Poemas, frases e mensagens de Ajota

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Ajota

Data de nascimento: 9 de Julho de 1951

Foste Tu...

 
Foste Tu...

Que fizeste balançar no tempo
a dança dos dias que passaram
desacertados
dos nossos passos...

Foste Tu...

Que me fizeste despertar no lado inevitável
das verdades que um dia se esconderam
por medo
de serem ilusão...

Foste Tu...

Que me presenteaste com a mais bela
canção
no outono da vida por cantar
em notas suaves
de saudade...

Os dias correm desarrumados,
sentidos,
retrospectivos,
escondidos de nós;
A dança pára por breves momentos quentes
em que recordo o dia em que fomos
sem nunca ter deixado de ser
a verdade nos teus lábios.

Não, não vou olhar para trás!
Tu e Eu vamos estar sempre à frente
no tempo que se esqueceu
de Nós.
 
Foste Tu...

Despoético

 
Sim, rasga as palavras que trocámos
mas não as queimes...
sacode os sonhos que juntos sonhámos
mas não os acordes...

Não ouves a noite nascer?
Que vês para além da negrura?

A Tua fragrância
celebra o esplendor do que é e.terno
preenchendo o vazio
do brado inaudível pelo longe
que teima estar perto em Nós...

O que fomos-somos?
Recuso restringir-me à Poesia...

Prefiro-me despoético
para poder segredar que a (minha) saudade
ultrapassa o lirismo
e vive presa às horas que duram
no tempo retentor
da vontade de estar vivo
no lugar de sempre.
 
Despoético

Crepúsculo

 
Voltas-me em tarde de sossego...

Trazes-me o bulício dos lugares imaginados
em partilha de sã insanidade
envoltos no mistério que gerou madrugadas
de agrados por entregar
na efémera vivência do tão perto sem ter longe,
do tão doce sem ter o amargo do chamamento
que se ouve por entre as sombras que a noite oferta
para ocultar as utopias despidas dos medos
que pululam por entre os abrigos
das memórias.

Voltas-me em tarde de sossego...
e eu, acordado ainda,
segredo-te descrições dos momentos
que (não) vivi.
 
Crepúsculo

A Ti...

 
É a Ti que escrevo
tendo apenas como intento
esperar sentir o perfume
de uma carícia Tua;

É a Ti que devo
este suave lamento
aquecido neste lume
em companhia da lua;

( Tinhas de partir, eu sei…
por isso não chorei
e até aceitei; )

Tão longe o lugar…
tão aqui o esperar
deste amar…

Em perfume de jasmim
neste longe tão perto
deixo o coração aberto
para entrares…em mim.

.
 
A Ti...

Tempo de Ti...

 
.

Queria tanto escrever-Te...
mas, sabes, tempo não tenho
pois o pouco do tempo que vivo
longe de Ti parecendo,
estou na verdade vivendo
o tempo de viver pensativo
de quando Te mantenho
no tempo de junto ter-Te...

Queria tanto escrever-Te...
mas sem tempo para dispor
deixa que te confesse
que em mim acontece
o desejo de oferecer-Te
meu singelo Amor…

.
 
Tempo de Ti...

Inexistência do Adeus

 
O Adeus não existe
porque o tempo rejeita,
porque o tempo não aceita,
porque o Adeus é partida;
Mas quando o tempo pára,
fica o vazio do tempo
que não gastámos ... em nós,
fica a sensação do inacabado,
a sensação de uns olhos
que brilham
sem o brilho dos Teus olhos;

Nos dias que falámos
eu soube ouvir,
nas noites de ausência
eu pude reflectir,
mas quando partiste
eu sofri,
e esse sofrimento é espera
em mais um dia que passa;

Este poema é Teu
este poema será recordação,
este poema será despedida,
este poema será Tudo
o que desejares;

Em terra de doentes
este poema é são,
em terra de mentira
este poema é verdade,
em terra de solidão
este poema é presença,
este poema será Tudo
o que quiseres !
- é por isso que ele não o é
em vão,
e, se não vieres ao seu encontro,
ele irá ter Contigo,
porque se o Adeus é partida
ele nunca existirá em NÓS.

