Poemas, frases e mensagens de MauroLeal

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de MauroLeal

"Careoca da Tejuca"

 
"Careoca da Tejuca"
(Mauro Leal)

Pelo anseio de seus sonhos, aventura-se às famosas ondas encontrar,
faz-se forte entres os infelizes das costas ocas de almas-sebosas, de línguas trelosas e o impetuoso mar,
procura aproximar mas o jeito mocorongo e o linguajar, desqualifica
e prossegue sem saber onde o jegue amarrar.

O sol debruça e ao puxadinho, toma caminho.
A solidão retorna e corta o coração, inevitáveis são as lagrimas,
que vão banhando e deixando rastro de tristeza pelo chão:
. pelas lembranças de mainha, painho e do rachado sertão;
. por ser encurralado e caçoado de "cangaceiro lampião",
por sustentar no pitoco cangote a "bitelona jabulani" a adernar;
. pelo espinhaço encurvado, zambeta e cambita
quando caminha equilibrando o pranchão sem uso das mãos:
. ao ser lançado no revirado espumado a esfolar e borbulhar
de ponta cabeça até beira-mar.
"promovendo espetáculo" para os metidos a cavalo do cão
e "top" do ranking da região,
que persistentemente insistem desdenhosamente:

- Sem chances, "anão-jojolão-apagadão" !
vens do xaxado da Serra Talhada, com esta graciosa "lua" achatada,
à sonhar que Big Rider, podes virar,
arriscando-se nas cristas das ondas com este peludo "astro" à pesar.

Qual é? esculacha não "sangue bom"! não tenho esta pretensão!
e muito menos o que vou elucidar,
é pra gozar, e nem farinha e nem "onda" tirar,
nem pra dar o tango no mango,
é pra lhes deixar a par: pois trata-se da ciência que estuda a natureza e seus fenômenos que aprendi no banco escolar,
então se liga aí brother surfistas no legado
e no hilariado por Arquimedes deixado:

Com a "bexiga lixa", vejam a cena de despudor que aprontou:
da banheira "descuecado" pulou
e pelas ruas saiu com a genitália ensaboada, anunciar:
Eureka! Eureka! Eureka! pela descoberta da força vertical para cima,
que passa pelo centro de gravidade do corpo imerso,
que as embarcações e até os cabeções,
criados no angu com pé de galinha, rapadura, mugunza e no jerimum com jabá,
por entre as ondas mais temidas, faz empuxar, flutuar e os mares cortar.

Assim como as apreciáveis e disputáveis montanhas d'águas passam,
a vida passará, e dela não se leva nada, vamos dar as mãos, sorrir, cantar
e transformar as diferenças em bem-estar,
curtir o dia a dia e nos orgulhar.

E pra abrilhantar, aqui está
o que Euclides da Cunha, em "Os sertões", fez publicar:
"o sertanejo é antes de tudo um forte",
na contribuição cultural e nas exuberantes construções da nação.

Mauro Leal
 
"Careoca da Tejuca"

Impotência

 
Impotência
(Mauro Leal)

Ministério da Saúde, incentiva:
Viajar é o melhor lenitivo para
os que estão na chamada melhor idade
mas sem virilidade.
 
Impotência

Carioca da "Tejuca"

 
Carioca da "Tejuca"
(Mauro Leal)

Hostilizam de Paraíba
simplesmente por ostentar:
uma pensante gigante, o espinhaço encurvado
e as canelas cambotas e sequinhas
quando caminha nas areias branquinhas.

Gargalham desdenhando
quando executa manobras radicais com a "lua" adernando
sobre o topo das águas surfando,
em pleno céu azul e sol a brilhar,
e quando as ondas arrebentam,
em "caixote" é levado entre espumas e algas
às areias como "brasuca" a rolar,
virando atração pela cena hilária, bizarra e espetacular.

E a pergunta que não quer calar:
Como pode equilibrar
nas altas ondas com este peludo "astro" a pesar?

