Poemas, frases e mensagens de temego

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de temego

Tempo Verbal

 
Eu passado
Distância e lembrança

Eu futuro
Incerto e obscuro

Eu presente
Embrulhado e seguro

Tempo passado
Tempo presente

Idos e vindos
Vividos e sonhados

Construídos...
Desmoronados
 
Tempo Verbal

Impaciente

 
Sonhos, lampejos
Desejos realejos
- Tira a sorte meu Senhor
Leia , faça-me esse favor
Entrega-me passarinho
Esse cruel bilhetinho
-Que diz ele para mim?
Serei feliz, terei sorte?
-Ai por que demoras,
Leia logo por favor
Do teu bico posso ver
Pedaços do que rabiscaste sobre mim
Serei feliz, dizes
Dizes que sim.
 
Impaciente

Deja vu

 
Tenho uma vaga lembrança
Das vidas que já vivi
Não sei se delírios ou memórias
São tantas histórias que posso ouvir
Falei com piratas, num grande navio
Vivi entre reis , em sua mesa os servi
Vi homens lutando
Matei e menti
Voltei esquecida,
melhor , entorpecida
Vaguei entre sonhos
Me perdi entre os homens
Corri da maldade
Fui também uma beldade
Cheguei como louca
Brinquei e cresci
Puxei na memória
Os fatos vividos
Parecem loucuras , mas não me importo
-Passei por aqui
-Já vivi isso antes
-Estive assim
-Nesse mesmo instante
São tantos mistérios...
 
Deja vu

TOLEDO

 
Cheguei as portas de Toledo
Parei
Fechei os olhos para ver com o coração
As partes guardadas no meu peito
As impressões gravadas nas retinas
Nas minas escuras do meu coração
Vi a galhofa das crianças
As gargalhadas das moças curiosas
Os sinos, as correntes que dos seus pulsos pendiam
O frenesi da nova estação que surgia
Era a fome e o frio esquecido
O tempo de dança que tão logo chegaria
Era a alegria reinante daquela gente
Era o palco da minha vida assim tão distante

E nesse passeio
De saudades enchi os cântaros
Das lágrimas que escorreram no meu rosto antigo
Dos dias que sem eles fiquei
Das noites que em pranto dormia
E da certeza que em algum momento voltaria
 
TOLEDO

A mulher singular

 
A mulher só
Veste a alma de pura tristeza
Mas pinta a cara com cores alegres
Ela sonha
Constrói estradas possíveis
Dia após dia
Estática, se vê entre os mortos vivos
Canta,
Tem voz doce e suave das fadas
Tem olhos úmidos de esperança
A noite sozinha no leito
Se enterra na cama sepulcro
Bebe a taça de sicuta , o sono
Voa nos sonhos
Veste a fantasia
Flutua
 
A mulher singular

Tenho pressa

 
Obrigada, eu preciso ir
Tenho contas a pagar e saldos a resgatar
Tenho pressa ,não posso parar
Talvez um dia te explique
Por que foi que eu voltei
Eu não sei bem por que pensei
Que podia te esquecer
Esquecer que tenho mil capas
Que todas elas um dia deixei
E de novo me vejo as voltas
Com uma capa que larguei
Essa a mais querida
Essa a mais vivida
É dessa que nunca esqueço
É para ela que pereço

Tenho pressa
É só isso que eu sei
 
Tenho pressa

As grandes vagas

 
Pense o mar , observe suas grandes ondas
Que lugares terá ele lavado
Boba pergunta
Talvez de tão óbvia, nunca formulada.
Lavou meus pés além mar
Tanto aqui, como acolá
De lá, olho para cá
E de cá, me encho de pesar
Ampulheta de carne
Areia de sangue
Gota a gota
Faço e refaço
Peço, repudio
Grito e logo me calo
Choro e logo rio
É tudo tão louco
Pensei agora a pouco
E com que rapidez
Perde-se a noção
 
As grandes vagas

Desejos

 
Quero uma sessão romântica de mãos dadas na praça
Quero beijos molhados regados a mãos bobas
Quero um abraço apertado e bem “intencionado”
Quero tudo de bom que querem os humanos
Quero a sombra do teu rosto quando o meu afaga
Um cinema sem graça no meio da tarde
Um passeio no silencio quando a palavra não deve chegar
Uma palavra que grita dos olhos e se deixa entender
Um vento no rosto, um sopro de sonho
O cheiro do mar
 
Desejos

Ciúmes... eu?

