Poemas, frases e mensagens de Beija-Flor76

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Beija-Flor76

O MAIS BELO SORRISO DO LUSO

 
O MAIS BELO SORRISO DO LUSO

Levantas do chão o peso que te esmaga
Respiras mais fundo, por dentro da vida
Anseias das ondas talvez uma vaga
Um braço estendido, uma mão que afaga
O rosto da esperança que tinhas perdida.

Não há como saber se o caminho é certo
Mas rasgas as feridas e saltas o muro
E plantas nos olhos, tão doce concerto
De sonhos flamantes num céu descoberto
Com esse sorriso tão terno e tão puro.

São muitos os dias, entre o silêncio e o grito
Numa enorme entrega ao mundo e ao instante
Fazendo da vida um gesto erudito
Desatando nos passos o brilho bonito
Da boca sorrindo em tom cativante.

É uma espécie de dom, de bênção divina
Trazer-mos na face o bom coração
Sorrisos são palavras, ditas em surdina
Mostrando sem capa a nossa emoção.
Sorri com a boca e com o olhar
Com alma, magia, doçura e respeito
Sorri minha amiga, sorri sem parar
Pois gosto de ti, assim desse jeito.

Beija-flor
15-06-2010
Beija-flor

Sei que o luso está repleto de sorrisos fantasticos, mas elegi o da Rosangela, por ser o sorriso certo na pessoa certa,(alem de muitas outras qualidades)é amiga, terna, meiga e muito cativante.
A ela o meu grande bem haja por ser a pessoa maravilhosa que é.
 
O MAIS BELO SORRISO DO LUSO

MARCAS DE TI (REEDITADO)

 
MARCAS DE TI

Venho hoje falar-te, contar um pouco do que vai em mim,
Não penses que falo só por falar, que venho aqui oferecer-te a face num sinal de carinho, pra mais tarde te recusar este mesmo gesto...
Errei, todos erramos porque somos falíveis, deixamo-nos por vezes deslumbrar com os fascínios do mundo, com a beleza das hidras e das ninfas que se escondem à espreita da oportunidade...
Perdi, por amar demais aquele sorriso, por querer incontestavelmente aquele corpo, por acreditar nas fadas e princesas...
Sofri esperando em vão aquele olhar, trigueira dos meus sonhos tão reais, bebendo da esperança que não seca, do frio que não sufoca, do amor que não vislumbro...
Seria um marinheiro perdido, nos picos cristalinos da sedução, um pedaço de papel amarrotado na cegueira índole da tua mão.
Chorei sem distância a tua vida, que rolava a passos largos no meu rosto, na indiferença de seguir sem sentido, um caminho versus ilusão. Chorei o sangue ardente do teu ego, intocável nessa armadura virtual, nesse orgulho sem sustento, em gotas angustiantes pra nós dois.
Alimentei meu espírito de mentiras, intoleráveis e relaxantes, nadando nas brisas do teu cabelo, subindo e descendo a montanha da ilusão por cordas que hoje me matam e dilaceram...
Estendi a rude e pobre mão que a vida esculpiu, num gesto indescritivelmente doce, deixaste que os dedos se fechassem, por caprichos de poder, de ambição. Quando tinhas o poder da minha mão!
Soltei o meu sorriso amarrado a mágoas e traições, pedaços de rochas soltas na berma da estrada, que caprichosamente nos corroem os calcanhares e nos afundam em desalento.
Dei-te o brilho do meu olhar, pra te guiar no breu da noite, onde me fazes perder e encontrar mas não segues o rumo dos meus passos cansados, entorpecidos.
Deixei que me arrombasses o peito, com a tirania da tua frieza, com o veneno da tua beleza, com o que não foste alegria mas sim tristeza.
Não mais te vi, como nos tempos em que a cegueira não me impedia de sorrir, nas galopadas frescas dos breves encontros, onde os olhos te procuravam sobre as pedras da solidão, pedindo um momento...
Não mais te procurei como quando a minha vida eras tu, naquelas breves palavras que soltavas ao vento, esquecendo que meu peito pedia apenas um momento...
Não mais vivi o sussurrar do vento nas cearas, a embriaguez da agua na cascata, o palpitar do sol no meu olhar, o sorriso do vento em minhas mãos, nem a espada do teu olhar cravada nas recordações acéfalas e atrozes daquele sonho bom...
Venho hoje falar-te, as coisas que escondi por decisão, neste peito fulgente e atormentado.
Dizer-te que morrer é um começo, onde trancas as tristezas da vida, pelos sorrisos sem ela, onde enterras os pesadelos e morres nos sonhos...
Errei por te amar tanto, sem nada em troca, hoje erras tanto por não me teres amado nada, quando te oferecia uma vida...
Não podemos voltar ao passado pra desfazer os enganos e voltar ao presente sem uma lição. Mas podemos pegar na lição e mudar um futuro que só nós podemos mudar.
Vim falar-te como prometi.