- Com o empuxo!
tens noção ou pelo menos já ouviu falar
nesta força vertical para cima
que até mesmo um marciano, papa goiaba,
na crista das ondas faz boiar?

- O importante é "meter a cabeça", realizar
e transformar bullying em bem-estar,
curtir a vida e se orgulhar:

E ainda não convencidos, insistem:
Tu és carioca! de onde?

- Oxente!: Da "Tejuca"!

E porque esta cabeça chata?

- Vixe! é de carregar a prancha pra la e pra cá
pra na melhor onda entrar
 
Carioca da "Tejuca"

Da Roseira que a vista alegra, um buquê e dois destinos

 
Da Roseira que a vista alegra, um buquê e dois destinos
(Mauro Leal)

Duma roseira na margem das grandes águas,
secretamente foi enlaçado um colorido buquê
com citações de provas de paixão, carinho, admiração, suspense e discrição,
àquela que não resta a menor dúvida:
misteriosa, implacável, infame, estilosa, vangloriosa, mistificadora, despudorada,
dissimulada, contumácia, corajosa, estrategista, poderosa, aventureira,
controversista, sinistra, calculista,
se algo faz, toca buzina e vai pro jornais,
e sempre contundente no arriscar do velho ditado popular:
“POTOCA TEM PERNAS CURTAS”:
no enfatizar ser continuamente presenteada, estar endividada, diz não poder, até em não ter,
diz que foi, diz que não sei, diz que sei lá, diz que parentes não há,
lisonjeia e denigre, sobrepuja, determina,
ousa infantilmente subestimar inteligências nos óbvios e no elementar
dos que julga idiotas boçais, quando com grampos lacrou,
absorto em pensamentos no sinistro da bijuteria,
que desleixadamente deixou ao léu para o vento levar,
por achar que imperceptível anda às facilidades farejar
e por tentar com testemunha ocular "o consanguíneo agregado" desmascarar,
imprensar e dizer que não da mais para permanecer.

Aventurava infamar com "ti, ti, ti" infundados por aí a fora,
se fazendo indiferente, estranha e ingrata com àquela que tanto atenciosamente lhe ouvia
e acalentava pelas vias, enxugando suas lágrimas que sobre a maquiagem escorriam.

Mesmo no malogro de sua esperança, pelo alto castelo ruindo,
a postura não perdia e no salto crescia para a cena roubar,
então às voltas a qualquer tempo, estava a consultar
para num tcham aqui outro ali à sua elegância "perigueteana" ajustar.

Pasmada e sem querer acreditar em ter um portador de flor à interfonar,
maquiavelicamente fez-se firme e artista como que por ela fosse as lindas flores escolhidas,
e numa perfeita e certeira saída, encenou que o buquê era para o amado "entusiasmado"
que na cama de seu espelhado e decorado quarto,
já se encontrava viajando no prazer de "sonecar".

Carinhosamente, lançava-se florida nos braços do seu encantado e adormecido amado
com o coração na mão acelerado, recitando em versos palavras de juras de amor eterno,
com persuasão íntima de que sua noite com lingerie perfumada, luz avermelhada,
morangos, mel, sex shop, etc. e etc.. e tal,
concretizaria o sonho de seu imaginário,
investindo na relação com o príncipe "embabado",
que cegamente acreditava ter o cupido flechado.
 
Da Roseira que a vista alegra, um buquê e dois destinos

Eleição

 
Eleição
(Mauro Leal)

Dois promissores viajando e suas plataformas e vantagens expondo:
Um apaixonado irradiava de alegria
e mesmo que sem soberania,
o segredo por voto de respeito não revelaria,
e devaneando por entre as belas paisagens, na brisa prosseguia
e quando a aludida era a suspeita "eleita",
um desespero desestruturava e o seu peito apertava
e nas exposições das metas se perdiam

O outro: candidato otimista, intencionado, oportunista
pelo privilegio de ser propínquo
e conhecer as mazelas econômicas e sociais,
sem decoro, punha a infamar:
- Nunca uma eleita foi tão cortês em acompanhar,
e em discurso, entre propostas, encontros e promessas,
a conduzia em suspense, afagos e suspiros
pelas estradas empoeiradas e desertas
no molejo dos perfumados acentos reclinados
onde os seus desejos com jeito conquistavam e saciavam,
distanciando e liderando as pesquisas
por sua vida ilibada e descompromissada.

