Poemas, frases e mensagens de juvepp

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de juvepp

"Sempre os poetas foram os melhores dos homens no pior dos mundos possíveis. Porém, quando o mundo se libertar do ressentimento e o espírito de vingança não tiver nele mais lugar, os poetas, amigavelmente, desaparecem" Agustina Bessa-Luís

Sombras

 
Restam sombras e sombras
Teres sido um dia, gente
Tal como gato amedrontado
Vives num mundo truncado
Na roda da vida desavindo
Não passas de um acanhado

De pão ganho com suor
Vives sem transpiração
Pedem-te alegria
de barriga vazia
Tiraram-te o certo
Vives no incerto

No teu olhar irmão
Impera a desilusão
Foi-se o emprego
Foi-se o teu pão
Qual pobre mendigo
Vives cerce ao chão

Homem de grande visão
Homem de bom coração
por uma qualquer razão
Reduziram-te a um pião
Sendo tudo tão indistinto…
Resta-te apenas o instinto
 
Sombras

Filhos Distantes

 
- Mami, estás tão longe de mim
Porquê este viver assim?
- Meu bem, para teu bem

- Mami, meninos ensinas
Mas não cuidas de mim
- Meu bem, Não é bem assim

- Mami, tenho saudades de ti
- Meu bem, eu sei, que sim

- Mami, sinto solidão
- Para ti ganho o pão

- Mami, separaste-te de mim
- A vida fez-nos assim

- Mami, volta para mim
- Meu bem, eu nunca te esqueci
À distância ganho teu pão
Dou-te mimos do coração

- Não é o bastante, Mami
Quero sentir teus abraços
Teus beijos sedentos de mim
A ternura do teu olhar
Numa história ao deitar

- Mami, responde:
Quem vem tratar minhas feridas
Quem vem curar a minha angústia
Quem vem encher a ausência de ti
Quem vem limpar as lágrimas de ti
 
Filhos Distantes

As Voltas da Vida

 
Sete anos,
Sete vidas,
Sete agonias
E de quanto te rias
No espelho reflectias
O ser que já não és
A mocidade que já não tens
O ser que almejavas perfeito
Mas desfeito de qualquer jeito

Sete anos
Me ignoraste
O mais que conseguiste
Foi um enorme desdém
Um ser que ficou aquém
Incapaz de amar alguém
Choras as vidas perdidas
As que te eram queridas

Andorinha andarilha
Nunca foste de arribar
O verbo amar ignoraste
Raízes nunca criaste
Querendo um dia voltar
Me pediste para te amar
Fizeste-me acreditar
Na oportunidade a dar

Santa arrogância!
De sete vidas passadas
que me amavas julgavas
Em tremenda ignorância
Foi-se toda a esperança
Vir a ser um dia o lar
Alguém a quem abraçar
Se eu voltasse a amar.
 
As Voltas da Vida

Tirania do Amor

 
Dizem-me as palavras
O que o coração não sente
Crendo em teu verbo amar
Facilmente me enganavas

O Quanto me amavas
Tu dizias e bradavas
Tão alto era teu grito
Que logo, me calavas

Inquieta tudo me parecia
Uma horrenda mentira
Tamanha era a vulgaria
Tudo menos o que queria

A verdade e a mentira
Coabitavam o teu verbo
Era tanta a mestria
Que as não separaria

Longa foi a confusão
Entre o ser e o parecer
Eis que um dia teu verbo
Mentira se revelaria

Eram apenas palavras
Que o coração não sentia
Que te amava, eu sabia
O mesmo de ti, não dizia

Com a verdade e a mentira
A ti mesmo, te enganavas
A mim, de ti me separavas
Não podendo viver assim.
 
Tirania do Amor

Vidas Esquecidas

 
Falemos de Almas
Mãos trémulas, suplicantes
Por um afago, um aconchego
De uma solidão, sem razão
Maior, que a d’um cão
Rostos maltratados, cansados
Rugas hipotecadas, escondidas
Em maleitas passadas e perdidas
Olhos apagados na linha do horizonte
Não vendo solução, em nenhuma fonte

Falemos de Gente
Um prato sobre a mesa, vazio
Um olhar, triste, cansado e frio
Um desânimo, uma falta de alento
Nunca tão acentuado, como no momento

Falemos de Vidas
Aprisionadas em becos sem saídas
Para quem uma cova era paz e sossego
Glória de uma vida sem jeito
Tais foram as dores de peito

Falemos de Nós
E de quantos de Nós,
Frágeis como uma noz
Nos sentimos tão sós
Desatando tais nós

Porém …
O Arbusto verga mas não quebra
Sempre seremos alguém
Ainda que por ninguém.!

