Poemas, frases e mensagens de CidRodriguesRubelita

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de CidRodriguesRubelita

Passeio de Páscoa

 
Vou aproveitar esse feriado santo
Para sair da rotina de doutor
Para no ouvido de meu amor
Sussurrar que eu a amo tanto.

Vou aproveitar a semana sacra
Pra me refestelar no colo
Da mulher que tanto adoro
Sem a conveniência da gravata.

Também abusarei do ensejo
Que nos traz a paixão de Cristo
Para me afogar no mar de beijos
Já que na Páscoa me ressuscito.

Acho até que de carona na brisa
Vou voar pelo mundo a passeio
E de mansinho soprar seus olhos grandes.

Depois feito beija-flor em orquídeas
Embriagar-me no perfume de teus seios
E te levar aonde quer que eu ande.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Passeio de Páscoa

Aspirações

 
Agora que me abandonaste aqui "tadim"
na imensidão desta espera sem fim
depois de me adulares com o quindim
que há nas tuas poesias, meu serafim...

Quisera eu ser grande,
bem mais maior de grande,
enorme, desproporcional o bastante
para, num passo de gigante,
vencer distância colossal;

e romper a linha limítrofe de teu semblante
e sentir teus poros ofegantes
e repousar na sombra atenuante
de teus sílios brilhantes
esta saudade descomunal.

Quisera eu ser pequenino,
a milésima parte de um átomo,
imperceptível microorganismo minúsculo,
invasor de rede de fibra óptica;

para, obliteradas a convenção e a lógica,
alar na penumbra do crepúsculo
e espocar na âncora de teus braços
feito bolhas incontidas de quinino.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Aspirações

O dom da vida

 
Quando se rompe a platitude,
Belo, o mundo se nos apresenta de repente.
E o olhar alcança a infinitude
Da vida, além dos óbices, contente;

Posto que o ato de fechar/abrir
O entusiasmo é simples questão de atitude;
Como a força que se faz, amiúde,
Para chorar e/ou sorrir.

Sobretudo, quando ao derredor
Do cotidiano, há jardins e rosas a florir
E cá dentro, pulsar plausível do amor

Escancara, refletido em gestos mínimos,
Que aos quatro cantos reverberam.
Só por isso o dom da vida já é lindo.

Cid Rodrigues Rubelita
 
O dom da vida

Diante do amor

 
Diante dele, dizia o imortal poeta Dante:
"O amor me move: só por ele eu falo".

Pois comigo é diferente:
ora, o amor me paralisa;
sinto um nó na goela,
perco a fala,
a noção e o norte.

Ora, me enche de asas,
me regozija;
viajo entre estrelas,
de carona com a sorte.
Ajo feito um demente,

consoante as regras postas
e os costumes vigentes
e impostos pela habitual convenção.

Diante do amor, a mim me importa
o silêncio, a lava ardente
que inunda, derrete e rasa meu coração.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Diante do amor

Inveja do sol

 
Vencidas a opacidade
e a sensação de mofo
do inverno de Curitiba

com urgência eu preciso
trocar minhas lentes
por um par de óculos escuros.

Com urgência eu careço
de limites pra minha mente
e pro meu desejo elevados muros.

Pois nestes dias grandes
nestas horas longas e mornas
de sóis de verão

a beleza curitibana se expande
e a sensualidade das moças provoca
na gente a hipertensão.

Tanta sexualidade à mostra
tão perto da vista
quase ao alcance da boca!

Que inveja deste sol escaldante
com seus olhos grandes
com suas mãos atrevidas

rouba a roupa das gurias
e se debruça nas curvas esguias
enquanto em mim a baba expande!

Quanta inveja deste calor
e do vento que sopra vagaroso
e adentram seios e vãos!

Quanta bendita falta de pudor!
Quanta sedução
quase a meio palmo das mãos!