Na moral, confiante no comício e no cabo eleitoral
deixava o correligionário democrático, surpreendido e decepcionado
pelo que vinha ouvindo dos lábios da prestigiada
que sofria de saudade no peito, por ser o querido do pleito,
mas que pelas circunstâncias e conveniências, fez mais esta aliança,
porém veementemente afirmava
que a esta decisão se entregava
pelo verdadeiro pretexto de ficar perto "do partido de seu desejo".

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Eleição

Êmese na VAN

 
Êmese na VAN
(Mauro Leal)

Domingo de verão, abordo num transporte alternativo,
trajeto Rio de Janeiro x Cabo Frio,
uma senhorinha, empalidecida, em sudorese fria
nauseando no canto, padecia,
fazendo das tripas coração pra no "piratão" não botar pelo "ladrão",
mas com o continuar da lata velha a chacoalhar,
agravou o mal-estar e ficou inevitável a indisposição suportar,
e por cima dos passageiros que estavam a cochilar,
o big sanduba em refluxo começou a transbordar
sonorizado na onomatopéia "hugo, hugo, hugo, raul, raul, raul",
macabro urrar.

A regurgitante constrangida se contorcia e insistia em se justificar:
- ficou impossível a cinetose furiosa controlar!

O condutor com gesto censurador e cara de poucos amigo, não gostou
e expressou: porque a patroa não falou?
- Desculpe meu senhor,
me esforcei na tentativa de os "bofes" pra fora não botar,
prendi o máximo que pude pra não empestear.
Até um passageiro, Fuzileiro Naval, sensibilizado, ficou a consolar:
- marear! isto acontece com os nossos bravos guerreiros marinheiros nos velhos navios pelos oceanos bravios.

Por pouco em unanimidade seria a solidariedade
se não fosse um menino espevitado, aloprado,
com olfato aguçado
e em humor negro não tivesse gracejado:

"- Por isso que eu senti um cheiro e era de “mortandela", daquelas...
 
Êmese na VAN

Numa noite de autógrafo

 
Numa noite de autógrafo
Mauro Leal)
mauroleal2012@yahoo.com.brcial@yahoo.com.br

Na Câmara Municipal poetas brilhando como estrelas
prestes às suas obras apresentar
e num triste momento ouço um toque ao longe
com olhares de canto a me chamar.

Assustado indago e até grito,
levanto, caminho e trêmulo insisto: o que há?
em lágrimas e as mãos suadas e frias declinam:
- vovó na travessia da pista veloz foi atingida.

Imediatamente voo pelas vias em risco
e vozes com gritos ecoam: calma, precisas chegar!
rompo a barreira para minha mãe abraçar
e a encontro no leito, inerte e sem o brilho do seu olhar,
ofuscado pelo sangue derramado,
as marcas da sua dor.

Levanto minhas mãos ao céu a clamar ao eterno restaurador
Médico dos médicos o grande Senhor.
Aí está Poderoso Pai a tua filha
na dependência do Seu Amor,
em meio à súplica Deus a despertou:
seus olhos contemplaram e seus lábios balbuciaram:
- Maurinho meu filho, onde estou?
Meu coração jubilou
pois Ele dela é Senhor e a ressuscitou.

Este foi o maior prêmio que o Rei dos reis me agraciou
Pois no plenário deixei a efêmera glória

para na dura prova Glorificar ao Senhor,
e anunciar pra todo mundo que ELE é o Salvador
e sendo Ele o AUTOR e consumador da minha fé,
no coração e no Livro da Vida com seu precioso sangue
meu nome escreveu e aufografou .
 
