Mãe
Existe um desafio por baixo do silêncio, que não volta mais se não for ouvido?!
Luzes psicadélicas. Sento-me na cadeira com os meus anjos a meu lado, e noite engole-me o olhar perito na investigação…
Quando soube que a presença da meia noite viria atrás de mim, o tempo foragido, aquele que nunca dorme…
Temi pelos meus sentimentos, loucura e abstracção.
Quem realmente voltaria dos sonhos?
Deixei o rasto pelo céu e as estrelas o vigiariam!!!
Rastejei no chão, impulsos histéricos de pânico.
Quando virá o dia para que assista ao nascimento, é verdade que a alvorada se fez formosa.
Ruptura na queda, instantes mãe!!! Pudesse eu sumir-te nos meus abraços todos os dias…
Ataque
Preciso de pão!!! Os meus olhos ardem com o fumo, e o meu corpo está mordido com os estilhaços…
A angústia em sobreviver ata-me ao grito!!
As estrelas deixam-me com luz, mas como adormecer esta noite?? Como explicar se o sossego não existe.
Tento escrever, mas tenho que sair mais uma vez…!!! O bunker está perto.
O universo está circunscrito à violência. Vomito o ácido que me deram como alimento!!!
A mentira ou a verdade são algo que carregam a vergonha penitenciada. A sua existência cabe nas balas que atravessam a pele de um corpo indefeso. Eu consigo ainda ver!!!!!
O Universo come-se insatisfeito e apenas a fome vem quando se lambe o sangue que se esvai…
Em cada corpo apodrece tudo aquilo que seria nobre, ou justo.
Não quero morrer, porque não te entendo!!!
Louca
Algo morto de insatisfação, plena transformação exacerbada… Que promessa tão estanque.
Nada morre se não for abandonado!!
Palmo de terra quase no fim, o frio é bravio na pele que se deixa só!!
E quando a noite se tornou em mágoa?!
Deixar o silêncio amotinado num paladar sem sabor, ainda há esperança que algum grito se levante!
Uma crosta endurecida verte raios brilhantes quando o sol lhe toca.
Não, não tenho como pedir um grito, preciso de um olhar… Inconstância proeminente no juízo de valor. Serei, serei um dia louca para sempre.
Legitima Defesa
Larguei a ancora ainda aos meus pés, chamaram-me pelo meu nome, mas não o partilhei…!
Deixei-me encontrar para quebrar o silêncio e abrir os olhos, não fiz promessas, estava partida!!
Retrai-me na estranheza do momento, fixei-me na contracção do meu tráfego de lágrimas…
Perto está a doçura que entra na luz, febre dos sentidos trocados num tom sem resguardo. Como se abraça o começo?
Cuidei do desamparo, mas deixei a agonia sem salvação. podes ser a minha companheira, pois como posso encontrar outra coisa??
E em minha legitima defesa tentei deixar a humanidade.
Palavra
Apaixonei-me por ti palavra.
Tu que me definiste sem juras, ou compromissos. E os malabarismos não se agarraram ao meu sentimento!!
Possui o teu significado apreciei e depreciei…
Deixei-me deitar sobre a tua significância, e no meu peito os desabafos eclodiram contigo.
Sempre te amei, sem melindres ou ocasiões menos propicias.
Uso-te como uma paixão única, ando com os meus dedos sem fingimento para te escrever…
Penso e clareiam as ideias e agradeço-te na tua articulação.
És casulo, a espera, a recolha da minha sinceridade.
Olhos que me farão olhar para me converter à luz. Palavra pincelada a sopro como uma confissão…
Força
Entreguei-me à vida desistir finalmente ao cansaço da dor.
Recorri ao amor
Renasci no sustento do amor, mas comi a dor amargurada que se envaidecia cedo…
Longe dela extingui a loucura que alimentava aquilo que era só meu.
Para o bem dos momentos mais reais estou menos perto de mim e mais longe dela!!
Respiro, ainda um pouco adormecida pelos cálculos que fiz durante a noite.
A conclusão foi meritória.
Atravessei vales e montanhas e chorei mas esculpindo sempre a força de que iria chegar ao final dos finais.
Etapa
Escuto a sombra que rasteja atrás de mim, a perda e a saudade são avenidas a percorrer…
Que o meu sangue quente me vele esta noite!!
Não existe forma mais triste do que sentir a perda, ficam estilhaços de dor, e de gemidos silenciosos.
Interroguei ninguém, já que a culpa não existe!
Só a saudade está comigo…
E eu mesma sou vagabunda nesta nova etapa. Eu sei o que são as lágrimas – são AMOR.
Mas lamento a extensão da minha generosidade, e o meu queixume enfeita a minha tristeza. Mas vai…
Olhar
Onde brilham os olhos? Fora da timidez olho-me em ti.
O amor dentro do coração é luz, que aprendeu a restaurar a eternidade.
Dentro de meu corpo tenho os teus gestos!!
Tenho um ápice de desejo. Fixei-me na clareira do teu corpo.
Que gentileza servires-me a esperança, e o amor… Com os beijos que me deste.
O silêncio é uma sinfonia apenas de carinhos…
O tempo não foi combinado, cada enlace no teu corpo é uma curiosidade para o descobrir…
Amar-te mais já não é possível.
Oh amor, serei sempre o que estará dentro de ti.
Bálsamo
Fora capaz de ser voluntária, mesmo na desconfiança da partida e da saudade.
Desconhecia, fugi, encontrei.
Esforço guerreiro
Consegui repor a paz e a intimidade… Oh! Bálsamo que te derramaste sobre o meu esquecimento.
Já passou o fim, e as perguntas já não arranham em cada madrugada.
Arranquei-te revolta. Agora vou arrumar-te num lugar sem detalhes.
A aridez da minha vinda era uma presença invasiva;
No depois, nunca tinha tacteado em tal perfeição.
Sementeira
Antes de me alcançar escorreguei no trilho, estava a semear o campo… A sementeira deixou-me livre do meu quarto.
Se fosse algo assim tão fácil dragar os meus pensamentos, dava-me ao sono!
Quero-me ver de novo, não aquilo que tinha na mão ainda podre, aquelas sementes…
Decidi pintar-te, eu. A melhor atitude.
Telefonei e morei nesse telefonema tão visceral!!
Esperava saber o que se passava, se a fronteira ainda existia?!
O tempo foi meu amigo, gastei-o e deixei-o levar-me até ti.
Corri, arranjei umas pernas novas, e alguém se cruzou no meu oceano de saudades… Sou escritora e não nada peço para escrever.
Arranjei os meus ossos e ficaram articulados e decidi continuar a correr até chegar até ti.