No lugar das acácias e dos novelos de folhas, restam as canções…
Se fores flor, não te prometo ser rio ou fonte, apenas que desvio em tua direcção, o regadio do meu coração …
Se fores árvore com braços roçando o mar, te prometo ser brisa que afasta o sal dos teus lábios…
Se fores folha curvada para dentro, prometo ser lenço que enxuga e protege as lágrimas do tempo ….
Se fores mulher com raízes por dentro, prometo ser jardim com nascente entre os dedos…
Se fores universo eu prometo ser infinito definido nos teus olhos…
Se fores Deus eu prometo ser céu …
Se fores Inferno eu prometo ser o ilhéu dos teus sonhos...
Um poema dentro do poema ….
Há estrelas calçando o 44 …
Oh doce anjo, o que procuras?
Será a sensibilidade mais rara, a palavra mais profunda, a alma mais bela…?!
Por que procuras a estrela mais brilhante, se seu brilho é apenas o rasto perfumado do seu declínio ….?!
Olha para baixo, não vês que é na terra que existe o que há de mais especial e belo …
Queres ver?
Espera um pouco, vou buscar um espelho…
Não encontrei, mas trouxe o teu filho …
Quero ser fuga sem pedir …
Quero ser fuga sem pedir …
Voar
Galopando com olhar
O azul de qualquer lugar
Um lugar
Onde a solidão não seja fria
Como estas paredes
Que acolhem o inverno.
Das horas vazias
Quero sair...
Correr...
Mergulhar
Sem mar
No esquecimento
Chorar gritando
O que não pode acontecer…
Tu e eu
Morando
No mesmo lar…
Dentro do peito...despindo a noite com o olhar…
A única roupa que vestes depois das lágrimas
É os poros da minha pele
Quando nos tornamos mais fortes
Despindo a alma
Sem a omissão dos braços ….
Mesmo despida diante do meu olhar
O que encontro de pornográfico
São as tuas lágrimas em meus lábios
Chorando palavras tão virgens e velhinhas
Depois de eternizarem a solidão
Sem respirarem
Na tua língua ….
A paixão de amar…
Se tolerasse as asas nos ombros, voaria até ao coração teu … agora que dormes ou quando pranteias na solidão …
Escondo-me na tua arte de “poetar” como quem se esconde no gigantesco amontoado de ternura,
Que sobe a solidão cheia de silêncios escamosos
Na direcção do teu coração …[aquela estrela que brilha no teu peito de cor púrpura, própria das safiras puras e dos diamantes da emoção …]
Subindo…
Chorando nas palavras
A tua chuva
Aquela que baloiça os casulos do céu
A que desnuda as folha desmaiadas no chão
A que se debruça nas janelas da comoção
A que é socorrida pelas mãos
Sobrando a tristeza salobra
Da alma em saturação …
Nas suas linhas …
Mas nenhuma raiz suporta a mágoa do mar, nem que seja as dos teus olhos …por te ver a chorar…
Talvez esteja errado, pois os anjos como tu, choram nuvens, não choram lágrimas como as minhas …
Acredito que o nosso amor é um oceano que dá volta ao mundo e tu… Ainda dúvidas que existe um antártico no peito e o vento solar nos dedos!?
Não bastas ficares...
Como barco
No charco ….
Sem te importares com o mar …
E não venhas dizer, que a madeira do teu costado está velha e despregada…e que os remos estão gastos… nenhuns braços negam as ondas …e qualquer corpo precisa da areia e do sal para se tornar mais mastro …a oitenta e nove palmos do casco …
Nunca será tarde …para hastear a coragem de amar …enfrentar o azul e todos os adamastores ….
O amor requer sacrifícios e vícios cupidinosos …
No amor, há quem percorra desertos porque acredita …que no próximo passo, tudo vai mudar …
Quantos recusam desvertebrar o sonho e ficam com os olhos erguidos perante o horizonte …?!
Quantos morrem
Feito árvores na rocha
Esperando a chuva chegar …?!
Quantos renascem
Recordando
Os beijos dos seus olhos …
E do seu respirar fundeados na pele …?!
Os quanto são muito poucos …
Os poucos são muito loucos
Mas só os loucos acreditam
Que podem amar
Quando o mudo cai...
