DA SUA BOCA
Da sua boca eu quero as verdades
Que me interessam
E a doce mentira sobre o meu hálito
E cabelo de manhã!
Da sua boca eu quero o "sim",
Não escuto o não e decifro os gemidos
Impronunciáveis de nossos momentos
De amor!
Da sua boca eu quero o meu gosto, o mel,
O vinho e muito mais do que um beijo!
Da sua boca eu quero as juras, súplicas,
Poemas e oração!...
Quero a palavra chave, o céu e o mar-de-rosas;
Não quero o meu nome trocado, mas o quero
De "bico" calado enquanto falar o coração!
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LÊDA E O URSINHO DE PELÚCIA
Aquele ursinho jogado em sua cama
A olhava e sorria, mas não falava
Não se mexia,não rosnava ou respondia!
Seu abraço era quente e talvez mais
Terno do que o de uma pessoa ou
besta real.
Mas no lugar de um coração havia pelúcia,
E seu olhar era sintético apesar
De penetrante.
Não era um ser vivo, se assemelhava
As almofafadas, bonecas de louça e outros
Bibelôs.
Mas era seu confidente, seu melhor amigo
Depois das saias de pregas e seu diário
Já tão vazio!
Ela carecia de amor e com suas garras
Abraçava e dilacerava o pobre ursinho.
Que não chorava de dor, mantendo aquele sorriso
Falso de brinquedo, porém eterno e imáculavel
Como deveriam ser todas as relações.
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AMÁLIA
Eu quero conhecer Portugal refazendo no sentido contrário a rota de Cabral.
Quero com minha lira desafinada acompanhar
Amália Rodrigues num fado composto só pra mim.
Eu quero conhecer Portugal, ter a amizade do Rei
Em seus castelos espalhados e a torre de Belém
Onde bate o sino pequenino!
Portugal e suas heranças, histórias, colônias,amáveis corsários, mouras cruzadas
E lindas dançarinas.
Quero uma casa portuguesa com certeza!
Com bacalhoada, vinhos do Alentejo e ter azeite
Perfumando minhas mãos!
Portugal da "saudade" que só sua linga possui.
Portugal das paredes para confessar de quem eu gosto!
Eu quero conhecer Portugal, ser a personagem principal de os Lusíadas; bater pique na ilha
Da Madeira e dançar flamenco com a Rainha de Espanha sua vizinha e falsa demente!
Portugal de meus pais e patrícios.
Portugal de meus versos, origens e minha admiração.
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ME DEVORE
Me devore com o pão do diabo, o hortifrutti
Proibido e o mel dessas rosas.
Me devore com um beijo molhado ou roubado
Num banquete p'ra dois, num sarau ou num jantar
Em família.
Me devore com vontade, com sede ou com fome
E com cada palavra, rasura ou escrita.
Me devore como um passatempo ou como uma lição
Dada por uma linda normalista do instituto
Nelson Rodrigues.
Se for mulher me chupe, se for homem me estupre;
Arrancando meu véu, minhas entranhas, páginas
E todo um contexto.
Devora-me em Roma Antiga, além do arco-íris
E me presenteie com os anéis de Saturno
E os moinhos Quixotescos.
Me devore num ônibus, numa praça, em grupo
Ou á meia-luz de uma cabeceira!
Unta-me com manteiga, com o sangue da guerra,
As paixões e comédias, me decorando com os lírios
Da paz.
Me consuma com minhas verdades e mentiras, cirandas e prosas.
Me coma com meus seios, saias e sêmen, sonetos,
Sonatas e outras histórias!
Me devore numa bandeja com uma cabeça perdida,
Com a galinha de Exu e o néctar dos Deuses.
Devora-me nos palácios de Passárgada, nas montanhas de Shangri-la e nos hotéis de Utopia.
Com os anjos, as musas nos céus de ícaro e do condor!
Me devore, pois sou a poesia, veneno anti-monotonia!
Recheada de sonhos, composta por amores
E tenho as coisas da vida como tempero!
