Poemas, frases e mensagens de LuaBandida

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de LuaBandida

Hoje...

 
Hoje...
 
Hoje…

Hoje queria adormecer o olhar
na imensidão do mar…

Queria ser onda, vaga, espuma…
Queria ser água límpida, transparente…
Queria ser silêncio, grito, murmúrio…

Hoje…

Hoje queria ser nuvem em céu azul…
Queria ser raio de sol aquecendo o dia,
Raio de luar iluminando a noite…

Queria ser rio de emoção
em correntes de sensação…

Queria ser voz que encanta
e todos os males espanta…

Queria ser flor aberta à Vida,
alegre, colorida…

Hoje…

Hoje queria sentir-te em mim
na doce carícia do teu gesto meigo...

Queria saciar a minha sede de ternura
nesse teu jeito de alma pura…

Queria ler-te a alma no olhar
e sentir o que é amar…

Hoje…

Queria ter-te aqui, assim…
Em mim…

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...
 
Hoje...

Morrer na praia...

 
Morrer na praia...
 
No remanso das águas
pairam murmúrios de dor
em marés desnorteadas…

Esperanças caladas
no horizonte escurecido
sem farol que ilumine rumo
a um casco velho e sofrido,
cansado de navegar…

A máquina ruge silêncio
no sono do timoneiro
que perdeu do leme a barra
fundeando na derrota
por medo de naufragar…

Em ventos de futuro incerto
garra o velho e sofrido casco
tentando não soçobrar
não partir, nem caturrar
por entre as correntes adversas…

À deriva segue o casco
de sofrer velho e rasgado
sem lastro que o sustenha
num destino mareado
entre escolhos aguçados…

As águas cantam serenas
na praia que perto se avista
mas o casco ferido e velho
encalha na baixa-mar
murmurando suas penas…

(Composição de imagem própria e imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Morrer na praia...

Amo-te... porque sim!

 
Amo-te... porque sim!
 
Contigo aprendi o Amor…

E com o Amor me descobri,
me inventei, me conheci…

No Amor cresci e me encontrei
para me perder, desnorteada de ti…

Em ti desapertei nós, desatei laços,
cortei amarras, desfiz cansaços…

Por ti quebrei barreiras, abri o peito,
sorri, sonhei, cruzei o infinito…

Sem ti me perdi da alma do mundo
caída de dor no abismo mais fundo…

Mas no Amor a ti serenei…
Por Amor a ti, renasci…
E, com Amor, em ti me reencontrei…

Amo-te, além ser e além vida
em todos os tempos de mim…

Amo-te… porque sim!!...

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de editor by Zita)...[
 
Amo-te... porque sim!

Tempo de espera...

 
Tempo de espera...
 
Toda a espera tem seu tempo…

E no tempo de uma espera
pode a esperança desesperar
e desistir de esperar…

Se o tempo não souber esperar
talvez não venha a alcançar
a esperança que sempre alcança…

O tempo que espera demais
não alcançará jamais
o que a esperança espera alcançar…

E a esperança que desespera
no tempo próprio de uma espera
nem é esperança, nem alcança…

Porque todo o tempo tem a sua espera
na esperança que espera o tempo...

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Tempo de espera...

Memórias esfumaçadas...

 
Memórias esfumaçadas...
 
Observou o fumo que se desprendia do charuto aceso na sua mão…

Formas disformes como memórias de um amor antigo fulgiam,
opacas, ar acima…

De quando em vez saboreava um charuto, com prazer…
porém nunca havia comparado o fumo às suas memórias…

E eis que ali as via, nítidas, como palavras envelhecidas
em papel amarelecido por um tempo sem retorno…

Claras… contundentes… significantes…

Assim eram as memórias que guardava desse amor
que um dia acreditou sentir,
sem perceber que o personalizava na pessoa errada…
na pessoa que não soube compreender o Amor em si mesmo
e lhe exigiu sacrifícios impossíveis de suportar…
que cobrou o que lhe não era devido…
que desprezou o que recebia
porque não lhe bastava a felicidade, queria dor, mágoa, amargura…
alguém a quem o medo toldou o passo…

Guardou esse alguém na gaveta do esquecimento
porque não encontrava razões para relembrar…

Amor sempre sentiria…
porém não dependia de personificação…
existia dentro de si mesma, pleno, universal…

Assim o via correspondido, agora,
por um outro Alguém que nada lhe pedia em troca…

Porque o Amor, quando verdadeiro, oferece-se…
e sem esperar é retribuído…
incondicionalmente…



(Imagem de autor desconhecidos com efeitos de editor by Zita...)
 
