semeia ventos,
Colhe tempestades!

Sou quem sou na realidade
Sou um átomo de vida!
Um facho aceso
De sonhos e canções,
Fantasias e ilusões!
Sou a verdade
Nua e crua
O sol e a lua
A simetria da minha rua
Onde a alma nua,
Cinzenta, continua
A luta contra si mesma!

Alfa e Omega
De mim próprio
Dum querer impróprio
Onde a carne tudo quer,
Deseja e anela
Porque a vida
É única... E bela!
 
SOU O HOMEM!

ENFINS!

 
Enfins!

...encontramos
A alma das palavras
Neste espaço de nós
Por entre os fumos
Dos nossos cigarros...
Enfins infinitos e perdidos
Nas palavras dos deuses
No silêncio destas nuvens.

Nuvens baças dos cigarros
Onde se advinham formas
Coreografias infinitas
Onde o enfim se perde
Na razão do sonho
Quase sempre medonho...
Outras ainda se revestem
De cores e emoções
Em cânticos esquecidos
Quiçá perdidos
No espaço e no tempo!
 
ENFINS!

O caos em que vive a minha vida

 
O caos em que vive a minha vida
Não se deve nem a sonhos nem amores
Mas sim daquilo que fui ontem
Em contraste do que sou hoje!
Ainda tenho uma vida de sonhos
E ainda vivo uma razão de amores
Mas aquilo que fui e já não sou
É o que me perturba e angustia!
Velho, farto de dias,
Sou uma pálida imagem do que era!

Morreu-se-me a primavera
Em que vivi durante tantos anos
Agora só, Invernos, os que me visto
E a vida que vivo é de desolação
E se me embriaga de dor o coração!
Mas que outra coisa poderia almejar
Se de fartos dias estou a viver
E agora que me apresto a morrer
Só resta lembrar-me da minha canção
Que cantava nos meus tempos de amar!
 
O caos em que vive a minha vida

PALAVRAS ESQUECIDAS…!

 
Vivemos no espaço do silêncio,
da parábola esquecida,
da comunicação perdida!
Palavras presas
por tanto querer dizer e calar...
Por não se saber como falar…
E qual o gesto e a forma!
E por entre apertos do coração,
com constrangimento,
vamos vivendo,
sentindo e morrendo,
Nas palavras esquecidas
agora perdidas!
 
PALAVRAS ESQUECIDAS…!

Em memoria do Juquinha!

 
EM MEMÓRIA DO JUQUINHA!

O Juquinha morreu
Numa noite de breu!
Morreu esmagadinho
Coitadinho!
Dizem que não há
Céu de gatos
Mas os que o dizem
São uns chatos
Que não sabem
O que dizem
Nem dizem
O que sabem
Ficam por aí!
Seja por saudade
Ou por verdade
Ou ainda por maldade
Ouvíamos o miar
O choramingar
Do coitadinho
Pedindo afago
E carinho
Mas levando água
Ao seu moinho
Rogando por comida
Aquele bichinho
Aquela coisa preta
De verdes olhinhos!
Era lancinante
O seu miar!
Julgando ser verdade
Abríamos a porta
Para ele entrar!
Pobre dos
Nossos corações
Vivendo aos empurrões
Na ânsia desmedida
De ser uma
Verdade sentida
Julgando ser ele
Que à porta batia!
Chorávamos
Choro sentido
Por não termos, conseguido
Guardar bem guardado
Aquele bicho danado
Muitas vezes maltratado
Por ele morder,
O descarado!
Mas lá que o amávamos
Lá isso amávamos!
Agora, lavados
Em lágrimas,
Morremos de dor
E de amor
Pelo bichinho que amávamos!

Ezequiel Francisco 08/11/2015
 
Em memoria do Juquinha!

DE NOVO O ARCO-ÍRIS

 
DE NOVO O ARCO-ÍRIS

-Olha de novo o arco-íris...
Ela mo apontou de dedo em riste
sorridente e prazenteira, com calor
as cores que riscavam o plúmbeo céu!

-Deus está ainda no nosso amor!
A beleza era tão inegualável que o véu
da promessa chegou-se com ardor

às nossas almas imersas
em sonhos, fantasias
coros celestiais e odores a maresias.

E as lágrimas, escondidas
nos nossos olhos, perdidas
caíram-nos, pelo rosto, apaixonado

e molharam nosso amor singelo
porém, tocante, amante e belo!
Nossos corpos inebriados
ficaram unidos, calados

E o mundo foi selado
por um beijo apetecido
desejoso e sentido!

Ezequiel Francisco (19/10/2014)
 
DE NOVO O ARCO-ÍRIS

Abrir a porta é preciso

 
ABRIR A PORTA É PRECISO!

O que agora importa
É abrir a porta
Deixar entrar
O amor devagarinho
Bem mansinho!
Beijar
Languidamente,
Sofregamente…
E acreditar
Eternamente
Sem ais
Nem lamentos!
 
Abrir a porta é preciso

Por sonhos, por amores, por nada

 
Quando atravesso o meu deserto
Enchem-se, como fontes, os meus olhos
De lágrimas que me acerbam o coração
Pois o meu peito é terra de assolação
Nada mais sai, nem de longe nem de perto
Nem a pena se transforma em arrojos
Pois sempre escreve o que quero
E se afasta de mim num desespero
A chama que em mim, é criadora
De sonhos de rosas, jasmins
Dálias, margaridas e amores perfeitos
Em que transbordo de cheiros
E me arremedo de meios termos e enfins
De coisas grandiosas como amores
Exilados pensamentos, dissabores
De coisas esquecidas, malqueridas!
Terra de assolação, terra queimada
Onde nenhuma frase foi plantada
Cresceu, floriu e foi regada
Por sonhos, por amores, por nada
Tudo o que restou o vento o levou
Para que ao mundo fosse levada
E que se entendesse a palavra
Que um poeta algum dia, escrevera!
 