Regensburg
29-02-08
Beija-flor
 
MARCAS DE TI (REEDITADO)

RENASÇO... DA EXISTÊNCIA

 
RENASÇO... DA EXISTÊNCIA

Caminho morno e doce, enquanto a sorte for
Um jogo de ventos, de cartas de amor.
Entorno nos passos da batota extensa
O gozo lendário da lesta ousadia
E colho das farsas uma recompensa
Alagando as margens da minha poesia.
Assinalo com estigmas o constrangimento
Das portas fechadas na boca do tempo.

Testemunho o discurso do “daqui em diante”
No perto da espera, tão bera e distante.
Visto-me de sábio, de douto, erudito
E exerço domínio nos olhos do mosto
Gritando e fervendo na raiva do pipo
Sou pão e fermento na dor e no grito
Levedando em risos o triste do rosto.

Decido as sentenças, fabrico as loucuras,
Meu pacto maluco de sangue e de juras.
Dobro no ventre o friso do choro
Sacudo a dependência de ser terra plana
No brilho dos olhos a fome devoro
Compondo a novela da vida sacana.
Assim esgaço a pele, na gaze da ferida
e afugento as noites por fora da vida.

Composto de fibras divido em fracções
a medida intensa dos meus trambolhões.
Desarranjo o equilíbrio, desfaço o enredo
Reparto do junco a cana e a verga
Enfeito e adorno no acto do medo
o sobrado podre, dos sonhos, da perda.

Bordando este mundo, fazendo a diferença
Renasço do homem que nega a existência!!!

Regensburg
17-06-2010
Beija-flor
 
RENASÇO... DA EXISTÊNCIA

AMA-ME APENAS...NÃO QUEIRAS SABER PORQUÊ.

 
PERGUNTA

Pergunta aos ventos que falam
e ás pedras do caminho
aos olhos, que meigos te embalam
embalam assim...de mansinho.
Pergunta á lua por cima do espanto
e ás aguas do mar salgado
pergunta de quem é o encanto
que me traz enamorado?
Pergunta aos vales e aos montes
á orvalhada e á maresia
pergunta aos rios e ás fontes
pra quem escrevo esta poesia?
Pergunta aos campos e prados
aos jardins e aos quintais
aos meus sentidos calados
que coração te quer mais?
Pergunta aos tremores de terra
ás tempestades e vulcões
ás balas perdidas na guerra
aos sofridos corações.
Pergunta á madrugada.
Questiona qualquer ser humano.
Pergunta á flor perfumada.
Todos sabem que te amo !
Pergunta, rouba-me o beijo
que desespera se te não vê...
se também é teu, este meu desejo
AMA-ME...e nunca perguntes porquê.

CARDIGOS
10-07-12
BEIJA-FLOR

HÁ JÁ ALGUM TEMPO QUE NÃO COMPUNHA PARA TI...NÃO É QUE TENHA DEIXADO DE TE AMAR...É PORQUE AS PALAVRAS CERTAS PARA TE DESCREVER NÃO EXISTEM!!!

AMO-TE MINHA ROSA FENIX
 
AMA-ME APENAS...NÃO QUEIRAS SABER PORQUÊ.

