Poemas, frases e mensagens de OctáviodaCunha

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de OctáviodaCunha

Olhos d ´ Alma

 
Os teus olhos azuis marcam
Fragrâncias de luar marfim
Soltando existências
Prementes
Como os teus beijos
Lábios afagam
Sabores ocultos revoltados
Sim
Se da sua ausência, se sente
A saudade deles
Molhados

E a Alma?
Não a escondas
Se no ténue brilho do olhar se vislumbra
O amor descoberto
Não te escondas
Entre rios, mares… naquela fonte?
No esconso lugar da penumbra?
Não o faças olhos azuis!
Não os escondas
Que eles são lindos demais
Para estarem na sombra

Os teus olhos avultam
Os desejos ocultos
De viagens queridas ter
A Alma tua desvenda
Gestos soltos de brandura
Que só aos teus olhos podiam pertencer

Os teus olhos azuis marcam
Percursos de sonhos
Que a Alma tua desvenda
 
Olhos d ´ Alma

Definitivamente

 
Definitivamente…
Lanças-me o teu olhar
De mulher
De frente…
Com teus olhos floridos
E
Com enigmas de serpente…
Definitivamente…

Definitivamente…
Tocaste em mim
Com as tuas mãos macias
Com os teus lábios húmidos
Frementes…
Definitivamente …

Definitivamente…
Entregaste-te-me
Abriste a porta da paixão
Atiraste a chave ao rio
Deste-me o coração…
Teu…quente… macio…
Definitivamente…

Definitivamente…
Sentes o desejo
O ardor
Dizes-te encontrada-perdida
Confessas o amor
Que só quem ama sente…
Definitivamente…

Definitivamente…
És minha
Amiga
Namorada
Amante
Ou tão somente minha
E mesmo que não me tenhas
Para sempre
Sou teu…
Porque te pertenci um dia…
Definitivamente…
 
Definitivamente

Nos teus lábios...

 
Nos teus lábios percorro
Labirintos de prazer surdo...

São mar-imensidão
São tormentas por acontecer...

Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou frágua liberta nas arribas
Sou onda a bater...

Nos teus lábios sorvo
Alfazema que emana de ti

Os teus lábios...
São nuvens de algodão doce
São morangos com chantili...

Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou frágua liberta nas arribas
Sou tudo o que acontecer!...
 
Nos teus lábios...

Negação

 
Se as minhas mãos talhassem o desafio
Do fado agnóstico que cantaste
A madeira funesta do desvario
Seria o alpendre agreste que criaste.

Planalto verdejante caminho
Com freios arreganhados entre dentes
Ideias em constante desalinho
Lúcidas, tenazes, dementes.

Já não sou mais eu que aqui estou
Sou outro ser
Não conheces
Vou por aqui só porque vou
Só porque tem de ser
Não sou o ser que mereces.

Se as minhas mãos talhassem o desafio
Outro mar era navegado
Do fado agnóstico que cantaste
Outro mar seria marejado
A madeira funesta do desvario
Em ondas vermelhas seria
Seria alpendre agreste que criaste
Em cemitério de abrutes jazeria.

Planalto verdejante caminho
Como ideias negras do pensamento
Com freios arreganhados entre dentes
Sementeira de asneira, ténue lamento
Ideias em constante desalinho
Sóis febris de mágoas repartidas
Lúcidas, tenazes, dementes
Palavras tuas, velhas, vencidas.

Já não sou mais eu que aqui estou
Sou espectro da felicidade havida
Sou outro ser
Auréola cinza vencida
(Que)
Não conheces
Não a queiras conhecer!
Vou por aqui só porque vou
Não quero ir para onde me mandas
Só porque tem de ser
Outras demandas… outras demandas
Não sou o ser que mereces
Não quero ser o que queres!
Não quero ser como me queres!
Não vou ser… não quero!
 
Negação

O esquecimento em branco .

 
Advirá o esquecimento deste tempo de silêncio ?
As luzes apagam-se ,
por de trás das cortinas opacas de lembranças .
Não há forma de as reacender ,
senão com velas ,
com combustão explosiva ,
que …
se apagam num esgar de vida …

Advirá o esquecimento ,
depois desta lembrança contínua ?

Imagem a imagem …
não te deixo esconder na escuridão atroz.
Revejo-te continuamente …
Alva de brancura que dói .
Olhos semi cerrados de dúvida , que rói …
a minha alma sedenta de ti .
Não te escondas neste silêncio …
que te ouço mesmo assim .
Não te encubras por detrás da Lua …
que ela é invisível para mim .

Advirá o esquecimento ,
depois deste silêncio audível ?

Não , já não te podes esquecer …
Já não te posso esquecer …
Se somos os dois … um único ser !
 
O esquecimento em branco .

E não durmo...

