Ser poeta, eu não me canso
Ser poeta é ter mil e uma palavras
É não saber por onde começar
É ter mil e um sonhos
E não saber o que se pode sonhar
É ter quimeras, ilusões e devaneios
É ter força, é ter alma infinda de ansiedade
E ter sempre mais um anseio
È dormir nas estrelas e acordar na lua
È fazer do sol o seu recreio
E brincar com seus raios em qualquer rua
É viver a vida com todos os sentidos
Fazendo de todos um só para a amar
É ter amor pelo simples viver
E viver só por um simples olhar
E num simples olhar ver a alma engrandecer
É ter o infinito da beleza
E não definir o que é mais belo
É ter grandeza e ser o mais pequeno
É ser o fogo que atenua o gelo
É ser o doce e alimentar-se de veneno
É ter o esplendor alcançado
Sem nunca ter ganho a batalha
É ser rei do reino perdido de alendor
É fazer do coração a sua muralha
E ter como única arma todo o seu amor
É carregar coragem no peito
É ter bondade e muita bravura
È carregar no dorso humildade
E transformar seus medos em aventura
Ser poeta é viver e ter realidade
Em tristeza
Em tristeza, me sinto alagado
Cego de felicidade, mudo de alegria
Descrevo este pensamento com ironia
Por me sentir, um pouco rejeitado
Rejeitado, palavra forte, estrondosa
Que ecoa em mim voraz
Desertando de meu interior a paz
Deixando os espinhos de uma rosa
Por inteiro me vão flagelando
Abrindo fendas de rancor
Por onde se escoa todo o amor
Que nestas letras está faltando
È assim, este meu vazio em prosa
Coisa que eu não consigo mudar
Pena minha, de ter alma bondosa
Pena também, de a não saberem acarinhar
Saudade e distância,pesado fardo
Bebo sozinho um copo de whisky, embriago-me
Quebro o silêncio com uma doce melodia, liberto-me
Sinto-me ausente de tudo que ficou para trás, recordo
Deito-me com sonhos á minha frente, mas acordo
Porque a vida não é um sonho eterno e sublime
E eu não soube tracejar seus trilhos, perdi-me
Recordação, distância, saudade, lembrança, pesado fardo
Ultrajo-me em fantoches irreais, para não ser eu o enganado
Inconsequente verdade que é minha, e não quero
Dias sem fim, noites sem passar, lamento, espero
Por um momento que não me imponha disfarce
Num lugar que não me esconda, perto de quem me abrace
Que falta de um abraço, tanta que desespero
Apelo a deus fechando os olhos, a pêlo de mim sincero
Livre-me deste mal, planta que em mim cresce
Tenho corpo e mente fraca, meu coração não me obedece
Por vezes não queria ser assim, assim tão real
Talvez fosse insensível a chagas desta dor, deste mal
Ou então ser dono do que não existe, um poder infinito
Para que meus anseios se alcançassem, com um simples grito
Mas vivo escondido, refugiado apesar de ser um ser normal
Não sou insensível, nunca tive poder, sou meramente banal
Vivo longe de tudo, o que na vida é mais bonito
Família, amigos, do meu Portugal, não esqueço a isso me limito
Ser poeta
Ser poeta vem na alma
Olhar o mundo com inspiração
Fechar os olhos por um momento
E senti-lo no coração
Girar a sua volta com a mente
As cortinas do horizonte abrir
Rebolar sempre sem parar
E nele deixar a alma fluir
Ver na luz um ponto escuro
Na escuridão ver uma luz brilhar
Entoando a vida com louvor
Iluminar o espírito para sonhar
Soltar as rédeas do sentimento
Sentirmo-nos a flutuar
Todos na mesma viagem
E diferentes paragens alcançar
Dar cordas á imaginação
Iludir com palavras a verdade
Trocá-las e com elas brincar
Ser poeta é ter realidade
Brilho, só de luz
Eu queria ser uma mente brilhante
Mas só acendo a luz, no escuro
E depois, tudo é um diamante