ESTA VIDA DE POESIA

 
ESTA VIDA DE POESIA

Como se o tempo não tivesse nunca sido
Nas despedidas adulteras deste borrão
Levo no peito uma razão sem sentido
Carregando de porfias, meu caixão.
São beatas esmagadas no asfalto,
Estes medos de chumbo e de cobalto.

Como se a vida fosse o rasto dum cometa
Embalei na extorsão fértil da exiguidade
Embrenhado no calão, coisas da treta
E esbarrei contra a mentira da verdade.
Julgava ter o toque do rei Midas.
Nas paisagens de meus olhos estendidas.

Encontrei-me portentoso e me esvaí
Em rios levianos de fomento arqueiro
Como D.sebastião na bruma, me perdi
Augurando regressar no nevoeiro...
Eram as mãos que me ditavam o posfácio
Neste conto de ser rei, não ter palácio

Declamo-me em salmos, rasgo a farpela
Recolho do ventre os despojos de burel
Coaduno os sentidos de flanela
E lapido a minha vida com cinzel.
Esta vida de gazua é uma vadia
Azeda-me agremente o amargo fel
E faz nascer em mim esta poesia!

Regensburg
08-05-2010
Beija-flor
 
ESTA VIDA DE POESIA

TARDEI TALVEZ A CHEGAR

 
TARDEI

Perdoa-me se demorei
Nesta inércia desventura.
Não terá sido loucura
O caminho que tracei?
Quero a minha sepultura,
Onde morto repousei!

Cheguei tarde, mas vim,
Cumprirei minha promessa.
Numa hora que se apressa
Deduzo, que não há fim,
Qualquer flor que adormeça,
Acordará num jardim!

Noutro mundo, escondido,
Fora de tempo nasceu,
Este Sol, que não é meu,
É dum mundo dividido,
Onde a esperança morreu,
E viver é atrevido.

Podemos sempre voltar,
Aos sonhos de criança,
Onde a utopia não cansa,
De querer os sonhos buscar...
Resta no peito a esperança,
Não ter tardado em chegar.

Schwetzendorf
28-02-2001
Beija-Flor

Mais um poema sacudido do pó e trazido pela primeira vez à luz do dia, nove anos de pois.
Espero que seja do vosso agrado.
BEIJA-FLOR
 
TARDEI TALVEZ A CHEGAR

A LUZ DOS SONHOS

 
A LUZ DOS SONHOS

Sentas-te agora, na cadeira ainda vazia,
Acendes um cigarro, por ti enrolado,
Descansas serena, foi mais um dia,
Que num instante, se fez passado!

Pensas no que fizeste, juízo final,
Tecendo o teu ser em tenaz fobia,
Culminar dum dia talvez desigual,
À besta-quadrada da monotonia.

Bebes um copo de uma golada
Matas a sede que vive em teu peito,
Descansas a cabeça sobre a almofada,
Para adormeceres, sempre do mesmo jeito!

Acordas prematura, no marasmo
Esvai-se o sonho poderoso de seres tu,
Deixas escapar do ventre um vil sarcasmo
E levantas-te a guindaste em pano-cru.

Serenamente contorcida, engelhada
Buscas uma vez mais aquele sonhar,
Querendo a luz, brisa dourada
Que se apaga sempre, ao acordar.

Regensburg
30-08-97
Beija-flor

Existem dias em que vale a pena acordar, hoje foi um deles, pois como que renascidos das cinzas, encontrei o meu dossier de poemas antigos, todos datados antes de 98, fiquei felicissimo, afinal vale sempre a pena arrumar os sotãos.
este é um pedaço de partilha da minha felicidade.

