Poemas, frases e mensagens de Blackbird

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Blackbird

"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou

Dez anos depois de ti. (O menino que nunca quis crescer)

 
Dez anos depois de ti. (O menino que nunca quis crescer)
 
NOTA DE AUTOR: Aos que dedicarem um tempinho a ler isto... Obrigado, e jamais deixem de ser meninos ou meninas e de sonhar.

Dez anos depois de ti. (O menino que nunca quis crescer)

Dez anos passaram… Ele cresceu. E ainda hoje é o mesmo menino. Diferente!
Ainda hoje ele a espera. Ainda hoje ele fica parado junto ao mesmo portão por onde ela entrava todos os dias. Esse momento mágico em que ela lhe devolvia o sorriso. O sorriso daquele pobre menino. Ainda hoje ele a procura no mesmo mundo. Nesse gigante pátio onde eles brincavam. Na velha cabana de madeira. Naquele frio, frio banco de pedra onde um dia ele lhe disse: "Gosto de ti.".
Nessa mesma eternidade de hoje. Esse mágico amor: "Gosto de ti."…
Ainda hoje, no antigo rádio ele ouve a mesma canção. Repetida nos anos vezes sem conta… Saudade é o nome dessa velha música que ele já conhece de cor. A letra foi ele mesmo que a escreveu. Ao longo desses intermináveis anos em que a esperou. Ainda hoje essa música não tem pontos finais. Ainda hoje ele a escreve, a lágrimas, nas paredes dessa velha cabana de madeira que já não está no pátio. Essa música eterna que ele não sabe de onde vem…
O tempo passou. O menino cresceu mas não quis crescer. Ainda hoje ele a espera junto a esse portão verde. Ainda hoje ele a espera junto a esperança de que ela lhe traga novamente o sorriso perdido. Ainda hoje ele espera perdido algures nesse dia em que ela não veio. Preso a essa loucura de procurar por ela. Ainda hoje! E já não o diria ninguém… ele procura por ela em todos os cantos desse enorme pátio, do mundo talvez. Nessas imperfeições perfeitas que o tempo se esqueceu de limar…
Chegou mesmo a pensar que ela era sonho. Que era uma esperança inventada. Talvez seja mesmo... Deixemos iludido o menino!
Ele procurou-a, dias e dias nessa fútil e louca procura. Ela não veio nesse dia em que partiu. Nem no seguinte. Nem mesmo em todos os outros que se seguiram. Ele ainda dobra as esquinas à espera de um milagre de uma religião em que ele nunca acreditou. Ainda agora ele percorre as ruas ofegante a correr, pensando talvez tê-la visto. Quem sabe talvez…
Ele afinal ainda espera essa dor suave no peito; essa que diga: "…Ela voltou!". E ela voltou mesmo numa tarde, num outro rosto que não dela. Nos rostos das moças da cidade. Cada traço era dela. mas o rosto não!
Nunca a esqueceu esse menino… Aqueles olhos, um mar perdido onde ele navega num barco sem velas à espera de um vento que a traga. A escuridão dos cabelos dela. A escuridão que ainda hoje ele trás por dentro. O tempo ainda vive preso nesse gesto que ela fazia com a sua mão de pele de neve.
Quem olhar para esse menino, verá nos olhos dele um pouco do azul dela também… Depois disso nada verá senão um corpo vazio e cheio de esperança. Esperança de um dia encontrar de novo essa menina que ele nunca esqueceu…
Ainda hoje ele a espera junto a esse portão verde. Essa esperança de um sorriso breve. Esse breve breve: "Gosto de ti…"
Ainda hoje ele sonha reencontra-la. Ele hoje talvez já não seja esse menino que sonha. Mas um sonhador menino… Que procura por ela. Ela; Julieta…Dulcineia…Pandora. E ele o herói que a procura em outras histórias que não a dele. Outros mundos perfeitos de momentos imperfeitos. Em noutras impossibilidades e esperanças. Ela que é Maria… seu primeiro amor…

(Quem sabe um dia não serás tu. Quem sabe um dia; algures um portão se abra e sejas tu procurando por mim… Quem sabe, tu existas mesmo. Quem sabe se um dia um sombra me tape o sol, eu me vire e descubra que és tu… Quem sabe um dia; já tenha eu partido à procura de ti noutros mundos, ou esteja mesmo morto. Morto dessa espera, morto por essa esperança que eu tive. Quem sabe morto por essa tua ausência… Quem sabe um dia, tragas na mão uma flor e a deixes junto a essa pedra onde estão escritas palavras de saudade que nunca ninguém deixou por mim… Quem sabe essa flor simbolize mais que um adeus, mas uma esperança. E partirás sorrindo para mim… e quem sabe eu esteja sorrindo também. Algures sentado de frente desse portão sem tempo; por onde tu virás um dia…)
 
