COMO NINGUÉM...
COMO NINGUÉM...
quando a noite avança
e o sono não vem
quando estendo os braços
e não encontro ninguém
quando o corpo inquieto
pede amor e não tem
me abraço
me amo
me basto
me agrado
como ninguém!
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CALOU-SE!
CALOU-SE!
Calou-se a emoção,
na eloquência do silencio...
Restaram sombras...
Fragmentos escurecidos
da canção calada.
Mais nada além
da lembrança
de tempos já idos,
vencidos na distancia...
Ânsias nuas se recolhem
solitárias e frias,
na elegia do desafinado canto...
Pranto quente a judiar a pele,
acordar fantasmas,
dobrar o corpo...
desconforto com a vida...
INCONSTÂNCIA
INCONSTÂNCIA
Às vezes sou triste
e fico calada,
e pouco existe
que me faça sorrir.
Nas fases que venho
alargar a visão,
inteira me empenho
na razão de existir.
Às vezes me alegro
e insisto nas cores...
Então me integro
na arte da vida.
Me entrego e apaixono
em ternos encantos...
Então me abandono
em doces guaridas...
Assim vou vivendo
em constante inconstância...
Se às vezes transcendo,
em outras sou ânsia!
AVES NOTURNAS
AVES NOTURNAS
aves noturnas esvoaçam,
pensamentos que não dormem...
comem em minhas mãos frias,
migalhas de fantasias...
falam das andanças,
sombrias danças,
fantasias mortas,
apostas perdidas,
idas sem volta,
feridas sem cura!
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CANTO AO POETA!
CANTO AO POETA!
Ouço tua alma diluir-se em cantos
nos versos que a ternura vai traçando...
Como pássaros a voar em bando,
as letras vestem a folha como um manto!
As emoções vão diluindo em rimas
as torrentes de alegrias ou tristezas...
Em toques de profunda sutileza,
pinta o poeta a sua obra prima!
São versos de amor ou de saudade,
retalhos de uma colcha colorida,
tecida co’a emoção da sua alma...
Quando a chuva das palavras se acalma,
suspira fundo e agradece à vida
por ter o dom da sensibilidade!
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ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...
Para o meu filho Luiz Fernando.
Ultimo pássaro a deixar o ninho...
Sozinho, vai buscar o seu destino.
Ontem menino e hoje peregrino,
segue o sino a indicar-lhe o caminho...
Mais um lugar vazio em nossa mesa,
é a certeza da lágrima quente...
O ausente que estará sempre presente,
na queixa muda da palavra presa...
Que seja largo o vôo em céu bem limpo
e as sombras se vierem, sejam raras...
Fiel lhe seja a luz da confiança!
Que nunca lhe falte a perseverança
e alcances sim, o mister que almejaras,
tão forte, quanto os deuses do Olimpo...
AMIGO, SE A VIDA TE ASSUSTAR...
Se novamente a vida te assustar,
venha até mim, amigo, eu te acolho...
Em minhas mãos, a tua irei guardar,
e vou secar o pranto do teu olho...
Senta ao meu lado e soluce as palavras...
Hei de guardar comigo o teu segredo.
Da ruína dos sonhos que lavravas,
do riso alegre que calou no medo...
Vou ouvir você qual uma canção,
com ouvidos atentos de ternura...
Que se ama e se traduz em oração.
Então recordaremos nossa vida...
Aquela antiga,longínqua e tão pura!
Do nosso tempo, as flores preferidas!
É MEU O SONHO... SÓ EU DECIDO!
É MEU O SONHO...SÓ EU DECIDO!
sonho...
carinho
sem espinho
criança
com segurança
canto
sem pranto
velhice
sem rabugice
oração
de coração
amizade
sem saudade
pergunta
com resposta
resposta
como gosta
jardim só
de flores
amores
sem dores
é meu o sonho
só eu decido
quem vai entrar!
ENGOLE AS PALAVRAS..
ENGOLE AS PALAVRAS...
Engole essas palavras abortadas
e amarga em frio fel o que é tão doce...
Absorvendo das dores as fisgadas,
como se único destino fosse...
A ferros mantém bem presa a canção,
que sangra no desejo de voar...
E amordaça a voz da intenção
na covardia do medo de amar.
Solte ao vento esse verbo tão calado...
Deixe emergir de vez o sentimento,
pra se tornar enfim o meu amado!
Que se apague de vez todo o depois
e se transforme em asas coloridas,
essa urgente tristeza de nós dois...
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...
Fundem-se os olhos no brilho calado,
em poços profundos de sufocados anseios...
Cala-se o tempo, apaga-se o espaço!
Há sorrisos nos lábios, desejo nos corpos...
Pássaros inquietos,
voam as mãos libertas em afagos...
O toque da pele, o hálito quente...
... bocas entreabertas...
Fontes onde a sede morre
...e desperta a fome!