Vou navegar
Levo lento frio e escuro
Em cada canto, canta a voz
Som de Palavras num fundo sem rumo
Murmúrios com historias
Pedaços de nós.
Mapa deserto, corpo sem veia
Dor a deriva defunto na areia,
Desalento achado num cântico em vão
Portas abertas de Alma e Coração.
Vai já descobri
Um mundo a meus pés
Com tanta histórias sem um fim.
Vai volta para veres
Um mundo com Histórias
A teus pés.
Vou navegar,
Em tempos de outrora perdidos
no fundo do mar.
Lanças perdidas, guerras abertas
Sangue esquecido
Cabelo de poetas,
tempos passados memorias ficaram
nunca morrem são nossa salvação.
Música escrita e cantada por mim.
Amo Celestial
Amo Celestial
Rebento de protecção divina,
Possessor da ostentação da luz,
Mestre de todo o império,
Que sofreu por nós,
Que percorreu montanhas e picos indisciplinados,
Que passou por elevadas monstruosidades,
Proclamando sempre o nosso achego.
Ampara e purifica toda a multidão
que reside no teu orbe,
Abençoando todo o mal
Transformando-o em fé e harmonia,
Abrindo o caminho a todos os seres,
Perdoando todos os desalentos cometidos.
PAI energiza os nossos destinos.
FILHOS proclamem a palavra do PAI.
Embriaguez
Bebendo três copadas de fumo,
Fumando duas baforadas de vinho,
Exorcizo a minha alma
Deste corpo ardente e frio.
Acarinho as pontas mortas,
Viro o olhar depeno a alma
Suicido em lume este corpo,
Deixa-me estar ganzado,
Já estou morto.
Já não durmo,
Se fumo um cigarro.
Estou embriagado
Neste pó de desejo
Desalento da água
Derramado em mim
Bebo até o cair da noite
Este copo cheio de ti.
Distância
Um raio de sol penetrou o meu coração,
Um clarão de alegria intensificou o meu trilho,
Uma chama de ausência cresceu na solidão
Quando te distanciaste do meu caminho.
Nesse ápice o luar envelheceu,
Onde outrora crescera outro destino.
Áspero, rijo, ameno e compadecido
Se dá rumo a um novo caminho.
Sem complementos e sem leme para velejar
Estrangulo-me no poder do sentimento,
No bafo imundo deste templo,
No cais estorvante e medronho,
Trepo o alvorecer fiel
E o por do sol tristonho.
Palavras
As palavras são muito duras,
Muito fortes e difíceis,
São temporais,
Que matam a imensidão de um ser.
São terramotos
Sem deixar marcas físicas,
Deixando marcas psicológicas,
Agravadas no futuro
De tão brutas ser.
Pedes desculpa por o acontecer,
Mas é mais difícil
Do que o próprio ser.
Ter uma palavra
Atravessada na estrada
O vento não a leva,
Barre-a para o canto,
Erguendo-se de horroroso espanto,
O faz desistir
Ficando parado ate velo ir.
Ao longo no tempo
Vê alguém a dormir,
Dizendo mutuamente,
As palavras são mesmo assim.
Choro ou Rio?
Afasto-me de ti, de mim, dos teus, dos meus…
Já não sei,
Já não sei quem sou,
onde estou, nem para onde vou.
Se falo de mim
Sinto um arrepio,
Uma enorme tristeza a devorar-me.
É como se estivesse encurralado num deserto,
Onde tudo… parece incerto.
Como é bela a Natureza.
O cantar dos passarinhos é o sussurrar da tua voz,
E o silêncio,
A calma com que tu dizes as palavras
Certamente para não me magoares.
Estou mergulhado num sonho,
Ao lado de marés, tempestades
Oceanos, terramotos.
Tudo…
Pareço um Actor de cinema,
Onde choro, rio, canto, danço,
Salto montanhas,
Sou o verdadeiro super herói embrulhado na vida.
Falas mais alto do que eu.
Será que choro? Será que riu?
Não adianta pensar.
Vivo nesta solidão.
Sopro Ingénuo
O meu coração parou,
O meu preencher fluiu numa gota de água,
E o refrear da minha história,
Em plena paisagem,
Ficou submerso.
Um sopro ingénuo e obscuro
Atenuou a escrita no meu olhar,
E esta solidão deprimente caiu,
Com a suavidade do teu tocar.
Vem POR FAVOR
Tu partiste, lindo sol que me agrada,
O teu raio iluminado
É determinação nesta caminhada.
Em cada lágrima de orvalho
Oiço tua voz penetrada
Não chores meu dia,
Se perco o sonho
Fico sem nada.
Com os pulmões cheios,
E quase dormindo
A noite é contraste do teu corpo
Neste fundo, vazio.
Girando á tua volta
E rodopiando no teu sabor
Sussurro baixinho
Vem por favor.
Sinceridade
Sinceramente, queria voar de novo em ti
Delimitar o meu ser a teu lado,
Dividir o tempo entre presente e o passado
Contornar a ondulação do teu corpo,
Deixando de pensar que isto é tudo um sonho.
Um dia, um Sonho
Acordei.
O tempo revivera num sonho
Cheio de bondade, num ato consciente,
De quem se deita,
A pensar que já mais ia nascer,
Ou por Deus voltar a reencontrar a luz.
Tudo voltou ao que era,
O que não tinha, voltei a ter
O que não pertencia, voltou a pertencer
O que não existia, voltou a existir.
Tudo era tão Belo
O prazer que antes não tinha,
Encontrei, e encontrei da forma mais simples,
Um simples olhar a olhar-me
Um simples tocar a tocar-me,
E tudo tão puro, de maneira suave,
Deixei entrar, sem me aperceber.
Antes gostava e tu não gostavas,
Agora eu gosto e tu gostas.
Foi tudo com que sempre sonhei, um dia.
Sempre me disseram que aquilo com que sonhamos,
Será sempre um sonho,
E não um passo para a realidade.
Mas, hoje o dia é diferente,
Voltou tudo aquilo que eu queria,
Alguém a meu lado,
Mais do que uma amizade,
Apenas refiro-me ao Paraíso em pessoa.
Ó não pode ser só o outro feliz,
Eu também mereço,
E este dia é só meu.
Calado, e só a sussurrar,
Pensei em abrir os olhos,
Em abrir a janela,
Não podia acreditar no que via.
Nada do que eu vivi era real,
Apenas estava a sonhar com a vida que queria,
Do que queria e num simples dia não tinha,
Do que esperava e há anos que não vinha.
Nem hoje, outro dia, acredito.
Era apenas um sonho!