10/11/07
 
Vidas Esquecidas

Falo de Ti

 
Do quanto de ti preciso
Como o ar que respiro
Do teu olhar de avrelã
Bem contrário ao de romã
Tons de verde, esperança
Símbolo de toda a mudança
Sorris, como me sinto feliz

Não me peças que te esqueça
Pois nada fica que me aqueça
Ai, se soubesses!
O quanto de ti necessito
Voarias em jactos de luz
A casa resplandecia
E tudo o mais se enchia.
Falta-me o brilho do teu olhar
A candura da tua alma
Não me ponhas borda fora
Pois és, a minha âncora
Alevante sou ser errante
Caminhando ao desnorte
Abandonado à sua sorte

A ausência da tua voz,
Frágil que nem uma noz
Tudo tão frio, tão vazio
Tudo tão sem sentido …
Não me entrego à compaixão
Pois só sei viver de coração
Seja a mais difícil situação.

(A espera de ti é um tempo sem fim)
 
Falo de Ti

Exortação

 
Perdida de ti
Por montes e vales
te consomes
Deixa de sofrer,
teus olhos brilharão

Não interessa quem te deixou
Pouco importa quem te abandonou
quem o céu como limite te prometeu,
E nem um pouquinho te amou
Deixa de sofrer,

Do mar à serra
Em vão te procuras
Num recanto te velas
Noutro te revelas
Mas una serás ...
Deixa de sofrer,

Nos ocultos de ti
Forças procuras
Aventureira de ti
alegrias sentirás
Em cada alvorada
que renasce em ti

Mil estrelas iluminarão
Teu destino almejado
Teus medos às calendas irão
Tens o mundo na tua mão
Filha minha, do coração
Terás sempre a minha mão
 
Exortação

Amores Meus

 
No tempo e no espaço
Quantos de mim,
Distantes estão
Onde era Amizade
Estima, carinho
Elos do coração
Afectos …
Onde, ora estarão?

Fizeram-me acreditar
No Mais doce sonho
palavras loucas
De tão ocas, tontas

Lixo me consideraram
Pelas ruas mendiguei
E de tanto pensar
Que tal havia por mal
Por becos e becos Caminhei
Sossêgo à alma encontrar
Na inquietude de mim
Aos livros retornei
E aí sim,
Senti-me alguém.
21/11/07
 
Amores Meus

Os Meus Amigos

 
Os meus amigos
São a minha essência
o sal da minha vida,
O tempero necessário,
justo e certo
A medida exacta

Nos seus olhos sufoco
Mágoas e desilusões
Nos seus olhos sinto
o rubro das emoções

Eles não sabem
o quanto são importantes!
talvez nem saibam:
o quanto é gratificante
tê-los na vizinhança do meu ser
o quanto contribuem para a minha alegria
o quanto é agradável senti-los próximos
o quanto representam no meu universo
o quanto os sinto
o quanto os amo

Eles também são os meus amores
Obrigado por serem o que são
Bem hajam amigos, do coração

ao seu modo sendo iguais
Reais ou virtuais
Não distingo quais
 
Os Meus Amigos

O Longe de Ti

 
Em noites de nevoeiro carregado
em espera sem fim queda-me a alma,
Não vislumbrando sinais de ti
Teus olhos a cintilar, a sorrir
Com todas as forças do meu ser
Era o cúmulo do meu querer
Em noites de lua cheia
Meus passos a ti vão
Olhos postos no chão
Ouço vozes de mim
Clamando sem fim
Um olhar de ti

As distâncias alongam
As saudades de ti
 
O Longe de Ti

E Agora Maria …

 
Foram-se os filhos à vida
E de dez que tu criaste
Tão parca de companhia
Vives o teu dia-a-dia

Memórias recorrentes
tempos que outrora foram
de tristezas e alegrias
de orgulhos embevecidos
de mulher de fé vaidosa
de suas vidas levantadas

Eram o brilho do teu olhar
Em canseiras prazenteiras
Doze pratos sobre a mesa
Em risonhas brincadeiras
Era a vida no seu melhor
Abarrotar de amor

E Agora…

Maria, Como vão os dias?
Um a um todos se foram
Dois pratos sobre a mesa
O apetite que vai faltando
As saudades aumentando
As forças minguando
Um silêncio impiedoso
Torna tudo tão penoso

Olhos vazios, tristonhos
Tão sombrios de abandonos
Assim vives os teus dias
Tão dorida como esquecida
 
E Agora Maria …

Terno Retorno

 
Fiz-me à vida
Dei-me por vencida
Falta de engenho e arte
Ou maledicência por sorte?

Fiz-me à vida de esperança
Leve que nem uma criança
Senti que ainda havia Sol
Por detrás da melancolia

Fintei toda esta agonia
Certa que o Sol se abria
Renasci por um dia
Com a força da alegria

Leve que nem passarinho
Dei-me toda em carinho
Primou o contentamento
Ao regressares ao ninho

Meu bem, por bem
Maledicência resolvida
Devolveste-me a vida
De amarguras vencida
 
Terno Retorno

Meu Bem

 
Foi a tua primeira vez
Num mundo impreciso, desconhecido
Aí te achaste perdida e achada
Sentimento de abandono, tristeza
“Que faço eu com esta vida?
Meu mundo perfeito, onda pára?
Onde estão os meus aconchegos?

De repente tomas consciência
Tens a vida pela frente
Mas tão vazia de gente.