Dez anos depois de ti. (O menino que nunca quis crescer)

Carta ao meu amor maior (Ela para ele)

 
Carta ao meu amor maior (Ela para ele)
 
À morte dirás o meu nome;
Para que ela saiba
A quem te trazer de volta...
À morte falarás do nosso amor;
Não, para que ela nos inveje;
Mas para que te envolva
E te traga de volta, seguro a mim.
Nesses caminhos antigos de onde viemos,
À juventude fomos esquecidos
Por já sermos de há tempo demais.
Mas a mim que ninguém me minta;
Que exista hoje como igual,
Amor assim como o nosso!
Resistindo ao tempo,
Que no espaço nos tornará pó.
Mas em qualquer tempo,
Em qualquer espaço:
Alma apenas uma;
Nunca desencontrados...

Imagem:
https://teatroeningles.com
 
Carta ao meu amor maior (Ela para ele)

A todos! "Às vezes o luso decepciona!

 
O luso já decepciona!

Depois de uma longa ausência deste site que considero uma casa deparei-me que mais que nunca há guerras entre esta grande família, o que me estranha a mim é o site em vez de ter um webmaster (e peço desculpa ao Trabis) devia era ter um babysister, porque parece que neste site há meninos e meninas egocêntricas e infantis que só se importam consigo mesmos, o que nos remete para a adolescência e não para a idade adulta (que é a idade que maioritariamente constitui o site); parece que a maioria dos usuários deste site, não falando em particulare está mais preocupado em viver a vida a criticar os outros do que a viver a sua própria vida.
De certeza que muitos ficarão ofendidos com este meu texto, mas, meus amigos; azar! É o que eu penso…
E aos que pensarem mandar pm’s a fazer más criticas ou difamar o meu nome eu direi:
e?

Uma coisa que eu gostaria mas que sei que é muito utópica era ver todos os escritores deste site “entre-ajudarem-se”, como eu já fiz e como já o fizeram comigo, mas sei que isto não será impossível, pois certas pessoas, e segundo o que me chegou aos ouvidos, não são capazes de se reduzir ao seu estatuto de pessoas apenas, querendo ascender ao “cargo” de deuses ou alguma coisa parecida.
Tenho a certeza que o Trabis (peço mais uma vez desculpa por invocar o Trabis) quando criou este excelente site fê-lo com o intuito de partilhar a sua experiência poética e de partilhar textos com os outros e de poder, ler e escutar o que os outros têm para dizer ou mostrar…

Parece que tem que ser um puto de 18 anos como eu a chamar a atenção a adultos que já deviam ter suficiente maturidade para deixarem de ser piegas e altruístas… o que interessa se o sujeito X comenta o sujeito A e não comenta o B e o C? Para que é que se lutou pelo 25 de Abril, e pelos direitos de todos? O sujeito X é livre de comentar que quiser e não tem de obrigatoriamente comentar ou ler este ou aquele, que se julgam mais importantes que todos. Somos todos exactamente iguais neste site. Uns estão há mais tempo outros há menos, apenas isso nos diferencia! Eu posso ter um texto e mais de mil comentários e leituras, e ser tão bom ou pior que um sujeito que tem um texto, uma leitura e um comentário.

O que interessa é que todos zelem pelo bem-estar deste site e que não andem a bulha para ver que é que fica com o “brinquedo melhor”, porque se não qualquer dia, e mais uma vez, peço desculpa, o Trabis criador e Webmaster deste site cansa-se e toma um papel de babysister e tira o brinquedo a todos e ninguém brinca mais aos poetas!

Este foi apenas o meu ponto de vista enquanto membro desta casa e jovem adolescente!
Espero que quem queira reflicta sobre o meu ponto de vista, tome uma posição mais acertada, pois este conflitos já causaram demasiados “estragos”, chegando mesmo a demover pessoas a saírem deste site.

Peço que quem queira debater o seu ponto de vista o faça aqui mesmo com um comentário, pois a mim o texto que apresentei não me pesa na consciência!

Com os melhores cumprimentos a todos os usuários e visitantes!

Blackbird (Tiago Freitas)
 
A todos! "Às vezes o luso decepciona!

Amar-te-ei sempre

 
Para ti:

Estou tão encantado por ti.
Tão fascinado por ti.
É tão belo o teu jeito de fazer milagres,
Por dentro das salas escuras e estranhas
Que existem no meu bizarro coração.
Adoro o jeito como penduras esses quadros
Com as nossas memórias,
Por cima de todas as más que ainda cá restam...
Amo a maneira como me decoras por dentro,
Como me sabes e me conheces.
Quando entras em mim,
Por entre o meu olhar de perdido
De sem saber quem sou,
Em passos leves de princesa,
De guerreira que me veio salvar.
Sorris;
E iluminas-me em todo o lado;
Em todo o lado onde eu nunca fui feliz...
...Fazes-me feliz dentro de mim próprio!

