Poemas, frases e mensagens de suave_desejo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de suave_desejo

Talvez me deixe

 
Talvez eu viva dentro do verso
Ou talvez me escreva sem título
Índice ou conclusão.

Talvez a voz viva dentro da razão
Ou talvez as veias se esqueçam
Do sangue, da emoção...
De viver no coração.

Palavras presentes...
Urgentes!
Perdidas entre nadas...
Fechadas!

Talvez eu descanse
Entre o partir e o ficar
Na tua pela quente
No teu abraço presente
Urgente...

Talvez eu parta de mim
E me deixe ficar em ti!
 
Talvez me deixe

Sumo de amoras...

 
Quando em mim...
O beijo tu demoras
Fazes do mar salgado da língua
Um permissivo sumo de amoras.

E se a boca de sede ousada
Desce o cio pela pele nua
Logo a colmeia melada
Sacia essa fome tua.

Solta-se então o desejo...
Ousado! Descontrolado!
Em gemidos de ternura liquefeita
Entre o corpo de chão molhado
E a cama de roupa desfeita.

Sussurra-me, a boca o desejo
De beber o sumo de amoras
Quando o mel se mistura no beijo
E tu em mim, te demoras.
 
Sumo de amoras...

De ti

 
De ti...

A lua faz-se adormecida
No manto de neblina...
Deixando a noite vestida
De ti...

Perdida entre o luar
Deixa-te recados de marear
Escritos nas dunas da praia
Ali mesmo à beira (a)mar
De ti...

Pediste-me a Lua
As estrelas...
A constelação maior
Pediste-me o corpo...a pele
A alma...o renascer...

E eu só tinha para te oferecer
O tudo de mim (quase nada)
E o meu amor por ti...
 
De ti

Um só...

 
Desce...
Pela praia entre as dunas
E a enseada
(À hora da lua)
Em maré-cheia de água calada.

Roça...
Na ondulação, caminhos de frescura
Entre o sabor leve
E breve da pele madura
(À hora das amoras)
De aveludada cor.

Visita...
(O tempo à hora do Amor)
E bebe da boca
Um beijo demorado
De esperado sabor
Um único! Desejado!

Um só beijo
Poema sem fim e sem dor
Escrito em ti.
 
Um só...

Olhando o silêncio cavalgar...

 
A minha “cidade”...
Tem ruas de gente que nasceu
E outras de gente que esqueceu
Das cicatrizes da liberdade.

Tem...
Casas que perderam a cor
Por tanto falarem em segredo
E outras que gemem de dor
Por esquinas, povoadas de medo.

Tem...
Quartos de sonhos calados
Escondidos por quem já morreu
Camas de lençóis muito lavados
Por quem de amar, se esqueceu.

Tem...
Portas que abrem feridas
Com cadeados de severidade
E janelas de almas perdidas
Por cortinas de sedosa vaidade.

Mas na minha “aldeia”...
Também há gente de coração aberto
Mãos cheias de cavalos à solta
Aqui mesmo ao lado, tão perto
 
Olhando o silêncio cavalgar...

Deixo-me em mim...

 
Entre o azul do pensamento
E os sonhos verde-mar
Fica-me o rubro momento
Daquele sabor a cereja
Que o teu beijo vem saborear.

De azul e rubro, misturado
Nasce-me no corpo um temporal
Feito barco naufragado
Pela pele rasa de sede...
Que nem o teu beijo, sabe saciar!

Despida de cores...
Diluída de sabores...
Olhar raso de água-mar
Fico-me em mim...
 
Deixo-me em mim...

Fantasma do nada...

 
Já passaram dias
Desde que me fizeste de palavras
Silenciar...
A madrugada.

Desde essa noite
Adormeço cinzenta
Desventrada de luar
Pela madrugada.

E o sangue?!
Esse entristeceu-me a cor
Do coração
Porque me ouviu chorar
(Já era madrugada.)

Faltam-me pedaços
Da palavra nostalgia
Para colar...
No poema do exílio
À beira-(a)mar.
 
Fantasma do nada...

Dança de lua cheia

 
Às vezes apetece-me
Rasgar-te...
A carne!
Amarrotar-te...
A pele!
Reinventar-te...
Em cada noite
Fria!
Vazia!

A noite passada
(Apeteceu-me)
Acariciar-te...
Os cabelos!
E desenhar-te
A madrugada
Com mãos de lua cheia.

A noite passada...
Foi nossa...
Tantas, mas tantas vezes!
 
