Poemas, frases e mensagens de AngeloP

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de AngeloP

O Relógio

 
Tanta espera, tanta esperança, e agora?
Mais espera após a espera de quem cansa.
E se creio que ele avança
Muda a hora!

É de hábitos o meu relógio, só atrasa.
Leal à alma que lhe dá utilidade,
Leal à mesma sem vontade
Desta casa!

À sua imagem, apenas passo, conto os dias
E espero seja dada corda à minha vida.
Olhado à entrada, à saída
E em noites vazias.

Tanta espera, tanta esperança, e agora?
Num golpe certeiro
Partirei o meu ponteiro
Com a raiva de quem chora…
 
O Relógio

"Oníricas Revelações"

 
Certa noite, tive o sonho mais perfeito
Que algum dia havia tido:
Nos teu olhos vislumbrei o colorido
Da felicidade e o temor foi desfeito...

Vislumbrei cada expressão, cada defeito,
Cada gesto executado ou retraído.
Pude ver a adoração fazer sentido,
Pude perceber, enfim, meu pobre peito!

Nessa noite, fui um coração despido,
Fui uma alma separada do sujeito.
Desde então, quando repouso no meu leito

Já não temo prolongar adormecido.
Não há sono que me deixe insatisfeito,
Se esse mundo me transmite o intransmitido!
 
"Oníricas Revelações"

Fica Sabendo

 
Fica sabendo que no dia em que eu morrer
Suplantará a dor que me provoca a morte,
O custo de partir, sem dar graças à sorte
Que tanto desejara, eterna, de te ter.

Fica sabendo que no dia em que eu me for
Da vida lembrarei o que foi bom.
Lembrar-me-ei de ti, de como deste tom
À vida de alguém que ignorava o amor.

Fica sabendo que mesmo ao perecer,
Sem mais uma razão para contemplar alguém,
Eu contemplar-te-ei aqui e além
Por seres quem és e por sabê-lo ser.

Fica sabendo que no dia do juízo
Se lá, naquele lugar a mim já destinado,
Alguém me conceder um último recado,
Só “dizer que te amo”, é tudo o que preciso!
 
Fica Sabendo

Espírito do amor!

 
Em mim, o espírito do amor
Habita mais que puro, mais que tudo.
Espírito "calado", quase mudo,
Sabendo resguardar o seu fulgor.

Em mim, o espírito do amor,
Num ritual que choro já merece
Produz a cada noite sua prece
Como com Ele falando sem pudor.

Em mim, o espírito do amor
Rompeu sem esperar, sem um aviso.
Imóvel a defesa, foi juízo
De Deus, como juiz, no seu esplendor.

Em nós, o espírito da vida,
Que todos saberão ser o do amor…
Será, por certo, o de maior valor
Aquele que vai mantendo a Terra erguida!
 
Espírito do amor!

Tributo às mulheres

 
Dotadas de elegante sapiência,
Formosas em vertentes variadas,
São as mulheres, as tão por nós amadas
Na sua timidez e irreverência.

De graça tão distinta, que nos ficam
Na mente pelo resto da vida.
São a nossa arrogância invertida!
Abelhas, que em hora certa nos picam.

Aquelas sem as quais não viveria
Este meu ser.
As donas por destino da alegria

E inegáveis do prazer!
“Vai ela… façam vénia e um qualquer dia
Dêem-lhe os parabéns por ser mulher.”
 
Tributo às mulheres

Percepção

 
Para mim, o Mundo é um mistério!
Quanto mais rezo, menos tenho.
Quão mais recto, menos retribui a vida.
Será que compensa ser sério?
Esta “passagem” é uma corrida
Que começa e acaba sem glória.
Ninguém recorda o inicio
E todos esquecerão, um dia, o fim.
Se falhares o entretanto, não tens história.

Para mim, o Mundo deixou de ser um vício!
Quem nunca ganha, perde a vontade,
A esperança, os sonhos e as certezas.
Por muito que nos sintamos esventrados,
A felicidade é uma verdade
Que dispensa subtilezas.
Sinto que fui enganado
Por quem me educou.
Ensinaram-me tudo ao contrário!