Beija-flor
 
A LUZ DOS SONHOS

DUETO BEIJA-FLOR / ANA MARTINS

 
PERSEGUINDO SONHOS

Cortámos das gargantas os galhos secos, despidos duma clorofila ausente.
Como tu...
Ausência de letras no meu livro de pardas seduções.
Lembrei-me que o ser não reconhece as limitações do espaço e do tempo, nem decifra
códigos morse no olhar dos risos.
Debrucei-me sobre um charco de sonhos, repleto de cores coaxantes.
Enroupei os meus sentidos, agasalhei-os num ninho de vontades, e entrelacei-os em forma de tranças legíveis para te oferecer sem letras nem palavras.
Pensei que no desfolhar do livro mudo, abrisses o teu coração de passos lentos, e escutasses a única coisa que importa:
“Conseguiste chegar onde querias?”

BEIJA-FLOR

Em tempos despias-me com a transparência da água
Fomos dias consecutivos de perenidade salgados pelos nossos sorrisos pueris
Mas um dia o teu olhar fugiu de mim e eu não te soube alcançar
As ausências de ti exponenciaram-se a cada segundo que passava ao teu lado
Verdadeiras catedrais sem fé num amor que eu sonhava maior que a vida
O gesto baço tomou conta deste autómato em forma de mulher, e rendida me transfigurei
Não fui apenas eu que ergui esta cortina granítica entre nós
Mas sinto os grilhões do remorso riscarem cada pedra que piso
Talvez se tivesse rasgado o véu do silencio orgulhoso e gritado furiosamente as minhas ânsias…
Existem agressões tão necessárias quanto as manifestações de emoções nobres e delicadas
Não, ainda não cheguei onde queria, mas por fim abriste a porta. Vejo a tua angústia dissipar-se.
Finalmente sinto que me devolves o olhar. E como é bom ser vista através de ti.
Abre agora o livro que te estendo. Juntos faremos o caminho.
ANA MARTINS

Obrigado Ana,
por teres aceite o desafio.
Acho que chegamos onde queriamos.
 
DUETO BEIJA-FLOR / ANA MARTINS

DUETO GYL / BEIJA-FLOR

 
PENAS IGUAIS

\"Diga-me, meu amigo Beija-Flor,
Pássaro perito na árdua arte do voar,
Como ser livre para ser feliz e amar
Para me entregar às maranhas do amor?

Diga-me, meu pássaro amigo, já.
Mas me diga logo e por favor
Pois provei do mel de uma Flor
E creio que mais pulcro mel não há.

Primeiro deixe que te diga,
De forma pacata e serena,
Que provei do veneno de uma pequena,
Da menina morena debruçada na janela,
Da casa avarandada ao lado da casa minha.
Ela é a coisa mais linda!
Me diga, meu amigo, viste ela?

Perdi-me no mar daqueles olhos azulinos;
Nos veludos perigosos dos beijos mais.
Por isso queria saber de ti, meu amigo,
Tão querido desses tantos Portugais:

Nas andanças pelas corolas da vida,
Furtando o precioso néctar de flor em flor,
Já beijaste os lábios teus, lábios iguais?
Teria no mundo das delícias igual sabor?

Termino aqui essas más traçadas linhas
Em momentos de devaneios, redigidas.
Abraços apertados ao meu amigo de lá.
Assinado: Do teu, de todo coração, Sabiá!

Gyl

As noites e os dias se revezam
Num ciclo que jamais terminará
O amor é de quem voa em liberdade
E essa existe em tuas asas, sabiá!

Tem flores que choram e suspiram
Outras sorriem e nos cegam de encanto
Tem flores até, que os pássaros nunca viram
Mas que deliram
Quando escutam nosso canto.

E todo o dia que raiar a madrugada
Inventa um canto, um hino, o que não há,
Deixe entoar, nos estames de sua amada,
O teu canto apaixonante, sabiá.

Não a vi, por todas que beijei pelas varandas
Nem nas florestas perfumadas de alfazema
Mas pelo bico te confesso, eu por cá
Também procuro há muito uma pequena.

Qual flor de lótus, nem rosa do deserto
Muito menos orquídeas ou açucenas
Apenas te digo de peito aberto
Partilhamos ambos, as mesmas penas.

Um dia, irei visitar tua floresta
Sentir o néctar desse pólen tropical
Polinizar no pouco tempo que me resta
Essas flores com as que beijo em Portugal.

