Poemas, frases e mensagens de mjoao

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de mjoao

não procuro mais

 
Fazer tudo de novo. Começar do zero!
Eis-me. De novo.
Na renovação. Longe dos fantasmas
Que nunca existiram.
Que nunca o serão.
Tu és real. Sempre o foste.
Sempre o serás.
Os fantasmas partiram
Quando me abriste a porta.
Não entrei logo. Ainda espero um pouco.
Espero apenas por mim.
E estou quase de volta.
Sem nunca ter ido.
Há em ti a paz, a alegria, que julguei
Perdidas para sempre.
O belo, o real. A verdade.
Acredito em ti.
Mas espero um pouco mais.
Renovo-me na luz.
Dás-me o sossego perdido
Nos desassossegos que em vão
Procurei.
Não procuro mais.
Descobri-te!
 
não procuro mais

porto covo

 
Era porto
covo
corvo
curvo.
era porto.
de mar
amar
amora
demora a moura
pessegueiro
matreiro
Nem a tempestade vinha
teve de ser pintada.
na maré
No turbilhão erosão
tudo ilusão
Porto
curvo
curvo-me
apenas
 
porto covo

segmentos

 
Que sei eu dos segmentos de recta.
Com pontos quase finais, na reticência.
Que códigos artisticos de morse, ou não.
Não sei nada de traços. Desenho mal.
Escrevo pior.
Os meus olhos, são apenas uns olhos.
A minha mente não é brilhante.
Não sei a arte da sedução.
Pouco sei das coisas.
As histórias que escrevo, não contam.
As palavras soltas, prendem-se.
Todas as ciências do mundo, não me
definem.
Não há encantamento, no que digo ou faço.
Nem a espada brilha.
Se tivesse de te segurar nos braços, não
chegaria a força.
Falo-te e nada te digo.
Não me chega a simpatia.
Levem-me toda a simpatia do mundo.
Tirem-me daqui toda a biologia acessa,
que já me queima.
Ignorem-me. Na transparência.
Num movimento,
lentamente apressado,
que é só teu.
Nosso,
nunca...
 
segmentos

é teatro

 
Sim é teatro.

É teatro a vida de cão que carregamos, e que nos roi infinitamente os ossos.

É teatro a máscara que se entranha na pele do “politicamente correcto”

Primeiro estranha-se depois entranha-se.

Bendita água suja do imperialismo, que nos inunda as entranhas.

Sim é teatro.

E se as árvores não morrem de pé, morrem queimadas.

É teatro.

E se fingo amar-te é teatro. E se não o fingir também é.

É teatro querer escrever poemas.

Sem ser poeta.

Ser poeta é teatro.

São as lágrimas que apagam as máscaras e fazem subir o pano.

São teatro.

É a gargalhada contida e o esgar de dôr da náusea existencial, é teatro.

É um querer incontido de quer pensar a peça. E pedir que começe a cena.

É teatro.

É a fuga constante dos relógios apressados.

E a noite chega. Estou só. Como nunca. Tiro a máscara. Acabou a peça.

Deixa-me ouvir o silêncio do teu aplauso.
 
é teatro

sem aparente razão

 
Sem aparente razão
a noite
veio mais cedo.
As abelhas
largaram as asas
e foram a pé.
Ficou no mel
a doce
vertigem
de querer mais.
 
sem aparente razão

o mundo é breve

 
O mundo é breve
Os minutos
Não deixam eco
Evaporam-se
E não adianta
Atrasar a vida
Tropessando
No futuro
 
o mundo é breve

como se fosse

 
Como se hoje fosse eu

o anjo
guardo-te
no descanso poupo-te
a palavra
que não a tens
como se hoje fosse
um anjo desajeitado
invento da asa
uma folha
pairando em
ti
 
como se fosse

os deuses devem estar ocos...

 
O que me aconteceu? Onde me perdi? Em que volta. Nas voltas ao virar da esquina. Que indiferença é essa que não entendo. Nunca entendo. Explicas de forma simples não te entendo. Também não serás tu. Certamente.Tiveste a percepção da sensação. Do sentir. E dizes não. Sem ser óbvio, muito mais óbvio do que eu queria. Não deixas lugar para o sonho. E eu vou. E não te digo adeus nem te digo nada. Já não há vontade. Triste tão triste. Mas ficas.Não entendo. Também estás triste? Não ouves a pergunta. Porque sou eu a perguntar. Que terei eu a dizer para além do óbvio. Escrevo-te quase diáriamente à meses. Enormes meses. Mas não sabes. Nem te interessa. Nada relacionado comigo. Eu, nada, os eternos sinónimos. Desagrada-me. Sinto raiva. E não consigo falar. A tua frieza corta-me a razão e o sentir.
Já me faltam as lágrimas. E o desespero da merda dos eternos desamores. Falta-me a paciência. Quero-te agora. E agora é nunca. E nunca saberei se és tu.

