Memórias de um jovem qualquer
Nunca fui e serei alguém no mundo que vivo
Não identificado,deixado na garoa à própria sorte
Desejando por tudo o desabrochar de minha morte
Ironicamente lutando sem nem um pingo de força comigo
Me julgas sem antes olhar para si
Encontre com tua negra alma antes de a minha descobrir
Pois tu é um dos que roubaram-me tudo,sem eu poder reagir
Derramando meu mundo,minha miséria pertence à ti
Às vezes choro,sem ao menos o motivo saber
Minh'alma é doente e em tons,odiosa
Vivendo fora do eixo,de forma duvidosa
Lembrando das coisas que me aconteceram,segundo os "sábios",por merecer
Apodreço como um fruto engavetado por anos,e nem estão à se importar
E vós ainda se acham aptos para em algo se pôr à me julgar?
O pesadelo de minha vida não é só uma ilusão
Como posso viver igual à quem me bate sem perdão?
Minha vida foi rápida,imunda e amarga,certo não sei se estava
Não pude soltar-me da corda que à mim enforcava
Privado de amor e uma alma de felicidade
Fui lacrado em fechaduras sem chaves por toda a eternidade...
Desejo de lhe ter
Encontrei em teus olhos o universo, sem estrelas,brilhando
A escuridão que pensei poder iluminar à mim
Naquela imensidão inacabável,realmente não tendo começo nem fim
Era apenas uma sinfonia desafinada, em dissabores, vagando
Em teu sorriso vi meu mais primitivo "querer"
Almejando a doçura melada de tua boca e alucinações de tuas curvas
Contigo vejo transparecer tudo em águas turvas
Pela grande proporção do desejo de lhe ter
És a imperfeição maravilhosa em nossas mentes desajustadas
Paixão que surfa em fogo mesmo depois das ondas acabadas
Voando no sopro que empurra pensamentos que devo esquecer
Não quero teus olhos,aqueles pedaços do paraíso
Não te quero,pois de você é que eu preciso...
Se a paixão por ti queima como brasa,não há como conter...
Somos Normais
Minha loucura é vital à minha "normalidade"
Sinto que necessito de cada milímetro dessa impureza
Do chorar que traz-me resoluta e única certeza
Que como tu,sou "normal" de verdade
As gotas de chuva que se intensificavam,não são especiais
Quando vejo que o agressivo dilúvio pra ti também se alastra
Que pelo vale de morte espinhosa,tu marcha
Tuas penas são reais,não superficiais
Oh meu deus,somos todos tão "normais"
Conseguimos mais que tudo,sermos assim,tão iguais
Inventando haver alguma diferença... Sem mais
Compartilhamos os mesmos gélidos sentimentos
Presos às mesmas correntes de sofrimento
Acredite,nossa "normalidade" nos torna "anormais"
Vida de Poeta
Em seu mundo o poeta pode rir
Lá sente-se livre para voar
Também chorar e se despir
Aprende como se importar
Arruma motivos para na tristeza,sorrir
Contínua busca por paz
Vive a vida tendo às vezes que mentir
Torna a pior mentira na melhor verdade como ninguém faz
Inventa histórias,para intensamente sentir
Querendo acreditar,que ser feliz é capaz
O poeta é um palhaço sem maquiagem
Que de seu público se satisfaz
Cada texto em seu mundo,nova viagem
Amando cada verso cada vez mais
Atravessando sempre toda barragem
O poeta pena,sofre,vive,chora...
É capaz como ninguém
Por prazer,escreve à toda hora
Enquanto procura por alguém
Que como ele,ame sua obra"
Chuvas de Verão
No derramar de vastas rosas espinhosas
Que aos poucos, gotejavam-me as nuas derradeiras
Em cada pingo contendo aquelas tuas glosas
Soando a cada hora passada, mais verdadeiras
Eu chamava-te em toda densa escuridão
Esperando por vir um grito para cá
Pois sei que a lástima onde, por mim, tu está
São rosas em tuas gotas, chuvas de verão
Te desejo, rodopiando meu próprio eixo
Lançando olhares a todas suas direções
A ti perder eu me recuso, não lhe deixo
Mantenho a chama de nossos vis corações
Fazendo-me realmente despencar o queixo
Pelo brilho envolto de tantas emoções
Dedico-te
Em mim,desague os receios
Amarguras condensadas
Por estes sinuosos meios
Destas dádivas não dadas
Tua seiva correrá em mim
Saturada de tua essência
Com ares de querubim
Não mais pedindo clemência
Pois és meu céu,mar e terra
És também espaço e tempo
Perigosa como a guerra
Delicada como o vento
À ti quero por inteiro
Em meu mundo e meu universo
Para provar que ainda creio
Eu te escrevo em cada verso
Vago Solitário
Minhas memórias remetem à solidão,
Por ter meu espírito dilacerado.
À mim já tinha esperado,
Para poetizar,penar em castigo sem perdão.
Sem compaixão,miserável...
Aprisiono-me para libertação alheia
Para o amadurecer daquele que anseia
À felicidade e um sonho estável
Perco-me na escuridão de palavras mortas
Emanando luz por elas mesmas
Para dar-te aquilo que tu queiras
Em versos sinuosos e estrofes tortas
Vago à solidão portando uma caneta e nada além
Enfrento os frios e arrepiantes pesadelos
Que para textos,são como modelos,
Pois onde há um,há mais de cem
Pobre Solitário
Lá estava o pobre solitário
Escrevendo sua profunda poesia
Expressando tudo que sentia
Em seu esplêndido mundo imaginário
Afastava sua grande tristeza
Esquecia todo o sofrimento
Mesmo que só por um momento
De nada mais tinha certeza
Quanto mais palavras anotava
Mais rápido o tempo passava
Crescendo a vontade de escrever
A caneta era sua única amiga
Que através de sua escrita
Lhe dava um motivo para viver
Beijo no Rosto,Tapa na Nuca
Teus beijos confortam-me os pesadelos
Por adocicar a boca e alma de meu ser
Eu faria tudo para novamente tê-los
Mesmo depois de tudo que veio à me fazer
Estapeou-me a nuca quando estava escuro
Mas beijava o rosto quando estava bem claro
És bijuteria em pele de diamante raro
Que tira os vergalhões à sustentar meu muro
Lobo em pele falsificada de cordeiro
A carta lida,nunca vindo à ser escrita
O todo sem estar comigo por inteiro
Aquela que pisa,e ainda sim,acredita
Ser a única que completa o rachado meio
Peneirado em migalhas por toda esta vida
Tu Não Merecia
Por que junto à ti não subi
Os imensos degraus sem fim?
No horizonte realmente vi
Tua triste alma vagando em mim
Mas isto tu não merecia...
A tua carne estão à perfurar,
E até não sendo profecia,
A vida tu veio à entregar
O sangue escorreu de teus dedos
Pintou o chão de pura tristeza
Apertando aqueles meus medos
Que brilham com muita clareza
Mesmo isto tu não merecendo
A brisa de dor te soprou...
E lhe cavou morte sabendo
Do ódio que tu não desejou