O Pesadelo
Naquela madrugada ainda cedo,
Acordei, mas ainda estremunha,
Tinha a face alterada pelo medo
Do pesadelo com que fui atormentada.
Meu coração batia descompassado,
Tinha lágrimas dos olhos a brotar,
Tentava esquecer o pesadelo
E as imagens que teimavam em ficar.
Se os sonhos são o reflexo da mente,
Tenho que reconhecer que ando perdida.
No pesadelo enfrento uma tormenta
Tal como estou enfrentando em minha vida.
Num barco já meio despedaçado,
Ando à deriva e um mar revolto enfrento!
Ondas gigantes se abatem sobre mim
Tento remar contra a maré e contra o vento.
Tento esquecer e com o passo lento
Me encaminho p`rá janela devagar,
E oferecendo o meu rosto ao vento
Sinto algum alento ao respirar.
Olho p`ró céu que uma névoa encobria,
Algumas estrelas davam a despedida,
Impaciente pelo amanhecer
Para que o dia trouxesse nova vida.
fascínio do mar
Fiquei a olhar o céu todo anilado,
Naquele fim de tarde à beira mal
As ondas que chegavam a meus pés
Pareciam a areia branca querer beijar
Ao longe o sol baixinho e dourado,
Uma esteira de cor deixa ficar,
Nas ondas o reflexo do ouro
Extasiada, fico ali a olhar.
E entretanto o sol desapareceu,
E eu ali parada a meditar!
Que fascínio é este que eu tenho?
Porque sou atraída pelo mar?
É quase noite! A escuridão desceu,
Só as estrelas é que se deixam ver.
E as ondas continuam murmurando...
Falam comigo sem eu as compreender
Vento que passas
Vento que passas, de onde vens?
Diz-me por onde é que passaste...
Diz-me o que viste por favor,
Se pelas terras por onde andaste
Viste ou tocaste o meu AMOR!
Não o conheço, não sei quem é,
E por ele espera meu coração.
Enquanto só, está triste e frio,
Está chorando neste vazio,
No vale da sombra e solidão.
Olho p`ra trás, fico a pensar,
Como é que tudo aconteceu,
Outrora cheio de emoções,
Hoje só tem recordações,
Do Amor que tinha e que morreu.
O que enche agora meu coração,
E me dá alento também,
São minhas filhas e seu AMOR,
Ajudam-me a esquecer a dor
Não sou mulher, mas ainda sou MÃE.
Gelo da noite
Gélidas são as noites de inverno,
E é assim que está meu coração,
Indiferente ao mundo vou ficando,
Meu coração em gelo se tornando,
Sinto-me só no meio da multidão.
Como no meio de uma encruzilhada,
Perdida sem o caminho conhecer,
Num labirinto de imagens e ideias,
De sentimentos que me envolvem como teias,
E que me apertam sem me deixar mexer.
Como de pé à beira de um abismo,
Estou vacilando e de cair tenho receio,
Quero e devo ficar sempre arreigada
Pois a razão porque esta vida me foi dada,
Só noutra vida vou saber, ISSO EU CREIO!
A roseira
Num jardim há muito abandonado,
Fora plantada num tempo já distante,
Resistia à secura, ao vento, ao sol
E persistia num florir constante.
Esta roseira que dava lindas rosas,
De um avermelhado cor de lume,
Exalavam para quem ali passava
Um agradável e delicado perfume.
Um dia porém, num vendaval,
Uma rajada de vento a arrancou,
E em plena agonia desfolhada,
Uma única rosa ali ficou.
Retirei-a do meio dos destroços,
De um muro que entretanto desabara,
Ao apanhá-la num gesto de ternura
Reparei que entretanto ela murchara.
Trouxe-a comigo, coloquei-a num vaso,
E o desejo que entretanto se arreigou
À minha esperança de não a ver morrer,
E por milagre a rosa não murchou.
A vida é um livro
A vida é como um livro em branco
Página a página são como dia a dia,
Momentos que são linhas a escrever,
E haverá as que nos vão fazer sofrer,
Mas também com muitas folhas de alegria.
Páginas que por vezes estreitecem,
Retratando a senda desta vida,
Mas à qual permanecemos arreigados,
Apesar das batalhas que travamos
Há que ganhá-las mesmo que façam ferida.
De livro aberto como estando já no Limbo,
Ditoso aquele que seu livro pode encher,
Com páginas de cores coloridas,
Ávidos de folhas bem vividas,
E que toda a gente pode ler.
Que nunca por cada página escrita,
Haja vestígios de linhas dissolutas,
Para escrever o dia a dia, necessita
Por cada erro, sentir a alma contrita,
Virar a folha, ir novamente à luta.
Fazer um livro espesso e muito rico,
Devia ser para todos um desejo,
Página a página demonstramos a coragem,
E assim mostrar que percebemos a mensagem,
De Deus ao dar-nos este ensejo.
Na escuridão da noite
Como é possível eu não gostar da escuridão da noite?
Na noite que partiste, a escuridão veio ocupar o teu lugar. Foi na escuridão da noite que imaginei o teu corpo, o teu calor, as tuas carícias. Na escuridão ouvi o sussurro das tuas palavras doces como o mel, quentes como a carícia de um raio de sol no fim de uma tarde de Verão. A escuridão permite que a minha mente imagina a tua presença.
Não te vejo mas sinto-te.
Não te sinto mas imagino-te.
Não te imagino, sonho contigo.
Na noite tudo me é permitido. A ilusão de te ter só termina quando chega o dia. O sol aquece e ilumina o teu lugar vazio Anseio pela noite, para voltar a sonhar contigo.
Como posso não gostar da escuridão da noite se é ela que me devolve a tua existência anda que só enquanto ela permanece.