Quero encontrar-te na varanda que descreves
Junto à morena de que falas com fervor
E escreverei sobre esse amor poemas breves
Como a pureza dessas penas, brancas, leves
Que pousarei pelo caminho em cada flor
Farei saudosamente a minha prece
O amigo beija-flor
Que não te esquece.

Beija-flor

Obrigado amigo Gyl,
pela partilha deste momento.
Abraço fraterno do lado de cá.
 
 DUETO GYL / BEIJA-FLOR

JOGO PERIGOSO

 
JOGO PERIGOSO

Vou fintando o passo
No largo do tiro,
Agarro e não passo.
Não tiro do laço,
Mas largo o suspiro.
Aceito de vós
As grandes lições
Mudo os passos sós
Vou largando a voz
Em poucos sermões.
Eu jogo, não passo
E tiro da manga
Largo o trunfo lasso
Perdido no passo
Da voz que comanda.
Como um tiro, ganho!
O dinheiro é mudo.
Acharam tacanho,
Ser de largo um estranho,
A tirar-lhes tudo.
Joguei passo a passo
E ganhei de vós!
Mudo o passo lasso
Ganho um tiro baço
Me extorquindo a voz
Assim me mataram
Na voz deste tiro,
Dos passos ficaram
Sermões que ganharam
E eu?
Me retiro.

Regensburg
29-07-2010
Beija-flor
 
JOGO PERIGOSO

AMAR TAMBÉM MAGOA

 
AMAR TAMBÉM MAGOA

E a gota caiu
O vento soprou
Rugindo partiu
Ninguém mais o viu
Também não voltou.
E a gota rolava
Tão leve, dolente.
A mão tacteava
No vazio do nada
Já tarde o poente.
Partindo para sempre
Na bruma cerrada.
Cruzou o teu rosto
Morrendo na boca
E o poente já posto
Selou o desgosto
Duma esperança rota.
Já não há razão
E o grito se entorna
Nas linhas da mão
Nas pedras do chão
Ao som da bigorna.
Entoou no espanto
O tom eficaz
Quebrando o encanto
De tudo e de tanto
Que a vida nos traz
E murcham os dias
O riso se espalma
Na dor das quantias
Esgarçar de poesias
Que acordam a alma.
Percebemos no espaço
Na rédea do tempo
No cheiro a bagaço
A quebra do laço
Que nos ata o passo
Por fora e por dentro.
Outra gota não hesita
Ríspida, solta-se à toa
Rolando ciente, aflita
Provando pura e erudita
Que o amor
Também magoa.

Regensburg
03-06-2010
Beija-flor
 
AMAR TAMBÉM MAGOA

O MEU SORRISO

 
O MEU SORRISO

Intrépido cigarro amargo,
Fumado em goles de tensão
Tentando ocultar meus medos
Fantasmas da solidão.
Em tragos de raiva e dor,
Tento afogar o orgulho,
O medo atroz, perdedor,
No serenar do barulho.
Surge na mente um poema,
Repleto de recordações,
Viver mais?
Não vale a pena,
Já não conheço emoções!
Escuto o Mundo da janela,
Talvez numa porta de vida,
Renascendo assim a sequela,
Do que já foi uma ferida!
E se o mundo for imenso,
O universo eu quero ser,
Dizer ao Mundo o que penso,
Mais que ganhar é vencer!
E quando a hora vier,
Levar-me ao paraíso,
Irão meu corpo esquecer,
Mas nunca...
O meu SORRISO!

Regensburg
19-07-97
Beija-Flor

MAIS UM POEMA RENASCIDO DAS CINZAS...
 
O MEU SORRISO

POEMA DE BEIJOS

 
POEMA DE BEIJOS

Anseias que busque, pelas madrugadas
Estendidas ao vento em cordéis de roupa
Desejas que lute, na guerra sem espadas,
Mas nas tuas mãos, tão frágeis, fechadas
Morrem sufocadas, palavras sem boca.