.
 
Inexistência do Adeus

E...

 
.
E do Céu desceu uma estrela…
Teu nome escreveu
deixando o céu brilhante
e ao gravar esse instante
forte meu coração bateu
por não querer mais perdê-la…

.
 
E...

Antecâmara

 
.

Vem... vem de mansinho, sem acordar
os sonhos que ainda dormem...

Não deixes saber que não há estrelas
no céu que inventámos
quando nos entregámos
ao tempo de acreditar
não haver dores que consomem
mesmo sem poder vê-las;

Vem... como se nunca tivesses deixado
de estar a meu lado...

Porque se o coração forte bate
na Tua lembrança que vive,
não haverá morte que mate
a vida falta de viver
num passado sem esquecer
que contigo sempre estive.

Vem... vem mesmo sem avisar
porque estás, mesmo sem estar...

.
 
Antecâmara

Silêncio rasgado

 
.

Pouco mais me resta
que ouvir
a música feita
de notas suaves
formando o coro de vozes
que rasgam o silêncio;

A pouco mais me atrevo
que seguir
o caminho feito
de pedra nua
onde o eco dos meus passos
rasga o silêncio;

Imagino a cor
das palavras ditas por gente
que não sabe falar
e dou por mim a ouvir,
sem escutar,
o ensinamento nascido
do silêncio rasgado;

Partilho a herança
dos sonhos agitados
pelo arrependimento,
com a resistência que conforta
a imaginação alimentada
pelo silêncio;

Silêncio apunhalado
pelos gritos alucinantes
dos loucos que escrevem
mas que não sabem ler;

Silêncio rasgado
pela solidão acompanhada
de segredos guardados
na escuridão;

São segredos quentes
que cresceram no frio
da visão dos que não sabem
ver,
são palavras ouvidas
de passagem
que provocaram a ira
dos loucos que rasgam
a noite
em busca do silêncio;

Que digo, quando calado?
Que calo, quando adormeço
embalado no som rasgado
pelo silêncio?
Não mais sou que louco
quando me refugio
na ilha imaginária
rodeada pelo silêncio?

É preciso avisar que
o silêncio rasga
a ligação criada de
palavras imaginárias
dirigidas a pessoas faltas
de ouvir?
Mas, avisar quem?
- a Ti, que não ouves?
- a Ti, que não falas?
- a Ti, que não sabes?
- a Ti, que não queres?

Então, que mais me resta
que seguir o caminho
povoado de vozes
rasgadas pelo silêncio?

Talvez pouco,
(não sei se nada)
talvez muito,
(não sei se tudo);
Talvez esteja escrito
que só saboreie
o gosto amargo
das palavras que ouço
no silêncio;
Talvez me esteja traçado
o rumo certo
de incertezas
que povoam o labirinto
onde as saídas estejam
fechadas por muros
de silêncio;

Talvez, quem sabe,
possa um dia rasgar
as páginas do meu livro
branco
de palavras coloridas
em tons carregados
de silêncio
e escreva,
no que delas restar,
a mais bela mensagem
que as vozes possam partilhar
sem se atreverem
a perturbar o silêncio
que transmitirá,
por só o silêncio
ser a forma de dar vida
à noite povoada
de seres errantes;

O silêncio cresce,
o silêncio agita-se,
como gota silenciosa a cair
em terra onde o tempo
parou
para a queda não perturbar
o sono profundo
dos que não querem
acordar envoltos
em palavras
que não querem ouvir;

Mas o silêncio alastra
e lança o seu aviso
na escuridão de luz
plena de visões
fantasmagóricas
de renúncia;

Mas o silêncio ecoa
nos passos que se dirigem
apressados,
rumo ao incerto
que fabricou sonhos
plenos de realização,
derrotados
pela vã esperança
de um dia serem Verdade;
E, ao caminhar só,
embalado por cânticos
fabricados de notas suaves
de silêncio,
mais uma vez Te encontrei
- Solidão, velha companheira.