Amares-me assim,
Faz-me amar-te ainda mais.
Amo-te mais hoje mais que ontem,
E amanhã mais que em qualquer dia;
Até não haver dia mais nenhum para mim,
Nenhum dia para te ver.
Mesmo que um dia;
Como nos acontece a todos
Eu deixe de existir,
De sorrir
E de ouvir desta maneira que só eu sei te ouvir;
Cumprirei sempre a promessa que te fiz:
Amar-te-ei,
Sempre!
 
Amar-te-ei sempre

Mãe...

 
Mãe...
 
Mãe…
Quando tu partires…
Quem me acolherá nos braços?
Quem me contará as histórias que só tu sabes?
Pois foste tu que as contaste
E que as escreveste no teu coração
Só para mim…
Só para eu as ouvir…
Quem passará as mãos nos meus cabelos
Quando os dias cinzentos chegarem
Para me assolarem com os seus trovões?
Quem ajeitará os lençóis da minha cama
Quando o frio desejar a minha pele?
Quem me beijará o rosto
Com mil palavras de tranquilidade?
Quem acalmará o meu coração?
Dizendo que os monstros
Só existem na imaginação...
Quem passeará comigo
Por lindos jardins de amor
Pelas longas estradas do teu coração?
Quando tu partires…
Quem me deitará sorrisos simples
Quando o meu infantil coração deixar
As lágrimas lavadas do meu sentimento
Escaparem por entre os meus olhos?
Quem será que fará tudo isto?
Ninguém...Ninguém!...
Pois quando tu partires
Minha mãe...
...Partirei eu também!…
 
Mãe...

Era uma vez um monstro que amou uma boneca de trapos...

 
Era uma vez um monstro que amou uma boneca de trapos...
 
 
Era uma vez um monstro que amou uma boneca de trapos…

Era uma vez um monstro disfarçado.
Fingia, o pobre! Que era príncipe encantado…
Correu, correu pelo pátio enfeitiçado
O feio monstro que estava amaldiçoado.

Correu o monstro que era feito de giz
Procurando a princesa iluminada.
Procurou pensando em ser feliz
Ao encontrar a princesa ainda nem desenhada…

Passou ele por mundos em segredo
Sempre correndo e já desesperando;
Até que finalmente subiu a um rochedo
E encontrou a esperança que estava faltando.

Ficou então o monstro logo muito contente
Ao encontrar o grande castelo.
“Lá haverá certamente princesa e gente,
Para amar este príncipe que é tão belo!”

Aos portões do castelo ele parou
E bem alto, gritando exclamou:
“− Venham ver este príncipe que agora aqui chegou,
Tão belo! Mas que nunca ninguém amou...”

Mas no castelo o silêncio reinou;
Nada, nem ninguém respondia…
Afinal naquele castelo nunca alguém morou;
Mas o pobre monstro que nem sabia!

Então, destemido, lá foi entrando
O grande príncipe tão corajoso.
Foi a cada canto espreitando, espreitando;
Sem saber daquele segredo misterioso

Por fim o triste príncipe lá concluiu:
Que não adiantava ter vindo de tão longe além
Pois naquele castelo há muito reinava o vazio
E nunca morou lá ninguém…

Logo o alento do monstro se perdeu
Ao perceber que iria ficar sozinho
Então a chorar o infeliz monstro correu
Até que tropeçou em algo no seu caminho

Era uma boneca, coitada muito feia
Deixada assim abandonada pelo chão;
Ao monstro deixou-lhe uma mão cheia
E aquecido o frio coração…

A pobre boneca que era de trapo
Tinha a boca cozida sempre a sorrir;
E o monstro que estava feito farrapo
Começou logo a rir!

A feia boneca fora então a primeira
Que ao triste monstro sorriu.
Talvez a única realmente verdadeira
Que alguma vez aquele príncipe viu!

Sendo princesa ou não!
Ao certo, é que o monstro ficou feliz.
Pois a boneca que tinha na mão
Amou o príncipe que era de giz…

(Assim foi a história de amor;
Entre o príncipe que era monstro tal
E a linda boneca de trapos sem cor…
Que se amaram pelo que eram afinal!)
 
Era uma vez um monstro que amou uma boneca de trapos...

Apocalpse

 
Apocalipse

Há um monstro do outro lado da sala.