Nunca virás. Canso-me.

Deixa-me ir. Que tanto mal fiz

aos deuses todos.....
 
os deuses devem estar ocos...

guerreiro

 
É na noite
que o guerreiro volta.
A luz na espada.
Cavalgando
na cauda de cometas
trás a verdade
no olhar
na revolta do
mar
Azul de céu
de brancas
espumas
É na noite
que o guerreiro
se chama
em chamas
enxames de abelhas
É na noite
que o guerreiro
te agarra
larga a espada na areia
e transforma-te em castelo.
Em princesa ao Mal
resgatada.
É na espada, na noite
do guerreiro.
perdido
em ti. Por ti.
 
guerreiro

violinos

 
era a hesitação
dos violinos
que nos dava a leveza
de um sentimento novo
e começa a contagem
decrescente
 
violinos

meu pequeno anjo

 
Meu pequeno anjo de asa
vermelha
de salpicada tinta permanente
negra
que já libertas o guerreiro no
poema.
Nos poetas filhos do deus.
ateus.
Atroz o vôo.
Atrás vou eu.
Meu pequeno anjo de asa vermelha
que rasgas o arco na flecha, iris do mel.
Da abelha aflita.
Meu pequeno anjo
sem pena
na asa nua. tua
já vai alto o amanhã
meu pequeno anjo de asa pousada
que me desliza na mão
quente
de fósforo sem caixa
onde te guarde meu pequeno anjo
Voa
Voa meu pequeno anjo
que já não conto
os segundos seguidos que já não estão.
que já pressinto a hora.
lentamente. asinha na asa
 
meu pequeno anjo

espada submersa

 
submersa a espada
na manhã
o guerreiro amanhece
o rio
é esse
 
espada submersa

para ti

 
Poderia escrever-te. Como tantas vezes já o fiz. Dizer-te tudo. O que quero e o que não quero. Era tão simples. Gostas de coisas simples. Mas em mim tudo se complica. Um embrulho de nós. Envolto. Em sombras de arco-íris. E finalmente falo-te. Num espasmo. Sustido. Sustenido. Em claves de sol. Rasgando o azul do céu. Alado. E pousas os teus dedos na minha mão. Sinto a tua pela na minha.
Controlo-me. Consigo. Toda a minha força se concentra nesse controlo. Mais tarde recordo. Sinto depois. Com calma. E chegam as lágrimas que teimam em apagar o caminho dos teus dedos. Por te saberem não voltar. Por saberem que não volto.
Nunca. Que nunca estive. Escrevo. Escrevo muito. Compulsivamente. Na esperança de que alguma simples letra te agarre. Mas tu não lês. Não me lês. E continuo a escrever-te. Sentei-me agora e escrevo. Hoje não é dia de te ver. Mas já te vi.
Sem saberes. Agora conheces-me. Já não te posso olhar despreocupadamente. Como dantes. Tenho cuidado no olhar. Tento esconder o brilho. O teu brilho no meu olhar. E é difícil. Julgo conseguir. E zanjo-me com tudo e com todos. Zanga-me a simples existência. A essência. Irritam-me as pessoas. Cansam-me. Sinto-as ocas.
E também me queria sentir. Mas o turbilhão que me invade, não permite.
Transbordas-me os egos. Numa panóplia esquizófrenica em que te escondo. São letras desesperadas em que te escrevo. Desprovidas de pensar. De um exaustivo pensar. De um sentir sem sentido. Escrevo. Não paro. As palavras trespassam-me por entre os dedos. Escrevo em papéis. Quaisquer papéis. E rasgo-os. Para os voltar a escrever. E a rasgar. E pego num caderno. Que depressa se enche. Na vaga tentativa de preencher a tua lacuna. A tua falta. Mas não sinto a tua falta. Como poderia sentir? Se estás sempre. A todas as horas. Nos infimos segundos. Que não passam. E já passaram. E já passaste. Enches o meu dia de sentidos. Penso-te e repenso. Não. Afinal não há vazio. E agora falta-me o vazio.
Falta-me espaço. Invades. De forma surreal. Isto não pode existir. Mas teimaste em tocar a minha mão. E eu teimo em senti-la. Mas já passou. Já não volta. Os outros cansam-me. Tu inspiras-me. Como jamais alguém o houvesse feito. Sento-me aqui. Só. Apenas isso. E espaçadamente vão passando uns e outros. Num vai-vém. Exaustivo. Sei que não passas por aqui hoje. Tento descançar um pouco. Mas as palavras estonteantes despejam a tinta da breve caneta. Os outros cansam-me. Quebram a escrita. Irritam-me. Os teus amigos. Não pertenço a estes. Não possuo o dom de te encantar. Não tenho a leveza que gostas. Tudo em mim é denso e escuro. Mas penso em ti e o brilho volta. Invento-te noutro ser. E perco-me. Depois quando caio em mim, revejo-te num breve ontem. Apenas isso. Julguei poder dar-te. Quando nada tenho para te dar. E mesmo que tivesse não o querias. Esse. O maldito. O maldito amor. Que nos entontece. Que nos turva a visão. Que faz de ti um ser absolutamente impossível. Inquieto-me. Com um único sentir. O sentir-te. O meu cansaço é notório. Ferozmente visivel. Não durmo à vinte e quatro horas. Nem sinto sono. Nem fome. Nem nada. Julguei uma breve alucinação quando te vi na rua. Passavas como sempre, lentamente, pausadamente. Ouço violinos. A tua música. O teu adagio. E é tudo tão breve. Não pertenço ao teu mundo. Eu sei. Como poderia pertençer? Não há sentimento de pertença. Nem sequer de ausência. Uma enebriante mistura que nos entontece e não mata a sede. Que não alimenta. Que nos esgota. Mas não cessa de me preencher. Fico aqui. E tu não sabes. Fico apenas. Falta-me a vontade. A escada é imensa. Não posso parar a meio. Quando descer é até ao fim. Mas depois tudo se altera. Finalmente desço as escadas. Vou jantar. Com calma. E quando volto ao vetusto edificio, como por magia, alguém me pergunta onde fica a sala. A sala onde estás. Também não sabia ao certo onde ficava. Mas procurei quase infinitamente, com o outro ser que seguia, percorremos certamente, todo o edificio. E finalmente, lá chegámos.
Afinal, sempre estive aqui. E vemo-nos. A distância é considerável. Por isso gestículo algo parecido com um cumprimento. Com qualquer coisa. Ainda me reconhecias. Não passo a fronteira da entrada da sala. Dou meia volta. E o cansaço já passou. Volto a casa. Hoje certamente dormirei.
 