Apenas eu, não tenho futuro
Eu sonho, dia e noite, eu sonho
Nunca acordo, para os viver
E este sono já é tão velho
Como com quanta idade, se pode morrer
Não se pode dizer que é muito, nem pouco
Apenas se pode dizer que é uma vida
Seja ela a mente de um grande louco
Ou a de uma morte precoce, atingida
A minha, a minha voa por aí
Nunca atinge uma verdade
Entre tanta coisa que vem e vai
O que fica é só saudade
Nesta viagem escrevo para mim
Não tenho a quem mais dar
E mesmo sem nunca atingir o fim
Ninguém me pode parar
Nesta viagem, não me falam inglês
Nem dizem que eu o falo bem
Eles dizem que falo bem o francês
Apenas porque eu falo com eles também
E meto apenas as coisas no lugar
Pois sou eu o forasteiro
E por mais que me possa indignar
Nunca estou, em primeiro
Fico quieto no meu canto
A minha vida é apenas um comboio
E sigo em viagem num vagão solto
E apenas com os pés me apoio
Eu dou passos e tantos em vão
Pois este comboio é indomável
Não tem o pedal do travão
O que o torna imparável
Viver é só viver e pronto
Como a locomotiva leva tudo p’ra frente
E todo o homem é tonto
Se pensa que é diferente
Nós somos a locomotiva
Vamos p’ra frente e levamos tudo atrás
E a única coisa positiva
É a entrada nela de pessoas
Em tantas que saem e não voltam
Outras tantas acabam por voltar
E tantas que nunca lá foram
Mas vieram para ficar
Segue comboio, segue a linha
Já que o fim eu não o vejo
Não tens travão, nem rodinha
E só viver é meu desejo
Não sei se ele anda a carvão
Ou se segue, a todo o vapor
Só sei que bate um coração
E viaja muito, pelo amor
Ó sonhador, sonhador, que eu sou
Cada viagem é um paraíso
Nem de todas as paragens, gostou
Mas nunca perdeu o seu sorriso
Tragam-me água da mais pura
Que não me sacia qualquer sede
A minha sede é só de aventura
E de ser poeta, nada me impede
Tenho em mim, loucura entranhada
E de serenidade, tenho um poço cheio
Embarco na praia já navegada
Sou agora um barco que não tem freio
Ao sabor do vento, quase que flutuo
Mas o meu pensamento esvoaça
E vem sempre a razão, porque o continuo
Pois se o barco pára, é a desgraça
No mar alto sem ver a costa
Perdido no epicentro do oceano
Qualquer bem que se sinta
Tem o mesmo sentir de leviano
Se há coisa impensada é o amor
Por mais que o pensem, nunca é igual
E o seu verdadeiro esplendor
Vai muito mais além, que aquilo que é banal
Ele vem no gesto, ele vem no olhar
No peito aberto e nos abraços
Ele vem sem caminho para andar
E alimenta os desejos, já esquecidos
Dar um beijo é banal, um abraço e um carinho
Mas é sozinho, que ele se pode sentir
E sentir sempre que se tem um caminho
Para apagar a saudade, que ainda está por vir
Amar é querer sem ter
E depois de ter querer mais
Amar nem sempre se pode escrever
Se os sentimentos forem reais
Amar é sentir o primeiro encontro
Já na hora da despedida
Partir sabendo que em teu coração moro
Dando-te um palácio em minha vida
Só serei rei, se tiver rainha
Pois o meu reino mais que amor, nada tem
E os valores são coisa tão minha
E o maior deles é o de poder fazer o bem
A minha riqueza é um precipício
Com safiras, esmeraldas e diamantes lá no fundo
O medo de saltar é um ofício
Ou um modo de estar no mundo
Carrego a me enfeitar, gramas de ouro
Não sei quantas nunca as pesei
Mas não pesa mais este tesouro
Que o fumo dos pregos do caixão, que eu já fumei
E quantas gramas por mim aquecidas
E derretidas na palma da mão
Também estas em cinzas tornadas
E como elas mais coisas, com o vento voarão
Levar a vida de uma forma boa
Ainda não lhe encontrei e resolvi a formula