Há um monstro do outro lado da sala
Que tem o olhar fixo em mim.
No ecrã vazio da televisão
Está um monstro lá preso que olha para mim;
Tento distraí-lo, mas não me larga…
Está preso em mim;
O monstro dentro de mim
Que me grita aos ouvidos que não me servem para ouvir,
Frases loucas e ecos,
Erros que não deixo de repetir.
Há vezes em que monstro toma conta
E não me deixa sentir.
Fica ele com as dores para que eu possa fugir.
Mas isso deixa-o zangado,
Frustrado
Esse monstro preso e amaldiçoado
A viver dentro de mim.
Tenho pena dele…
Se já não bastasse eu a viver em mim,
Dei a este monstro este fim.

Ele por vezes conta-me histórias de alguém que conhece:

“Tudo nele é uma tragédia,
Parece estar para morrer.
O melhor desta comédia,
É que lhe acontece tudo antes de adormecer.
Palpita-lhe o coração,
Faz-se de forte;
Treme-lhe o chão
Por debaixo do colchão,
Já acha que é a morte.
Tic-tac, tic-tac, tem que adormecer
Há um prazo para pegar ao trabalho
Antes de morrer…
Entope-lhe o nariz,
Não consegue respirar,
Encontrou o amor, já acha que é feliz,
Por isso é tempo de finar…

Faz planos e contas para ganhar;
Mas ambos sabemos que vai falhar.

Assim acha que é a vida
Assim acha que o vou matar…”

Ninguém compreende,
Ninguém sente,
Só quem está no centro.
Há um monstro em mim;
Que espreita no silêncio que trago dentro…
 
Apocalpse

Adeus Luso Obrigado! E Desculpem-me...

 
Perdoem-me…

A todos os que me amaram…

Peço desculpa pelo que irei em breve fazer. Não sei quando, nem se calhar o porquê… Talvez porque cresci… ou porque abri o olhos como sempre me disseram para fazer…
Espero que se lembrem de mim com o sorriso que nunca tive…
Peço-lhes desculpa, também, por mais uma partida nas vossas vidas. Peço desculpa por alguma vez, ou agora ter magoado alguns de vós; nunca foi por mal…sempre fui, e serei, uma eterna criança triste…
Desde a morte do meu pai, que tudo na minha cabeça se tem afundado num mar negro e imaginário, em que sou grande, como nunca fui ou serei na vida… Desde essa tragédia, minha e da minha família, que eu disse ser forte! Mas sou fraco, demasiado fraco! Escondi as lágrimas, para os que amo não sofressem… perdoem-me por isso os olhos secaram e essas mesmas lágrimas não libertas refugiaram-se naquilo que vulgarmente chamamos de alma, mas que é mais uma parte deste nosso cérebro…
Ai tudo começou o silêncio (que agora faz eco em mim), e com esse perturbador silêncio, veio a escrita… Mundo só meu, onde ninguém entra… Eu devia ter pedido ajuda, mas nunca o fiz! Arrependo-me profundamente, desse meu tolo erro, mais um entre tantos, que diariamente me consomem. Peço desculpa àqueles que me deram o ombro para chorar, que eu não acedi…
Voltando ao meu mundo; foi esse que me acolheu, em falsas promessas de uma duradoura felicidade… E foi nele que me fui mergulhando…mergulhando…mergulhando…até não saber mais voltar…
E agora que não sair, sufoco em mim! Desculpem ter mergulhado e não saber voltar…
Desculpem por ser fraco! Por ser tolo! Por não aguentar! Por talvez vos ter feito sofrer… Desculpem, nunca foi minha intenção…

À Daniela! Sempre amarei, e devo um particular pedido de desculpas, desculpa por amar-te! Desculpa… Nunca o quis, mas infelizmente, aconteceu… Vi nela uma hipótese de fugir, de escapar do meu mundo!... Sempre recusei amá-la! Mas é inevitável, tão meiga, o meu pai adorou-a!
E eu amo-a, Desculpa fazer-te sofrer, e amar-te mais em segredo, do aquilo que gritava ao mundo!
Mãe; por ir destruir tudo aquilo que foi um dia, apesar da perda do seu companheiro… vi-a sorrir, e é disso que me lembrarei quando estiver sabe-se lá onde…
Desculpe Pai; por ir mais cedo do que devia e pelas coisas que devia ter dito e não disse
Aos Irmãos; tenham a força que nunca tive!
Ao resto da Família; desculpem-me e aproveitem todos os momentos uns com os outros…
Aos amigos; os verdadeiros, e os que conviveram comigo, ou que eu não achei verdadeiros…
Obrigado a todos!
Mas isto é inevitável…

Lembrem-se de mim com um sorriso, que poucas vezes foi verdadeiro…
Quando se lembrarem de mim… Pensem que estou a voar, como sempre o fiz…

“Enquanto criança, nunca imaginei o meu futuro…”

“Que a morte traga, a felicidade que nunca tive em vida!...”