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EU QUERO VOCÊ PRA MIM!
Pois te mereço, porque te quero
E é por você o meu apreço!
Eu quero você pra mim
De qualquer jeito incluindo
Todos!...
Eu quero você pra mim, Pra mais
Ninguém com muita alegria
E seus tantos arroubos!
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O VINHO DA SUA BOCA
Quero beber o vinho na sua boca,
Do brinde ao nosso amor.
Vou beber o vinho na sua boca,
Enquanto ceio e não me farto de seu corpo.
Vinho da sua boca e da safra de nossa vida.
Vinho doce, alcóolico, do sabor da paixão
e com o teor da mulher querida.
Adoro o vinho da sua boca,
Tragado nesse beijo entorpecente.
Eu só quero o vinho da sua boca,
Sob as bençãos de Baco e à luz desse castiçal.
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SEM VOCÊ
Sem você é assim tão sem tão!
Sou eu e minhas tolices mórbidas.
É a casa espaçosa que sempre desejei,
Mas não dessa forma!
Eu sem você é só choro e sofrer.
As tardes tão quentes, hoje tão frias
Como os ventos do sul!
E a luz do meio-dia encobertas
Pela desilusão!
Porque eu sem você sou apenas eu
E sem você.
Que me beijava nas manhãs e amava
Ao me deitar.
Eu sem você sou deficiente de prazer.
Porque eu sem você sou apenas eu
E sem você.
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TODA A MULHER É GOSTOSA
Toda a mulher é vaidosa, carinhosa, romântica e cheirosa.
Toda a mulher é gostosa!
Toda a mulher é charmosa, dadivosa, deslumbrante e até perigosa.
Toda a mulher é gostosa!
Por ser amada e ser feliz, por ser rainha e meretriz.
Toda a mulher é gostosa e todas as flores são de lís.
Toda a mulher é gostosa, coberta de beijos do seu amor.
Toda a mulher é gostosa, toda a lua é lustrosa;
e toda a beleza põe mesa no banquete principal que se dá num colchão.
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CARRINHO DE BOMBEIRO
Vou levá-la devolta para aquele arraial à esquerda
da minha mente, onde você me ama de verdade,e os papéis do casório são assinados pela poesia.
O que vemos nas estrelas e chamamos de brilho, são gargalhadas radiantes, de nossa insignificância perante o infinito.
Mas um passarinho me contou qual é o sentido da vida, me ensinando a voar com asas de um fardo leve.
A celeuma desses motores, abafa qualquer paz que brote de um idílio.
E as estrelas a guiar as estradas do sem destino,
destino feito por homens profafnadores natos dos desígnios de Deus.
Uma borboleta de nome Jussara, todas as manhães, me pergunta sobre sua primavera.
E minha resposta é um beijo de beija-flor, e doce e excitante sabor daquilo que está por vir.
Abri e lavei as mãos para a minha condição de cristão, e agora posso me casar com um ser humano de carne,osso e interesses.
E nas cores barulhentas daquele vestido, em seu avesso, encontro um abrigo.
Meu surrealismo pós-guerra, cala os meus sentidos para a loucura dos donos da verdade.
Posso salvar o meu mundo com esse carrinho de bombeiro, posso tomar chá a hora que eu quiser, posso vestir o short-saia da tia do Fernando, não posso acreditar em você, mas posso me esforçar para ser fiel.
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PEDRA FUNDAMENTAL
Amor que não mede distância,
Que não vê cor, crença
E despreza a intolerância.
Amor que é só uma palavra
E não mede outras!
Que é muito mais que um sentimento,
Pode resumir-se em atos, momentos
Ou numa cena: "À beira-mar
Uma menina catando ostras!"
Amor, é só o amor...
Poético e real, pedra do Gênesis
E fundamental.
Amor que não sei o que é!...
Amor ágape ou de homem e mulher!
É o que tenho pra dar, quero em troca
E da sua mão!
Amor que não tem preço, que não se compra,
Mas aceita devolução!
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