Um lenço; sem dizer adeus
Um lenço; sem dizer adeus
com a idade perde-se a precisão do gesto
as palavras já não acariciam, magoam
a voz treme, as cordas vocais destoam
perde-se a compostura, a esperança e tudo o resto
era necessário, poder dizer-lho ao ouvido
de quem foi outrora tropical, o sopro quente,
um murmúrio largo e talvez comprido
que a faria rir, ficava eu contente
sonho impossível, humano não é divino
milagres das rosas, não havia pão
chovia, baldes de agua, eu sonhava vinho
nem copo , garrafa, nada tinha à mão
letras eram poucas, pouco sei dizer
sê feliz mulher, eis o meu sermão
Carlos Tronco
PROCURO
Procuro
Procuro no silencio e solidão
A nota musical mais cristalina
Nota leve
Engraçada mas sozinha
Que a minha noite escura torne breve
Procuro nas trevas de um céu cerrado
Portões de um paraíso prometido
Mas correntes, pesadas, cadeado
De uma vida sem luz e sem sentido
Fazem lembrar
Que para os Céus
Ele é pecado
O amar...
Sem amor
Sera que vida é vida?
E se viver, às escuras, vida não é
Quem sois vos, oh Deus, e a vossa fé?
Que recusais a felicidade
Prometida
Carlos Tronco