Cid Rodrigues Rubelita
 
Inveja do sol

Essencialidade

 
Excluídas as exigências convencionais,
elididas as diferenças sociais,
suprimidas as indiferenças raciais
e vencidas as filosofias dos intelectuais,

os humanos somos animais cotidianamente

carentes apenas de contato, de olfato, de tato,
e não de sapatos, aparatos e contratos;

carentes de calor, de amor, de despudor,
e não de avião, promoção e título de doutor;

carentes de carícia, de malícia, de preguiça,
e não de influência, fluência e contas na Suiça;

carentes de paixão, de emoção, de tentação,
e não de guerra, terras e grades de proteção;

carentes de relacionamento, de cumprimento, de sentimento,
e não de isolamento, armamento e muros de confinamento,

carentes de beijo, de desejo, de gestos benfasejos,
e não de guerrilha, quadrilha e ilhas de desterro;

carentes de paz, de cantigas, de poesia,
e não de rolex, duplex, veleiros carcomidos pela maresia;

e porque ninguém é de ferro nem de água
nós somos carecedores desmedidos
de dengo, chamego, cafuné e sexo;

mas para tal, é urgente que se faça uma claúsula
que declare a permissividade de viver despido;
chega de relógios, gravata, anágua, saia, terno.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Essencialidade

Intervalos

 
Quando se está na fase gestatória
Há um intervalo entre a existência e a vida;
É que para a cotidiana memória
A pessoa só existe se passível de ser vista.

Quando se vive na inocência de ser criança
Não há intervalos entre as brincadeiras e os sonhos
A não ser aqueles intervalos longos
Entre a boca da noite e o raiar da manhã.

Quando se está arrebatado por uma paixão
A vida se nos apresenta pautada de intervalos.
Se não está ao alcance de nossos braços
A pessoa que a gente ama, forma-se um vão...

Que mais se afigura um abismo.

Quando a chuva pára de cair
Após uma tempestade de verão
Entre a derradeira gota e o chão
Há um intervalo em que o sol voltar a luzir.

Entre as viagens de idas e vindas
Entre os encontros e as despedidas
Há um intervalo raso de saudades infindas
Nesta intolerável ausência da pessoa querida.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Intervalos

Te amo!

 
Te amo tanto,
de mais da conta;
Te amo muito
e este amor desponta,

diuturnamente,
feito sol reluzente
espargindo raios intermitentes
de encanto e afronta!

Te amo mais que tudo
que causa espanto
aos quatro cantos
deste perigoso mundo.

Te amo além do ponto
de equilíbrio racional,
com um tal
de amor natural e tonto,

que flui de meus olhos,
voz, modos e poros
que nem águas de um temporal.

Te amo assim fora da moda;
de alma, espírito e corpo
e já não me importa
a conclusão crítica dos outros.

Te amo com força descomunal,
que os sentimentos rompem a atmosfera,
que pinta nos dias meus esta aquarela,
que expõe minha felicidade no mural.

Te amo tanto
que a mim não me faz mal
nem me causa desencanto
a sua reciprocidade casual
e limitada à conveniência dos encontros.

Te amo muito além
dos termos ditos convencionais
e só Deus sabe quanto bem me faz
amar assim este alguém.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Te amo!

Amante incondicional

 
Com este alarido em harmonia
se eu fosse teu bem me libertaria

dos afazeres do dia-a-dia
só para me prender sem alforria

nos prazeres deste amor
- ou seria paixão, despudor -

até quase morrer feito beija-flor
afogado na concupiscência que extasia.

Afinal, aquém do mérito da filosofia
o que é a vida, analisa:

senão um punhado de dias
imprevisíveis e enxarcados de suor

para se arcar com os ares de doutor
e o conceito de sucesso que nos dita

esta sociedade decrépita e estúpida
- e a hipocrisia que nos veda a vida lúdica -

Portanto, se eu fosse teu bem me jogaria,
cego, no teu colo de amante incondicional

e causaria incomensurável dano moral
à enfadonha e insossa monotonia.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Amante incondicional

Olhos da saudade

 
Deste composto de carbano
encharcado de águas contidas
afloram, feito a imensidão do oceano,
olhos rasos de saudade desmedida.

Revolvem-me a um passado remoto,
os olhos da saudade,
e, com tamanha intensidade,
que até te abraçar eu posso.

Todavia, os olhos da saudade são irrequietos
e aspiram a todos lugares a um só tempo;
quando, definitivamente, tenho-te mais perto,
fecham-se os olhos e confundem meus sentimentos.

Têm a aguçada visão dos linces,
os marejados olhos da saudade;
e um poder próprio dos príncipes
e um encanto próprio da divindade.

Os olhos da saudade, arregalados,
fazem de meu coração uma estrela,
que cintila de lado-a-lado
do universo para a felicidade de tê-la.

Os marejados olhos da saudade
tranformam a minha vida
num barco à deriva;
sem ela, meu porto, minha felicidade.

Cid Rodrigues Rubelita
 
Olhos da saudade

Cid Rodrigues Rubelita