Numa noite de autógrafo

[b]O dia dia de um baiano-cabofriense, andarilho inútil

 
O dia dia de um baiano-cabofriense, andarilho inútil
(Mauro Leal)

Um formigueiro sobre o bolorento colchão o coloca em rota de fuga,
com a lata amassada, chinelos trocados, bafos de pinga e de bode,
bigode trançado, queixo babado, zangado com a velha-mula-manca-caduca-caolha
que baba, relincha e bufa o perfumado e envenenado urubu empanado
e a requentada revolucionária buchada da noite passada,
e como zumbi, zanzeia, zureta sem eira e nem beira
pela Joaquim Nogueira, Parque Burle, Dunas, Malibú, Praça das Águas
e na sombra dos coqueirais sob a ponte do Canal Azul, o lindo Itajurú,
com "latoneti" a girar, girar, girar, para pescar:
carapicu, xererete, robalete, baiacu, cocoroca e maria da toca.
e com puça pra cerca o furioso sirizinho cambalhotando na transparente correnteza.

Com o bolso furado, camisa do "mengão" enrolada na mão, faz de conta animado,
e de passos sincronizados com o matuto borrado, sai disfarçado a cantarolar:
“ciranda, cirandinha vamos todos cirandar, vamos da a meia volta, tem latinhas pra catar”
"se essa rua se essa rua fosse minha, eu mandava eu mandava ela brilhar e às dunas fiscalizar pra preservar",
trocadilhando a cultura fútil e inútil no sereno, no vento, na chuva
e quando calor, chora seu pé inchado e rachado com odor de maresia da salina esquecida.

E a galera se diverte aos risos pelos “micos” que vive a pagar:
- quando o sanhaço sem rabo, borrifa da banheira,
e o faz bocejando do pequeno assento, de banda saltar,
- pelas tomadas de baforadas que engasga e faz endoidar e do tamborete zarpar,
- como sósia de Mahatma Gandhi com cana na cuca, cata-cavaco e focinho ao chão esfregar,
- borrando a bermuda na borracharia "sujismunda" do Antonio portuga,
- mesmo sendo fujão, fica doidão, vendo sua pelanca com câimbra,
servindo cafezinhos com requebradinhos,
- saindo de fininho pra o bar da lúcia, o vizinho, quando a débil-banguela do gajo-careca
da sacada esbraveja, enfurece, desce, roda a baiana e a esquina estremece,

- Também exaltam de espião parasita do rachado-sertão com feição de magro cão, quando ao meio-dia, espreguiçando as costelas de barriga vazia vai pra o paredão
a espera do grito de guerra com o abanar das mãos anunciando o "Light Cardápio Campeão":
se foi a diarista "mineirinha": angu com couve e pé de galinha ou
a esperada da arretada "baianinha": tripa de leitão com pirão, dendê, pimenta e molho no pão,
buchada não.
 
[b]O dia dia de um baiano-cabofriense, andarilho inútil

Uma Lição

 
Uma lição
(Mauro Leal)

Por entre os peladeiros da calçada
uma donzela aprendiz de motoneta
passeava deslumbrada,
e na curtição da "onda"
cada vez mais se empolgava, acelerava
e o motor envenenado roncava,
e atravessava à agitada encruzilhada,
dando de frontal na lateral do "busão",
desmaiando e sem ter como arrumar
as maminhas e a bacurinha que escaparam do lugar.

Em primeiros socorros,
os desocupados carentes,
ficaram desesperados a ponto de alguns despreparados
com "boca a boca", assoprar
e outros com as mãos bobas
em massagens no coração, bolinar
aproveitando da rara situação
pra dar "aquela" animação.

E já com a consciência retomada
deu de cara com a máquina deformada,
e sobre o asfalto a queimar,
maquinava entre os ui ui ui e ai ai ai,
e mandava este recado no ar:

- Bem feito quem mandou ele me emprestar.
 