Desculpem…

Por: Tiago Filipe Jesus Silva Freitas… 02/12/08
 
Adeus Luso Obrigado! E Desculpem-me...

Um vestido vermelho…

 
Um vestido vermelho…
 
Foi apenas o que deixaste…
Um vestido vermelho
Onde não estás.
Conto as horas
Mas a morte teima em nunca me chegar.
Recordo o teu rosto em todas as molduras vazias
Olho o pôr-do-sol e pergunto porquê.
Deste-me a razão de viver,
E agora não estás!
E eu perdi-me…
Tão bela que estavas
Naquele momento
Em que dissemos sim à eternidade!
Esfrego as lágrimas ao vestido
E perco o caminho,
Sem ti não sei contar os dias
Pois nada importa…
Onde estás que eu não te encontro?

Nunca dissemos adeus!
Nunca realizamos os sonhos!
Nunca fomos um apenas!
Nunca mais voltaste…
Mas também eu sei;
Nunca partiste!
As flores nada agora significam…
Não voltarás nunca!
Venha a morte e nos una!
Venha morte e nos faça eternos um do outro!

Apenas um vestido vermelho!
E a palavra: “Amo-te!”
Foi apenas isso que me deixaste!
No dia em que nos meus braços,
Morreste sem honra;
E sem dizer: “Adeus!”
Adeus meu amor
Que amanhã estaremos juntos!
Como assim fomos destinados:
Para Sempre!
 
Um vestido vermelho…

A beleza dos nossos olhos.

 
A beleza dos nossos olhos.
 
No outro dia sonhei contigo meu amor.
E com outras coisas
Vagas demais para serem lembranças.
Sonhei contigo e com a noção
De eu ser real para ti...
E tu existias mesmo
E eu existia para ti,
Existiamos um para o outro
Como unos.
Porque nos sonhos tudo existe
E nós tambem existimos;
Tenho quase a certeza que existimos!
Mesmo que só por aquele instante
Em que se dá o sonho.
Sonhei que eras bonita
Como eu sempre quis,
E ao mesmo tempo feia
Porque eu nunca soube como te queria.
Apenas te tinha
Como naqueles sonhos que eu tenho
Quando é de dia e eu estou acordado.
E do sonho;
Não me lembro de mais nada
Que senão de nós os dois.
E só isso me bastou...
E ainda basta.

Mas ao mesmo tempo que me sorrias
E que me amavas
(Sim! Porque no sonho eu também fui amado.)
Mais bela tu ficavas
Aos olhos que eu tinha de ver,
No sonho que eu tive
Quando era de noite.
E demos as mãos
E dançamos
E fizemos tudo só nessa noite.
Porque agora que já não estou a sonhar
Mal me recordo desse sonho,
Mas tenho quase a certeza
Que fizemos de tudo,
Das coisas que eu quero fazer
Sempre que tenho outros sonhos acordado!
Porque eu já sabia
Que não mais sonharia
Contigo outra vez.
E agora que estou acordado,
E que é de noite,
E que escrevo o meu sonho
Porque tenho a esperança
De ter o sonho
Que tive da outra vez em que sonhei;
Espero sonhar-te outra vez.
Assim feia e bela ao mesmo tempo.
Porque essa beleza
Que tu tiveste no meu sonho,
Que só foi bonito para mim;
Estava nos meus olhos
E nos teus olhos que olhavam para mim...
E éramos os dois bonitos
Um para o outro
E para mais ninguém.

Porque a nossa beleza
Estava na beleza dos nossos olhos
A olharem um para o outro.
 
A beleza dos nossos olhos.

Suicídio Cobarde

 
Suicídio Cobarde
 
É tempo de ir.
De deixar os mundos…
Deixar para trás um legado;
Uma lágrima no rosto de alguém.
Um eterno pedido de desculpa…

A noite é presságio
O dia é inexistente luz…
O vago é mais um espaço feito de tudo…
Cheio de nada!
Assim me rodeei do mundo;
De métricas e espaços concretos;
De alquimias e sonhos sem rosto;
Eternas descobertas num simples gesto.
O sorriso que por vezes faltava!
A eterna pequena palavra
De grande significado:
Amor!

Procurar-te-ei em outros tempos
Em outros espaços
Em outras ciências
Em outras descobertas e outros gestos
Em outros eu’s nos mesmos sonhos de rosto apagado.
Ontem fui o eu de ontem;
Hoje sou o eu de hoje;
Amanhã serei o eu de depois;
E então serei o eu de sempre,
De todos os dias!
Eu.

Hoje és sonho
Amanhã de sonho não passarás!

Os anos passarão!
O pó virá cobrir o tempo,
Silenciosamente entre preces proferido,
(Quem as proferirá a quem? Para quem?)
Será segredo!
Apenas as paredes da surdez o ouvirão…
Ouvirão o silêncio!
O rosto apagado de alguém sem eu!