Por sonhos, por amores, por nada

Fui por aí!

 
Fui por aí...!

Fui por aí
Como filho pródigo
Semeei o que não devia
Colhi o que não queria
Da vida que vivi
Cantei canções
Sonhei ilusões
Que não colhi
Ora e na hora da morte
Lamento tal sorte...
Mas que vivi, vivi!
 
Fui por aí!

Desfolhei um malmequer

 
Desfolhei um malmequer
Sem saber o que fazia
Uma é minha, outra é tua
E a outra quem diria
Era de quem apanhar

Afinal eram tuas as penas
As que estava a desfolhar

Mas pétalas ou penas
São penas do teu sonhar
E eu não sou capaz
De tua alma depenar
 
Desfolhei um malmequer

SEMPRE ESCONDI!

 
SEMPRE ESCONDI!

Eu sempre escondi
Os meus sonhos e ilusões
Dos sábios e entendidos
Daqueles que foram reconhecidos
Em estudos e tratados!
Eu nunca ouvi, nem aprendi
As moções e os elogios ensinados!

Eram minhas as razões
Deles a fanfarronice,
As mentes delirantes,
A tosca sapiência!
Eu só ouço a minha interioridade,
A voz que clama dentro de mim!
Se não fosse assim,
Eu estudaria nos mesmos livros
Sem tempo nem idade!

Eu olho a cidade
Como um ciclope vê o mundo
Que por mais escondido e profundo
Sempre encontra a verdade!
O que me dizem, é mentira
São quereres e afirmações
De mentes procurando ilusões,
Agarrados a predições,
Atados a eloquências
Aos estudos enganosos!

Eu sonhei
Que meus poemas
Eram cantados e amados
Por todos os corações!
Havia ciência e sentimento
A transmitir às gerações!
Qual quê¿ coisas sem fundamento,
Conversa fiada e sem razão
Mas foram morte e injustiça
As que se renegaram de mim!
 
SEMPRE ESCONDI!

Apressa-se muito o meu fim!

 
Apressa-se muito o meu fim
Lamentem-o, todos que me conhecem
Todos os que sabem o meu nome
E dizei: Como acabou o verbo forte
A palavra e o formoso poema!
Vós que conheceis os meus amores
Assim como todas as minhas dores
Cantai hossanas ao meu nome
E chorai pelo meu corpo acabado!

Já desci da minha glória
E assentei-me em cepo decepado!
Mas a alma, essa voará
E como a águia subirá
E estenderá suas asas sobre o mundo!
Cantai o meu sonho profundo
E guardai no coração
Toda e qualquer emoção
Que vos criou a minha palavra!

Ezequiel Francisco – 25/03/2015
 
Apressa-se muito o meu fim!

Fui opróbrio do mundo

 
Fui o opróbrio do mundo

Por causa dos meus amores
fui um opróbrio do mundo
Ah! Como sofri minhas dores
e bebi fel de taça sem fundo!
Toda aquela que me via fugia de mim;
sou como vasos sagrados, partidos
e os meus idos estão escritos
nas paredes da minha vida!
Todos os meus anos
foram gastos em tristezas!
Toda a minha força soçobrou
Ante as minhas iniqüidades!
Ah! Sim! Lutei contra maldades!
Oh! Quanto de mal me sobrou!
Agora só a morte me sustem
só a sua mão descarnada
segura-me sob o abismo do além!
É por ela que me ocorre o poema
e é por ela que a palavra ainda é tema!
Quero ir, apetece-me partir
e nunca voltar a chegar!
 
Fui opróbrio do mundo

Ceifeira que andas à ceifa…

 
Ceifeira que andas à ceifa
De todos os sonhos meus,
Ceifa as palavras Deus
Ceifeira dos sonhos teus!
Ceifa que são melhores
Que todos os sonhos meus!
Ceifeira que ceifaste
As penas da minhalma
Porque não as levaste contigo?
Na calma dos nossos campos
Com o corpo dardejado pelo sol
Que cantas teu solidário
Entoando canções
Por teu sonho imaginário!
Ceifeira que andaste à calma
Ceifando os sonhos meus
Porque não ceifas a minhalma
Junto com os sonhos teus?
 
Ceifeira que andas à ceifa…

O juquinha

 
O JUQUINHA!

A mãe e o Juquinha
Eram gatos de uma vizinha
Que apareceram lá em casa
À procura de comida e de festinha!
O Juquinha foi doado
E a mãe atropelada
O novo dono do bichano
Era um homem muito chato
Que não ligava para o gato
Por isso lá miava ele à nossa porta
À procura de comida e afago!
Passava muito tempo fora
Na gandaia e defendendo território,
E isso era bem notório!
Mas não tinha jeito
Mordia a torto e a direito!
Foi coisa do passado
Pois um dia ao passar a estrada
E como a mãe, que foi atropelada
Ele também foi atropelado!
Morreu esmigadinho, coitadinho!
Choros de baba e ranho
De todo o tamanho
E lá foi enterrado o safado!
Mas que deixou mágoa
E saudade de verdade,
Lá isso deixou!
 
O juquinha