Memórias esfumaçadas...

Será assim o Amor...!?

 
Será assim o Amor...!?
 
Haverá quem consiga definir o Amor...!?

Como definir um sentimento que nos chega sem que o chamemos e que nem sempre conseguimos identificar na surpresa em que nos colhe...?

Tendemos a confundir emoções na ânsia de viver “O” Amor, aquele profundo, além tempo e além vida com que todo o ser humano sonha e tão raros têm a fortuna de (re)conhecer...

Desconhecedores de nós mesmos, iludimo-nos entre conceitos e preconceitos nas variáveis infinitas de um sentimento que cremos único, porém tão indefinível que nem sabemos de onde nasce, como floresce, porque cresce...

Facilmente personalizamos o abstracto desse sentir no impacto de uma atracção súbita que nos atinge com a força de mil universos a atirar por terra todas as certezas e convicções que nos movem…

E mais facilmente preenchemos de ilusão e expectativa todos os vazios do nosso viver, ignorando ser este o mais curto caminho para a descrença, para a decepção... para o esvaziar absoluto de nós mesmos em todos os sentidos da alma...

Porque no auge da ilusão em que, egoístas, aprisionámos o outro e dele nos fizemos prisioneiros, não privilegiamos o Amor e sim quem ama(mos), não compreendemos que o Amor existe livre em si mesmo, não carece de personificação…

O Amor ama por si, não depende de emoções alheias para viver todos os tempos do seu sentir…

O Amor é soberano, escolhe-nos, acolhe-nos no seu regaço, oferece-nos felicidade sem nada cobrar ou exigir…

Mas nós, ingratos e ignorantes, não lhe reconhecemos vida própria… e agrilhoamos o Amor nesta nossa ânsia obsessiva de amar intensamente e por todo o sempre, confundindo-o na inconsciência de que existe e é dentro de nós e nunca fora…

Nós acreditamos amar, porém não sabemos o Amor…



(Imagem de autor desconhecido com efeitos de edição by Zita...)
 
Será assim o Amor...!?

Areia Fina

 
Areia Fina
 
Há momentos em que cremos ter toda a felicidade do mundo na palma da nossa mão…

Bailam sorrisos no olhar nu de sombras, a alma dança euforia ao ritmo acelerado do coração que palpita vida no peito de um sentir maior que o ser, além limites de todos os universos por conhecer…

Cremos, então, que nada nem ninguém poderá, jamais, em tempo algum, levar de nós esse estado de graça que queremos eterno em si mesmo, infinito em todos os tempos, inquebrantável em nós…

Ah mas a eternidade é longa demais e a felicidade escorre no tempo, qual areia fina, por entre os dedos da mão que tenta segurá-la em vão…

Na alma soam silêncios espantados de desilusão…

E as sombras vestem de novo o olhar que o sorriso abandonou no aperto de mãos vazias…

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Areia Fina

Simplesmente... Amor!

 
Simplesmente... Amor!
 
Às vezes sou calma e tranquila,
outras irrequieta de impulsos…

Às vezes sou paciente e tolerante,
outras inquieta de ansiedade …

Às vezes sou quieta e mansa,
outras agito-me de incertezas…

Às vezes sou força de vida,
outras fragilidade de viver…

Às vezes sou raio de sol na alvorada,
outras sou sou cansaço e névoa…

Às vezes sou mar de águas cristalinas,
outras sou rio que corre na noite escura…

Às vezes agarro o sonho com carinho,
outras deixo que me leve o pesadelo…

Às vezes converso romance em sorrisos,
outras perco-me entre lágrimas…

Às vezes sou risos e alegria,
outras tristeza e nostalgia…

Às vezes sou luz que guia e ilumina,
Outras apago-me em mim…

Mas sou e sempre serei…

Amor... simplesmente...

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Simplesmente... Amor!

Nos olhos do Mar...

 
Nos olhos do Mar...
 
Roda o navio
rumo ao horizonte
de linhas certas
no desacerto das águas…

Sopra calmaria
nos ventos inquietos
que agitaram
a maré em mágoas…

Brisas mornas
aquecem de paz
a dor que bramia
na alma do mar…

De brancas nuvens
se veste o firmamento
no renascer de um Sol
adormecido de brilhar…

Sereno e doce o despertar
embalado pelas ondas
na carícia de uma Lua
nascida dos olhos do mar…

Roda o navio
rumo a horizontes
de vida incerta
na certeza de um destino…

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de editor by Zita...)
 
