Poemas, frases e mensagens de Carla Veiga Ribeiro

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Carla Veiga Ribeiro

Era amor. Era paixão.

 
Devagar, devagarinho…
Foste entrando sem notar
E assim quase de mansinho
Ganhaste o teu lugar.

Arrumaste nos cantos dores e amores
Foste abrindo o teu espaco.
E onde havia negra magoa salpicaste cores.
E onde haviam nos, tu deste um laco.

E quando olhei de frente,
Quando olhei e quis ver,
Tu estavas diferente
E o amor estava a acontecer.

Aqui , dentro de mim
Onde pensei conhecer ate o que nao via,
Ha frio e calor, emocoes em motim
E forcas boas e mas que nao previa.

Em luta comigo e contigo
Amor, medo e prazer.
A amizade como abrigo
E sem saber o que fazer.

Tornou-se mais forte que vento em furia
Tornou-se mais frio que gelo polar.
Momentos de prazer e luxuria
Misturados com o nosso lado lunar.

E num momento doce,
Proibido e em segredo,
A verdade como uma foice,
As tuas palavras como um torpedo,

Destruiram de uma vez
Qualquer disfarce que conhecia.
E assim em plena nudez
Fiquei com a boca de palavras vazia.

Era tarde demais para nao ser
Era forte demais para nao sentir.
Nada mais tinha a perder
Limitei-me a consentir…

… era amor, era paixao.
Carla Veiga Ribeiro
 
Era amor. Era paixão.

Simplesmente... Amigo.

 
E da sombra apareceu a luz
Mais brilhante que aura pura.
De olhar meigo que seduz
De sorriso aberto e com candura

Deixou que sua luz me tocasse.
Perdi o frio na sensação de ternura
Como se de algodão se tratasse
Branco, fofo e todo ele doçura.

Aceitei suas palavras e conselhos
Como sementes de conhecimento,
Em regueiros secos e velhos
Num peito infértil de sentimento.

Mas vingaram como gérmen ágil
Em meu peito como abrigo.
Renasci nesse momento frágil
E por isso lhe chamo amigo.
 
Simplesmente... Amigo.

Eu nao basto

 
Quero morder os lábios de desejo!
Quero sentir borboletas na barriga,
Quero te ver apenas como te vejo
E não pelo comum: “há quem o diga”…

Quero beijar os teus olhos quando dormes,
Quero cheirar o teu corpo já cansado.
Quero ser eu a comida que tu comes,
O ar que respiras ao meu lado.

Mas querer apenas não basta.
Amar apenas não basta.
Sentir demais não basta.
Beber demais não basta.

O que é preciso então?
Talvez não existir passado?
Se pudesse fazê-lo ao premir botão
Este presente agora traçado,

Seria o futuro que é incerto.
Mas que numa perspectiva presente,
Estaria de acordo decerto,
Com o ideal na tua mente.

Pára de olhar para mim com amor!
Pára de me quereres sem me tocar…
Sou lume agora sem calor
Sou ave selvagem sem voar.

Sou o leite materno à nascença,
Sou a mãe que te cuida e protege.
Vem beber da minha presença
Neste corpo quente que te elege…

… como dono, como vassalo.
Quero-te e odeio-te. Porque é assim?
Ah! Queria tê-lo e abraçá-lo!
Dizer-lhe que é tudo para mim.

Mas não posso, porque não ouve,
Não posso porque não sente.
Não tento, porque não houve
Um passado esquecido no presente.
 
Eu nao basto

Um brinde

 
Brindo à vida e a ti também!
Por amor a ti me entreguei…
Amor de amiga e de mãe,
De amante que apaguei …

… do rol de qualidades
Que a mim adjectivaste.
As palavras são vaidades
Que tu, bem sabes usaste…

Ainda te amo, eu sei…
Também te odeio e te espero,
E nesta taça lancei
Os meus sonhos e desespero.

Veneno com que me deleito
Amargo como o teu amor,
O meu corpo foi o eleito
Para acalmares o teu calor.