Dança de lua cheia

Entre a espera e o violeta

 
Hoje apetece-me escrever
Sobre o tempo de esperar
A espera do teu regressar.

O caminho é tão, mas tão demorado
Feito de pedras de choro manso
Por esquinas sem descanso
De Primaveras por acontecer.

E eu aqui a pintar
Esperas de verde esperança
Noites de violeta criança
Que adormece em pele de mulher.

Amanheci uma vez mais
No desflorar desta ilusão
Que fecho na concha da mão.

Fica-me a espera...
Tão cheia de tempo e de nada
Que caminha em ti, pela tua estrada!
 
Entre a espera e o violeta

Procuro-te...

 
Desde a madrugada
(De uma outra vida)
Que procuro uma rima!
Uma rima quebrada
(Inteira ou partida!)
Que se faz de mim, perdida!

Subi à falésia
E pedi ao vento um sinal
Uma rima nunca ouvida
(Jamais dita ou escrita)
Uma palavra doce, em ti nascida.

Corri a procurar no mar
Nas gaivotas de voo ausente
No beijo de sabor a despedida
Que a água faz marulhar
À hora de maré crescente.

Se até ao Sol eu perguntei
Quando já ia quase no poente
E mais à lua, ainda adormecida
(Por tal rima, de uma outra vida!)

Mas não! Ainda não a encontrei
Fazes-me falta
Rima escondida!
 
Procuro-te...

Uma história de (des)encantar...

 
Ele de nome Abril
Boina verde, cor de esperança
Ela, Vila Morena
Saia bordada em fios de bonança.

Amaram-se em Maio maduro
Um amor forte e único
Qual Lusitano de sangue puro!
Vestido de cravos e alegria.

Até que um dia...
Os cravos murcharam
E a alegria, de alma vazia
Esqueceu de olhar em frente...
Perdeu-se de nós!

Abril não soube resistir
À ganância, à mentira
Às palavras, feitas balas
Aos cravos que perderam a cor
Desistiu e fez as malas!

E assim foi embora...
Deixando Vila Morena
De sorrisos amordaçados
Sonhos tristes e calados.

Agora, o povo envergonhado
Olha-o a descer a rua...
Perdido
Esquecido
Sem rumo, sem futuro
De mala pesada (cheia de nada!)
Lembrando aquele Maio maduro
Quando acreditou que a felicidade
Rimava com liberdade!
 
Uma história de (des)encantar...

A um mar de violeta(s)...

 
Passeio-me à beira-(a)mar
Vejo silhuetas mascaradas de búzios e conchas
Estrelas sem mar
E até cavalos-marinhos.

Nas suas pegadas, leio palavras nuas
Respiram maresias de outro Verão
E de outras (tantas) luas!

Nos meus passos
Nascem suspiros sem rumo
Perdidos entre os abraços
E esta vontade de ir por aí e parar...
Olhar-te e mergulhar bem no fundo de ti.

O mar, lambe-me o tempo enrolado na areia
Invade o íntimo das sensações
Ora tempestuoso...
Ora carinhoso...
Num enleio de dois amantes esquecidos do tempo.

Persistente...
Marulha-me horas na nudez do coração
E à noite, nos caminhos violetas do meu quarto
Veste-me de desassossego, de emoção...
Até que me deixo adormecer
Para lá da linha do horizonte.

E sabes?!?
Houve um sonho que mesmo assim...
Inventou adjectivos ao beijo dos teus lábios
E te elevou acima
Do superlativo absoluto sintético, de mim.
O erro foi tentar...
Definir os predicados nominais
Do verbo do teu toque
Porque tu és quase mar...
Ora tempestuoso...
Ora carinhoso...
 
A um mar de violeta(s)...

Porque tu és o Homem

 
Por trigais de noite
Espigada...
Embriago-me em teus lábios
De madrugada
Quando a noite valseia o solfejo
Nas ancas do desejo.

Teus dedos tocam música
Pungente
Sopranos em violino de um querer
Urgente
Que roubam da noite um beijo.

E a noite sorri no seu jeito
Felino
(Dengosa silhueta prenhe
De nu feminino)
Ao sentir-te crescer em desejo.

(Rouba estrelas do céu)
(Para enfeitar a noite de te amar!)

Rouba de algum céu
Uma estrela
Dança-me num tango...salsa
Ou zarzuela
Descobre-me os caminhos de Mulher!
 
Porque tu és o Homem

Carta a um Lobo...

 
Carta a um lobo...

Dúvidas?!
São tantas, mas tantas
Quem nem o reverso
Do verso
Que cai com a chuva miudinha
Me lava as horas cruzadas pela maresia
Nem as palavras cruzadas pela tempestade do dia.