Nos olhos do Mar...

Bem e Mal...

 
Bem e Mal...
 
Tal como não existe escuridão e sim ausência de Luz, assim se crê que é à ausência de Bem que damos o nome de 'mal'...

As consequentes cisões, quer dentro quer fora de nós mesmos, mais não fazem do que redimensionar esses conceitos inventados na necessidade permanente e imperativa de explicar um desconhecido que só o é porque somos, de facto, demasiado preguiçosos para abarcar o universo além visível, além crível na ignorância imensa com que (não) vislumbramos tudo o que (não) somos e nos acomodamos às (falsas) certezas de uma racionalidade duvidosa porque baseada em preconceitos variáveis de questionável aplicação…

E porque não pode a ausência de Bem ser simplesmente um vazio inócuo sem qualquer outro conteúdo que não simplesmente ele mesmo, o vazio pleno e absoluto…?!

Espaços vazios não carecem de obrigatório preenchimento, pois que o vazio que nada contém terá igualmente utilidade, ainda que o nosso limitado espírito lhe não alcance o pleno significado e se desvie de aprofundar o saber de algo que, sem (querer) conhecer, teme…

Temor… esse sentir desagradável e ancestralmente associado ao mal – ou à ausência de Bem – que o ser humano tenta evitar no inteiro engano com que alinhava conceitos e preconceitos em linhas frágeis de um viver nunca completo, porque incompleto é o ser que se queda na superficial busca de si mesmo, contentando-se em (in)certezas adaptadas ao seu caminhar periclitante por atalhos onde tudo o que encontra é… ausência de Luz!

E nesse passo em que perde - e se perde - do conhecimento profundo de si mesmo e dos planos em que (não) se move, crê-se sábio e sabedor de todos os segredos contidos na alma de um Universo que ignora, dono e senhor das (in)verdades em que sustenta o respirar entrecortado dos mitos (em) que (se) inventou, renegando a sua própria e vital transformação sem aperceber a mais ampla dimensão de tudo o que existe além olhar…

A final, talvez o vazio seja simplesmente passagem para uma outra margem de existir na oitava acima deste plano que o (im)perfeito ser humano, nunca humilde, antes soberbo, preenche de mitos e crenças infundados no sustentáculo da sua perene ignorância…

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de edição by Zita
 
Bem e Mal...

Não me procures...

 
Não me procures...
 
Não me procures no teu céu
que o meu brilho se apagou:
da estrela que fui um dia
somente a sombra restou…

Não me procures no teu sonho
que nele não pude entrar:
encontrei cerrada a porta
sem fresta por onde espreitar…

Não me procures no teu mundo
que aí não é meu lugar:
é fechado, sem janelas,
não poderia respirar…

Não me procures no teu caminho
que as pedras cresceram muro
a esconder da vida o Sol
e a ensombrar todo o futuro…

Não me procures onde estou
que daqui já eu me fui:
segui em busca do sorriso
que a mágoa de mim levou…

Não me procures por aí
que eu há muito já parti,
sem pressa de chegar além,
nem vontade de ficar aqui…

Não me procures em vão
que de mim não encontrarás
sombra ou rasto que te leve
ao centro do meu coração…

(imagem de autor desconhecido com efeitos de edição by Zita)
 
Não me procures...

Assim sou...

 
Assim sou...
 
Eu sou… eu mesma !!

Não sou quem querem que seja
Nem quem esperam ver em mim…

Sou esta, assim…

Com minhas limitações,
Racional, sem ilusões,
Vivendo minhas emoções
Entre as derrotas e vitórias
Que compõem minhas histórias…

Não sou quem esperam que seja,
Nem tampouco quem me deseja
Saberá o que esperar de mim
Porque não abdico de ser assim…

Previsível nunca fui,
Indomável sempre serei,
Na minha vida tudo flui,
Jamais seja o que for forçarei…

E quem não gostar que se vá,
Passe de lado e não estrague,
Que de mim só levará
Matéria com que se engasgue…

Tanto tenho de boa como de má...
De quem me cativa depende
O que de mim receberá
E para que lado pende…

Sou assim, não há remédio
E nesta vida sem tédio
Quem me querer deverá merecer
Ou então desaparecer…