Esse fogo que me queima
Sempre que a tua mão me toca,
Momento que ainda hoje teima
Em aparecer e me provoca,

O arrepio revelador
Da mentira que tu és.
Se a tua sede é a minha dor
Sou uva que pisas com os pés.
 
Um brinde

Intemporal

 
Suave como carícia de amor,
É teu beijo, quase inocente…
O teu corpo acalma o meu calor,
Êxtase que anseio presente.

Cada gesto com carinho,
Ousei guardar na lembrança.
Pele sedosa, pêlo de arminho,
Tesouro guardado como criança.

Segredo escondido,
Mas nunca contido!
Magia que meu corpo enlaça…

Rendida á doçura em partilha,
Amor como mar numa ilha
E o tempo que por nós não passa.
 
Intemporal

Hoje sou rebelde

 
Hoje não me sinto eu.
Sinto o pulsar de outra pessoa…
De uma rebelde que saqueia o que é meu
E a quem a beleza atraiçoa.

Rouba-me tudo o que tenho, a minha riqueza
E o que conheço como real.
E isso pode ser também a minha fraqueza,
Pois está á mercê do que é banal.
 
Hoje sou rebelde

Solidão...

 
Ela arrasta-me por essa vida sem me largar,
Num colete-de-forças ocultas, sem culpas nem temores.
Ah! Como eu queria a liberdade e se de mim a pudesse afastar,
Criaria uma revolução, agitaria mares e da terra faria tremores.

Exibia a bandeira da vitória
Por cima de todos os meus azares.
Esse seria o meu dia de glória!
Gritaria então, o teu nome perante quaisquer olhares.

Sou louca, alucinada e sem tino.
Mas por ti faria tudo isso e muito mais.
Pois felicidade, é o que desse dia imagino,
E dele não iria abdicar jamais.

Por fim, estofaria o coração com a tua graça,
Convocaria o povo e a armada.
Ergueria os braços no meio da praça
E diria: Meu povo, a solidão foi derrotada!
 
Solidão...

Flor entre as flores

 
Viciada em romances fugazes,
Passei anos embriagada.
Pensava sermos audazes,
E eu vivia apaixonada.

Em mim se aninhavam,
Na esperanca de terem mais.
Mas o pouco que caminhavam,
Andavam sempre demais.

E quando me julgava sobria,
Livre de amores e dores
Sendo apenas eu propria,
Uma flor entre flores…

Sem parelha ou similar,
Sem sombra ou erva daninha,
Uma brisa fresca de ar
Levou a certeza que tinha.

E tu amor, fresca brisa de ar,
Gelaste ser de petalas ageis
Envergonhaste flor com teu olhar
Desnuda em movimentos frageis.

So, procurei o sol e seu abraco,
Que teima manter-se escondido.
Na sombra escondo meu cansaco,
A espera, sobria… de amor contido.
 
Flor entre as flores

Uma história de amor

 
Adoro,
Quando sorris e trazes a força
Que preenche o meu dia.
Quando me despes de preconceitos
E me olhas vestida de paixão.
Lembro agora,
Quando por magia o acaso como cúmplice
Protegeu o nosso segredo.
Ou quando o teu silêncio de visita ao meu passado
Me traz notícias do teu medo presente.
Sei que te amo,
Quando no Inverno do teu estar
Encontro o calor do meu ser
E transformo na paixão que tentei esconder.
Quase enlouqueço,
Quando me tocas com o olhar
E quente de ternura,
Derreto sem medo o meu pudor.
Quando por magia
Levas o meu querer até ao limite…
Ou quando me perco na doçura do teu beijo
Que agora sentirei apenas quando o sonho o permitir.
Desse sonho não irei querer sair,
Mas sou contrariada pela razão.
Não verei verdade no meu sorrir
Nem sentirei nas minhas, a tua mão.
Ao meu lado terei o vazio e o fulgor dessa paixão.
Como companhia, a saudade e uma vontade meritória,
De um dia viver mais, do que o prólogo da nossa história.
Escrita pelos deuses, secreta e protegida,
O mais belo conto de amor
Por ser afinal a nossa vida.
 
