Poemas, frases e mensagens de NitaFerreira

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de NitaFerreira

Descobri que...

 
Descobri que...
da ternura das tuas mãos
nasce o meu sorriso
Da dádiva do teu peito
a confiança dos meus passos
Do teu ombro de carinho
a firmeza do meu chão
e da força dos teus abraços
o raiar das minhas auroras
e o diluir dos meus cansaços!

Descobri que...
da maciez da tua boca
desponta o sol no meu olhar
Do toque da tua voz
a tranquilidade do meu adormecer
e da plenitude de ti
a força do meu acreditar
a bela quietude do entardecer
e a minha vontade de mais amar
...e mais te querer!

Nita Ferreira
 
Descobri que...

Colar de sonhos

 
Entre o cair da lágrima e o beijo
Entre a fuga da dor e o abrigo
Entre a desolação e o desejo
Ficar ou rumar ao porto antigo

Entre a ponte a alcançar a outra margem
E o sol poente além do horizonte
Entre o sonho da urze e a fria aragem
O tojo verde e a sombra do monte

Há um colar de pérolas de espuma
Feito de sol e nuvens que uma a uma
Se adensam povoando a clareira

Nela sonhos e anseios destemidos
São estátuas erectas dos sentidos
Com garras de teimosa trepadeira

Nita Ferreira
 
Colar de sonhos

Saudade cela

 
Sinto esta saudade cela
Do mais feio e tenebroso exílio
Sabendo que a maior tortura é tê-la
Por sonhar o amor em doce edílio

Meu Deus! Porque castigas na saudade
Deste modo meu frágil coração?
Olha que são meus os lírios do campo
E tão doce o Outono se faz Verão

Na imensa saudade que perpassa
Esta minha alma branca e a devassa
E ao doce perfume de ti em mim

Há um vento gelado, assobiador
Que estilhaça o meu peito em dor
Escarnece, ri, gargalha de mim

Nita Ferreira
 
Saudade cela

Trigo e joio

 
Em todas as searas
há o trigo e o joio.
O trigo cresce e floresce.
E é belo ver
cada espiga rumar ao céu
de mãos dadas
com as suas irmãs espigas
partilhando o mesmo ideal.
Já o joio, não...
Infiltra-se
Disfarça-se e mina o terreno
Corrói
Não sente sua a seara
Ele é alheio à pureza do trigo
Realiza-se no joio que é.


Nita Ferreira
 
Trigo e joio

Bilhete

 
Entre
as folhas caídas
doiradas
amarelecidas
do guache outonal
achei perdido
um bilhete
em papel amarrotado
e da trémula caligrafia
bem igual àquele dia
fluiu todo o teu amor
escrito em seda e brocado

Nita Ferreira
 
Bilhete

Mea culpa

 
Lavo a alma nas lágrimas a arder
Limpo a dor na transparência e brilho
Esboço um outro diferente alvorecer
Nas estrelas desbravo novo trilho

O sorriso ausente do meu rosto
É pelas feridas abertas a escorrer
Pelo sangue vivo ao sol exposto
Pelo triste e sofrido entardecer

Mea culpa pelas ervas daninhas
P´lo gorgeio triste das avezinhas
P´los canteiros de flores sem florescer

P´las sementes lançadas em dois mundos
Em planícies, planaltos, vales fecundos
Onde as não quis deixar apodrecer

Nita Ferreira
 
Mea culpa

Agosto

 
Vai sereno caindo o mês de Agosto
Outro Agosto em tantos já vividos
E eu sentindo a magia do sol-posto
Reavivar-me sentires adormecidos

Vai caindo Agosto e eu escrevo
Doces lágrimas, saudades que bebo
No colo do silêncio, devagar
Não vá o calor de Agosto findar

Vai caindo em mim sem fazer alarde
O teu gosto daquele Agosto já tarde
Quando o sol já rumava ao horizonte

E as tuas mãos são em mim a passear
Carícia fresca do meu saciar
Frescura assim bebo da tua fonte