Há tanta parte que me magoa
Que fica difícil poder terminá-la
Faz-me tédio o que faço o que vivo
Nunca sei se sei viver
Sobreviver é algo instintivo
E eu sobrevivo, com o instinto de não morrer
Sou mente brilhante, sou sonhador
Sou o que quero ser, ou o que sou
O escuro não é assustador
Pois a luz é algo que eu lhe dou
Quantas folhas poder escrever
A minha vontade escreverá
As muitas ou poucas que podes ler
E talvez eu, já não esteja cá
O texto é longo é assim a vida
Farto de ler e de viver e de olhar
Continuar de um ponto de partida
Aonde um dia se vai voltar
E relembrar o esquecido
Como texto que se releu
E no final ter percebido
Que o poema também é teu
Fraco poeta, sonhador
As minhas palavras, as que eu escrevo
Eu sei, que são de facílima interpretação
Eu simplesmente, lhe dou relevo
Por serem entoadas em meu coração
Sei que são rimas, da antiguidade
E não têm, valor comercial
Paupérrimas palavras, quase sem verdade
Que a minha escrita, tornam banal
Houve momentos, que as quis perder
E distanciar-me, desta ingenuidade
Também ansiei, não saber escrever
P’ra não ser vaidoso, sem vaidade
O que será, desta alminha no mundo
Deste fraco poeta, sonhador
Terá predestinado, seu segundo
Ou esperará a morte, sem qualquer valor
Lá no fundo, não pedi p’ra ser poeta
Mas sem as palavras, sinto a solidão
Então tento cuidar bem delas
E assim cuido do coração
Recordação
O silêncio da cidade
As casas estão caladas
As portas todas fechadas
Um roído na noite se esconde
Onde pára o teu sorriso?
Nas janelas abre-se um friso
Uma luz virada para a cidade
A realidade do impossível
Um possível momento de atracção
Uma flecha que rasga o coração
O tempo reparte-se em pedaços
Abraços que ficaram por dar
Espaços de solidão no vazio
Um arrepio ao som de um assobio
Que cruza uma esquina
E passa por casa dessa menina
A brisa que paira no ar
Um beijo que ficou por dar
Agarrar com força a ilusão
Recordação de quem amor perdeu
Antiga recordação de alguém
Que na cidade a escondeu
Uma palavra é magia
Uma palavra é magia
Um lindo sonho uma ilusão
Uma letra que nos elogia
Nos da musica ao coração
É uma pauta de fantasia
Que nos leva a viajar
Encoraja a nostalgia
E nos lembra aquele olhar
Que ficou no pensamento
É breve esse momento
E a palavra e curta
Para podermos perceber
O que realmente ela quer dizer
O que é ser poeta?
O poeta não escreve, o poeta descreve
O poeta, não se limita apenas a sentir
Faz esse sentimento crescer em alguém
O poeta é um sonhador nato, mas não apenas sonhador
Descreve em sonhos o que é real, mas com amor
O poeta não é desigual a ninguém, nem tão pouco diferente
O poeta pára, medita sozinho, descreve e trabalha a mente
O poeta não é deus, ou algo sobrenatural
O poeta é humano, sente alegria e tristeza, o bem e o mal
Ser poeta não é uma questão de ser astuto
È ser simplesmente da natureza, o mais belo fruto
Ser poeta é unir o espírito á alma e pensar com o coração
Alcançando perfeita sintonia, para uma boa reflexão
Ser poeta, ser poeta, ser poeta…………………………
Penso que o poeta é simplesmente como o amor
Não tem definição, nem fim
Coração sabichão
Pensei definir amor
Que irónico meu pensar
Revelei-me tão sonhador
Que até nos sonhos pôde amar
Depois pensei guardá-lo na mão
Mas é grandioso para o prender
Então guardei-o no coração
E comecei a enlouquecer
Meu pequeno coração
Em minha mão pode caber
Mas é o único sabichão
Que o sabe desenvolver
Que irónico meu pensar
Se o amor não cabe na mão
E cabe num cantinho mais pequeno
Que é o nosso coração