Uma Lição

O boêmio borrado

 
O boêmio borrado
(Mauro Leal)

No coladinho do arrasta pé nas macegas do Chaparral ao Alecrim
ao som da sanfona, da viola e do bandolim
seus requebradinhos no estilo, impressionava,
a poeira levantava e interesses despertava,
e na pontinha da orelhinha da donzela
com seus envolventes e irresistíveis xavecos, conquistava.

E nesta fascinação e excitação dos ralas cochas pra la e pra cá,
começou aquela gororoba de pirão de tainha
ao molho de camarão
regada com a robusta feijoada requentada da noite passada,
causar um piripaque, uma tremenda revolução,
deixando decepcionado e em mal situação o encantador rebolador
com as "tripas" à estremecer,
os "puns puruns, pumpuns", contorcendo pra conter,
e com o piriri na beiradinha da "rosquinha enrugadinha"
a ponto de explodi
e esparramar e o salão de chão batido todo borrar,
obrigando os forrozeiros o nariz a tapar,
pirulitar do lugar e outros a irritar,
pela insuportável catinga que empesteava o empoeirado ar.

E antes mesmo do sanfoneiro com o violeiro,
parar para seu birinaite beiçar,
sussurrou no ouvido da musa-matusquela:
- vou ali liberar o "mandela" e por favor meu querido amor
não saia da "passarela",
e em disparada se embrenhou por entre a mata fechada
e por cima da moita de capim navalha
despejou uma desesperada "barrigada".

Depois de escorregar a "morena", olhou para os lados
e fez uso das folhas molhadas,
saindo desajeitado meio que desconfiado, apressado e suado,
retornando para o animado baile bombado,
a reencontrar sua apaixonada rapariga,
desolada, sentada cabisbaixa,
e cavaleirosamente seus braços estende
à convidá-la pra novamente bailar.

De posse da conquistada princesa em seu peito a rodopiar,
piorava o cheiro nauseabundo carniceiro de "urubu empanado"
e cada vez mais incomodava e a gafieira agonizava.

O povo do salão que alegremente se divertia
à branda luz do lampião,
começou a inquietar-se e as narinas desesperadamente abanar
pois não estavam mais a fedentina pavorosa suportar,
e pressentir que algo sinistro estava a acontecer e fortes indícios
levavam a crer que a segurança iria entrar em ação
pois já estavam todos aloprados pela fétida respiração.

E quanto mais requebrava e nos traseiros dos forrozeiros roçava
mais a carniça pela festa espalhava,
o mal-estar agravava e endoidava
até que no serenar do amanhecer,
foram perceber que a desesperada catinga maldita
era titica aguarrada no suspensório do boêmio sedutor.
 
O boêmio borrado

O assassinato do afinado galo Mauro I

 
O assassinato do afinado galo Mauro I
(Mauro Leal)

Nos galhos frágeis da goiabeira
o seu dormitório fazia,
e no crepúsculo de tão feliz que vivia,
de seu bico em tom de um "Sol ainda Maior" a cantoria abria,
festejando com muita alegria o amanhecer de um novo dia.

Numa dessas madrugas com os seus audíveis e incansáveis cucurucus,
uma insensata e importunada criatura foi assustadamente acordada
quando ainda a estrela d'alva brilhava.

De ceroula e armado com vassoura,
saiu em seu encalço no sapatinho, escondidinho, rentinho ao paredão
e com uma cravada paulada por cima da crista pontuda,
silenciou o galo cantor da escuridão,
e já à luz do dia sobre a terra sangrenta e sobria,
uma triste tragédia no quintal se via,
o corpo do galã-amado rei do quadrado com requinte de crueldade foi encontrado espichado,
com sua exuberante crista gigante e os bicos afiados, esfacelados, despenado e com o gogó de ouro quebrado.
 