 
Eu não me queimo em queixumes
Talvez nem tenha ciúmes
Só não devo te ver
Amor dos meus sonhos
Queimar a beira do curtume
Pois é lá meu rapaz
Que porei
As tuas entranhas
Espatifadas ...
E a queimar no lume
 
Ciúmes... eu?

Assento 18D

 
- Passageiro do assento 18D, favor identificar-se.Levantei a mão e olhei para meus acompanhantes ao lado. O passageiro à minha esquerda logo me avisou do prêmio, “livro de receitas”, disse ele.
Sorri e disse para minha irmã que era uma dos passageiros da minha fileira:
- Seria maravilhoso se fosse uma viagem.Creio ter dito isso, porém em meus pensamentos mais íntimos soltei um suspiro de pura gratidão pela “sorte” que está sempre a meu favor.
Qualquer lampejo, por menor que seja em minha vida sinto o sopro suave da sempre bem vinda “sorte”.
Na medida em que passam os minutos daquele sorteio fico pensando e dialogando com o livro que estou lendo sobre o real significado dessa palavra.
Peguei o marcador de texto e escrevi no verso “falar sobre a sorte”.
Há anos venho lutando contra essa palavra, pode parecer bobagem para muitos e até motivo de muita busca para outros.
Num milésimo de segundo e diante de tão simples acontecimento assumo enfim, que tenho sorte e que ela não mais é um fardo a carregar com vergonha, mas uma companheira inseparável.
Recolho no meu baú de lembranças a presença marcante dessa companheira que prefiro chamar de benção. Às vezes me avista num simples encontro casual com alguém, que me traz um conhecimento, na hora em que chego em casa e logo depois desaba a chuva, numa fila que demora e enquanto lá estou obtenho informações preciosas, nas pessoas que estão à minha volta, na sua saúde e na minha é claro, por tantas coisas que poderia gastar o dia sem chance de vê-las enumeradas na sua totalidade.
Lembro sempre de escutar e com muito desagrado:
-“ Ela tem muita sorte”. Aquela altura soava como uma maneira de me desqualificar , de diminuir meu valor como ser humano. E quanto mais assim falava, mais ela de mim se aproximava.
A cada episódio, por mínimo que fosse um agradecimento sincero pela condução das coisas. Se algo não sai a contento costumo me aborrecer muito, mas logo a vozinha íntima me alerta:
_ “Pare, olhe toda a situação, mais uma vez estou aqui, observe à sua volta e espere a resposta que logo virá”. Então obedeço , muitas vezes sinto até grande alívio por supostas perdas, logo, logo elas se revelam em ganhos.
Tantos anos lutando com o estigma da sortuda, com muita vergonha até, e num lance de sorte finalmente assumo. Sou realmente muito abençoada pela sorte.
 
Assento 18D

Falando de amor

 
Se é pra falar de amor, vamos lá
Se é normal morrer de dor, por que não?
Se é por vergonha ou distração, aí não
Prefiro falar da emoção
Que tantos anos engessou
As entranhas do meu coração
As molas do meu peito doído
Que enferrujaram e partiram
Caídas sem vida no chão
 
Falando de amor

Almas companheiras

 
Assim duas almas velhinhas um dia resolveram se reencontrar.
Ambas impregnadas de tecnologia, resolveram enfim uma pela outra procurar
E uma, olhando a página nova e boa ferramenta,se encanta com uma foto e resolve arriscar
- Bom dia , olá como vai , diz a mais novinha e mais assanhada.
Recebeu de volta caloroso cumprimento e a conversa começarama a entabular
- Quem é você, quais são seus gostos e, foi assim a aproximação pra lá e pra cá
Sentindo-se seguras foram logo se reconhecendo e mais uma foto foram logo trocando.
Um dia uma imagem( sempre elas!) fez o olho de uma lacrimejar
Naquela bendita imagem que via, sentiu no coração forte palpitar
Seus sonhos mais loucos, estranha melancolia aos poucos, foi dando lugar
A alma velhinha um modo singelo, de por benção divina um dia voltar
Seguiram-se os sonhos e as fotografias
Cada um no seu tempo a fizeram chorar
Chorar de alegria pela moça que via, com lenço na cabeça no campo a cantar
Do seu vestido, logo pendia avental bem branquinho, fazendo com lenço bonito par
E longe a fumaça daquela cozinha um cheiro gostoso de pão a assar
Crianças brincavam ao redor da mocinha, não sei quantos eram,
Mas barulho sim, sei que faziam
Tudo isso conto e com alegria e sei que bem mais veria dia após dia
Trocando impressões seguem as duas almazinhas
E cada dia a certeza crescia, de que foram elas tão próximas um dia.
Hoje distantes e bem separadas, por mares e linguas e de novo encontradas
E que alegria um dia em pessoa por fim a espera de tantas jornadas.
 
