Poemas, frases e mensagens de jessébarbosa31

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de jessébarbosa31

UM PRÓFUGO PATOLÓGICO DE
GRANDES PRETENSÕES POÉTICAS.

TESOURO SOMENOS

 
Hoje em dia.
Apesar de vivermos
Numa era caudatária
E signatária da temporal divícia
(a mais nova contempladora inconteste)
Da homo sapiens espécie,

A centelha da vida
É de sobremaneira
Inerme, imbele, tíbia
Como a utopia sobre um orbe comunal,
Plasmado pela suprema arquitetura
Do altruísmo, deferência e da candura:

Castelo de areia
Que se esbarronda
Quando uma leve corrente de ar
O abalroa em suma!

Ah,
Toda esta ostentação
Da fugacidade
Faz-se
Quando os priores
Pertencentes á ordem
Da calota de gelo

Convocam os dragões metálicos
A cuspir fogo contra a urbanidade,
Contra o direito de desfraldar o pendão
De sermos oceano Atlântico
Ou deserto do Atacama;
E contra a flor do arco-íris,
Que --- no céu do Pindorama ---
Viceja, frutifica e se agiganta.

A verdade --- qual cega feito ofuscante luzerna ---
É que jazemos submersos
No volutabro cor de Nero:

Gestando lençóis freáticos
Opimos de hemofilia
Que transformam vampiros sociopatas
Em magnatas reverenciados
Por compatriotas de Abraham Lincoln:
(imarcescível embora deverasmente morto);
E pelos perpétuos camaradas de Stalin,
Reencarnado num fulvo e atarracado Corpo.

Ah,
Mátria ebúrnea,
Sofres com as sevícias
Opróbrios e opugnações
Que os filhos (imediatos ou mediatos) te impõem
Sem --- ao menos ---
Uma lágrima de indulgência, de compaixão:
A pedra bruta da cobiça pela exação
De auríferos patacões
É a fonte de energia
E a força motriz
Destes matricidas corações.

Oh,
Cosmo de portentos
Sem agrimensura,
Porque --- do alto
De sua etérea e fúlgida
Envergadura ---

Deixaste que a cepa parasitária
Mais hedionda, soez, poluta
E digna de repulsa

Eclodisse, grassasse,
Ascendesse ao púlpito
Da citológica tortura:
Sítio onde os leucócitos
Prosperam em turbamulta?

Afinal --- hoje em dia ---
A cada esquina por que passamos,
Deparamo-nos com o ermo
Inodoro --- ainda que morfético ---
Ou nós mesmos fazemos desertos:

O garimpo do sol
Torna-se um lavradio difícil. Por isso,
Alguns de nós rogamos (bem solícitos)
Para que a aureola da sorte nos ilumine o caminho.

Assim é o existir dos primatas ínclitos...

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
TESOURO SOMENOS

FUNERAL DO HOMEM DO SÉCULO XXI

 
Febre contínua
Que lancina e avassala,

A violência marca
A ferro, a fogo,
Sáfaras e mágoas

A fúlgida retina das almas.

Por um tempo fugaz --- ao ouvir
Quando o sol bater na janela
Do seu quarto, da Legião Urbana ---
Recobrei a confiança na magmática
E magnânima estrela-mor da esperança.

No entanto --- ao terminar
A execução de canção tão altruísta ---
Recebo um banho de água fria,
Dado pela realidade-hipotermia:

Vagas de homicídio sádico, propina,
Egoísmo, perfídia e injustiça
Asfixiam a respiração dos dias. Auschwitz da Poesia!

Sentindo que a impotência
Está na iminência de me dar
Xeque-mate na partida da vida,

Rendo-me á opera do silêncio
Sem mais delongas, iras
Ou borbulho de elegias.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
FUNERAL DO HOMEM DO SÉCULO XXI

BAFIO DA ALMA

 
Talhado por um fado
Fosco, umbroso e brutesco,
Um expatriado da utopia
Sai em périplo erradio
Pelas estradas do pensamento maninho, somenos:

Outrora,
Quando --- na promanação da caminhada ---
Era filho radioso da alvorada,
Pensava que nenhum obstáculo
Pudesse impedi-lo de chegar
A Veiga das quimeras metamorfoseadas em fontes de saber feéricas,
Majestáticas!

