Poemas, frases e mensagens de Zélia Nicolodi

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Zélia Nicolodi

...respiro poesia!

NÉVOA NAS VIDRAÇAS...

 
NÉVOA NAS VIDRAÇAS...

Nem percebes o quão ligeira passa
essa vida que engoles sem sentir...
Que aos poucos se dilui feito fumaça,
trazendo rente a hora de sair...

Não deixes dispersarem tuas graças,
nem a areia entre os dedos escapulir...
Desnuda todo medo e as couraças,
inundando de luz o teu porvir!

Usa então as retinas como taças
saturando da vida o elixir
e se livra de vez dessas mordaças...

E a doçura do amor que chega e enlaça
finalmente faça da alma abolir
a triste e dúbia névoa das vidraças...
 
NÉVOA NAS VIDRAÇAS...

dia sem fim...

 
dia sem fim...

dançam as folhas mortas
de um outono já frio...

nada aquece nesse dia sem sol.

nenhuma palavra consola.
nenhum verso seduz...

sem cores, apenas a bruma cinzenta
de um dia que não tem fim...

o brilho dos olhos é pranto
a brancura da pele é medo...

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dia sem fim...

LOUCURA

 
LOUCURA

Foi loucura, meu amor... Foi loucura!
Quando então afrouxamos as amarras
e caímos em tão insanas garras
dessa paixão envolvente, e sem cura...

Demos os corpos, como nunca antes
desejo algum houvesse assim pedido...
E no amor meio anjo e tão bandido,
florescemos então como amantes!

Esquecemos, além das nossas portas
um mundo que não era de nós dois,
c’os brados de censura sem perdão...

Novamente a frieza deste chão
vem nos trazer à vida sem depois...
Podando rentes as nossas asas tortas.
 
LOUCURA

AH! ESSE AMOR...

 
AH! ESSE AMOR......

ah! esse corpo indócil
que se esgueira em sonhos
e murmura um canto
tão pleno de encanto
que ninguém conhece...

...ah! Esse olhar que grita
e se denuncia
pois não há mais jeito
de afogar no peito
essa fantasia...

...ah! Essa boca quente
a queimar em febre
e sentir a fome
e chamar teu nome
sem adormecer...

...ah! Essa voz que pede
em palavras mudas
um abraço forte
pra livrar da morte
esse amor tamanho!

Zélia.-
 
AH! ESSE AMOR...

ENFIM SE ENTENDER

 
ENFIM SE ENTENDER

Beba do meu vinho
e cante do meu canto...
Chore um pouco do meu pranto
para a gente se entender!

Desvista a alma sem medo
de mostrar sua nudez,
Eu entendo a sua fala
e esse seu jeito de ser!

Eu seguro a sua nota
sintonizo no seu tom...
e assim sem dissonância
surgirá um novo som!

Entre no meu sonho...
e esqueça do seu pranto,
cante um pouco do meu canto
para a gente se entender!

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ENFIM SE ENTENDER

...QUEM DERA!

 
...QUEM DERA!

Quem dera você entendesse
esse canto da minha alma...

Quem dera você aprendesse
desse meu jeito sem calma.

Quem dera você traduzisse
a ânsia que me consome...

Quem dera você me olhasse
com olhos de quem só ama...

Quem dera adivinhasse
o apelo que em mim é mudo.

Quem dera que as paralelas
tocassem o mesmo ponto...
 
...QUEM DERA!

DISPO-ME...

 
DISPO-ME...

Dispo-me na distancia,
na surpresa do que não sei...
...do que não conheço.

Enterneço a pele,
soluço o corpo,
a ânsia impele...

e no sorriso,
eu improviso...

entre meus dedos
diluo segredos
sem medo...
 
DISPO-ME...

ME LEVA EM TEU CORPO...

 
ME LEVA EM TEU CORPO...

me leva em teu corpo
tatuada em caricias

nos sulcos profundos
da minha malícia

me leva na boca
com gosto de mar

o sal que dá gosto
e que faz suspirar

me leva no cheiro
de flores do mato

no gesto sem jeito
no vicio do tato

me leva em sussurros
gemidos de amor

num jeito de entrega
sem tempo ou pudor...

me leva inteira
no corpo e memória

será que consegue
criar outra história?
 
ME LEVA EM TEU CORPO...

MUTANTES SOMOS...

 
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mutantes somos

na estrada incerta
trocando a pele
e sentimentos

passando alentos
e sofrimentos
entre as sementes
o joio impera

por vezes rentes
cortadas as asas
nenhum mergulho
nas águas rasas

fomos infantes
e nem lembramos

belas donzelas
que já morreram

corpos bonitos
caras de anjos
que vão aos poucos
nebulizando

abrindo espaço
pra outro tempo
de passos lentos
e olhar cansado

já tantos fomos
sem conhecer
correndo a vida
sem perceber

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MUTANTES SOMOS...

BOIANDO NUM LAGO AZUL

 
BOIANDO NUM LAGO AZUL
 
 
BOIANDO NUM LAGO AZUL

COMO NINGUÉM...

 
COMO NINGUÉM...

quando a noite avança
e o sono não vem
quando estendo os braços
e não encontro ninguém
quando o corpo inquieto
pede amor e não tem

me abraço
me amo
me basto
me agrado
como ninguém!