 
Tenho os olhos pesados...
do sono que deveria ter dormido , mas não consegui.
A cabeça tende a pender, ao cansaço...
das horas perdidas – a pensar em ti.
E o fôlego?
Acho que já não existe...
tantas as horas gastas em pensamentos de jogo cruzado.
Dormir?
Já o direito não me assiste...
no estreito caminho de dormir descansado.
Não quero dormir mais...
quero descobrir-me nos gestos gastos pelo tempo de alucinação.
Não quero dormir mais, assim ...
em folhetins de imagens inacabadas – confusão!
E se ao jogar com imagens incontroláveis de ti,
busco o efeito desejado – o sono ...
mais me revolvo nos lençóis da cama amorfa... e não durmo...
porque... mais te envolvo...
mais me envolvo no sonho que assumo!
 
E não durmo...

O som dos teus passos

 
Secam-se-me as palavras que te disse .
Fugiram ... os teus olhos ,
enfim , partiste ...

E agora ...
aqui , no lamento dessa ausência
... penso em ti ,
e choro a distância .

As lágrimas tristes da incerteza ...
daquelas coisas com importância ...
não esqueci ...
e ... penso em ti .

Vergado pela tristeza da partida ,
fecham-se-me as mãos ,
procuram-se espaços ,
relembram-se beijos ,
descobrem-se abraços ...
e continuo procurando ,
loucamente ...
o som dos teus passos .
 
O som dos teus passos

Ser ou parecer ?

 
Quando alguém te diz ,
que és algo , que sentes ...
... não ser .
É um tormento passar ,
pelo que sabes não ser ...
e parecer que mentes .
E não és mentiroso ,
tu sabes que não ...
Mas , parecer o que não és ,
para além de doloroso ...
é não saber se o que sentes ...
que és ...
... será realidade ou imaginação .

Quando alguém te diz que és ,
o que sabes não poderes ser ...
mas tentas , com todas as forças , parecer ...
Ficas confuso , sem saber ...
se serás ... ou és !

Eu ? Não sei se sou ...
mas quero ser ...
ser , o que sou ,
em troca do que posso parecer .
 
Ser ou  parecer ?

Obrigado …

 
Obrigado…
Por me fazeres sentir o que sinto.
Obrigado…
Por fazeres do meu Universo
mais que um labirinto…
Obrigado…
Por me abrires os limites do Espaço
por me libertares do “ absinto “…
por aquele longínquo…
… mas terno abraço.

Obrigado…
Por existires no meu peito,
Por me fazeres saber que tenho coração.
Obrigado…
Por permitires este Sentir
Mesmo esta dor…
… este “ meio estar “.
Obrigado…
Por brilhares o meu Sol…
… ofuscando as minhas nuvens…
…afugentando o meu pesar.

Obrigado…
Por derramares as tuas lágrimas.
Por te doer o peito…
… por extravasares a tua dor…
Obrigado …
Por seres como és … Amor!
 
Obrigado …

Violação

 
Quero deitar um olhar dentro de ti,
Violar o teu segredo mais secreto,
Amor…
Se for mesmo indiscreto,
Disfarça Amor,
Porque te amo mesmo assim...
 
Violação

Ouço-te…

 
És um poema
Onde deitaria meu corpo
A ouvir-te...
A sentir
O teu coração
Pousar na minha mão
E com esta
Pousar-te
No peito faminto

Sou um pássaro perdido
No ar perfeito do teu pensamento
Sou turbilhão de prosas
Na imaginação que transpiras
Sou a ilusão do tema
Quando te perdes

Quero-te beber
As palavras surdas
Mas não sei...
Se são
Encruzilhadas
As poucas certezas de te saber
Sei que te ouço...
No pouco tempo de estar
Mas sei também
De um minuto
No universo
Onde tudo se pode ser
Onde tudo se pode ter!

Ouço-te
Nos rios nascidos
Que em mim naufragam
Sei dos temporais antigos
Que transbordam
Em remoinhos frouxos de prazer
E...
Ouço-te
E sei...
Que tens tornados de mel
Mares lembrados
Fogueiras ateadas
Nas almofadas solitárias
Que te sabem a fel...

Não partas, chega!
 
Ouço-te…

Tu... perpetuada em mim...

 
Continuo no descaminho...
Perdido nesta vaga de tristeza...
...não sei o que é certeza,
nem tão pouco, se és viva.
Os sinos repicam ,
tu não ouves
não respondes, pelo menos...
e, sem mais certeza alguma,
fico a sonhar ...
e os sonhos desfazem-se...
espuma...
E agora?
Pergunto outra vez,
ao espelho mágico do desencanto,
e placidamente... calado...
a angustia do vazio,
destrói a esperança da resposta.
E placidamente... sonho...
que espeto perpetuamente
a tua memória, em mim.
 
Tu... perpetuada em mim...