Pois que me falta paciência
Para quem se diz ‘coitadinho’
E não precisa muita ciência
Para descobrir seu caminho…

Estou já farta de cobardes,
Não os quero nem por perto,
Se não querem ver verdades
Que vegetem em seu deserto…

A vida é para se viver
Conquistando felicidade
Aqueles que querem morrer
Pois que morram se é sua vontade…

Sou assim sem reticências,
Sem quaisquer reminiscências
Do que já foi e não volta
Sem dor, tristeza ou revolta…

E quem souber ver-me, verá
Que sou desta forma e não doutra...
Se assim me quiser assim me terá
Ou então que escolha outra…

Pois assim sou e assim serei
E sempre assim me amarei…

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de edição by Zita...)
 
Assim sou...

Inquietude...

 
Inquietude...
 
Espero-o ...

Meu corpo finta o cansaço que envolve com fino véu
cada pedaço de pele nua...

Inquieta-se a alma na ânsia incontida do abraço meigo
em que me perco noite após noite...

O pensamento, irrequieto, bate o pé, pisca o olho à imaginação,
provoca-a, desafia-a ...
ela desdenha-o, dá-lhe as costas, resiste...
mas ele insiste, puxa-a para si e enlaçando-a fortemente
inicia uma dança em passo de agitação...
saltam, correm, rodopiam, frenéticos...

Os sentidos, electrizados, batem palmas seguindo o ritmo...
do seu canto a mente observa, circunspecta...

Ele tarda...

O relógio marca a espera em compasso de lentidão...
tento apressar os minutos, as horas não deixam,
riem de mim, zombeteiras, insinuam que não virá...

Distraio o pensamento do seu baile ininterrupto mas ele, teimoso, persiste, dá mais uma volta e outra e outra...
a imaginação, entontecida, desacerta o passo, tropeça...

Já fatigados, os sentidos abrandam o aplauso enquanto a mente, exausta, pede apenas que a deixem sossegar...

E de súbito...

Ah... ei-lo que chega, enfim...

o sono!

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Inquietude...

Metamorfose...

 
Metamorfose...
 
A vida é constante mutação
de sonhos, de creres,
de vontades, de deveres…

É derrotas e vitórias,
É desgostos e alegrias,
É desespero e esperança,
É dor… e é Amor…

A essência do ser, porém,
é imutável em si mesma
no balancear das emoções,
tantas vezes contraditórias,
que tornam complexo o viver…

Não, tu não perdeste...
Nem te perdeste…

Transformas-te!!

E dentro de ti encontrarás
todos os segredos que compõem
a metamorfose do teu ser…

Busca-os!!

Porque vida também é renovação…
de confiança… de esperança…
de fé…

Carpe Diem*

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de editor by Zita...)
 
Metamorfose...

Dormência...

 
Dormência...
 
Entre a memória do que foi
e o sonho do que poderia ter sido
vai-se a esperança no que será,
perde-se da vida o que há…

Assim gira do mundo a roda
no seu mudo entontecer
das almas que querem sonhar
e se esquecem de viver…

Crêem-se fortes e decididas
por seus sonhos perseguir
essas almas divididas
que se perdem do seu ser…

Mas um sonho realizar
pode trazer sofrimento
e quedam-se no lamento
sem coragem para lutar…

Apagam alegrias sentidas,
escondem em mágoas sofridas
a lembrança da felicidade
que teimam em rejeitar…

Recordam de amores a dor,
renegam brilhos de cor
que enfeitaram esses dias
em mil traços de magia…

E assim se deixam cair
no rasto da vida sonhada
esperando vê-la chegar
em milagres desenhada…

Entre o que foi e o que será
correm tempos, passam vidas,
no tempo em que desesperam
as almas entorpecidas…

(Imagem de autor desconhecidos com efeitos de editor by Zita
 
Dormência...

Imperfeita sou...

 
Imperfeita sou...
 
Deixa-me contar-te os segredos
deste universo imperfeito
feito de tudo e de nada,
a sonhos e esperança movido
nas águas que deslizam mansas
entre as duas margens da vida…

Neste mundo que sou eu
repousam as longas noites
de mágoas e sofrimentos,
que o passado já escreveu
num livro de ensinamentos,
folheado entre lembranças
sem dor ou ressentimentos…

Nas provações que já foram
e em outras que ainda virão
formam-se a alma e o ser
deste mundo que sou eu,
tentando sempre aprender
entre os erros e os acertos
de uma humana condição…

É imperfeito este universo,
feito de nada e de tudo,
na turbulência das águas
que se agitam de temperança,
deslizando suavemente
em correntezas de esperança
entre as duas margens da vida…

Mas na memória do meu mundo
revivem serenos os dias
contados em letra de Amor
que o Divino abençoou,
perfeito, eterno, profundo,
gravando sorrisos na alma
desta imperfeição que sou...