O suicídio assim se fez;
Proferido em silêncio a uma alquimia sem sonho.
O segredo de um rosto apagado
Sem espaço e sem tempo…
Morto!
Morto pela palavra de um simples gesto de amor
O pó dos mundos.
O pó do olhar da questão
(Qual é o sentido de viver?)
Assim se calou.
No silêncio
Na métrica sem rosto dessa Alquimia de significados.
(Alquimia do sonho perdido!
Dirão os estudiosos do cadáver.)

Procurar-te-ei sempre…
No eu de ontem
No de hoje,
No eu de sempre…
Mas tu só virás amanhã!
Apenas amanhã!
Descobrir o meu rosto apagado.

O meu rosto de um suicídio cobarde…
 
Suicídio Cobarde

A felicidade…

 
A felicidade…
 
Sempre que amares,
Desejares, ou fores em alguém
Se apenas tu!
Sempre que vires diante dos teus olhos
A felicidade passando adornada em sorrisos;
Não a deixes escapar!
Agarra-a com todas as forças que tens…
Não a deixes escapar,
Pois ela dificilmente passará duas vezes...
Sempre que alguém que ames;
Estiver a chorar, ou num aperto de coração;
Abraça-a;
Diz que a adoras.
Que o teu mundo sem ela é incompleto;
Que nada faz sentido…
Deixa-a humedecer o teu ombro com as suas lágrimas;
Deixa-a lamentar, gritar bem alto,
Bem perto do teu ouvido;
Para que saiba que a ouves;
Para que saiba que faz parte do teu mundo…
Que és como um puzzle incompleto
Se ela desaparecer, e não mais estiver…
Diz-lhe as palavras que percorrem o teu coração
Transmite-lhe segurança;
Diz que o mundo não lhe fará mal
Pois sempre estarás presente…
Diz que junto ao candeeiro da cómoda,
Está uma pequena moldura;
E que lá está uma fotografia dela
E que sempre que adormeces;
Lá está ela sorrindo…
Esperando que sol volte para te bater na cara
E enquanto lentamente abres os olhos;
Lá está ela outra vez…
Dizendo um bom dia em forma de sorriso!
Sempre que amares alguém, mais que do fundo coração;
Afina a garganta e grita ao mundo:
Amo-te; és tudo em mim!
E assim saberás;
Na escuridão jamais cairás!
E o que fica lá bem longe da escuridão;
Tem de lindo nome:
Felicidade!...
 
A felicidade…

Sinto a tua falta sem teres partido.

 
Posso sentir a tua falta
Sem nunca teres partido?
Sem nunca teres chegado sequer.
Sem nunca nos ter-mos encontrado.
Podia passar uma vida inteira
Como se acolhido
Ao calor dos teus braços,
A cada madrugada
Como que nascida
Só para nós os dois;
E ainda assim
Nunca te ter encontrado
Na estrada que leva ao sentido da vida...
Poder ter-te realmente,
Sem nunca ter-te no real;
Eis o poder da imaginação...
Serei velho;
Pintar-te-ei num quadro,
Sem ter como a minha
A mão de um pintor
E o jeito de o fazer.
Imaginarte-ei já na minha loucura
Com o corpo completo
E o rosto ainda jovem.
Vestida com o teu vestido vermelho
Que usaste desde sempre,
Desde o dia
Em que mais precisei de te conhecer.
Vinhas de uma festa sozinha,
Sobre um casaco de cabedal
Que parcamente te protegia da chuva.
Ofereci o meu guarda-chuva
E a minha companhia até casa,
Desde ai não mais só
Não mais à chuva voltaste a casa.
Ou estavas numa esquina
Que a matemática permitiu existisse;
À roda numa espontaneidade só tua,
Apenas no meio da rua
Sem o medo que eu tinha nos olhos
Que atentamente te observavam.
Então paraste!
E fizeste o mundo retornar
A girar ao sentido normal.
Olhaste pra mim.
E foi a minha terra que tremeu
Como no livro que li já demasiadas vezes.
E a sorrir disseste olá.
Nunca em outro dia
Girou o meu mundo no sentido normal.
Mas isso foi em mim
Ou no quadro que pintarei já velho,
Mas tudo sobre a tela da imaginação.
Hoje estou de luto.
Acaba o dia e não te encontrei.
Talvez amanhã,
Quando o sol aclarar a madrugada
E eu guarde no corpo
Os restos de mim.
E encaixe a esperança,
Como que por engano,
No buraco onde se encaixa o coração.
Amanhã encontrar-te-ei.
Tenho quase a certeza que sim,
Apenas não sei quando é amanhã...
 
Sinto a tua falta sem teres partido.