Quando voltas?
Deixastes os olhos órfãos de mar
E corações sem o azul do chão…
Separando da areia o sal molhado
Convertendo o luso poemas
Num naufrágio infernal …
Sem o teu legado das marés…
Sem o Astrolábio dos teus vocábulos …
Onde andas tu, Poeta, das ondas “maestras “ …?
Não vez que deixaste os barcos sem mastros …
E as nossas vistas sesgas sem as tuas letras " marinheiras "
E a esperança desfeita no vazio do cais
No dia que embarcaste sem o nosso sustento do coração …
Quando voltas?
E trazes contigo o verde-mar nos dedos….
Semeando gota a gota
O som,
A brisa,
A espuma …Num poema,
Aproximando dos oceanos as Letras
Como búzio no deserto
Como telescópio das estrelas….
Por favor Ricardo, volta… estamos cheios de saudade, esperando a embarcação da tua mais bela poesia… como gaivotas, que esperam a varina bondosa que as trata como filhas alimentando-as…
Observando a mãe Fernanda e o filho Francisco…
Imitar os dedos com o mesmo toque
Redescobrindo a intimidade da pele
Nos pormenores
Fechando os olhos
Escutando aquela musica que só toca em vós
No silêncio separado do tempo
Foi assim que vos vi a acordar hoje
Ele tentando ser o mesmo anjo que tu
Quando o acolhes
No colo…
Nos braços …
Nos olhos…
Nos ombros…
Nos lábios…
E fico
Assim
Dentro de um choro intenso
Me sentindo tão incompleto
Por não sentir, esse amor idêntico de mãe …
Mesmo estando tão perto …
Naufrágio de sonho nas tuas mãos …
Chega de palavras naufragadas no nosso coração ….
Vamos dar as mãos …
Sem pensarmos nas paginas borradas pela solidão
Vamos de mãos dadas
Para lá das margens de um livro
alagado de ilusão …
Para lá das portas
entre abertas
de uma composição
sem solo
Para lá dos monólogos da escrita …
[ poemas sem cheiros
sem persianas
sem vida …]
Vamos até onde o amor nos alcançar
Sem as teclas de um falso piano …
Sem a tela azul que fica sempre preta quando se apaga a luz…
Sem o espaço infinito que separa os nossos olhos da boca …
Vamos…?
Só ficou o Outono das lágrimas …
Quando os teus olhos se fecharam para sempre,
O céu se afastou para longe ….
As lágrimas engoliram o escuro da noite,
Tornando-se mais rápidas e mais pesadas,
Até deixarem de gritar no exterior da gente …
Povoando imensamente o sangue …
Deixando o sorriso de luto,
No granizo do rosto…
No desgosto de amar…
Não mudes a cor dos meus olhos verdes... sem ti, são negros como a noite …
Desejo que vivas um amor assim …
Onde a pureza nítida de amar encontra o lugar mais especial no teu coração …
Onde cada gesto de ternura seja imensamente raro, tornando os instantes inesquecíveis de amar, numa bonita canção para viveres e recordares …
Mesmo não te podendo amar, desejo que encontres um amor igual o maior que o meu …
Digo-te que te amo , soluçando as lagrimas que já chegam ao peito em forma de recado …
Resta me apenas deixar-te um poema:
Ponderas os teus passos, mas a tua sensibilidade te leva a lugares mágicos …
Onde um simples mortal vê uma pedra, os teus olhos de fé, vem um conjunto de arestas com múltiplas possibilidades de criar arte...
Como gostaria de te mostrar que o lugar mais seguro para se estar é o coração do teu amor …seja ele quem for, desde que te abrigue e nutra com autenticidade e lealdade a ternura de uma vida a dois, fazendo-te sorrir nas horas mais chuvosas, te regando de caricias nos dias de sol…
Se nesta vida tens a possibilidade de coleccionar muitas coisas, o que de mais valioso podes coleccionar, são os tesouros sem preço, a família, o afecto de pai e de mãe, a sinceridade de um amigo… a cumplicidade da natureza …
Não desistas da tua felicidade, mesmo por vezes a sintas tão distante …
É uma bênção divina saber que existes …
No trajecto do amor
Não existe atalhos
Logo, não há necessidade
De desviar
O olhar do sentimento…