Encanto
Encanto sob um olhar felino
encanto sob um céu estrelado
encanto ao som de um hino
encanto ao beijo do ser amado
Encanto na calmaria do mar
encanto na serenidade dos montes
encanto ouvir a sereia cantar
encanto a água a correr nas fontes
Encanto num abraço profundo
encanto na vida no mundo
encanto um bébé a sorrir
Encanto de um beijo ardente
encanto de um amor demente
encanto como é bom sentir
Sem título
A desistência de passos cansados
ocos sentidos perdidos na noite
em latidos e uivos tão intensos
rasgo livros de dores confusas
rasgo a pele ao mesmo tempo
sinto o vento despir-me o medo....
entro vazia, sem ser,
entro no abismo da ilusão do ter
discorre de mim a atitude
entrego-me sem ter um fim
o adeus ao amanhã gélido
em tempos presentes, futuros
e tão, tão passados,
a desistência de passos cansados.
PAZ
Silêncio que é ouro
conversa que é prata
perdeu-se o decouro
é a espada que mata.
o míssil que rebenta
a criança que chora
numa guerra sangrenta
morrem a toda a hora,
pessoas de paz, inocentes
crianças que não sabem porquê
os senhores do mundo, dementes
em que já ninguém crê!
procura-se no espirito salvação:
reza-se a Deus a Alá
com esperança no coração
exige-se pelo mundo:Paz Já!
Mas os misseis continuam a cair
As armas continuam a disparar
não há nada que Nos faça sorrir
não há nada que Os faça parar!
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Pensamento interrompido
Pensamento perdido
Anunciando o fim
Ecoa no vazio
A vontade de mudar,
Mudar…mudar…mudar…
Ninguém responde,
O eco nada diz
Insegura dou passos a medo;
E respondem-me,
Falhar…falhar…falhar…
NÂO! Gritei,
Mas o eco não responde
Desta vez não!!!
A minha raiva, força
O meu desespero, garra.
Sendo o céu o limite
Luto pelo tesouro do arco-íris:
Não ouro, prata ou moedas,
Paz, serenidade, paixão
Pela vida
Por mim
Pensamento interrompido
Pensamento perdido
Já não anuncia o fim
Final
A rotina, essa feroz besta,
que me devora lentamente...
Perdi o rumo,o sentido, a festa,
passa o tempo velozmente.
Em mim, a revolta cresce
aumenta a cada instante
no meu jardim não floresce...
O revolver carregado, revoltante,
está a um simples gesto,
um gatilho de distância
neste dia a dia modesto,
quem me dera a ignorância.
Choro calada, não posso falar,
ninguém me iria entender!
a vontade de me matar
penso, mas não consigo fazer.
Assim cá passam os dias
na melancolia habitual
as entranhas tenho-as vazias
aguardo simplesmente o final.
Eu
O meu ser, o meu Eu,
essa confusão de sentidos
baralhados,revisitados, perdidos,
na pessoa que sou EU!
As divagações num mar revolto
as dúvidas, questões, dificuldades
em cartas baralhadas mediocridades
e ao meu Eu interior volto.
As certezas há muito me abandonaram
as minha duvidas há muito me baralharam
sigo sem saber qual o meu rumo,
sem saber se tudo valerá a pena?
Nesta constante luta terrena
da qual ainda procuro o sumo!