Confesso o menino que houve em mim...

 
Num dia em que já fui menino
quando não sabia o que falava…
disse palavras
que nem a lua compreendia
Disse palavras
que escureceram para sempre o dia
palavras insensatas
e que nunca sequer
deviam ter sido inventadas…
Palavras de ódio,
revolta e raiva…
E agora
Tarde demais peço desculpa
Pois agora já não sou
o menino insensato,
de tudo farto!
Agora faço a única coisa
Que posso, e devo fazer…
Desculpe meu pai!…
 
Confesso o menino que houve em mim...

Hoje morreu um poeta!

 
Hoje morreu um poeta!
 
Hoje morreu um poeta!

Hoje morreu um poeta! Mais um…
O óbito sucedeu-se pelas cinco horas e vinte e cinco minutos da manhã da passada sexta-feira. O poeta entrou nas urgências do hospital Das Dores por volta da uma da manhã, segundo os testemunhos prestados pelas pessoas que se encontravam no local na altura em que este entrou.
Também segundo as mesmas testemunhas, conseguimos saber que o dito poeta não apresentava qualquer sintoma de uma possível doença grave; segundo os mesmos, este entrou pelo seu próprio pé nas urgências e dirigiu-se ao balcão da recepção. Tentámos obter o depoimento da recepcionista presente na altura, mas esta não quis fazer qualquer tipo de declaração.

“Perguntei-lhe se estava bem. Ao qual eu respondeu afirmando que tudo se encontrava bem. Falou numa voz calma e serena; a única coisa que notei estranha nele foi o olhar. Parecia meio distante e triste. Ainda insisti e disse-lhe que tinha um olhar muito triste, Ele respondeu que era poeta, e então eu percebi tudo e não insisti mais...” Este foi o depoimento de uma testemunha que chegou a falar com o poeta antes de este entrar nos cuidados intensivos do hospital, onde permaneceu cerca de uma hora e trinta minutos.
Segundo o que conseguimos apurar através de um comunicado pela parte da direcção do hospital o poeta morreu devido a razões desconhecidas. Pedimos esclarecimentos ao médico que acompanhou o caso e este afirmou o seguinte: “Não sabemos ao certo de que é que morreu o poeta. Depois de termos levado o escritor para a sala de cuidados intensivos, através de exames conseguimos descobrir que este sofria de solidão tipo C. Sendo a mais grave das solidões, levámos imediatamente o paciente para a sala de operações para ser submetido a cirurgia de quadras, mas já sem sucesso. Ainda o ligámos à máquina de escrita assistida e mantivemo-lo durante toda a operação a soro de sonhos; mas mesmo assim não obtivemos qualquer melhora. Resultando no triste óbito do trovador…”
Já depois de confirmado o óbito, na morgue ainda foi detectado na garganta do escritor, cancro do esquecimento num estado bastante já bastante avançado, que poderá ter sido, também, a causa da sua morte. Tendo acesso aos exames do poeta, generosamente fornecidos para investigação pelo hospital, conseguimos averiguar que o poeta detinha ainda no sangue ilusões; e que estas o impediam de presenciar e viver o real.

A Direcção do hospital numa comunicação oficial à impressa exclamou o seguinte: “Hoje morreu mais um poeta! Infelizmente foi neste nosso já de si triste país. Pedimos a todos os leitores de livros que demonstrem o seu luto neste dia em que morreu este poeta!”
E assim foi hoje de manhã, em Lisboa, cidade deste e outros poetas, as pessoas saíram para a rua de negro e tristes…

Apenas uma pessoa estava de luto, vestia branco e andava feliz…
O verdadeiro e único leitor do poeta!
 
Hoje morreu um poeta!

Infancia em olhos azuis

 
Infancia em olhos azuis
 
Esperar-te-ei a vida inteira
Para te ter apenas um segundo!...

Onde quer que estejas...
Trás contigo o meu coração,
Maria;
Primeira e eterna unica!

Todas iguais a ti! Nenhuma parecida contigo!
Aparece agora,
Ou será tarde demais!
 
Infancia em olhos azuis

Obrigado, Luso-Poetas!

 
Obrigado, Luso-Poetas!
 
Em tempos quando fui eu próprio
Senti o desprezo,
Desprezar-me...
E na minha dor
Peguei numa folha de papel
Apertei-a no peito
Desenhei-o em palavras...
Numa excitação total...
Resolvi mostrar o que sabia fazer
Mas todos disseram:
”- Nunca irei ler!
- tu não vales nada, e não irás vencer!“
E eu perguntei:
- Será que saberás como ler?

Continuando então
Nesta minha solitária demanda
Viajando algures...
Por todos os lados;
E lado nenhum...
Andei sem a razão
À procura do pensamento
À procura de mim próprio...