.
 
Silêncio rasgado

Foste tu que disseste...

 
Foste Tu que disseste
numa manhã agreste
ao falarmos de poesia
(… recordas esse dia?):
“Um poema não tem dono,
é de todos os que o lerem”…
Mas então porquê viverem
toda uma noite sem sono
para sentirem a Espera
sofrer de forma severa ?

Um poema não tem dono…
… soa-me a abandono...

Parece-me não concordar
e fico a pensar…

- SE escrevo e Tu lês
e como eu também crês
que o sonho não morreu,
então SIM, o poema é TEU!

.
 
Foste tu que disseste...

Sonhos, de passagem

 
A vida vai passando,
não tão lentamente como desejaria;
Os cabelos brancos aumentam,
deixando adivinhar o começo
do fim;
Na verdade, as etapas vão-se cumprindo,
numa sucessão de momentos felizes,
ansiedade,
busca de coisas novas,
sonhos que não chegaram a acordar;
De tudo guardo um pouco,
para tentar construir um sentido
que me possa dar tranquilidade
ao espírito;

Se algumas coisas pude viver,
outras não passaram de meras
expectativas frustadas;
Se algumas vezes me senti rodeado
de calor humano,
em outras me afundei
na mais profunda solidão;

E quando tudo parecia não ter
mais sentido,
sempre consegui algo novo
que me ajudasse a iluminar
o caminho;

Caminho... cruzado...
onde me cruzei com luzes
de esperança
e trevas marcadas
pela derrota;

Caminho... confuso...
de ida sem parecer ter volta,
de volta sem nunca ter partido;

Caminho... vazio...
de tudo o que ficou
por fazer;

Caminho... concreto...
bem longe do imaginário
de sonhos vividos
a sós;

A vida vai passando...
rapidamente,
com dias de certezas - ontem
com dias de talvez - amanhã
já que Hoje
é o meu poema concreto,
confuso, talvez... vazio;

A vida vai passando...
não sem que tempo e espaço
se reunam
para acolher a lágrima
que teima em sair
quando, ao olhar para trás,
já não me vejo
num banco de jardim
olhando as flores
que a Primavera viu nascer;

E, em pleno Outono,
não minto,
pois sinto a solidão
duma nuvem negra
que, teimosamente, quer escurecer
os meus ainda vivos sonhos;

Mas os sonhos são parte
integrante
do meu Ser,
mesmo sendo tão cruel
quando me levam
o que de mais belo possuem:
- a ilusão de um momento,
ainda que breve,
de obter no concreto
o que planeei no imaginário
do meu mundo de jogos
de solitária entrega;

Talvez por isso
com ou sem nuvens,
com ou sem solidão,
ainda que sofra,
entrego-me,
sem reservas,
ao que de mais belo a vida tem
- a vivência de um sonho
concreto,
onde o único medo real
é o de me dizerem,
friamente,
que estou a perturbar
o sono de Mim próprio;

A vida vai passando...
Ontem, já nasceu
Hoje, ainda vive
Amanhã, talvez
- não sei;
Só uma certeza me envolve
- não renuncio...
só uma forma de estar
me mantém vivo
- sonhando...

E assim, tranquilamente,
os meus cabelos brancos
dormem no regaço dos sonhos,
que me acolhe
e aceita
tal como sou;

A vida vai passando...
mas ainda não aprendi
a despertar;
Sob a capa feita de desilusões
continuo a não querer ver
a distância que me separa
do que penso ter
tão perto;

Aquilo que sou...
os sonhos...
a fantasia...
o sofrimento real...
a indiferença que me rodeia...
o pesadelo que me acorda!

