A vida de Tecin no Sertão Nordestino
Para a maioria das pessoas do sertão nordestino a vida não é nada fácil. E para aquelas em que os dentes ainda nem foram trocados, às vezes é muito pior.
Sozinho desde o nascimento e sem sobrenome, Tecin nem chegou a ver os lindos olhos azuis da mãe, Maria Pires de Miranda. E o que ele sabe foi contado pelos mais velhos. Do avô, apenas o nome José Maria Campos, que era homem bravo e que havia roubado a avó para se casar. Uns diziam até que no sertão em meio à fome e a miséria Tecin não vingaria. O sertão estava seco e nada naquele ano crescia.
Mesmo com a falta de noção, mas com vontade. Tecin havia de aprender a lidar com a terra. E quando pegou idade tudo começou da roça entender. Plantar milho, feijão e conservar os alimentos, brocar o mato, vigiar o pasto e o gado.
Tecin sumiu nas capoeiras, por trilhas e manguezais, depois de se desentender com a madrasta que o chamou de imprestável. Ela, que ao descuidar-se
levou uma paulada do menino que quase a matou.
Para se alimentar andava léguas à procura do que comer. Viveu aqui e ali em várias famílias deste sertão. E foi assim que tendo o sertão como seu aliado foi crescendo.
Com o tempo retornando ao seio da família e das pessoas queridas tudo na sua vida começou a melhorar. Neste lugar para quem trabalhava fartura havia de ter. E quando chegava um período de seca, o que haviam colhido durante o ano para o outro haveriam de passar.
Passou a ser um trabalhador muito procurado por todos, amansador de burro bravo, e onde havia uma comitiva, lá estava Tecin tangendo gado.
Também era habilidoso na vacinação dos animais. Derrubava um bezerro agarrando-o pelo pescoço e com os dedos nas narinas do bicho e com um só movimento conseguia derrubá-lo. Tirava e espichava um couro de animal como ninguém.
Mesmo tendo vivido sozinho se tornou homem honesto e respeitador e por onde passava pedia benção a todos que passavam. Pardos, brancos, mulatos ou índios. Características marcantes da personalidade de sua mãe.
Sonhar já virou rotina
Sonhar com você já virou rotina
Uma vez em pontos distantes
Pude sentir você em sonhos
No qual tive que percorrer
Longo caminho
Por ficar longe de mim.
Por lá vi muitas pessoas
Em lugares muito estranhos
Alguns caminhos incertos
E obscuros que tive de pegar.
O tempo que não dá trégua
E os perigos que tive que passar
Vi também lugares bonitos
Que você deveria ver.
Sonho com vontade
Vontade de querer encontrar
A pessoa que mais amo
Mesmo que por pouco tempo
Pura satisfação de lhe amar.
Lá pude ver gente aprendendo
para simplesmente ajudar.
O amor e a arte
Uma obra está para mim
assim...
Como o amor está para o artista.
Estando exposta...
Ela está para ser admirada,
como quem vê numa arte belíssima
que pode ser vista e tocada
apenas com os olhos.
No meu caso...
com os olhos da alma
que tenta saltar para fora do peito,
mas encontra a barreira na carne
que a impede de sair
para me aproximar de você.
quem fez você!
fez também a arte de te amar.
Com a alma.
Tempo! Seja meu aliado
O tempo, ele que nos faz esperar
Ele, que não nos maltrate
Que ele seja nosso aliado.
Passe! devagar quando juntos
E acelere quando a solidão
Maltrata nosso coração.
Que traga pra mim o seu amor
E não demore tanto assim
Faça que chegue logo
Porque ainda morro de saudade.
Vida sofrida
Juazeiro, com a queda de um raio nunca mais floresceu ou daria mais os seus frutos e chora a natureza novamente, deitava-se a sombra um garoto pequeno, todos os dias para dormir ou descansar das tarefas do sertão. Teve sorte em ter um lugar como aquele que agora não existe mais.
Tornara-se um banco. Ao menos o menino continuara em sua companhia. Seu tio se admirava ao vê-lo se acomodar, dormir naquele tronco e nunca ir ao chão.
