A Muda
A menina
namora
(a) muda
e irriga
o solo
o canto
é tanto
amor...
Cresce
a árvore
nasce
a flor,
o fruto
amargo.
O tempo
desfolha
a árvore
E vai
a folha
forrar
o vento
A dor
é tanta,
que a menina
aos pés
da planta
desfalece.
Mármore
Me falta
a falta
o sentir
sem ti
é oco
e tão pouco
é o muito
que ficou.
Não há
saudade,
não há sal
na água
a mágoa
é seca.
O olhar
empedra
e impera
o vazio
E o que
corta,
é me ver
só
e não
sofrer.
Mar de Letras
A sede
surge,
segue
a sina
e suga
a rima
O verso
submerso
na seca
Até
a descoberta
do poeta:
Mina
d'água.
Alaga
e alarga
a folha
navegante
Um
mundo
nasce
e faz-se
o rumo:
Os rios
riem
no rastro
da rima
E o olhar
quer ser
sede...
e mar.
Título Bonito
Há o novo
em alguma casca
em alguma lasca
da inspiração
Há a sigla,
a sílaba
incontável
e o conto
no encontro
do aplauso.
O poema
sintático,
sintético
e falso.
Não como
a rima:
amor e dor.
Eu quero
o ímã
e o hímen
Tocar
o intocável
e lhe tascar
um título
bonito
e criar...
o maior plágio
já escrito.
Eternidade
A sede
cede
e cega
a ave,
o olhar grave
da seca.
O poema
sai da pena
da ave
morta;
na linha
torta
deus sentencia
Mas a pena
é a chave.
E me acena
ave
em poesia.
---
Porto Seguro
A lábia
dos seus lábios
é o labirinto
onde me acho.
Mas sou
o que escapa,
as aspas
de toda logica,
a ótica inversa
submersa
na neblina.
Mas me basta
ser sua:
Mulher
ou menina.
Mesmo aluada
nas fases da lua,
nas frases
indecisas
e indecifráveis
de mim.
Mesmo assim,
te quero
e te espero
em cada abraço,
em cada traço
do olhar.
Pois se há
um lugar
que eu possa
chamar
de porto,
esse...
é seu corpo.