Eu sou vácuo
A paixão foi platônica, a falta foi fato.
A falta de tua fala, do teu cheiro... Do abraço.
O som do silêncio ecoou pelo quarto,
a lacuna na cama ocupou todo espaço.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
A ausência tem nome, tem forma, tem vida
que vibra pensando em teu sôfrego gemer
quando a língua vasculha sem pudor no teu corpo
os recantos da fonte onde jorra prazer.
Ouvido geme por teu obsceno sussurro.
Não me irrigaste de gozo, de ti, do teu sumo...
É só vácuo... Sou só vácuo
Já não te encontro nos meus sonhos,
nem desejo teu corpo a estremecer em meus braços,
não mais planejo loucuras, nem pecados inconfessáveis,
já não me inspira odisséias nem aventuras realizáveis.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
Tudo parece estar num passado,
numa lembrança de imagem imprecisa,
foto amarelada, nuances sem vida.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
De ti sobrou... o vácuo.
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O homem a dormir
Olho o homem que dorme ao meu lado,
como criança indefesa repousa,
ouço seu suave ressonar.
É um homem a dormir
ou um gato a ronronar?
Ah, são mágicos os mistérios do coração.
O mais comum e frugal momento,
no enlevo da paixão,
fica envolto de encantamento e dulçor,
digno das mais belas elegia e dos poemas de amor.
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aβsynto Vocέ
Poema para você
Queria escrever um poema triste,um poema onde a dor se lesse.A dor sobeja, a palavra fenece.
Com a dor da falta tecer um soneto,um lamento cheio de nostalgia.O lamento forte sufoca a poesia.
Queria declamar as dores da Saudade,imprimir nos versos sua intensidade.A saudade intensa minha voz emudece.
Pisante de pés tortos. andante solitário,
sigo buscando fuga desse martírio.A saudade, feito vento, sussura seu nome...
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Marcas rubras
Mote:
"DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!" (Mário Quintana)
Marcas Rubras
Sob sol causticante ou impetuoso aguaceiro,sigo qual tal peregrina
levando o ônus da vida,um fardo pesado que arde,na carne cravado espinho.
Incrustado na sola do pé,arrancando sangue e suor nas passadas pelo caminho.
Pisando de lado, de leve, sofrendo as dores calada, aceito malfadada sina.
De que me adianta o murmúrio, se é de luto a vida que me destina.
Quanto mais sigo minha vereda, buscando sedenta um porto,
mais sinto o espinho arranhar, rompendo adentro do corpo.
Me perguntam por que não extirpo, não me livro de vez do estorvo,
não entendem eles que o espinho,já fizera ninho em meu corpo.
Por isso sigo a jornada,sangrando e pisando torto.
Alguns pensam que sou louca, que de mim vai longe a razão,
não entende toda essa gente, que pago o preço por amar
aquele que n'outras veredas, rasga o rumo n'outro estradar.
Como plantar consciência na terra insana do coração?
Se ele só se faz campo fértil, às sementes da paixão.
Me resta seguir penando, levando comigo ardor,
de olhar com olhos de cego e deixar passar o amor.
Quem sabe meu corpo alforria, abortando de vez o espinho,
me alivia do fardo dorido e me abre um novo caminho?
Não clamo jugo menor, apenas suspiro que venha um breve alivio da dor.
"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las..."
mesmo que não se sinta tão digno de recebê-las.
Aceito minha triste sina e embrenho mundo afora,
O meu martírio suportando, levando lembranças vividas.
carregando a minha dor, lambendo minhas feridas.
Quem não me conhece de perto, não percebe a ebulição,
alma atormentada, vivendo sob querências de insano coração.
A cada passo o sangue verte vivo da ferida do espinho,
sigo deixando marcas,rastros de sangue pelo caminho.
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Um agradecimento a Poeta/Amiga Helen De Rose, que nos deu uma aula sobre essa forma de poema, a GLOSA, que eu humildemente tento criar.
Segue abaixo a obra da mestra pra quem quiser conferir.
Gratidão, Helen!
Eu quero um Amor...-Helen De Rose
Face to face
"Face to face"Somos muito diferentes.você ribalta..eu coxia.você aurora...eu ocaso.você persona...eu pessoa.Você o gosto em ouvir...Eu o medo em falar.Você convexo.Eu côncavo,
Árvore da Vida
ÁRVORE DA VIDA
Os
amores
platônicos,
ancorados em
poemas... Sobrevivem.
Pelas mãos do poeta, cujas
tramas mágicas são tecidas,
com todas as palavras colhidas,
A seiva do poeta
ameniza
a dor
Sufoca
o grito
Liberta
o riso
Garante
o viço,
a força,
a forma.
Alimenta a vida.
E lhes traz sentido.
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Terra e Arado
Eu sou terra, você arado,terra seca com sua ausência,que se encharca aos teus cuidados.Sem você sou veio d'água,
diminuto e rasteiro, que desce timidamente,nas ocultas fendas sedentas,de água, cuidado e semente.
Sem ti sou só aperreio,seu arar me faz cachoeira,água forte jorra do veio,encharcando os meus montes,descendo entremeios,caudalosa corredeira.
Não fuja de minha vista,não sai de minha terra,singra a fonte no leito.Não condenes à sequidão,o campo viçoso e fértil,que sonha com teu cuidado,
que geme por tua semente,Eu sou terra, você arado.
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Irracional paixão
"Nos momentos em que surpreende um lampejo de razão,me coloco a pensar, me dar conta da Paixão.Descubro que este fogo, esta chama a consumir... Consumiu a minha paz, deixando no peito angústia. Fogo que arde sozinho, qual a sua serventiasenão transformar em cinzas minha parca alegria. "
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Vulto
Tenho endereço mas não tenho casa,falta-me pouso...Vivo na casa na casa mas não a habito,falta-me ninho...Deito na cama mas não durmo,falta-me sono...Como do prato mas não me alimento,falta-me gosto...Bebo da água mas persiste a sede,falta-me a fonte...Escrevo um poema mas não o leio,falta-me ouvinte...Cometo injúrias e não confesso,falta-me cúmplice...Compro a bebida mas não bebo,falta-me parceiro...Faço o sexo mas não me sacio,
falta-me amor...Tenho... mas me sinto só,falta-me... Só me falta.Encontro-me entre tantos
mas sou só desencontro.Penso mas não existo,falta-me ser...Estou onde não sou,
onde sou, não estou.Sou só vulto.
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Borboletas na sala
Uma borboleta plaina no vazio da sala
vejo seu bater de asa leve e
intenso como o pensamento
que livre te busca. Como o voejar
da borboleta que plaina absoluta
meu pensamento salta a procurar-te.
Pensamento em voo livre, disperso
num aflito rastrear por pouso
perdeu-se onde liberdade não há.
o tempo lhe surrupiou o repouso e
giras em torno de si mesmo,
rodopiando inútil a esmo.
Voo débil, sem bússola que aponte
o norte , legado à própria sorte,
ou sua falta. Buscas um horizonte
num bater e rebater de asas
neste vácuo entre o pensamento que nos ata,
neste abismo do espaço que nos afasta.
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