E os lamentos?!
Poucos, tão poucos!
Os lobos que me uivam a pele (de lua)
Neste luar de pensamentos
Sem fio ou navalha
Que me valha!

Ai este frio que não me aquece
Nem se esquece
Da ventania deserta que planta a sede
Entre a saliva e a água
(Ou será entre a boca e a mágoa?!)

Dúvida de certeza (des)encontrada
Desliza nos caminhos da chuva gelada
E fala-me do que esqueci
Do que perdi...
Ao partires antes de chegares.

Guardo-te num pensamento
Entre ti e a pele
Entre a inocência do momento
E o uivo de lobo que entra pela janela.
És metade do meu fogo
Sangue da minha noite...
 
Carta a um Lobo...

Ele (verso)...nela (poesia)

 
A poesia pinga da boca
Como saliva não saboreada...
E acorda o verso, que perdido
Entre a palavra e o nada
Espreguiça no desejo secreto
De ser o tudo da rima perfumada.

Beija o verso a poesia
Deixando-a de emoção arrepiada
Ele nela, cresce, mete e remete
Até sentir a pele de rimas, inundada.

Declama o verso à musa
Gemidos de poesia enamorada
(Toca-me as palavras)
Bebe-me esta sede misturada
Entre a orgia do ventre
E o prazer da língua molhada.

E de verso na boca
Beijo na palavra desnudada
Primavera em carícias de rima
Jorra pela pele a poesia acabada.
 
Ele (verso)...nela (poesia)

Jardim (s)em flor...

 
São como gaivotas de voo perdido
Entre o mar e o sal da viagem
Sombras de um silêncio manso.

Deitam-se nas águas da noite
E na paixão da sua margem
Procuram o merecido descanso.

Nas veias da madrugada
Vadiam corpos com imagem
(Incompleta)
Sombras de um silêncio manso.

Anunciam simples palavras
E falseiam os que na linguagem
Procuram o merecido descanso.

Habitam a noite obscura
De incerto luar...
Destruindo as flores que se deixam tocar.
 
Jardim (s)em flor...

Ecoa o silêncio do vento...

 
Na calada da noite
A razão e a emoção
Fazem do sonho, o açoite
Que me bate à porta, qual ladrão!

Lá fora...
É noite de fúria (in)temporal
O vento na sua euforia
Dança em chuva um vendaval
De longa e silibada melodia.

Cá dentro...
Deixo-me sonhar acordada
E voo pela noite molhada
Entre ti e a pele...
Entre o teu corpo e a cintura
Entre a noite e este papel.

...Corres-me no sonho, assim
No sangue
E no fogo da vontade, com que entras em mim...
 
Ecoa o silêncio do vento...

Suavemente...

 
Mordisca-me a madrugada
Num gemido sedento
Demoradamente...
Desenha-me palavras de terra molhada
E sopra-as ao vento
Vagarosamente.

Deixa que naveguem rio fora
E pelo leito (do teu corpo) desçam
Demoradamente...
Até que chegue a aurora
E no nosso pomar os frutos, nasçam
Vagarosamente.

Mordisca-me a boca
Com sussurros do teu sabor
Demoradamente...
Da linha da pele, apaga-me a roupa
E cobre-a com o corpo, que o corpo quer
Vagarosamente
(Faz-me sentir ainda mais Mulher!)
 
Suavemente...

O sonho a chegar...

 
A noite passada
Vestiu-se de um sonho diferente
Ainda que igualmente urgente.

Um sonho de tempo cheio
Com as minhas mãos a descer
E a tua boca a tentar-me aprender.

Dedos que se desenham
Em gestos de escorregar
E lábios, que se querem encontrar.

Com mãos de fogo
Ateias em mim o rastilho
Ao soltar a tua boca no meu trilho.
 
O sonho a chegar...

A um vadio...

 
Acorda...
Entre as gaivotas do areal
Ou as giestas de cor maduro
E pelas águas de sabor a sal
Deixa-se adormecer.

Leve, deslizante e ousado
Cresce pelo dia, até ao fundo
Do corpo transpirado.

Em murmúrios pela pele
Vindima-se o silêncio
Feito licor de sabor a mel.

Vadio...
O Sol de Verão, voltou!
(Alguém disse que fugiu...)

Entre o Verão e o Outono
Entre a manhã e a noite
Deixa-se o tempo ao abandono
Perdido pelo Sol de Estio.
 
A um vadio...

Carpe Diem