O assassinato do afinado galo Mauro I

A maldita pinga

 
A maldita pinga
(Mauro Leal)

Sábado como de costume,
bem cedinho "seu" zé besteira saia para as modas apreciar
e passando no mercado,
quis pro almoço, uma surpresa à dona "encrenca", sua promessa pagar
passou a mão num baita frangão e mandou pesar
e saiu feliz de retorno ao santo lar,
mas ao chegar na esquina se ajuntou à turma da pinga
a comentar a vitória do "MENGÃO sobre o FURAÇÃO",
e nas lembranças das jogadas mais lindas,
começou a esvaziar o tubo da "pinga"
e quando comentaram o momento que a primeira rede balançou,
pelo gargalo água ardente goela adentro entornou,
e na eufórica birosca não parava de fanáticos "papudinhos" a chegar,
até que a fanfarra chegou no lindo e liquidador golaço do "brocador",
uma apoteose a calçada virou,
e "zé besteira" a esta altura agarrado a "mamadeira do cão" pelas paredes se equilibrava, chorava
e aos gritos de "mengão, mengão, mengão", a "franga" soltava
e a "maldita" jurupinga, secava,
as horas já eram passadas,
quando debruçou-se e amparando-se na mesa de bilhar,
deparando-se cara a cara com a galinha
que já estava a decompor e a catingar",
assustando-se e rapidamente sob seu sovaco a "cheirosa" acomodando
e pela rua se foi com as calças perdendo, trocadilhando,
pés inchados a trocar e a cavaco acatar,
enquanto sua patroa com a farofa, o arroz de forno a requentar e a garganta nervosa a bufar
o aguardava pra o bicho soltar e sobre seu lombo o cacete novamente quebrar.
 
A maldita pinga

Até quando?

 
Até quando?
(Mauro Leal)

Nas exaustivas e deprimentes esperas que circundam o agitado quarteirão,
contribuintes e delinquentes em lágrimas e sangue se amontoarão pelo chão,
imolados pelos perfurantes, traçantes e incendiários fogos cruzados sem compaixão;
pela salmonela, Escherichia Coli (E.Coli) e suína as surpreendentes assassinas,
pelos ataques macabros dos desfucinhados pitbull, africanizados enxames, aves de rapinas,
e pelos silenciosos, epidêmicos, clássicos, hemorrágicos,
e mortais dipteros aedes-aegypti e albopictus proliferados
nas águas límpidas e estagnadas pelos quatro cantos e tipos;
pelas contagiosas línguas e valas negras-fétidas transbordantes;
pelos cataclismos nas serras;
pelos incautos alcoolizados nas vias velozes;
pelo descontrole emocional que estressa, eleva e abaixa a arterial pressão;
pela overdose, cirrose e convulsão dos que se afogam no gargalo ardente da destruição;
pelas crises renais, desidratação, bronquite, artrose, artrite, refluxão,
disenteria, alergia, leptospirose, rinite, depressão, meningite, reumatismo, ruptura, brucelose, toxoplasmose
abortamento, constipação, criptococose, engasgamento, osteoporose,
virose, insolação, bico de papagaio, furúnculo, pé rachado,
unha encravada, torcicolo, esporão, enxaqueca, hemorragia.
e pelo lado esquerdo do peito do ancião que descompassado desperta sem precisão.

E por trás da lacrada vidraça sob a linha de mirada
o inocente vigilante estremece pelo dia que amanhece,
e entre aos gemidos e na escuridão acena sem senha,
sem médicos, sem maca, sem vaga, sem higiene, sem material, e
assistindo aos redirecionamentos em rabiscos nos braços frágeis das grávidas que contorcem em crise,
ao alarido do heroico povo que brada retumbante e repugnante
às margens das lágrimas de dores:
é totalmente sem amor para com este povo miserável-sofredor
é corrupção é insensibilidade é incompetência e morte".
Proclamam o "pensar, pensar, pensar e nas urnas creditar"
Isto é corrompida linguagem, que ilude e distrai o leigo cidadão,
com tom hilário e obrigatório no horário nobre da televisão..
Tratamento Hospitalar é direito que decretado está
e o que falta é competência e mão de ferro para fazer executar, fiscalizar e punir.
 
Até quando?