Ah,
Porém ---
Após envergar
Tantas armaduras,
Forjadas pelo aço da derrota;

Após ver o computador primogênito --- que é a auréola do primata Augustus ---
Extirpar e incinerar a nobreza impressa
No azul do mundo,

O outrora signatário da esperança,
Hoje colmata seus dias
Com uma rotina de estiagens da alegria:

Colmata os seus dias
Com farelos vasqueiros de ambrosia da vida.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
BAFIO DA ALMA

PROCURANDO A ALVORADA DOURADA

 
A aurora busca agônica
Regalvanizar a clangorosa
Constelação dos girassóis democratas

Para tentar provocar
A fissão peremptória
Da imensurável e imperscrutável
Calota --- que aprisiona o coração do mundo
Na maninhez da lógica vil-metálica ---
Siberiando a alma e o pomar dos sonhos
Sabor de ambrosia com a textura dos grânulos jucundos da jaca.

Hoje testemunhamos
Cada vez mais dopados
Amazônias ou Austrálias
De osga e mármore
Eclodirem, grassarem,
Frutificando Armagedons
Por todos os rincões do globo cor azul-água
Onde impere-prospere a dinastia dos luminares primatas.

Ah,
A parte que mais vemos
Regozijar-se
É a da hodierna prole
Magnata de Ares:

A cada arroio ou florada
De sangue que irrompe
Das plagas
Quando uma alma
É ceifada
Pela tirania das armas,

Sordidamente
Um execrável
Sol de diamantes
Os potentados mercadores da morte
Abraça.

Enquanto isso,
No outro hemisfério
Do mesmo contínuo rio de infernos,

Estão os diviciosos monarcas da narcose
Criando um orbe paralelo
De Lokis, Pandoras e de esquizofrenia,
Dedicado a seus servos e a toda sua corte de vítimas.

Entretanto --- antes que tudo vire reino
Do sempiterno arvoredo ---
Carecemos introjetar o oxigênio
Do respeito, do amor e do Pégaso
Na principal rede de aquedutos do cérebro,
Enclausurado na masmorra de letargia,
Penitenciária de segurança máxima erigida
Pela galharda cepa sádica e morbífica
De hidras-sevandijas.

Ah,
Mas a liberdade, a sabedoria, a inteligência e a justiça etérea
Hão de se manifestar
Na forma de Odoiá, Oxum e de Minerva,

Libertando o céu da mente poética
Da ditadura de nuvens das trevas.


Assim,
Quem sabe por fim ---
Depois de tanto
Afã da procura ---

Encontremos a alvorada dourada
Orvalhando montanhas
De prata da lua
Em cada canto das humanas ruas...

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
PROCURANDO A ALVORADA DOURADA

A LIRA DAS DIVINDADES SUICIDAS

 
Por mais que seja
Exuberância e potestade,
A dinastia dos primatas luminares
É viação de alamedas dadaístas, kamikazes:

Os vergéis do progresso,
Que eclodem a torto e a direito
(marmoraria perfeita),
Menoscabam --- sem mesmo uma ponderação anêmica

Ou medo do espectro de vendita renhida, virulenta ---
A indômita pulsação de brisa como também cataclisma,
Emitida pela Guardiã-Mor da Esfera Azul-Celestina.

A bem da verdade,
Ao cabo do corrente carme,
Chego a uma conclusão tétrica, infame,
A balada atroz do azorrague:

Tudo acaba em ataúde, socavão
(caso não seja em cova rasa);
Nonada em procissão!

JESSSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
A LIRA DAS DIVINDADES SUICIDAS

ATENÇÃO: POEMAS SOB A ÉGIDE DA LEI DOS
DIREITOS AUTORAIS N°9.610/98