Poemas, frases e mensagens de notonprozac

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de notonprozac

Eu acredito em nada

 
Eu acredito em nada. E acredito em tudo também.
Afinal, tudo e nada são a mesma coisa. Têm nomes diferentes, mas são a mesma coisa.
Todo mundo é tudo.
E todo mundo é nada.
Já não é necessário falar dos dois tempo inteiro. Vamos chamar essa dicotomia apenas de nada. Soa mais dramático.
Todo mundo é nada. Todo mundo é preenchido por apenas uma certeza no mundo: a de ser nada. A de ser tanta coisa, em tantas visões diferentes, tantos orgulhos diferentes, tantas referências, deficiências, necessidades, medos e carências diferentes, pra no fim sermos a mesma coisa: só mais um punhado de nada.
O problema é que não aceitamos ser nada. Só pensamos em ser tudo. Em ter tudo. Em conquistar tudo.
Se aceitarmos a primeira prerrogativa, já poderíamos dormir tranquilos, pois finalmente atingimos nosso objetivo.
Objetivo é processo. Não é destino.
Ninguém alcança nenhum objetivo. Só usamos essa desculpa pra nos manter ocupados até termos algo mais para percorrer.
E fingir que é esse o ciclo da vida.
O bom de ser nada é pararmos de criar expectativas. São as expectativas que nos fazem perder a tranquilidade na hora de colocar a cabeça no travesseiro. Sempre estaremos frustrados.
A menos que você aceite ser nada.
Você já é tudo, não tem mais com o que se preocupar.
Nem esperar.
E nem se frustrar.
 
Eu acredito em nada

Arrumação

 
Vou gritar
E empilhar e arrumar
Tudo nesse quadrado.
Vou tentar burlar
Esses cantos que amontoam poeira
Passada. Ardida.
Que só faz queimar.
Daí vou dobrar
Todos os lençóis e panos
Todos os meus desenganos
Que me aqueceram, que me deram espaço
E quiseram me abrigar.
Vou segurar nas arestas desse cubo
Balançando, olhando pra baixo
E vou rir do perigo que é cair.
Mas não vou deixar.
Vou ter porta, vou ser janela
Vou limpar, vou dobrar.
Vou abrir minha mente.
Espanar esses meus medos.
Vou plantar uma semente
E fazer meu peito selar.

Ser lar, finalmente.
 
Arrumação

Gira

 
O sol no ar
A lua luar
Num giro de sol
Que gira de dia
Que girassol
Que anuncia a lua
Que reflete pra flor
Porque que ela gira
 
Gira

Eu Sou

 
Sou aquele que irá te levar pro outro lado da torre.
Que te trará pro nada e te dará tudo.
Que nunca deixará o chão te alcançar.

Serei aquele que protegerá com armaduras melindrosas todas as sombras da alma.
Que empunhará espadas de combates psicológicos.
Que montará cavalos alados em busca do tesouro perdido dentro de si prórprio.

Fui aquele com quem confiou as mudanças do tempo.
Que gurdava os segredos da árvore do coração.
Que engatilha e empunha a arma, mas não a deixa disparar.

Sou aquele com quem conta e que sempre te ajudará.
Que recolhe os frutos do pomar sombrio para que possas te alimentar.
Que planta sementes de compostura quando não sabes como a usar

Iremos nos perder em caminhos distintos mas que sempre se cruzarão.
Em rimas, em poemas e músicas que nunca nos abandonarão.
Em planos e risos e gestos.... estes eternos prisioneiros do meu coração.

Em correntes de aço inoxidável sei que poderei prender o mal.
Sei que uma pena caíra do meu braço quando a pluma que cruza a brisa tornar-se pedra.
E a brisa que corta a pluma tornar-se-á gelo.

Gelo que não gela, mas esquenta essa falta.
Que alimenta o meu suor e me leva até você.
Que atiça esse fogo extremo e deprime o meu viver.
 
Eu Sou

Calafrios

 
Não quero falar do que não vivi
se posso correr pra não te enxergar
eu o faço, sem pressa
e já me despeço.
De que adianta te desejar
Uma boa partida, até logo, adeus?
Se bem lá no fundo
não sei desligar
se paro um instante
minha mente te caça
meu corpo te abraça
meus lábios se enchem
do vazio que você se fez.
Brinco de ser um pouco maior
me contento em fingir
acredito em tudo
até que seu vulto se mostra
e se prostra;
em corpos que não são seus
em braços que não se encaixam
abraços espaçosos e
pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
pra me sentir melhor
e entender as fábulas que me conto
em prato.
Em murmúrios escondidos
sussurros noturnos
gemidos abafados
palavras dedicadas
passadas.
Que não desgrudam do meu presente
e o que mais me corrói
e saber que você não sente.
 