Uma história de amor

Meretriz

 
Caminhou pela areia fina
Em direcção ao mar e seu abraço
No céu, a lua cheia que ilumina
Traz amor consigo, no regaço

Que fará agora com ele?
Já não é dela, não lhe pertence!
Por se dar a esta e àquele
Sua pureza já não convence.

Essa pureza, a traz no peito
Que é grande e hospitaleiro.
Nunca conseguiu grande feito
E seu coração é um estaleiro.

Nele aportam homens feridos, sem tino
Ávidos de algum conforto e prazer
Não é nela o seu destino
Ela é porto de abrigo e lazer

Mas hoje quer ser menina casta
Nega-se a quem dela precisar.
Esquece a sua vida tão gasta
E assim, seu amor, só o dará ao mar
 
Meretriz

Gritos mudos

 
Gritos mudos são...

O comodismo de apenas estar,
O apenas existir para não ter
De dolorosamente constatar
A cruel verdade que hei-de conter.

Essa que me condena e resiste
Aos mais belos trechos de beleza.
Essa que me persegue e persiste
E se roça no conceito de pureza.

Essa que procuro entender
Que conheço mas não quero.
O espírito que se solta e no meu ver
É apenas uma sonho que à noite espero.

Nada é real, sempre fantasia.
Tudo o que é puro, não é casto.
O que parece tocado por Deus, é heresia.
São notas de um piano velho e gasto...

Gasto pelo tempo e exagerado uso…
Piano que em tempos fez feliz
Até o ser mais obtuso
Sons que hoje procuro e sempre quis.

Sons que abafo como o meu apenas estar…
Gritos mudos que aprisiono,
Gritos que insistem em revelar
A verdade que procuro no sono.

Gritos mudos que me doem…
Sons que dirijo a Deus
Em tons que me comovem
Afinal, por serem meus.
 
Gritos mudos

Dualidades

 
Hoje sei que sou mais forte…
E até quando pareço que não sou,
Procuro te encontrar na minha sorte.
Lugar comum que ultrapassou,

O sentir que já não me pertence.
Sou leve e solta quando te tenho,
E sinto que hoje eu te mereço.
Sou máquina de amor e seu engenho.

Hoje eu sei que sou mais fraca…
E quando me perco no teu gosto,
A esperança revela a barca que atraca
No momento sentinela do teu posto.

A certeza de ser para sempre tua,
Faz-me sentir mais que simples ser.
Sou prima-dona que para sempre actua
Em palco frágil de teu parecer.
 
Dualidades

Olha para ti!

 
Sinto-me inconstante
Sem vontade ou destreza.
Sorrio por um instante
E de novo vem a tristeza.

Tenho tudo na verdade
E nada me falta, me dizem.
Talvez não veja a bondade
E deixo que todos me pisem…

É uma opção de vivência
Como vejo este mundo.
Não é pura inocência
Não vivo em vazio profundo.

Prefiro sentir-me assim,
Que viver numa mentira!
Com a alegria perto de mim
E a maldade na minha mira,

Sou um alvo fácil de atingires
Pois meu coração é vermelho.
Mas sou arisca e antes de agires
Revelo-te, pois sou um espelho.
 
Olha para ti!

A todos os poetas do Luso-Poemas

 
Sigo cada dia como momentos
Preciosos, raros, mágicos.
Faço do queixume e lamentos
E de todos os dias trágicos,

Poesia. Palavras que sinto minhas,
Emoções que são de quem as tomar.
E lendo nas entrelinhas,
Meu ser e meu doar.

Desaparece a minha ansiedade
Nesta troca que me acalma.
E assim, a nossa cumplicidade
É tão profunda quanto a alma.