Acorda?
Não, pois continuo preso
à liberdade de viver
sonhos acorrentados
que só para mim têm sentido;

A confusão cresce
sempre que quero
... mudar;
A dor alastra
sempre que quero
...esquecer;
A tristeza invade-me
sempre que me quero
... afastar;

E depois,
quando quero mudar,
quando quero esquecer,
quando me afasto,
dão-me um sinal,
alertam-me,
chamam-me,
e eu...
já não mudo
já não esqueço,
volto,
volto sempre,
mas continuo
sozinho,
como sempre estive,
a viver novamente num mundo
onde a realidade se alimenta
do que é cruelmente
real;

Sonhos...
solidão...
espera...
em união perfeita numa tarde
longa
... de vazio
vazio feito do Tudo
que compus
ao som das palavras
que não ouvi;
Vazio feito do Nada
que me deram
quando estendi a mão
na direcção errada
do que escolhi;

Não sei se eu próprio sou
o que fiz
nem sei se quero
o que sou,
ao viver longe do que quero
perto,
ao viver perto
do que sinto
longe;

A tarde vai longa...
e o desespero apodera-se
das últimas réstias
de luz,
deixando no ar a sensação
do inacabado,
do não vivido,
como se a noite
fizesse parte
integrante
de um passado longínquo
perdido no outro lado
do Tempo;

Sonhos...
solidão...
espera...
tarde longa
de desejos
que, mesmo assim,
ainda vivo,
pois não esqueço,
não quero esquecer,
que a noite pode trazer
no seu manto
o encanto
do calor julgado arrefecido
pelos sonhos, de passagem.

.
 
Sonhos, de passagem

Visão cega

 
.

E das profundezas do meu Ser moribundo
surge o grito que me cega os ouvidos
pela visão do Teu nome que absorvo
sílaba a sílaba
como se nunca saciasse a fome de Te amar...

Grita que me ouves quando me secas as lágrimas
de quando quase pereço na espera que escreve
desespero!

Diz que me sentes quando me pegas as mãos
de quando as ergo para acariciar o rosto que espelha
amor!

Mas se fico a pensar de como seria a vida sem Ti
cala-se o grito,
desaparece a visão,
molham-se as lágrimas,
caem as mãos...

ficando só o vazio profundo que me abraça
na solidão do sonho que escapou por entre
as batidas do coração... que parou.

.
 
Visão cega

Piso as palavras...

 
.

Piso as palavras feridas
por não ditas
na rua por onde passam
meus perdidos passos
e sinto seus lamentos
nos gritos cortantes
pelas ausências sentidas
alimentadas nos momentos
de vivências bastantes

e choro com elas…

perdido no tempo que não posso
parar
para poder esperar
pelo tempo de ser voz
que te faça ser Nós
em tempo só Nosso…

e por Ti espero…

porque Te quero
no meu abraço aberto
pronto a receber
para não mais Te perder.

.
 
Piso as palavras...

Lembro...

 
Lembro o cheiro a terra molhada pelo suor do Teu rosto quando Te beijava, Pai...

E vou lembrar-me sempre, ano após ano, até nos voltarmos a encontrar.
 
Lembro...

Suave respirar...

 
.

Ainda ouço o teu suave respirar
na noite estrelada que esconde
tão nossos estremecidos segredos
pensando no teu cheiro
junto ao meu
de como corado ficaria o céu
que juntaria nossos dedos
para tapar a boca que responde
ao teu nome que não ouso gritar...

Há tanto foi o tempo guardado
em vivências,
sem passado...

Num pouco de nada por esquecer
o futuro ...
ainda por viver

.
 
Suave respirar...

Quero pensar...

 
Quero pensar...
que não me esqueceste
e mora em ti o lamento
pela falta do momento
em que amor cedeste;

Quero acreditar...
que amanhã regressas
sem te perderes no caminho
onde espero com carinho
um encontro sem pressas;

Quero aceitar...
que a dor é passageira
nesta ânsia de sentir
que tu não vais mentir
e te vou ter verdadeira;

Quero tudo isso
assim, sem mais
sem outros ais
sem feitiço...
onde só tu e eu
devemos saber
devemos crer
que o sonho viveu.