Calafrios

Nuvem de Vapor

 
Paro pra pensar
Em todo torpor
E sem pestanejar
Eu vou

Vou evaporar
Ser nuvem de vapor
Te fazer suar
Secar todo pavor

Eu vou te abraçar
Ser o seu calor
Eu vou te calar
Vou te escutar
Eu vou te deixar ver quem sou

Eu vou te roubar
Te trazer pra mim
Vou me condensar
E escorrer em ti
Eu vou ser a chuva que veio desaguar
 
Nuvem de Vapor

Loucura

 
Na escala que vai do mais são ao mais louco, fui taxado mais pro lado de lá. Bem perto do amante-deprimido-passivo-agressivo que esquece que existe um presente e colado bem ao lado da loira perfeitinha que passa lenço umidecido em cada uma das uvas antes de comer.
Na escalara que mede a loucura, não existe o mais são.
São todos extravagâncias doloridas que o destino, sábio que é, colocou num mundo de vícios e pseudo livre-arbítrio só pra se divertir. É aquela fumaça escura bem ali, sentada, nos olhando atentamente e chorando de rir. Ela gosta do dúbio e prefere gargalhadas cheias de lágrimas a se enterrar numa só sensação.
É sua escolha não acreditar que pode escolher.
 
Loucura

Cavaleira das Ondas

 
Ó mãe das águas
Cavaleira de grandes ondas
Me abençoa com tuas espumas
Com aroma das suas flores imergirdas
 
Cavaleira das Ondas

Firmes Rédeas

 
Jurei dizer que o céu tá firme
E a noite vem pra te guiar
Seu nome em mim está guardado
E cabe aos sonhos revelar

Se pensas que não pode nada
Até ciranda não mais pulsar
Esconde a brisa, entra na mata
Que a pulsação há de volta

Escorre a água que te lava
Que emudece e vira um
Abraça as pancadas que amortecem
Tal cachoeira de Ogum

Vai Cavaleiro, monta no céu
Mostra que a lua te imitou
Brilha imponente, finca a bandeira
Que a fogueira já começou

Oh, protetor! Me faz certeiro
Que eu te toco o agogô
Me faz certeiro, brande a espada
Me toma as rédeas, meu senhor

Aô! Aô! Patakori Ogum!
 
Firmes Rédeas

Κρόνος

 
Cronos me engoliu.
Filho ingrato que sou,
me agarrou com suas de garras de homem-touro-leão
e não tinha intenção de passar.
Serpenteava envolta do mundo
guardando a terra que um dia eclodiria
pra se transformar em monstro.
Em tripé desequilibrado pelo medo da cria.
Vazia.
Desprovida de chifres, de garras ou sabedoria.
Que morde o próprio rabo
com gosto amargo do sangue escorrido.
Arrependido.
E que congelado, não podia mais seguir adiante.
Que me fez desbotar as escamas polidas
pelas mãos do amor.
Contrariado por não saber quem sou
amarrei-me à pedra da incerteza
e me joguei no mar do vazio
que é minha incompreensão.

Sem destino. Sem paraíso. Sem redenção.
 
Κρόνος

Meia Metade

 
Sou metade de mim mesmo.
Metade de um completo que se complementa.
Inteiro completado por duas metades que não se conhecem.
Mas que não se separam.

Sou o que completa minha outra metade.
A metade que é minha e é inteira.
A metade que mente uma verdade.
Que se divide pra se completar novamente.
E é incompleto sendo inteiro.
Não quero pedaços.
Não quero uma metade que me complete.
Quero um inteiro que me transborde.
 
Meia Metade

Pronto pra Morrer

 
Eu sou um homem, não um menino
certas coisas eu não admito
carrego um desejo de vingança reprimido

Desde que na minha casa entrou um estranho
que encostou uma arma pro meu crânio
e eu nada pude fazer
a não ser me ver balbuciando
febrilmente, implorando:
"eu não estou pronto pra morrer"

Cada um tem que enfrentar o seu carma
pagar por uma escolha errada
comigo não é diferente

Minha baixa escolaridade
é um espetáculo à parte
eu sei que pode te entreter
já que você vê comicidade
em tanta desigualdade
o que, pra mim, é novidade
mas eu evito esse debate
pois seguiremos nesse impasse
mesmo depois que eu morrer

Toda cidade tem a sua aberração
uma criatura habituada à humilhação
para quem não existe chance de redenção