Almas companheiras

Pressentimento

 
Uma dor incômoda
Uma nuvem , um pesar
Não sei o que dizer
Sinto angústia, uma vaga recordação
Não sei se de tempos que foram
Ou ainda estão por vir
Um forte aperto no peito
Uma marca de alguma tristeza
Um amor, uma dor, um sentir
 
Pressentimento

Lapso Temporal

 
Se vier a dor, se ela não me aceitar
Como farei para suportar
Terei consolo dos astros?
Conselhos dos amigos falsos?
Farei sessões de saudade?
Me verei em qualquer situação?
Talvez a resposta não chegue
Talvez o amanhã também não
E torno a girar no meu mundo
No meu desespero profundo
De quem não se encontrou ainda não
São tardes e noites a pensar
Que lá em qualquer lugar
Estará a paz a me esperar
São ondas que por aqui já passaram
São lembranças de amores largados
Amores de terra, suor e pão!
Foram dias no mar a vagar
Aonde iremos chegar?
Em que porto iremos atracar?

Que brisa quente é essa?
Inunda meus olhos a claridade
Que brilho! Que luminosidade!
Que jeito estranho de ser
Que forma de se comportar

E segue a leva de famintos
Com sonhos em seus labirintos
Retorno assim que puder, penso eu
Pensam alguns: talvez aqui me dê bem
Isso é morte, é além
E cá no meu canto assustada
Com ecos da vida deixada
Sonho um dia voltar
Prendo as lágrimas de dor
Pra lá em vida não mais vou
E o cheiro do pão bem quentinho
Laços de tantos carinhos
Perco os últimos raios de luar
Dentro do grande mar
Que me recebe a navegar

Um dia desperto
E cá estou
Tempo passou
Tempo levou
Levou o cheiro
A temperatura da terra
Os ecos dos sonhos
Dentro do mar
A esperança, essa não me largará
E mistura de tantas vidas
Dessa jovem, senhora ,velha sofrida
Me diz baixinho: tenha calma
Sua hora chegará, não se apresse
O tempo ele é caprichoso

Inunda seus olhos de tudo
Imaginas o absurdo
Jovem,senhora, velha perdida
Um dia sei que voltarás
Talvez te acolha o mesmo campo
As mesmas flores que te viram partir
O mesmo mar tão grande e nem sempre sereno
Te dará boas vindas enfim

Nesse dia me dirás do teus medos
Das vidas que já vivestes
Da tua fome de terra
De amor, de pão e perdão
E serás enfim feliz
De olhos abertos ou fechados
Receberás meu abraço
Enfim, te tirarei o cansaço
 
Lapso Temporal

PORTUGAL

 
Por mais que ande e veja o mundo
Ora , jamais esquecerei a emoção do tempo tardio
Resto de sonhos , fragmentos de vida
Talvez esperança que tudo se aqueça
Uma vez mais dentro do peito sem vida
Galhos secos no meio da estrada
Areia quente ,boca seca , cantil vazio
Lufadas de vento no rosto sombrio
 
PORTUGAL

Nada Sei

 
Sei muito da tarde quando noite cai
Sei muito da noite, quando o dia vai
Sei muito de mim quando me olho em você
Sei muito do corpo quando o peso cai
Sei muito do nada de tanto que sei
E vou sempre em busca de tanto que quero
E tudo que espero me deixa em brasa
É tudo uma farsa
O tempo não passa
Não deixa de graça
A louca trapaça
Que é viver
 
Nada Sei