Abraço
Para o dar tenho que o receber
sempre que te vejo por ele espero
no meio fica sempre a bater
algo verdadeiro e sincero
posso não conhecer quem o dá
mas que venha forte e sorrindo
que em meus braços caberá
em meu peito será bem vindo
é bom ter um quando a tristeza
bater á porta e quiser entrar
porque ele vai concerteza
deixar á porta a tristeza ficar
já muitos o deram sem vontade
e o receberam na mesma hora
mas depois fica aquela saudade
quando ele se vai embora
Sonhei-te
Da janela surgiu um sorriso
que eu afaguei com o olhar
serà um sinal, um aviso
ou esta vontade de sonhar
Essa janela escura e fechada
que eu procuro sem cessar
tem dentro uma alma adormecida
que eu espero um dia acordar
Quis então um dia adormecer
para com ela poder estar
e em seu olhar me perder
E ao beijar no seu sorrir
poder o meu sonho realizar
e a janela escura então abrir
Lá
Lá, onde o pensamento
Se afastado da razão
Lá, onde me invento
E me seguro na razão
Lá, onde me escondo
E me abrigo do que sou
Lá, onde me afundo
Sem saber onde vou
Lá, naquela sombra
Que só mostra o exterior
Lá, lugar que me assombra
E se confunde com a dor
Lá, o meu outro lado
Que me faz ser assim
Lá, onde estou algemado
Mas que pertence a mim
Meditação
nesta pressa em se chegar
não se sabe onde nem quando
se perde por não olhar
se ignora não escutando
no caminho toda a natureza
nos proporciona sabedoria
os pássaros cantam a beleza
o vento dança de alegria
mas a vontade de se adiantar
andar mais que o próprio passo
mais do que a vida pode dar
é encurtar este tempo escasso
por isso, a cada passo dado
olhar em redor ver e reparar
ouvir a natureza no seu estado,
na meditação a podermos imitar
e na meditação, descobriremos
como encontrar, quando partir
quem nos somos, o que queremos
saber a razão do nosso existir
Teu Rosto
Teu rosto não sei
num poema descrever
fechei os olhos e tentei
te imaginar, te perceber
Olhos que sabem olhar
veem alem dos horizontes
os cabelos no vento soltar
serão ondas brilhantes
A boca que nada diz
guarda mil segredos
o rosto calmo e feliz
procura momentos perdidos
O pensamento de sonhos feito
tenta encontrar uma razão
para num momento perfeito
dar ouvidos ao coração
em cada gota, tu
Em cada gota um desejo
que o reflexo seja o meu
e o teu,
que a meu lado
me abraça num constante
entardecer,
e me fala de sonhos
que eu esqueci,
Vazio
hoje nada me seduz
nem me cativa o pensamento
um vazio se produz
só o ruído do vento
olho para o horizonte
e nem consigo saber
se o sol esta no poente
ou simplesmente a nascer
neste tempo de bruma
só consigo constatar
que não existe nenhuma
razão para tentar mudar
por mais que seja incerta,
esta espera, esta paragem
faz parte da descoberta
de uma nova mensagem
que do vazio vem a esperança
e que em qualquer momento
pode acontecer a mudança
pode nascer um sentimento
entre nós
entre o meu e o silencio do teu olhar
as palavras se diluem no eco perdido
de entre a vontade de tua mão tocar
e a saudade de rever teu cabelo caído
os dias passam por entre os sonhos
que me aquecem naquelas noites frias
em que adormeço ouvindo os lamentos
de um vento com tuas palavras vazias
poiso o olhar no horizonte distante
tento vislumbrar na sombra do poente
o eco das palavras que quero escutar
entre os espaços vazios do encontrar
existem sonhos que ficaram guardados
em olhares em abraços em beijos dados
teus cabelos
Em meu colo teus cabelos
Aguardam minhas mãos
Meu suave toque
Te faz adormecer, e então
Deixo que teus cabelos
Subam por mim
E me falem de ti
E me digam que sim
Às perguntas que não faço
Mas que ouves em segredo
Às palavras que não escrevo
Mas encontras em meus dedos
Alegria
As vezes sem conta
que eu te olhei
em teu rosto vislumbrei
uma vontade enorme
de te renderes ao luar,
segue o sonho
que a lua te ofereceu.
No vazio consentido
que preenche a tua vida,
reina a sombra
de uma vontade adiada,
solta-a ao luar
mergulhe na fantasia
do momento que é teu,
e faz com que aconteça
tudo o que a mente
teimosamente te quer negar.
Faz das tuas palavras
versos de um poema
que se chama alegria.