Nita Ferreira
 
Agosto

Prometo

 
Deixa-me voar
e serei pássaro de lume
incêndio de fogo posto
vinho licoroso
e muito cheiro de mosto
Serei também
lança a atravessar o espaço
punho erguido e abraço
e sendo cicatriz no rosto
e lágrima regando Agosto
serei...
salto largo além da morte
terra lavrada e enxertia
foice de corte e recorte
fértil lava de vulcão
E cada semente solta
da palma da minha mão
prometo que há-de ser
ainda mais sede saciada
mais morte inocente julgada
mais voz humana ao pensamento
mais riso dentro da noite
mais noite p'la noite dentro
e mais eco de montanhas
desensombradas e abertas
em melodias tamanhas

Nita Ferreira
 
Prometo

Beijo de sol

 
Amanhecia e já um raio dolente
De sol doirado beijava a paisagem
Ia acordando os montes lentamente
Numa carícia de fina folhagem

Pela janela entrou de mansinho
Acompanhado pela lânguida aragem
Pousou nos lábios meus um beijinho
Num jeito doce da melhor linhagem

Meu rosto enrubescido despertou
E no silêncio o meu corpo voou
Foi no teu inteiro se aninhar

O sol resplandescente despontou
Rumando aos céus todo se incendiou
Por tanta vontade nossa de amar

Nita Ferreira
 
Beijo de sol

Acordado em mim

 
Acordado em mim o mar
fez-se oceano abismal
rasgou-se nele uma fenda
imensurável, tremenda
intensidade colossal
São grutas em convulsão
braços cheios de perdão
e submarinos de corais
eivados de inquietação
e sonhos
vivos em cores triunfais

Acordado em mim o mar
fez-se oceano imensidão
em espirais bruxuleantes
ondas fogo em combustão
insoluveis, incessantes
de enlevos em devoção
na busca da acalmia
e da tranquila maresia
escondida entre as esporas
e os flancos do tempo
só à espera do momento

Acordado em mim o mar
como em cidade perdida
e entre o sal e o enxofre
do fraco corpo, insalubre
soprou a alma guerreira
de fénix renascida
e revolvendo desespero
com a lança destemida
sobrevoei o holocausto
e edifiquei
além mar uma outra vida

Nita Ferreira
 
Acordado em mim

Imersão

 
Hoje as tuas mãos imergiram mais fundo
No mar de mim além de carne e pele.
E é meu todo o prazer do mundo
Macia lã, mais seda que burel.

Ondas que são deleites sendo sismos
Pelos líbidos montes estivais.
Horas por desoras, cataclismos
Em dueto, sonatas nupciais.

E se a sombra cinza 'inda perdura
Se agarra e se prende na cintura,
Sou ave de fogo em voo planado.

O roçagar da tua alma na minha,
E o teu colo, meu peito e escrivaninha
São meu sopro energizante e renovado

Nita Ferreira
 
Imersão

Meninos

 
Há nos rostos
dos meninos
e nas lágrimas
que já não choram
mil gritos emudecidos
da sua alma já rouca
de esperança tão pouca

Que as mãozitas
já cansaram
de buscar p´rá sua vida
a tal bola colorida
que o poeta cantou

E os avanços do mundo
jazem estagnados no fundo
da espera desses olhinhos
tão esfomeados de paz

Enquanto ódio e dinheiro
forem estandarte primeiro
sempre os meninos esquecidos
maltratados pela vida
verão apenas cinzenta
a bola mais colorida

Nita Ferreira
 
Meninos

Ao sol de Outono

 
Ao sol de Outono que brilha e aquece
Acaricia e doira os meus cabelos
A luz destes meus olhos estremece
Na tristeza que vê nos teus ao lê-los

Na brisa suave e cálida que passa
E me toca qual raio que consome
Há um chamamento que me perpassa
A alma e sussurra o teu nome

E a chuva mansa que vai caindo
No meu peito e meu poema ouvindo
No seu macio e doce deslizar

É consolo e luz que do céu desceu
E me beija como um beijo teu
Deixando um sorriso no meu olhar

Nita Ferreira
 
Ao sol de Outono

Véu primaveril

 
Olho lá fora, o céu tem outro azul.
É Primavera, gorjeiam as aves.
E quão sedoso este véu de tule
A envolver-me como só tu sabes!