Sozinho não me consegui encontrar
Só num sítio fui capaz de o fazer
E lá encontrei também a razão p’ra escrever...
Um sítio onde me senti igual...
Onde todos são admirados...
Escrevendo milhões de poemas,
Ou uma singular palavra...

A todos os que me ajudaram!
A todos os que se arrepiaram!
Aos que até choraram!
Ao lerem-me a cabeça...
Ou os que leram simplesmente
Aquilo que escrevi, e senti
Com cada poro da minha pele...
Obrigado!
Obrigado a todos vós!...
Encontrei a minha casa e os meus familiares
E nunca de lá sairei...
Pois encontrei a razão
Com vós senti-me eu...
Um novo eu;
Não apenas uma voadora mancha negra.
Com vós senti-me Poeta!
Obrigado!
Obrigado, irmãos feitos de letras!

Não é de certeza o mais bonito poema mas foi escrito com o maior sentimento de todos: A AMIZADE...
 
Obrigado, Luso-Poetas!

Alzheimer…

 
Alzheimer…

“Quem sou?”
Não sei!
Só tu sabes quem sou…
Apenas tu sabes quem sou!
Porque se tu não o soubesses;
Ninguém mais o saberia.
Se tu não soubesses;
O mundo inteiro ter-me-ia por incógnita…

“Quem sou?”
Tu sabe-lo!
Tu sabes quem sou!
Sabes por está nas tuas lágrimas,
No teu esforço,
No teu suor,
Em toda a tua dor,
E em todas a outras coisas que te compõem
E que fazem de ti um ser…
E sobretudo;
Nesse teu enorme coração…

Tu sabes quem sou!
Porque se tu não soubesses;
O mundo inteiro não saberia!
Eu não saberia
E nem sequer existiria!
Perguntas-me:
“Quem és?!”
Tu sabes quem sou!...
Eu sei que tu sabes!
Porque se tu não soubesses;
Quem mais no universo saberia?

Dedicado à dor da minha mãe
Por perder aquela que para ela era
Como uma mãe…
 
Alzheimer…

Onde estás?

 
Onde estás?
 
 
Onde estás?

Quantas vezes já te procurei?
Em quantas caravelas,
Que já não saem do velho cais;
Eu me vi partir à tua procura?
Quantos desertos e tempestades eu já atravessei…
Quantas memórias já perdi;
Quantos caminhos, já cruzei iguais?
Quantas vezes me perdi nas florestas densas
Que estão dentro de mim?
Quantas vezes já gritei em desespero o teu nome…
Quantas vezes…
Só por ti!

Arriscava a dizer que já nem sei…
Arriscava dizer que desde sempre foi assim.

Quantas vezes não fui o mendigo da rua?
Quantas vezes não fui o louco,
Pedindo longe à lua…
Que te trouxesse para mim?!

Quantas ruas e cidades eu percorri;
Pensando, "quem sabe?", algures
Ter-te visto a ti?
Quantas pedras não virei, por sinais?
Quantos mundos não imaginei
E sozinho os pintei…
Só para te imaginar; a ti!
Só para te pintar; a ti!
Só, por te ter p'ra mim?
Nesse egoísmo sem tempo,
E sem procura que é o amor…

Quantas vezes por ti não fui herói?
Quantas mais vezes,
Não fui o cobarde a fugir;
Só para poder voltar p'ra ti?
Só para ter esse amor que já me dói…
Só por essa procura incessante de ti…

Quantas e quantas vezes fingi ser poeta;
Para que tu! Só tu;
Fosses minha musa de poemas
Minha existência? …

Quantas e quantas vezes não morri!
Quantas?
Nessa esperança…
Quantas? ...
Nessa eterna minha procura por ti…
 
Onde estás?

Num tempo morto…

 
Num tempo morto…
 
Procurei-te eternamente…
Mas sem eu saber
Um dia o tempo morreu!
De mim eu me perdi…
Perguntei ao vento
Onde tu estavas,
"O que era feito de ti?"

Não me respondeu.
Não sabia ou porque não quis.
Perguntei ao céu negro
Que sobre mim se estendeu.
"Que mal meu Deus eu fiz!

És tu a minha velha história
Que já ninguém me sabe contar…
Meu silêncio escuro,
Que procura teu olhar!

Porque serás sempre
A alegre memória
Que me tenho na realidade de sonhar.
Ai coração que me bate
Que me faz viver!

Deixarei uma flor
Onde o tempo se deixou morrer
E lá estarei ainda esperando por ti.
À beira desse beco
Que se estende
Como se fosse precipício…

E num dia escuro, cinzento.
Tu voltarás p'ra mim
Nesse nome sem rosto
Que é um eco de uma só voz
Que triste; te esperou até ao fim!
 
Num tempo morto…