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COMO NINGUÉM...

CALOU-SE!

 
CALOU-SE!

Calou-se a emoção,
na eloquência do silencio...

Restaram sombras...
Fragmentos escurecidos
da canção calada.

Mais nada além
da lembrança
de tempos já idos,
vencidos na distancia...

Ânsias nuas se recolhem
solitárias e frias,
na elegia do desafinado canto...

Pranto quente a judiar a pele,
acordar fantasmas,
dobrar o corpo...

desconforto com a vida...
 
CALOU-SE!

INCONSTÂNCIA

 
INCONSTÂNCIA

Às vezes sou triste
e fico calada,
e pouco existe
que me faça sorrir.

Nas fases que venho
alargar a visão,
inteira me empenho
na razão de existir.

Às vezes me alegro
e insisto nas cores...
Então me integro
na arte da vida.

Me entrego e apaixono
em ternos encantos...
Então me abandono
em doces guaridas...

Assim vou vivendo
em constante inconstância...

Se às vezes transcendo,
em outras sou ânsia!
 
INCONSTÂNCIA

AVES NOTURNAS

 
AVES NOTURNAS

aves noturnas esvoaçam,
pensamentos que não dormem...

comem em minhas mãos frias,
migalhas de fantasias...

falam das andanças,
sombrias danças,
fantasias mortas,
apostas perdidas,
idas sem volta,
feridas sem cura!

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AVES NOTURNAS

CANTO AO POETA!

 
CANTO AO POETA!

Ouço tua alma diluir-se em cantos
nos versos que a ternura vai traçando...
Como pássaros a voar em bando,
as letras vestem a folha como um manto!

As emoções vão diluindo em rimas
as torrentes de alegrias ou tristezas...
Em toques de profunda sutileza,
pinta o poeta a sua obra prima!

São versos de amor ou de saudade,
retalhos de uma colcha colorida,
tecida co’a emoção da sua alma...

Quando a chuva das palavras se acalma,
suspira fundo e agradece à vida
por ter o dom da sensibilidade!

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CANTO AO POETA!

ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...

 
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...
 
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...

Para o meu filho Luiz Fernando.

Ultimo pássaro a deixar o ninho...
Sozinho, vai buscar o seu destino.
Ontem menino e hoje peregrino,
segue o sino a indicar-lhe o caminho...

Mais um lugar vazio em nossa mesa,
é a certeza da lágrima quente...
O ausente que estará sempre presente,
na queixa muda da palavra presa...

Que seja largo o vôo em céu bem limpo
e as sombras se vierem, sejam raras...
Fiel lhe seja a luz da confiança!

Que nunca lhe falte a perseverança
e alcances sim, o mister que almejaras,
tão forte, quanto os deuses do Olimpo...
 
ULTIMO PASSARO A DEIXAR O NINHO...

AMIGO, SE A VIDA TE ASSUSTAR...

 
Se novamente a vida te assustar,
venha até mim, amigo, eu te acolho...
Em minhas mãos, a tua irei guardar,
e vou secar o pranto do teu olho...


Senta ao meu lado e soluce as palavras...
Hei de guardar comigo o teu segredo.
Da ruína dos sonhos que lavravas,
do riso alegre que calou no medo...

Vou ouvir você qual uma canção,
com ouvidos atentos de ternura...
Que se ama e se traduz em oração.

Então recordaremos nossa vida...
Aquela antiga,longínqua e tão pura!
Do nosso tempo, as flores preferidas!
 
AMIGO, SE A VIDA TE ASSUSTAR...

É MEU O SONHO... SÓ EU DECIDO!

 
É MEU O SONHO...SÓ EU DECIDO!

sonho...

carinho
sem espinho
criança
com segurança
canto
sem pranto
velhice
sem rabugice
oração
de coração
amizade
sem saudade
pergunta
com resposta
resposta
como gosta
jardim só
de flores
amores
sem dores

é meu o sonho

só eu decido
quem vai entrar!
 
É MEU O SONHO... SÓ EU DECIDO!

ENGOLE AS PALAVRAS..

 
ENGOLE AS PALAVRAS...

Engole essas palavras abortadas
e amarga em frio fel o que é tão doce...
Absorvendo das dores as fisgadas,
como se único destino fosse...

A ferros mantém bem presa a canção,
que sangra no desejo de voar...
E amordaça a voz da intenção
na covardia do medo de amar.

Solte ao vento esse verbo tão calado...
Deixe emergir de vez o sentimento,
pra se tornar enfim o meu amado!

Que se apague de vez todo o depois
e se transforme em asas coloridas,
essa urgente tristeza de nós dois...
 
ENGOLE AS PALAVRAS..

A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...

 
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...

Fundem-se os olhos no brilho calado,
em poços profundos de sufocados anseios...

Cala-se o tempo, apaga-se o espaço!


Há sorrisos nos lábios, desejo nos corpos...

Pássaros inquietos,
voam as mãos libertas em afagos...

O toque da pele, o hálito quente...
... bocas entreabertas...

Fontes onde a sede morre
...e desperta a fome!
 
A SEDE MORRE E DESPERTA A FOME...

Zélia Nicolodi