Olho lá fora e o campo é mais verde;
Há mais aroma a fluir do jardim;
Sobe mais firme a hera na parede;
Sonha mais alto este sonho em mim!

Vem Primavera, atravessa o meu peito;
Fica-te em mim, caudal em seu leito,
Rio de flores e sorrisos a abrir!

Vem Primavera, p'ra eu ser feliz,
Beber-te a frescura e qual chafariz
Ser água a correr por todo o porvir!

Nita Ferreira
 
Véu primaveril

Toque

 
Naquele lugar encantado
lá onde a entrada secreta
fica entre a espuma e o orvalho
o sol quente beijou o mar
vasto das brumas do tempo
um assustador momento
toque que libidinoso
revolveu o firmamento

E um vulcão vomitou
a lava seca de há séculos
o astro rei fulgurante
raiou mais incandescente
e o reino de Neptuno
azulou ondas de vida
mais largas e mais serenas
mais plenas e cumpridas

Erupção incontida
toque da vida co´a vida
eterno quanto profundo
destinado à eternidade
e aberto à imensidão
de um sentir incendiado
florescido e guardado
dentro do meu coração

Nita Ferreira
 
Toque

Quem...?

 
Quem...?

Quem faz nascer em mim a primavera
e o meu olhar todo florir em rosa?
Quem no meu peito faz poesia em prosa
e nos meus seios constrói ninhos de hera?

Quem semeia em mim campestres perfumes
e me cultiva, assim, terra orvalhada?
Quem me envolve, semente germinada,
no húmus, revolvida, sem queixumes?

Quem me faz fada verdinha e até
rodopiar bem na ponta do pé,
qual bailarina em clássico bailado?

Só tu, é o que me escreve o coração,
e teima que não há outra razão
que assim me faça campo cultivado.

Nita Ferreira
 
Quem...?

Soneto da saudade

 
A saudade é lonjura sem afagos
É caudal numa lágrima pendente
Nascente crescendo que morre em lagos
De um olhar pelo outro olhar ausente

Saudade é um ermo aberto em nós
Que alastra e devora, impetuosa
É um vento pelas ruínas, uma voz
Que ruge e ensurdece, dolorosa

Saudade é um rumor, um azedume
De fel, de infortúnio e queixume
Um árido deserto, uma espera

Mas, ó doce ventura a fluir
É a doce lembrança a sorrir
Misteriosa taça de outra era

Nita Ferreira
 
Soneto da saudade

Laços

 
Eu não sei mais de mim sem estes laços
Com que prendeste, soltos, meus cabelos.
Eu não sei mais de mim noutros espaços.
Só me encontro por estes de tão belos.

Só sei de ti, doçura que preciso,
Intrínseco poema em mim inteiro.
Só sei de ti, vontade do meu riso,
Dedicado, leal e verdadeiro.

E sei de nós, a plena emoção
O peito, seara nossa, vastidão,
Dulcíssima ondulação que persiste.

Sentir assim é p'lo céu ofertado,
Benção a certas almas em legado,
Igual tesouro eu não sei se existe.

Nita Ferreira
 
Laços

Emergente sorriso

 
Emerge um sorriso do sofrimento.
Vem lavado de lágrimas saudade.
Traz um sussuro em si e clama o vento,
Que o amor não pergunta, só invade.

E nasce um balbuciar bem baixinho
Como ténue lume que em redor
Do coração sussura:'inda há caminho
A palmilhar porque é imenso o amor.

Lágrimas chovendo as dores do atrás
Não logram do tempo torrentes vãs
Que encharcaram a alma em desatino

Mas sorrisos renascentes de calor
Que o peito regenera em vivo amor
Têm força p'ra mudar o destino

Nita Ferreira
 
Emergente sorriso

Apetece-me dizer

 
Apetece-me dizer
que a hora é de crescer
além de todo o sofrimento
deixando que nos leve o vento
Apetece-me dizer
que dentro de nós está
a maior força que há
e a vontade que hora cabe
na palma da nossa mão
vamos fazer com que tenha
a força de um vulcão

É só fazê-la valer
respirar fundo e viver
É crescer e não parar
e com muito amor... AMAR

Nita Ferreira
 
Apetece-me dizer