Para mim, o Mundo é agora revolta!
Qual bondade qual quê?
De que importa ter valores
Se ninguém os vê?
Porque razão
Me ensinaram tanta teoria
Sem aplicação prática?
Não me prepararam para o que viria,
Mas para uma existência utópica.

Para mim, o Mundo é uma lição
Que aprenderei tarde demais
Ou talvez jamais.
Agora, com o coração
Já formatado e resistente,
Torna-se difícil mudar.
Hei-de morrer decente,
Afogado em virtudes,
Sem ninguém para as partilhar!
 
Percepção

"Agitação"

 
Segura, esta viagem que completo
Por entre a pequenez de Portugal.
Debaixo de um calor quase infernal,
Vislumbro o seu não querer, mas estar quieto...

Revolve-me as ideias este nada,
Quero em sacro lugar um outro empenho!
Se não quiseres vir tu, por certo eu venho
Fazer deste País, Pátria elevada.

Correr, chorar, sangrar pouco me importa
Se busco um ideal em que acredito.
As rédeas da Nação que segue torta,

Assumo, enquanto pulsa em mim o grito:
"Antes que caia um dia a Lusa morta,
Me vá, na rapidez com que me agito."
 
"Agitação"

As Doze Badaladas

 
À noite, as doze badaladas
De um sino nunca preguiçoso
São o lembrete precioso
De que nos esperam alvoradas…

Para que ergamos as espadas
No gesto honroso
De quem sente gozo
Nas batalhas travadas.

Porque é isso mesmo a vida,
Uma luta constante,
Uma vitória,
Uma derrota,
Um momento hilariante…

Feitas as contas,
Quer queiramos quer não,
Sorrimos tanto quanto choramos
E amamos tanto quanto odiamos,
Se vivermos com paixão!

Resta-nos esquecer os contos de fadas
E aproveitar cada momento que nos é dado,
Freneticamente, até que hajam soado,
À noite, as doze badaladas…
 
As Doze Badaladas

ESRF

 
Foi aqui, por entre tantos cacos
Que conheci quem devia conhecer.
Foi aqui que o amor se deu a ver
"Edificio tatuado de buracos".

Aqui, onde parti a viajar
Na viagem que me torna infinito...
Pronuncio a padecer estridente grito
Que em mim, a ecoar, irá ficar:

"Será aqui que surgirei quando sentir
Que vale a pena recordar o que aprendi.
A viver ou reviver, será aqui
O local, por eleição, para sorrir".
 
ESRF

Quantas Vezes?

 
Quantas vezes foi em vão
O coração evocado
Em nome de uma ilusão
Que te retorne ao passado?

Quantas vezes foi profunda
Tão sagrada evocação
Num mundo que se inunda
Das palavras por chavão?

Quantas vezes provaste
Sapos, de sabor medonho,
Por saberes ser demais triste
Ver desmoronar um sonho?

Quantas vezes ponderaste
Sobre a valia da vida
Sabendo que a meia-haste,
Sem amor, estará erguida?

Quantas vezes a mulher
Que dizeis, doidos, amar
Foi para vós mais do que um ser
Mas uma razão para estar?
 
Quantas Vezes?

Hoje morria sem medo!

 
Acredito ter já gastado toda a minha sorte.
Fi-lo em tempos e não soube colher os frutos.
Quem me dera ter guardado só um pouco
Para que a vida não me fosse, agora, tão pesada.

Dispendi, guloso, toda a confiança
Num curto espaço.
Eu, que era senhor da verdade
E inimigo da mudança…

Desbaratei, como um rei, tanta fartura
E agora não tenho nada!
E sei que ela não volta
Para quem não esteve à altura.

Disfrutei, qual intocável, dos melhores momentos,
Mas amei, como uma besta egocêntrica.
Desprezei, como quem não se julga besta.
E a triste conclusão é esta:

Actualmente, só foco o vazio e penso
Como a vida mudou.
E tento convencer-me que pensar nela chega
E que encerra um potencial imenso.

Segundos depois, descontraio, choro
E vejo a esperança desprezar-me.
Rezo um “Pai Nosso” egoísta
E despeço-me em mente dos que adoro.

Perante vós, começo a perder também a auto estima.
E o mais perdido, só me restam palavras,
Tristes, banais e, bem sei, infrutíferas.
Algumas, que já nem se dão à rima.