É um mundo a consertar
Tudo é esquisito, diferente
Um nascimento novo a acontecer
Com um choro bem diferente
E sentes-te só, muito só
Frágil, muito frágil
Com lágrimas reféns

Obstinada a vencer
Agarras forças que não tens
E sentes poder ser alguém

Quanta dor,
Quanta solidão
Quanto sofrimento
Quanta tristeza
Nesse teu olhar de maçã?

Sei-o bem.

(Meu bem, quem quer ir além
A dor por companhia tem)
19/2/08
 
Meu Bem

Dores de Peito

 
Entrei aqui
Ainda não foi desta
que os teus olhos vi
Procuro não pensar
Quando te encontrar
É longa, muito longa,
A espera de ti

Há saudades nos meus olhos cansados
Meus dias sombrios e desabitados
Perscrutam a linha do horizonte
Tragam os ventos alvíssaras de ti

Calem-se os rios,
Os mares estridentes
Que eu escuto os céus,
presságios de mim,
Me tragam novas de ti

Grande é a esperança
Num tempo de bonança
Sentindo-te em segurança.
Espero numa espera sem fim
Alvíssaras de ti
 
Dores de Peito

E o Mal se Foi …

 
Enfim o Sol sorriu
Levando teu mundo sombrio
Uma orquídea floriu
Enchendo meu mundo de brio

Foste o Sol de um longo inverno
Naquele banco de jardim tão frio
Na esperança dia a dia mantida
Que voltasses para mim um dia

Foi o Sol de Mil cores
No abraço apertado
Sentido tinha tua vida
E eu chorava de letícia

Longa mas muito longa
Foi a espera de ti
O farol da esperança
me dizia e me contava
Voltarias assim um dia

Valeu a pena a espera
as lágrimas e o desanimo
Pois há sentido para mim
Havendo sentido para ti

Assim recuperado
És o sol doirado
Me manténs curado
Tão do meu agrado.
 
E o Mal se Foi …

Podia ...

 
Escrever-te mil frases coloridas
Pintar o arco-íris de tintas mil
Contar uma piada,da tv um apanhado
Rebolar em gargalhadas
Em troca de um sorriso
No teu olhar acastanhado

Podia
Com mágica borracha
Apagar teu sofrimento
Arrancar do teu peito
Essa dor sem jeito
Dar-te colo
Dar-te mimo

Podia
dar-te este mundo e o outro
E tudo seria muito pouco
Para afastar tal “cálice”

Na minha modesta humildade
Dou-te a minha solidariedade

(E tudo é tão pouco)
5/11/07
 
Podia ...

Os Nossos Entes Queridos

 
A morte dos nossos entes queridos

Não é apenas
O nosso mundo
As nossas relações
A nossa afectividade
As vozes do nosso coração
Que afunilando vão

É também
Rostos, caras desfocadas
Memórias extremadas
Mundividências apagadas
Recordações nubladas

É ainda
Os jardins da nossa infância
Transformados em desertos
Roseirais depenados
Gestos, sorrisos idos
Afectos brumas feitos

A morte dos nossos entes queridos vem nos à memória
Re
Ta
Lhos

De Nós

A morte dos nossos entes queridos levam
Pe
Da
Ços

De Nós
 
Os Nossos Entes Queridos

Vida Madastra

 
Ri

E tudo estará bem
Terás amigos, amiguinhos
Aconchegados conhecidos
Alguns ditos do coração
Contigo todos estarão

Contigo ri o mundo
Tudo é luz, sol e vida
Reina a paz, a harmonia
Que vives tão esfusiante
Nesse mundo tão inebriante
Sentes-te que nem um gigante

Chora

Lamentarás o chão que pisas
O sol, o amor, de outrora
Os amigos desconhecidos
A vida a luz esmorecida
Alma de anã envelhecida

Sozinho lágrimas sofridas chorarás
A morte do teu filho, de teus pais
A dor de morte, do irmão fenecido
Nu, à dor desolado te encontrarás
Os amigos do coração também se vão
Mas, sozinho do chão, te elevarás

(Há dores que só se choram sozinhos)
 
Vida Madastra

Cada Um, Seu Problema

 
Passa uma criança
Em correria desenfreada
Passa o adulto albaroado
Diz:
- Não seja tão apressada
Seja razoável
Estaca a criança e pergunta:
- Já experimentou ser criança?
Responde o adulto:
Já sim.
É muito difícil
Dá muito trabalho

Aprenda que ainda, é tempo
Não veja o que não sou
Não seja o que eu sou.
 
Cada Um, Seu Problema

Ai, Amor

 
Palavras eram ditas
Do quanto me amavas
Tão pouco sentidas
Posto que me magoavas

Lindas eram as palavras
Ao estrelato me elevavas
Mas tudo em si contrárias
Logo, logo me desprezavas

Prisioneira das palavras
Confusa em teu olhar
O coração me laceravas

Não haver sentimento,
Jeito era ir a enterrar
E mais tarde ressuscitar.

(Lembranças de alguém
Quem as não têm …)
 
Ai, Amor

Juve