~*~

(Imagem de autor desconhecido com efeitos de edição by Zita...)
 
Imperfeita sou...

O sonho...

 
O sonho...
 
Não sabia há quanto tempo ali se encontrava… Perdera a noção do universo no instante de um fechar de olhos apagado de respirar… Seria tarde, talvez… Tarde? Tarde para quê…?!

Vasculhou no pensamento um resquício de lembrança do que havia por fazer…

As ideias, arrumadas a um canto, fugiam dos seus dedos agitados, olhando de esguelha, circunspectas… estavam bem ali, sossegadinhas, não queriam mais confusões…

A decisão, tremendo aflita, sem saber o que fazer, escondeu-se atrás de uma porta com receio de ser vista, não queria decidir-se ainda…

E a esperança nem deu por nada, hipnotizada por uns retalhos coloridos de sonho que descobrira entre as memórias amontoadas no chão da alma empoeirada… Era tão belo aquele sonho… Que cores tão vivas, tão alegres… “Quem o teria rasgado assim…?” - perguntava a si mesma sem perceber que falava alto…

Entre duas colheradas da mágoa com que alimentava a tristeza, respondeu-lhe a dor em lágrimas: “ Tu sabes muito bem quem estragou esse sonho tão bonito… Não te faças sonsa!”…

Emudeceu a esperança, estupefacta… “Sonsa, ela?! Pois se nem sabia de quem era o sonho, quanto mais…” .

Do outro lado do pensamento interpôs-se a voz potente da razão, irritada com os dramas daquela dor: “Não importa quem destruiu sonho: importa é se tem conserto.” .

“Sensatas palavras…” considerou a esperança sorrindo esperançada…

A decisão, ainda trémula e indecisa, aproximou-se curiosa… “E tem conserto?” – indagou…

A razão olhou-a de soslaio… Aborrecia-a a tremedeira daquela. “A ver vamos…” – respondeu enfastiada – “Tragam-me os pedaços do sonho…” – ordenou…

A esperança apressou-se a juntar todos os retalhos que encontrou e colocou-os ao lado da mesa, observando ansiosa…

Lá do seu canto lamuriava a dor entre soluços: “Não adianta! Estão desfeitos, estraçalhados…”.

“Cala-te! E deixa-me concentrar…” – vociferou a razão começando a dispor os bocados de sonho sobre a mesa, alinhados por tamanhos.

Enquanto isso a dor fechava os olhos, não queria ver o sonho reconstruído porque isso significaria ter que partir e ela não queria, estava muito bem assim, acomodada na vontade de sofrer…

A decisão apertava, angustiada, a mão da esperança, temendo que faltassem pedaços e o sonho não pudesse ser refeito e então teria que decidir-se forçosamente e ela não queria ter aquela dor irritante e intrometida por vizinha…

A esperança sorria, confiante… o sonho tinha que ter conserto, desse lá por onde desse, que um sonho jamais morre por muito que o esquartejem… um sonho vive além vontade sem perder de si mesmo a eternidade…

A razão dedicava-se agora, paciente, à difícil tarefa de unir com linha forte e em ponto firme os retalhos que alinhavara já nos lugares a que pertenciam. O sonho retomava forma, lentamente…

Rejubilava a esperança, vendo-o renascer… “Eu sabia! Eu sabia! - exclamava em incontida euforia…

A decisão parara de tremer, sustendo a respiração na ânsia de ver o sonho consertado… e a dor, essa encolhia-se ao canto, fazendo beiço, amuada…

A razão, alheia às manifestações em seu redor, persistia na sua tarefa, diligente. O sonho estava quase, quase reconstruído, cheio de alinhavos que lhe marcavam a textura em jeito de cicatriz, é certo, porém parecia completo…

“Ora vamos lá ver se consegui consertar o sonho…” – proferiu, finalmente, a razão…

De súbito um som agudo e insistente atroou os ares…

Esticou os dedos, devagar, tentando coordenar o pensamento… maldito despertador! Inoportuno, como sempre...