Por tudo isso, julgo que hoje morria sem medo!
Partia, lembrando a velha felicidade
Crendo num outro mundo com sorte renovada
E ainda dono de alguma dignidade.
 
Hoje morria sem medo!

Só o Essencial

 
Devemos evitar desgastar-nos
Com o que não é essencial.
Tudo o que lhe escapa
Causa irreparáveis danos!

Não queiram apanhar-se a pensar
Que viveram de banalidades,
De momentos que a idade
Fará olvidar…

Se “o essencial é invisível aos olhos”
Sejam cegos para o mundo!
Escolham as metas minuciosamente
E desprezem o instinto que vos mente.

O efémero partirá um dia,
Mas se ficar por muito tempo
Não restará alento
Para tomar uma outra via.

Só vale a pena o que não causa sofrimento!
Os outros animais são felizes. Pelo menos,
Não há registo que consultem psicólogos
Ou se dêem a estes monólogos.

Isto porque, vivem para o que interessa
Não pensam em pormenores e sequer
Pensam no essencial, porque não precisam.
Porque colhem do mundo, o que ele lhes der.
 
Só o Essencial

Lembras-te?

 
Lembras-te da magia
De uma manhã em que o frio
Gelava o nascer do dia?
Um silêncio encheu de brio
O momento em que te via.
Eu lembro-me!

Lembras-te da fixação
Do olhar naquela altura?
Do bater do coração
Inundado da ternura
De um cumprir da oração?
Eu lembro-me!

Lembras-te do sorriso
Trocado infinitamente?
O que surge por aviso
De uma alma que não mente
Nem mesmo quando preciso…
Eu lembro-me!

Lembras-te daquele beijo
Cansado de tanta espera
Cumprido por ser desejo,
Doce, numa mera
Paragem que revejo?
Eu lembro-me!

Lembras-te da mão dada
Pela primeira vez, suavemente?
Eu dos dedos por espada
Nomeei-te eternamente
Senhora da minha armada!
Eu lembro-me!

Lembras-te de mim, por acaso,
Uma vez ou outra, eventualmente?
Não importa com atraso,
Mas que fosse, de repente,
Na vida mais do que um caso.
Eu lembro-me de ti… e lembrar-me-ei pelo resto da minha vida!
 
Lembras-te?

Despertador

 
Nos últimos dois anos, o meu despertador
Toca, invariavelmente, às seis.
Antes disso, queixava-me da falta de espaço
Numa cama demasiado pequena.
Não mais o faço
Porque, agora, tudo na minha vida
Parece enorme.
Acordo cedo, se as noites estão
Cada vez mais longas…
E quero que terminem sem delongas.

Percebi tarde demais que, só podemos
Dar-nos ao luxo de permanecer na cama,
Quando já temos o que pretendemos.
Se o deixamos fugir, a incerteza do futuro
E a lembrança do passado
São um fardo excessivamente pesado
Para transportar no escuro.
Voltei a dormir com a luz acesa…
Porque temo os fantasmas
Da minha dureza.

Ainda que continue infeliz,
Preciso de um perdão sério e sentido,
Caso contrário, a inquietude
Com que tenho dormido
Perseguir-me-á, amiúde.

Ah… Se eu tivesse despertado para a vida
Antes do anoitecer,
Quando tudo era claro,
O Mundo perfeito e diminuto
O medo de adormecer…
 
Despertador

O Outro Fim

 
Deveríamos poder escolher uma fase das nossas vidas
E apagá-la do livro da história.
Não tanto pelas que surgem de forma aleatória,
Mas por àquelas aos erros devidas.

Seria como que uma segunda oportunidade,
Uma margem para quem ousa ser humano.
Quem nunca teve um engano?
Quem nunca falhou, na verdade?

Ninguém! O certo é que, por vezes,
Aqueles se devem à agonia…
E que bom seria regredir uns meses
Para decidir com mestria.

As “pequenas” maldades que cometi,
Quase sempre sem noção da gravidade,
Hão-de atormentar-me, porque perdi,
Com elas, toda a vontade.

Actualmente, dou-me à letargia
Porque resta pouco do que profundo havia em mim.
Olho à volta e sinto que merecia
Conhecer o outro fim!
 
O Outro Fim

Não sei se sou poeta!?