.
 
Quero pensar...

Se...

 
.

Se soubesse que ao morrer
Te ouviria dizer:
"Sempre te amei, meu amor!",
faria com que acreditasse
que quando a morte me levasse
não sentiria qualquer dor...

.
 
Se...

Não sou de cá...

 
.

Invoco o mundo julgado distante
mas que sinto tão perto
pelo desejo de partir...

A (minha) entrega foi bastante
e nas mãos vazias aperto
as verdades por mentir...

Não sou de cá, afinal...

Os sentimentos vagueiam
entre escombros do passado
que ruíram o futuro...

E na memória já escasseiam
os momentos a Teu lado
restando-me o chão puro.

Não quero estar cá, afinal...

.
 
Não sou de cá...

Sem "a"

 
Procuro no sentido do desejo
um motivo terno
que me recorde o tempo ido
de luz, hoje noite;
Dou os últimos retoques e penso,
penso como é difícil ouvir
gritos surdos
de gente que se perdeu
sem ter seguido o rumo certo,
pois ninguém lhes ensinou,
ninguém procurou ver neles
um sorriso ténue,
escondido pelo muito que foi dor
por só viverem momentos breves
de frescos sonhos;
E nesse conjunto (em que me incluo),
o belo nem é flor,
o beijo nem é quente,
o frio nem é morno,
e o gelo é o tudo
que converte presente em futuro
feito sobre minutos ocos
de tempo vivido sem regresso;
O sonho que foi ontem
é hoje sofrimento que ferve
num inverno longínquo
que cresceu seco e frio,
fruto de um tempo repleto de nuvens,
sem sol que espreite
o crescimento de um ser vidente
que julgue inverter o sentido do sofrimento
e reduzir o tempo
em que espero perder
o doloroso sentimento
de me sentir um herói
vencido pelo tempo
que julguei perdido.
 
Sem "a"

Escuridão

 
Sob o manto escuro da noite
partilho a angústia de sonhos
irremediavelmente adiados
pelo clima de mistério
de um tempo que apagou
as memórias nascidas
nos leves frios da Primavera;

Sob o encanto da noite
descubro a voz dorida
por tanto gritar ao querer apaziguar
a solidão feita de
segredos entrelaçados
em vidas que escaparam
ao destino solitário das paixões
sem sentido;

A busca de um significado
mais autêntico
para a complexidade das relações,
sem ardilosos métodos de defesa
nem astúcias que impedissem
respostas sensatas,
mostraria a verdadeira face
de um toque sensual
na visão fascinante
de sobrevivência
de momentos mágicos
que farão o relato da vida
sem deixar transparecer
os devaneios amorosos
em inconsequentes aventuras
sem desfecho;

Ao contemplar em silêncio
o retrato multifacetado de
uma vida onde a urgência de viver
lançou as sementes da confusão,
os mistérios por resolver amontoam-se
impedindo o reencontro
do caminho
para a serenidade;

Ao virar as negras páginas
de acontecimentos imprevistos
feitos de encontros casuais
marcados pela emoção do romance,
ficam por desvendar as mensagens
que julguei receber
mas que não soube decifrar,
transformando caminhos traçados
em rumos sem sentido,
em pesadelos sem adormecer
no mesmo leito onde habita
a felicidade e o desgosto,
o estímulo e a desilusão,
como se participasse sozinho
num concerto sem música
ou num coro sem vozes,
como se a meta só existisse
numa falsa partida
para o desconhecido;

E ao querer dominar a ansiedade
desta viagem pela noite,
vejo os últimos sonhos
esfumarem-se
deixando escapar um último
e reluzente rasgo
de juventude.

.
 
Escuridão

"A ausência só é efectiva quando a presença nos é, ou foi, indiferente" (Ajota)