O sol em Cabo Frio

 
O sol em Cabo Frio
(Mauro Leal)

Antes do alvorecer no cume da perene e alva duna Boa Vista,
avistamos o formoso escudo, O Forte Mateus,
e deslumbramos com o sobrevoar
e o cantar de um bando de aves marinhas
a espera da Estrela de Fogo despontar a leste do azul celeste
pra aquecer os filhinhos, nas sarjetas, nos asilos, nos orfanatos, nos ninhos,
banhar os reclusos que a justiça cercear,
e na florida Praça das Águas seu brilho encantar
a plateia que está a enamorar
com as encantadoras e inocentes carpas no espelho das águas a bailar.

e coroar ao guardião solitário após acesa noite em defesa
com suas amantes e inseparáveis armaduras a empunhar
a espera do toque de alvorada do clarim soar,
seja a Beira-Mar, na guarita, na via, na Praça das Águas,
na Fortaleza, no farol, no cume, no vale, na trincheira,
e se ainda no enfrentamento desbravando o encapelado mar
que singular privilégio em contemplar o seu raiar

E para os velhos e humildes pescadores é a Estrela bússola
aferida da partida e além alcance do atento e otimista olhar.
 
O sol em Cabo Frio

Cara de pau

 
Cara de pau
(Mauro Leal)

De paletó GG bolorento, broche, canetas,
lapelas e lapiseiras,
um tal "barriga", transpirava e gesticulava,
com uma azeda "morrinha" ardida,
arcadas dentárias encardidas,
e a passos largos e pesados
tudo pela frente espanava.

E por vislumbrar, de tudo proveito tirar,
atrevia com envergonhantes e berrantes
"puxa saquismo" das heroínas obreiras, cantineiras, rodeando-as e adoçando-as,
assim como nos lares das irmandades,
com pretexto de visitação,
logo próximo ao meio dia com a pança vazia,
dando ênfase elogiando a refeição:
“- Minha amada, que delícia,
nunca vi comida tão boa,
nem aqui, nem na China e nem na Grécia,
parabéns, a irmã cozinha bem “abeça”.

De "maria gasolina",
um pinto buchudo no cisco,
se sentia nas nuvens, o cara,
e na certeza da garantia de absoluto sigilo,
sobre os comportamentos dos manos em suspensão,
não hesitava, era só delação.

Semi alfabetizado e infelizmente com limitadas oportunidade no mercado,
na cara de pau deslavada,
aproveitava da sofrida pensão
da generosa vozinha pobrezinha.[/b]
 
Cara de pau

Saco "Mucho"

 
[b]Saco "Mucho"
(Mauro Leal)

Ministério da Saúde, incentiva:
Viajar é o melhor atrativo para
os que estão na chamada melhor idade
pra compensar o débito com a virilidade.
 
Saco "Mucho"

Absurdo

 
Absurdo
(Mauro Leal)

Ao chegar com os fardos abarrotados do mercado
não sei se por curiosidade ou necessidade
seus olhos aguçavam
e com a faceta mais deslavada,
suas mãos incontroladas no interior penetravam,
e quando no discreto canto do water closet
avistou o escovão de esfregar
porcarias cravadas na privada, admirou-se, perturbou-se
e a língua coçou, não hesitou e perguntou:

- Você tem isso a muito tempo?
- Como não vi isto aqui antes?

Os anos foram passando e nada mudou!
Um certo dia entre a copa e a cozinha,
observou a geladeira e o freezer a bombar
e sem se preocupar com o que iriam pensar,
expressou aquela que não consegue frear:

- a tua é essa aqui ou a de la?

Mesmo sem acreditar no que estava ouvindo falar,
"engoliu seco" mantendo a calma
pra não constranger e contrariar,
e pra satisfazer, expôs a falar:

Esta de cá é pra conservar; e
aquela de la é pra congelar.

- Ah ta.
 
Absurdo

A maldita pinga

 
A maldita pinga
(Mauro Leal)

Aos sábados como de costume,
bem cedinho "seu" zé besteira saia para as modas apreciar
e passando no comércio,
quis pro almoço, uma surpresa à dona "encrenca", à sua promessa pagar.