O garoto tinha também como companheiro, Dolopo. Um cachorro de caça muito bonito abandonado pelo vizinho que passou a odiá-lo e também porque fora atacado por um porco espinho, criando bicheira em uma das orelhas. E todos os dias o cachorro encostava as portas de sua casa e arranhava com as patas como um pedido de ajuda.
Mas a doença não curava e percebendo o seu sofrimento, o tio deu-lhe uma tarefa muito difícil de resolver.
- Menino, você que mata um cabrito como ninguém dê um jeito nesse cachorro. Ele sofre muito.
Assim era o sertão e o homem. Entender o verdadeiro significado para aquele tipo de vida. Doía muito ao coração ver a criação que sofre de fome ou sede e muitas vezes dava pena de se desfazer de seus animais que sofriam a míngua.
E para o menino o sacrifício, era a pior solução. Pois Dolopo o acompanhava em todos os lugares e lhe dava muita alegria. Possuía um amor incondicional àquele cachorro.
Triste, o menino saiu pela mata não entendendo porque teria que decidir quem deveria ou não viver. Mas, carregava consigo o modo de como uma pessoa vivia naquele lugar e ao qual se deve imitar e cultivar.
As primeiras lágrimas escorriam pelo rosto sofrido. Abraçou o amigo por longo tempo. Deveria de ser rápido e indolor. A respiração foi sessando devagar até que os pelos brancos de Dolopo se assentaram.
Foi deixando para trás um rastro de saudade e de alegria que Dolopo havia lhe proporcionado.
Via agora mais um ente querido que se foi.
Vozes no silêncio
Vozes abafadas no silêncio
Sufoca e impede o desabafo
Suspende qualquer demonstração
De sentimento.
Sufocadas em pensamentos
Misturam-se com as vontades
Vozes taciturnas
Caladas, tristes no silêncio.
Pudesse sair num grito
Queixar essa vontade refreada
Que todos ao redor as escutassem
Vontade que se encerra no peito.
Não faz tanto tempo assim
Não faz tanto tempo assim
Que estivemos juntos
Que nos falamos
Que nos beijamos
Que nos amamos...
Noites sem dormir
Noites sem palavras
Dias intermináveis
De saudade de amar.
Mas, num breve momento,
Pude experimentar
A felicidade de poder lhe ver...
Neste dia, pude outra vez sonhar,
Sonhar e sentir dentro de mim
Tamanha felicidade...
Felicidade que enxuga a alma
Que chora...
Que alivia a dor do meu peito
Que dá sentido à vida.
Como é bom te amar
Escrevo pra ti amor, enquanto escrevo
Lágrimas escorrem no meu rosto
de saudade.
Aprendi que a distância vem acentuar
Tudo que eu sinto por você
E que às vezes lágrimas não saem mais
Tenho em mim o choro contido no peito.
Queria poder te amar, te dar carinho
queria te abraçar muitas vezes mais
Lágrimas escorrem pelo rosto
Não dou mais conta de enxugar
Fecho os olhos pra te ver nas lembranças do nosso amor
Como é bom te amar...
Meus versos
Que guardam minhas saudades
que guardam meus desejos
que relembram meus caminhos
que relembram meus passados.
Trazem de volta as alegrias
ou trazem de volta os apertos
no peito...
Versos onde eu desabafo
Versos que me entende
Versos que me escuta.
Para os meus não importam
as rimas.
importa o que é escrito
da alma.
Versos que acalma.
Versos que te coloca
ao meu lado.
que fazem sentir
o teu cheiro.
Que fazem eu te olhar
lá no fundo
versos que me trazem
os teus beijos.
Marcas dessa paixão
Mãos macias
Cuidado e carinho
Lava meu sangue
Do corte razo
Que se desfaz na água.
Depois da cura
Cicatriz que marca
Recorda a dor
Que logo se fora.
Corte na alma
Corte profundo
Cicatriz que fica
Indício oculto
Amor intocável.
Olhar perdido
Fica a saudade
Pensamento eterno
Que prolonga
E não tem fim.