 
Não sei se sou poeta, não me acho
Dotado de tamanho dom divino.
Não é lugar comum em que me encaixo.
Na arte de expressar sou pequenino,
Como é singela a letra do meu hino...

Minto, porém, se digo que não queria
Saber mais do que sei, ser como vós.
Memórias de um País cuja harmonia
Quebrou, como se quebra a "frágil" noz.
Poetas... sem vocês estamos tão sós!

Nos versos que escrevestes há magia,
Há todo um “savoir faire” já invulgar.
Sons mudos, carregados da alegria
Daqueles que não encontram jamais par...
E seja sempre o Céu vosso lugar!

Num golpe de ousadia, invoco a musa
Que inspira a minha simplicidade
E elevo-me perante quem acusa
Meus versos de inferior qualidade.
Não é menor a paixão que me invade!

Perdoa por melhor te não cantar,
Do meu coração dona até à morte.
Merecias muito além deste vulgar,
Merecias outro ser, de um outro porte...
Ah, e eu nunca mereci tamanha sorte!
 
Não sei se sou poeta!?

Demónios

 
Há demónios que não deixam
Simples marcas numa alma.
Ficam, sorriem e na calma
Da noite, com fervor, nos esquartejam.

Há demónios que não sabem o que são
(Acreditam na sua angelicalidade),
Mas o certo é que connosco cresce a idade,
Só de alguns, porém, o coração.

E demónios não lhes chamo por acção,
Porque a acção na nossa vida é só metade.
O resto é... passividade
Que conduz este Planeta à escuridão!

Porém, os demónios não se fecham
Numa jaula, nem se acalma
A sua ira na deposição da palma.
Porque eles não morrem... onde quer que estejam...
 
Demónios

Circunstâncias

 
O som era impar e o corpo estremecia,
Como se quisesse falar comigo e não pudesse.
Entendi um “grita”, um “cresce” e um “vive”.
Senti um corpo que em mim não se revia.

Inspirado, jurei que mudaria!
Fiz planos no momento, e tomei por garantido
O esperado resultado.
O certo é que ficarei, de novo, pelas intenções…

E bastar-me-ei na vontade e, se for caso,
Direi palavras que me façam parecer ambicioso
Aos olhos de quem não se dá ao conformismo.
Tudo, para que me não julguem no abismo.

Certo é que tenho potencial!
E digo-o com a modéstia
De quem vos revela uma angústia…
A de saber que o usa invariavelmente mal.

Ah, se eu acordasse um dia e fosse, como devia,
O corpo e a alma que me sustentam
E não a mente que me atrofia…
Ah, quão menos “Ah” eu diria!?
 
Circunstâncias

Força Soldado!

 
Força soldado!
Pega a arma.
Vive a vida
Mata a calma.
Vai em frente.
Torna crente
Quem não crê.
Sê guerreiro
Para quem vê
Perceber
Que o viver
Está primeiro!

Força soldado!
Tem coragem.
Torna o tédio
Só miragem.
Faz do amor
Estalagem
Para a passagem
Ao fulgor
Que deve ser
Viver
Num mundo
Que é rotundo
De sofrer!

Força soldado!
Sempre nobre,
Sê amigo
Do que é pobre.
Sê esperto
E descobre
Que se és bom
Ganha tom
O que fazes
Nesta vida,
Que é perdida
Se a paz
For perigo
Para o inimigo.

Força soldado!
Sê feliz
E esquece
Quem te diz
Que o não sendo
Deus o quis.
Pois serás
O que queres.
Um conselho:
Jamais esperes
Que algum ser superior
Tome cor
E te torne afortunado.
Vai por ti,
Força soldado!
 
Força Soldado!

Gaivotas

 
O som de uma gaivota quebra o silêncio
De quem reflecte, porque precisa.
Pelo fim da tarde, corre uma leve brisa
Ao seu voar.

Ela fá-lo como eu queria, com graça,
Inspirando cada árvore e planta
Com uma naturalidade que invejo,
Porque me encanta
Tudo o que passa.

Se passa tem destino!
Ainda que seja a morte
Por electrocussão
Ou outra qualquer colisão.

Triste mesmo é não ter asas
E invejar gaivotas.
Ter vontades,
Vê-las mortas,
E provar o mundo com lágrimas.
 
Gaivotas