Passou a mão num baita frangão e mandou pesar
e retornou feliz ao aconchegante lar,
mas ao chegar na traumática esquina
ajuntou-se à turma da pinga
e entre as conversas perdidas,
passaram a enaltecer
a vitória do "MENGÃO sobre o FURAÇÃO",
e nas lembranças das jogadas mais lindas,
começou a esvaziar o tubo da "pinga"
e quando chegaram no momento que a primeira rede balançou,
pelo gargalo água ardente goela adentro entornou.

As horas passavam e na pinguça birosca
mais e mais fanáticos "papudinhos" chegavam,
até que a fanfarra chegou no lindo
e liquidador golaço do "brocador",
aí a calçada hilária
em abraços as palavras cruzavam,
e "zé besteira" a esta altura agarrado a "mamadeira do cão",
pelas paredes equilibrava-se, chorava
e aos gritos de "mengão é o bom,
mengão é bom, mengão é o bom",
a "franga" soltava
e a desgraça da ypióca secava.

já tardinha, quando debruçou-se e amparando-se na mesa de bilhar,
deparando-se cara a cara com o frangão que já estava em decomposição,
assustando-se e rapidamente sob seu sovaco o dito cujo vencido, acomodou
e pela rua foi-se com as calças perdendo, trocadilhando,
pés inchados trocando e cavaco catando,
enquanto sua patroa com a farofa, o arroz e a garganta nervosa a bufar
o aguardava pra o bicho soltar
e sobre seu lombo o cacete novamente quebrar.
 
A maldita pinga

Rei da cocada preta

 
Rei da cocada preta
(Mauro Leal)

Não há sensibilidade e nem novidade
quando o impudente,
deixa para trás covardemente sua linhagem carente
e nem quando ultraja de idiota, seu antigo amigo, ausente!
 
Rei da cocada preta

Como uma lambreta véia desgovernada

 
Como uma lambreta véia desgovernada
(Mauro Leal)

Uma jovem mulher e mãe
no martírio do transporte coletivo,
retornava cansada de seu prazeroso ofício de lecionar,
adormecida e recostada na lata velha com a cabeça caída,
a boca entreaberta e a baba pelo queixo escorrida,
não se continha, visto que a exaustão aniquilou as funções de seus sentidos,
a tal ponto que os gases explodiam descontroladamente
e se propagavam semelhantes aos estampidos de uma véia lambreta desgovernada,
assustando a si e aos passageiros que apertados disputavam o espaço ao redor.

De canto de olho, percebendo os rumores de insatisfação e indignação,
permaneceu na inercia sobre os braços do Morfeu, como que estivesse "apagada”,
até a chegada da sua tão almejada parada.

Envergonhada e com as mãos amareladas, suadas, e geladas,
sutilmente contorcia e torcia que o "busão" reto varasse e logo chegasse
pra que os retorcidos, espremidos e assustáveis "treques treques,
a li não mais disparassem.
mas infelizmente ainda estava tão distante,
muito adiante, bem alémmmmm,
era lá no trinta da sonhada Araquém,
e toma-lhes pum, purum, pumpum sem olhar a quem e a ninguém.

Em maus lençóis seu calafrio agasalhou, profundo respirou,
concentrou, expulsador trancou, torceu, como que desmaiada permaneceu.

Mas no frear para apear, era o que mais temia,
pois pressentia que pelo estado da rodinha enrugadinha
ao trono sem coroa não chegaria e que por ali mesmo, nos degraus a guerra perderia.
Então ainda na descida da lotação, como rojão de São João,
uma inevitável e assustadora explosão,
tamanha era a fúria do vulcão em erupção
embaraçada e desesperada com a calça borrada na fragrância de buchada requentada,
saiu em disparada, atirando feito uma "motoca" envenenada,
espalhando as larvas enfumaçadas sobre o lindo brilho da casa sintecada.
 
Como uma lambreta véia desgovernada