Muito obrigada a todos pela partilha.
Beijinhos
 
A todos os poetas do Luso-Poemas

Beijo com sabor a saudade

 
Um beijo frio
Um beijo que não é teu
Não devolvo, não o retenho.
Tenho dias bons que nem me lembro
Tenho dias melhores porque recordo.
O beijo com cheiro de amor
O beijo com sabor a saudade
Não sei se faço bem ou se faço mal
Mas cada vez que tento ser certa para outro
Não consigo ver senão o teu sorriso
E não és tu quem vem conhecer os meus segredos
Não és tu quem me percorre
Antes corre como atleta
Em fuga pelos jardins da paixão
Do beijo com cheiro a jasmim
Da minha pele cor de marfim
Sabes que estas em parte incerta
Talvez numa ilha deserta
Onde o que sentes é a tua companhia
E no mar os sentimentos em revolta
Na ira de uma maré em renuncia
A denuncia
De não querer mais esse sentir.
O beijo com cheiro de amor
O beijo com sabor a saudade
Não sei se faço bem ou se faço mal
Mas cada vez que entro no mar do meu desejo
É o teu sorriso que ainda vejo
Não procuro outro igual.
 
Beijo com sabor a saudade

A ti minha irmã...

 
Por ser tão linda e nobre
É fruto da época do amor,
Tem um manto de aventura que cobre
A saudade que lhe causa furor

De querer tão bem aos ausentes,
De querer ficar ao partir.
Os sentimentos sempre presentes
Que teimam em ficar e sentir.

Seria mais fácil não ir!
Se ao menos pudesse escolher…
Escolher, talvez não sentir,
Sentir talvez ao colher,

No campo já seu conhecido
Onde pulsa o sentimento mais forte:
Esse que é seu e merecido
Que é seu destino e sua sorte…
…o amor
 
A ti minha irmã...

Saudade

 
Pessoas que passam…
Soltam desprezo como perfume.
As castanhas no pote que assam
Negras de sofrimento no vermelho do lume.

Cheira a pesar…
Campas enfeitadas de flores,
Por entre os pregões a passar
Nevoeiro e escuridão de vis cores…

Um jornal velho voando,
Pombas que surgem gritando…
Sustos de uma vida!

Lembranças que hoje esqueço,
Memórias que não mereço,
Saudosa juventude perdida.
 
Saudade

Lembranças

 
Lembras-te?
Quando alguém pela primeira vez, te deu a mão?
(Num acto de ternura e protecção).

Lembras-te?
Quando alguém te amou e o desprezaste?
(O sentimento mais lindo que abandonaste).

Lembras-te?
Quando chorei porque te perdi
E me disseste que a vida era cruel…
Foi só aí que eu percebi
Que na vida todos temos um papel.

Somos actores a representar
Neste grande palco que é a vida.
Tu escolheste a tua cena - não era amar
Mas a minha há muito, estava escolhida.

Lembras-te?
Quando o sorriso era felicidade
E o beicinho era contrariedade…
Quando o amor era um sorriso
E nada mais era preciso.
 
Lembranças

Ele é assim...

 
Mar de calma depois da tempestade
Imenso como deserto ardente
Gela corações como majestade
Ultimados pela bondade que aprende
Enleia de amor seus filhos como mãe
Livre de sentimentos que deste ficam aquém

Coragem de viver cada dia numa prece
Outros criticam suas reservas
Saudoso de um futuro que não conhece
Traz sorrisos no coração e…
Amor : de perdição.
 
Ele é assim...

Fado Enamorado

 
Foi um dia de Outono
Que eu te vi
Não sabia quem tu eras
Mas ‘pra mim
És a luz que me alumias
Nas noites escuras e frias
Que passo triste e sozinha

Foi assim que começou
O meu pesar
Ter o homem que eu queria
Sem me amar
Mas de ti só tenho um fado
Não ficaste ao meu lado
Nessas noites sombrias

Choro por ti
Canto por ti
Tu sabes como eu te quero
E um dia ainda espero
Fazer-te sofrer por mim

Engoli o meu orgulho
E pedi
Que ficasses a meu lado
Pois sem ti
Nada fazia sentido
Porque meu coração ferido
Não se cura sem o teu

De repente tu voltas-te
Mas ‘pra mim
Tudo estava diferente
Mas enfim
Abri meu coração
Deixei-te entrar então
‘Pra jamais te ver partir

Choro por ti
Canto por ti
Tu sabes como eu te quero
E um dia ainda espero
Poder-te fazer feliz
 
Fado Enamorado

Carla Veiga Ribeiro