Palavras

 
Quero encontrar as palavras certas...
curtas, compridas, não importa...
mas encontrá-las é difícil.
Quero dar-te a força que nem precisas
... mas dar-te...
porque a mim importa-me.
Importa-me que saibas que me importa.
Importa-me que saibas que vales.
Importa-me que saibas o quanto te quero.

Não me importa que deturpes as palavras.
Não me importa que me odeies...
Mas palavra, importa que te importes
... que não esteja contigo!
Não me importa que te zangues.
Não me importa que me desprezes.
Mas importava-me que me julgasses mal...
... que não me visses, como um amigo!...

Quero encontrar as palavras escondidas...
... ditas, não ditas... não esquecidas...
mas palavra... é difícil!
Dizer-te as palavras que por medo...
... ou talvez não...
... não foram ditas
– creio –
para não melindrar o teu coração!

Não me importa que destruas as palavras...
Que as odeies... ou assim...
Mas palavra... não são só palavras...
O que significas para mim!
 
Palavras

Noites de insónia – 2

 
Tenho os olhos pesados...
do sono que deveria ter dormido ,
mas não consegui .
A cabeça tende a pender ao cansaço...
das horas perdidas – a pensar em ti.
E o fôlego?
Acho que já não existe…
tantas as horas gastas em pensamentos de jogo cruzado.
Dormir?
Já o direito não me assiste...
no estreito caminho de dormir descansado .
Não quero dormir mais...
quero descobrir-me nos gestos gastos pelo tempo de alucinação .
Não quero dormir mais, assim...
em folhetins de imagens inacabadas – confusão !
E se ao jogar com imagens incontroláveis de ti,
busco o efeito desejado – o sono ...
mais me revolvo nos lençóis da cama amorfa ...
e não durmo ...
porque...
mais te envolvo ...
mais me envolvo no sonho que assumo !
 
Noites de insónia – 2

Dentro de mim

 
Sistematicamente, existes dentro de mim.
Mesmo nos momentos que não quero, existes... és.
E este pensamento de ti ... sufoca-me. Sim.

Porque não me liberto?
Porque persisto?...
Se ao não estares aqui...
não te consigo libertar de mim.

Dói, estar contigo no pensamento...
em todo o momento.
... Só, só te relembro...
e não sais de mim...
nem mesmo no fim... do lamento.

Tenho-te...
sistematicamente, dentro de mim.
 
Dentro de mim

Mentira suprema

 
Penso...
repenso o tema,
entro no dilema...
escrevo... o poema...
Sinto o calor,
arribar ao pulso...
... e num impulso,
o jacto de tinta, reprime o papel,
e devagar, escrevo,
simulando emoções,
que os poetas inventam,
e feito de repetições
o poema está feito...
E o tema pensado,
virado dilema...
é invariavelmente uma quimera,
és invariavelmente tu...
és quase sempre tu...
...tu, mentira suprema!
 
Mentira suprema

Incertezas

 
Ao toque incerto dos teus lábios
Como vermelho remanso de luar
Flutuam ainda nos meus, sábios…
O recôndito espaço do verbo Amar

Toque indelével de ti, Paixão
Arremete-me para o espaço sideral
Terei emergido lentamente do chão?
Sim?
Quando?
Quando senti o toque de ti?
No final?

Troaram nos céus trombetas de mel
Transbordando os sons do romance
E em vez de Amor
Senti o fel
Do que de ti
Não estava ao alcance

E neste mar de incertezas
Vogam as arritmias do Desejo
O que será que terei de ti?
As realezas?
As certezas?
Ou mero toque… em ti
Que antevejo?

Não sei… beleza!
 
Incertezas

Passos no ar ...

 
Passos no ar ...
como passos de dança .

Juntos ...
presos , com grilhetas ...
estamos juntos...
com passos de dança ...
criando figuras de paixão...

Caímos pelo chão ,
enrolados ...
sem descanso...
Presos ... juntos ...
viagem demente ...
em vagas quentes ...
como danças furiosas ...
continuamos ...
juntos ... suados ... deitados ,
em composições curiosas ...

Dançamos ...
com passos no ar ...
passos de dança ...
... com grilhetas sem chave ...
 
Passos no ar ...

Jardins brancos de neve

 
Tenho ficado por aqui
Longe da realidade que me cerca
Tão longe das ruas direitas
E jardins brancos de neve

Eu sei, e só eu sei o que senti
Naquele dia em que partiste
Lágrimas para quê? Sorri
Mais as lágrimas que não viste

E tenho ficado por aqui
Longe da alegria, de ti
E tenho ficado aqui, pateta
Procurando-te na rua direita
Pelos jardins brancos de neve
... que não existem
... senão dentro de mim
 
Jardins brancos de neve

Desilusões

 
Sempre que sonho,
o sonho, sacode-me de tentações,
acordo,
deleito-me ainda,
insónia...
...fúria de desilusões...
 
Desilusões

Octávio da Cunha