Eu me lembro de um aspirante a padre
que aos quinze anos de idade
teve que se defender
de uma afronta à sua masculinidade
que nem sequer era verdade
ou, se era, era só em parte
de resto, era só maldade
mas não houve quem não acreditasse
Então, segundo me contou Linari,
logo ocorreu um embate
quando numa certa tarde
de porta em porta, o coroinha bate
e anuncia com voz grave
se fazendo ouvir, sem muito alarde:
"estejam prontos para morrer"

Nem é preciso comentar
eu me contento em ressaltar

o poder de uma mentira dita mil vezes

O desespero me invade
um choro em meu rosto arde
mas eu não posso me deixar abater
mesmo com o coração partido
amargamente desiludido
eu preservo a gana de vencer

Me esconde onde não me achem
onde qualquer ruído se abafe
não me deixa enlouquecer
Me beija com vontade,
me demonstra lealdade
para mim, isso é o que vale
E se esse amor for de verdade,
eu estarei pronto para morrer.
 
Pronto pra Morrer

Moça

 
Moça
Me diz como faz pra te ter
Ter sentada, em pé, de costas
Sem andar, sem atropelo
Segurei pra não cair
Segui depois do tropeço

Moça
Me pego pensando no encaixe
Das sílabas tortas sinuosas
Grunhidos e barulhos de pele
Que toca e que troca
E que brota água

Salgada
Daquelas que mata a sede
Mas só aumenta o desejo
De sibilar mais grunhidos insinuantes
De troca de pele
Que é toca que me protege
Da água salgada que brota

Sufoca
Enforca
Desbota
 
Moça

.

 
Não posso falar do que eu não vivi
Se posso correr pra não enxergar
Eu faço, sem pressa
E já me despeço.

De que adianta eu te desejar
Uma boa partida, um até logo, um adeus
Se bem lá no fundo
Não sei desligar
Se paro um instante
Minha mente te caça
Meu corpo te abraça
Meus lábios se enchem
Do vazio que é você
Brinco de ser um pouco maior
Me contento em fingir
Acredito em tudo
Até que seu vulto se mostra
E se prostra
Em corpos que não são seus
Em bocas que não se encaixam
Abraços espaçosos
Pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
Pra me sentir melhor
E entender as fábulas que me conto
Em pratos
E murmúrios escondidos
Sussurros noturnos
Palavras dedicas
Passadas
Que não desgrudam do meu presente
E tudo o que preciso saber é
porque você também não sente?
 
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Deita Aqui

 
Deita aqui, puxa o lençol
Aqui de baixo o silêncio nos aquece
O sol clareia a intenções
Como uma lanterna chinesa
Vermelha
Acesa

Olha pra mim, não faz assim
que a sua sombra não satisfaz
Esquece o tempo, quero só nós
O que não for, hoje fica pra depois

E eu te asseguro, pode vir
Que hoje nada vai ultrapassar
o vidro da janela do meu quarto
Nem meu coração fulgáz
Eu não fiz nada pra impedir
Quem quiser que tente ouvir
Nossa sintonia vibrar

Deita aqui, fica mais
Descansa o peito, joga a cabeça pra trás
Que hoje o tempo não importa
Não mais
Vou fechar essa janela
Te enxergar com toque no escuro
E tentar te completar

Deita aqui
 
Deita Aqui

Bom dia pra você

 
A opção soneca me atrasou de novo
Levanto correndo, visto qualquer coisa
Passo um creme no cabelo e já pego o celular
“Bom dia pra você”

Vou correndo pro trabalho, o metrô tá atrasado
O que vou dizer pro chefe
Penso se você já viu o meu
“Bom dia pra você”

Passo a manhã sob pressão
Mil coisas pra entregar
Será que você lembrou de mim?
O celular vibra e eu vou correndo atender
Era só mensagem propaganda da TIM

Eu não tenho que te ver todo dia
Mas preciso saber que você está aqui
E se você não me responde eu vou pensar

Que você já não me quer
Que foi embora com alguém
Que só mentiu pra se dar bem
Que eu já não sirvo, que eu sou feio
Que o sexo esfriou
Vou descobrir quem ele é
Vou encontrar vocês dois juntos
E vou mostrar quem grita mais

Dou meia hora pra ligar
E dizer que é só um oi, mais nada
Pego o celular e só então vejo um aviso
Erro: mensagem não enviada
 
Bom dia pra você

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Sombra de aroma azul
Compressão interna em vão
Antítese sobre o torno nu
Análogo ao complexo não

Sobressai à compreensão
Daqueles que se julgam só
Exílio por comparação
Desespero preso num nó

Expresso continuado
Excedido pelo timbre da alma
Quando o texto parece anulado
E o sentimento finalmente se acalma
 
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