Olhos d ´ Alma
Os teus olhos azuis marcam
Fragrâncias de luar marfim
Soltando existências
Prementes
Como os teus beijos
Lábios afagam
Sabores ocultos revoltados
Sim
Se da sua ausência, se sente
A saudade deles
Molhados
E a Alma?
Não a escondas
Se no ténue brilho do olhar se vislumbra
O amor descoberto
Não te escondas
Entre rios, mares… naquela fonte?
No esconso lugar da penumbra?
Não o faças olhos azuis!
Não os escondas
Que eles são lindos demais
Para estarem na sombra
Os teus olhos avultam
Os desejos ocultos
De viagens queridas ter
A Alma tua desvenda
Gestos soltos de brandura
Que só aos teus olhos podiam pertencer
Os teus olhos azuis marcam
Percursos de sonhos
Que a Alma tua desvenda
Definitivamente
Definitivamente…
Lanças-me o teu olhar
De mulher
De frente…
Com teus olhos floridos
E
Com enigmas de serpente…
Definitivamente…
Definitivamente…
Tocaste em mim
Com as tuas mãos macias
Com os teus lábios húmidos
Frementes…
Definitivamente …
Definitivamente…
Entregaste-te-me
Abriste a porta da paixão
Atiraste a chave ao rio
Deste-me o coração…
Teu…quente… macio…
Definitivamente…
Definitivamente…
Sentes o desejo
O ardor
Dizes-te encontrada-perdida
Confessas o amor
Que só quem ama sente…
Definitivamente…
Definitivamente…
És minha
Amiga
Namorada
Amante
Ou tão somente minha
E mesmo que não me tenhas
Para sempre
Sou teu…
Porque te pertenci um dia…
Definitivamente…
Nos teus lábios...
Nos teus lábios percorro
Labirintos de prazer surdo...
São mar-imensidão
São tormentas por acontecer...
Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou frágua liberta nas arribas
Sou onda a bater...
Nos teus lábios sorvo
Alfazema que emana de ti
Os teus lábios...
São nuvens de algodão doce
São morangos com chantili...
Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou frágua liberta nas arribas
Sou tudo o que acontecer!...
Negação
Se as minhas mãos talhassem o desafio
Do fado agnóstico que cantaste
A madeira funesta do desvario
Seria o alpendre agreste que criaste.
Planalto verdejante caminho
Com freios arreganhados entre dentes
Ideias em constante desalinho
Lúcidas, tenazes, dementes.
Já não sou mais eu que aqui estou
Sou outro ser
Não conheces
Vou por aqui só porque vou
Só porque tem de ser
Não sou o ser que mereces.
Se as minhas mãos talhassem o desafio
Outro mar era navegado
Do fado agnóstico que cantaste
Outro mar seria marejado
A madeira funesta do desvario
Em ondas vermelhas seria
Seria alpendre agreste que criaste
Em cemitério de abrutes jazeria.
Planalto verdejante caminho
Como ideias negras do pensamento
Com freios arreganhados entre dentes
Sementeira de asneira, ténue lamento
Ideias em constante desalinho
Sóis febris de mágoas repartidas
Lúcidas, tenazes, dementes
Palavras tuas, velhas, vencidas.
Já não sou mais eu que aqui estou
Sou espectro da felicidade havida
Sou outro ser
Auréola cinza vencida
(Que)
Não conheces
Não a queiras conhecer!
Vou por aqui só porque vou
Não quero ir para onde me mandas
Só porque tem de ser
Outras demandas… outras demandas
Não sou o ser que mereces
Não quero ser o que queres!
Não quero ser como me queres!
Não vou ser… não quero!
O esquecimento em branco .
Advirá o esquecimento deste tempo de silêncio ?
As luzes apagam-se ,
por de trás das cortinas opacas de lembranças .
Não há forma de as reacender ,
senão com velas ,
com combustão explosiva ,
que …
se apagam num esgar de vida …
Advirá o esquecimento ,
depois desta lembrança contínua ?
Imagem a imagem …
não te deixo esconder na escuridão atroz.
Revejo-te continuamente …
Alva de brancura que dói .
Olhos semi cerrados de dúvida , que rói …
a minha alma sedenta de ti .
Não te escondas neste silêncio …
que te ouço mesmo assim .
Não te encubras por detrás da Lua …
que ela é invisível para mim .
Advirá o esquecimento ,
depois deste silêncio audível ?
Não , já não te podes esquecer …
Já não te posso esquecer …
Se somos os dois … um único ser !
E não durmo...
Tenho os olhos pesados...
do sono que deveria ter dormido , mas não consegui.
A cabeça tende a pender, ao cansaço...
das horas perdidas – a pensar em ti.
E o fôlego?
Acho que já não existe...
tantas as horas gastas em pensamentos de jogo cruzado.
Dormir?
Já o direito não me assiste...
no estreito caminho de dormir descansado.
Não quero dormir mais...
quero descobrir-me nos gestos gastos pelo tempo de alucinação.
Não quero dormir mais, assim ...
em folhetins de imagens inacabadas – confusão!
E se ao jogar com imagens incontroláveis de ti,
busco o efeito desejado – o sono ...
mais me revolvo nos lençóis da cama amorfa... e não durmo...
porque... mais te envolvo...
mais me envolvo no sonho que assumo!
O som dos teus passos
Secam-se-me as palavras que te disse .
Fugiram ... os teus olhos ,
enfim , partiste ...
E agora ...
aqui , no lamento dessa ausência
... penso em ti ,
e choro a distância .
As lágrimas tristes da incerteza ...
daquelas coisas com importância ...
não esqueci ...
e ... penso em ti .
Vergado pela tristeza da partida ,
fecham-se-me as mãos ,
procuram-se espaços ,
relembram-se beijos ,
descobrem-se abraços ...
e continuo procurando ,
loucamente ...
o som dos teus passos .
Ser ou parecer ?
Quando alguém te diz ,
que és algo , que sentes ...
... não ser .
É um tormento passar ,
pelo que sabes não ser ...
e parecer que mentes .
E não és mentiroso ,
tu sabes que não ...
Mas , parecer o que não és ,
para além de doloroso ...
é não saber se o que sentes ...
que és ...
... será realidade ou imaginação .
Quando alguém te diz que és ,
o que sabes não poderes ser ...
mas tentas , com todas as forças , parecer ...
Ficas confuso , sem saber ...
se serás ... ou és !
Eu ? Não sei se sou ...
mas quero ser ...
ser , o que sou ,
em troca do que posso parecer .
Obrigado …
Obrigado…
Por me fazeres sentir o que sinto.
Obrigado…
Por fazeres do meu Universo
mais que um labirinto…
Obrigado…
Por me abrires os limites do Espaço
por me libertares do “ absinto “…
por aquele longínquo…
… mas terno abraço.
Obrigado…
Por existires no meu peito,
Por me fazeres saber que tenho coração.
Obrigado…
Por permitires este Sentir
Mesmo esta dor…
… este “ meio estar “.
Obrigado…
Por brilhares o meu Sol…
… ofuscando as minhas nuvens…
…afugentando o meu pesar.
Obrigado…
Por derramares as tuas lágrimas.
Por te doer o peito…
… por extravasares a tua dor…
Obrigado …
Por seres como és … Amor!
Violação
Quero deitar um olhar dentro de ti,
Violar o teu segredo mais secreto,
Amor…
Se for mesmo indiscreto,
Disfarça Amor,
Porque te amo mesmo assim...