ARTE
Arte, essa palavra tão simples e ao mesmo tempo tão complexa que nos custa descrever, mas que ao mesmo tempo nos faz acelerar o bater do coração! A quem a aprecia, claro está! Ali, no entanto, naquela exposição de mais uma jovem promessa da pintura, todos sentimos o sangue a percorrer as veias sempre m excesso de velocidade! Os contrastes, branco/preto, as personagens desfocadas e sempre sem boca com que gritar, faziam com que nos identificássemos com elas no nosso constante corrupio do dia a dia! Cruzei-me com o autor das telas e percebi num só olhar que também ele era um homem de contrastes, incertezas, excessos e que a sua boca fechada de timidez, continha dentro um grito trancado. Esse imenso e intenso grito, no entanto, era passado para cada uma das telas daquela galeria. Um arrepio percorreu-me o corpo ao perceber que também ele olhava para mim de soslaio e por me sentir envergonhada fixei a tela à minha frente
Lembrei-me dos tempos da minha faculdade em que frequentara um curso de pintura e de como as técnicas estavam alteradas… Pensando bem, também eu estava muito alterada: as rugas, já não havia creme ou base que disfarçasse, e os brancos cabelos que noutro tempo eram sedosos e louros, hoje para além da cor tinham perdido esse toque a seda! Mesmo assim continuava a tentar esconder a idade que tinha, saindo de casa sempre sem um cabelo fora do sítio! Naquela tarde não era uma excepção. Quando olhei de novo o criador daquelas telas, com as quais tanto me identificava, percebi que o seu olhar estava também fixo em mim sem que percebesse bem o porquê, no meio de tanta gente jovem e bonita, porquê que aqueles olhos cor de canela se haviam fixado em mim! Ficamos breves instantes a olhar, no meio da multidão até através dela, um para o outro e num repente sem saber quem deu o primeiro passo estávamos juntos a conversar, como se nos conhecêssemos desde sempre!
Perguntam vocês o que queria um jovem com alguém já com uma certa idade? (Velha nunca, porque para além de ser uma palavra cruel não espelha a beleza que a antiguidade pode dar a uma pessoa que saiba dar o valor a isso mesmo!) Falamos de tudo e de nada, numa troca de palavras sem sentido para quem nos ouvia, mas fazendo todo o sentido para nós que as trocávamos! Perdemos a noção temporal e espacial e era como se estivéssemos só nos dois degustando as palavras um do outro trocando sentidos e experiências que não se contavam a ninguém, mas que sentíamos necessidade de trocar entre nós!
Não farei aqui a descrição desse diálogo que foi muito longo, porque julgo que não iriam perceber o sentido dele, digo-vos só que quando nos afastamos estávamos ambos de bem com a vida e mais importante connosco mesmos. Fui para casa de alma rejuvenescida e sentido de plenitude que não consigo descrever, quase como se tivesse aberto as asas e me encontrasse naquele momento a planar sobre o mundo com todos os seus problemas e sofrimentos. Aquela conversa dera-me as asas que eu sempre tivera, mas que nunca conseguira usar. Tinha sido um jovem a despertar essa asas de corvo que ele tinha na camisola e que eu tinha tido escondidas anos a fim! Naquela conversa de tudo e nada ele tinha-me dado forças para lutar pelo meu futuro, restituindo-me novamente a vida!
Infelizmente a vida dele eu não consegui restituir e soube que dias mais tarde morrera devido aos seus excessos de álcool e heroína deixando sobre o espelho que vira o último raio de luz no seu olhar de canela, uma frase que ninguém conseguia entender:”Se eu tivesse os cabelos branco, não conseguiria dar mais nada, assim dei asas a todos os que cruzaram o meu caminho!”
Percebi ser uma mensagem para mim e para todos os que haviam descoberto como era bom voar. Ainda hoje voo e descobri que também consigo ensinar a voara quem se cruza no meu caminho, mesmo tendo cabelos brancos!
olhar perdido
O olhar perdido, oco, vazio
Na multidão cheia, intensa, completa
E um sentimento avesso, contrário
Na felicidade de outros passados, presentes
Inquirindo sempre tudo, sempre nada
Inquirindo a felicidade total
No mar de duvidas frontal
O medo do desconhecido
Um rio vulgar, perdido
Num momento aturdido
No meio da multidão confusa
Uma onde reflectida
Questionando a dor do mundo
De que se fecha a esfera
Perdido no meio da imensa espera
Oculto a dor, o pecado
Entre risos que não são meus
Ente desejos esquecidos passados
Que afundei nos olhos teus