para ti

Além Tejo

 
Fui perguntando por aí

pelo sol. Ia perguntando já é Verão?

Levar-te-ei além tejo.
Enquanto te desenho de leve
leve. Vagamente
dispo-te as palavras
qu'inda não me disseste
nem me dirás, porque o beijo as rasgará
enquanto os dedos afastam as letras seguindo apenas as coordenadas dos sentidos
 
Além Tejo

olho...

 
Olho.....
as estrelas
decadentes
esvoaçam por entre os olhos
do Universo.
A lua embriagada
mostra a face
oculta.
Espreito...
uma ovelha...
negra.
Julgo ser o amor
 
olho...

fico por aqui

 
Na esperança. Qual esperança? Na vaga. Vaga. Lume. Que olhos por aqui não passam. Que mentes aqui não pulsam.
Na compulsão da escrita. Letras que interagem, buscando sentido. O sentido. Qualquer que seja.
Por aqui não passam olhos.
A mão em brasa. Na tecla aflita. Longe o tempo do papel amarrotado. Do escrever na esplanada, na chuva. No relâmpago estremunhado. Na tempestade.
Não há tempestades, nem marés se vislumbram. O frio aquece. Gelam os dedos. Frenéticos na escrita. Confusos. Entorpecidos no esgar do pensar aflito de treva.
Em vão. Todos vão. Fico por aqui. Por onde não passam olhos.
 
fico por aqui

perguntam-me que sou

 
Perguntam-me quem sou. E eu digo. E não sou quem esperavam. Vão-se embora. Não uso máscara. Digo o que penso. Mas escondo o que sinto. Falta-me. Mas já não vale a pena. Ainda bem que o escondo. Para quê falar? Para quê esperar? Não sou uma pessoa hábil no diálogo. Sou de monólogos. Aborreço-te. Sinto-te. Tentas o politicamente correcto. Tens muito que fazer. Ainda arranjei desculpas, pensando que talvez fosse qualquer outro motivo. Mas o motivo é apenas um. Realmente não é agradável falar comigo. Estar comigo. E insisti, no desconhecimento da auto-estima. Que me diz, que não se pode agradar a gregos e troianos. Não perteço ao séquito que te rodeia. Não faço sentido algum na tua vida. Que pressunção foi a minha, de um dia, talvez...
 
perguntam-me que sou

alada a lâmina

 
Alada
a lâmina
cortando
trevas
alargando
o dia
num ébrio
nevoeiro
 
alada a lâmina

estranho

 
Que estranho
hoje também vi o arco-iris
no céu
lá bem no céu
entre claves de sol
desenhando um adaggio
que não consigo ouvir
e não sei o caminho
das estrelas
.....que...estranho
 
estranho

amanhã

 
Amanhã ver-te-ei
é o dia
dia de breves segundos
e eternos
ternos
olhares
da corrente sanguinea
em constante
tempestade
mas este eu
que te escreve
na sombra
para não veres
é apenas mais um eu
 
amanhã