(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
O sonho...

Sedução...

 
Sedução...
 
“Seduz-me com uma frase...” – pedias...

Olhei-te sem te ver, percorrendo mil frases e palavras e exclamações que gritam sedução sem me deter em nenhuma delas porque todas são poucas e pequenas e falam baixo demais... o desejo não as ouve, não despertam a paixão...

Silenciei a resposta na vontade de te explicar o inexplicável, que a sedução não se fala, não se discute nem se debate, a sedução conversa-se em leves sinais, gestos subtis alinhavados na alma para vestir todo um corpo sedutor e não apenas uma ou duas das suas partes... a sedução seduz de mansinho, sem ruído, sem alarde e lança seu manto de encanto no silêncio de um olhar...

Seduzir-te com uma frase?!... Não poderia... a sedução amanhece sem palavras...



(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
Sedução...

De Lua e máquinas...

 
De Lua e máquinas...
 
Este abécula infernal que tenho na minha frente parece ter adquirido vontade própria e está apostado em fazer-me passar por mal educada colocando-me onde onde não estou...

Enfim, cose delle machine a torná-lo potencial candidato a suícidio assistido e com transmissão directa online...

Ademais, abéculas são especialistas em teclis horribilis... e nós em lapsus dedus, que é como quem diz: a maldita máquina tem sempre razão e nós é que pertencemos àquela espécie tão 'in' dos loiros alentejanizados que tanto gostamos de escarnizar, uns simplesmente a brincar, outros por maldade pura e dura... ou por invejite cronicamente aguda, sei lá!!

O SAC (Suicídio Assistido do Computador) ainda não entrou em fase de testes por um mero e comum acaso: falta tempo à Lua e pachorra à Bandida para ensinar a este abécula com quantos chips se faz uma placa (passo qualquer erro de ignorância na matéria, que a 'brincriar' tudo se inventa e imagina...) e assim sendo o monstro processador não tem jeito nem maneira de lhe desprocessar a paciência em fanicos de enervamento e lá se vai safando de piores dias...

Além de que, estando ambas ocupadas a guerrear os Deuses, que parecem ter feito um pacto com os demónios dos directores daquela ilustre instituição que uma e outra têm por 'patrão', e que lhes exigem trabalho e mais trabalho sem qualquer educação, roubando-lhes a paz sem habitação que lhes conforte o descanso e com o pão cada vez mais seco e duro a mirrar-lhes a saúde, não lhes sobra mesmo senão sarna para coçarem os... hum... os neurónios de tanto formigueiro e alergia, pois...

Acresce que de tanto blasfemar já a Lua entaramelou os raios no raio do cansaço que não lhe larga o sorriso enquanto a Bandida foi atacada de afonia na ponta das unhas e arrasta olheiras chão afora, qual sombra negra a escurecer-lhe o esconderijo da tranquilidade...

E tal está a moenga cá para os lados do deserto ministerialmente concebido por artes de estupidez de um camelo fora de curso e com as bossas a precisar de recauchutagem, que já estão bem amassadinhas e gastas de tanto carregar imbecilidade e arrogância...

Melhor que fique por aqui na matéria, não vá o abécula abrir uma das USB a um qualquer hacker do SIS e ainda a Bandida vai de cana sem Lua que lhe valha...

Hasta...



(Imagem de autor desconhecido com efeitos de editor by Zita...)
 
De Lua e máquinas...

Se um dia...

 
Se um dia...
 
Se um dia ferires o meu sentir
nada te direi...

Silenciarei meu grito
no mais fundo de mim mesma...

E sorrirei!

Ainda que o meu sorriso possa ser triste...

Ainda que o meu coração sangre
e a minha alma chore
em meu olhar antes brilhante...

Sim, sorrirei...

E de mim recordarás o meu sorriso,
aquele que, sem reservas, te ofereci...

De mim recordarás um gesto doce,
um carinho, um olhar meigo...

De mim recordarás risos e sorrisos...

De mim lembrarás momentos únicos,
breves instantes de ternura
bordados no mais puro dos sentires...

Ecoarão por ti adentro
quando a memória te levar
o meu reflexo...

Saberás então quem sou...
Quem fui...

Saberás que não serei jamais outra
que não eu mesma...

(Im)perfeita, na minha humana condição...

(Composição de imagens de autores desconhecidos com efeitos de edição by Zita...)
 
Se um dia...