Receias que solte esta vil mordaça
Na trama dos dias, nos doces venenos
Levei-te por dentro tão cheia de graça
Bebendo-te o vinho, lambendo-te a taça
A triste desgraça dos sonhos Essénios.

Teimosa persistes, num passo inseguro
Escólios fictícios em flores de papel
E furas o tempo num gesto imaturo
Tropeças nas milhas, escorregas no muro
E cais no futuro a que chamas cartel.

Porque não te pintas em tons de Medina
E soltas no beijo as flores de veludo?
Quero-te apenas tão lassa, tão minha
Nesse corpo garça, de areia tão fina
Tão doce menina, meu pouco meu tudo.

Queria-te altiva no céu das gaivotas
Prender-te no sangue, criar-te desejos
Amar-te por dentro, compondo-te notas
Erguer-te em troféu nas minhas derrotas
E rimar-te a vida num poema de beijos.

Regensburg
07-05-2010
Beija-flor
 
POEMA DE BEIJOS

DUETO BEIJA-FLOR / ROSANGELA

 
PRECIPÍCIO DO AMOR

Palavras precipitadas, empurram
O AMOR para o abismo.
E as de elogio enaltecem,
Trazem refrigério para a alma.

Preciso ir
Esquecer minhas linhas.
Preciso crescer
Além das minhas fases

E aprender a vestir a
Aurora da vida tecida

(Rosangela Colares)

Veste-te de aurora e purpurinas
A vida emerge para lá da alma
E o abismo do amor são nossas sinas
Está escrito a sangue em tuas linhas,
No refúgio da tua mão, a tua palma.

Queria ser o véu a te envolver
Com palavras nunca ditas em surdina
Fazer sentir em ti esse querer
De correr para o abismo
De viver
Nessas fases de mulher
Doce menina.

Agarra esse amor, não te detenhas
Aprende que não há força maior,
Derrubando com o olhar coisas tamanhas,
Revolvendo o coração, traçando entranhas.
Mas grita,
Grita com afinco e com fervor
Que maior que as montanhas
É o precipício do amor.

Beija-flor
 
DUETO   BEIJA-FLOR / ROSANGELA

O QUE RESTA DE NÓS DOIS

 
O QUE RESTA DE NÓS DOIS

Não vou falar-te dos poemas, desabafos
Nem mencionar os rostos que venero,
É certo o tempo, neste lento arar de passos
Contra teus braços
Que ainda espero.

Não te importas das insónias companheiras
Onde na cama tacteei por um afago?
Ensopado e encharcado em bebedeiras
Noites inteiras
Contigo ao lado.

Que te interessa se sonhava por nós dois
Nos sorrisos que forçaste a todo o pano?
Não percebeste que no branco dos lençóis
Estavam dois sois
E um engano.

Nunca soubeste decifrar os meus intentos,
Soltos nos lábios duma boca embriagada,
Fica a mudez despedaçada, os desalentos,
Sobram lamentos
Não resta nada.

Regensburg
30-09-2010
Beija-flor
 
O QUE RESTA DE NÓS DOIS

PASSOS SEM CHÃO

 
PASSOS SEM CHÃO

Uma taça de café
Um cigarro na mão
Um punhado de fé
Nos passos sem chão.
Longe me perco
Voando sem graça
Na voz do incerto
Na vida que passa.
E pairo no ar,
Sustendo a revolta
Enxugo o olhar
Da lágrima solta.
Queria ceifar
Os cabos sem fim
Por dentro rasgar
Poemas de ti.
Mordendo dilemas
Indagando o mundo
Quis cobrir de penas
O manto profundo
Do mar das arábias
Que em palavras sábias
Se fez oportuno.
Lancei-me ao vazio
Do vazio de mim
Um leito sem rio
Tão seco e tão frio
Esperando o motim.
Esbarrei na dureza
Do doce final
Tão forte e coesa
Tão morta e tão presa
Esta dor carnal.
Nos passos da mão
Um punhado de café
Uma taça sem chão
E uma beata sem fé.
Morri é verdade
E assim me salvei
Do tempo da idade
Do cedo e do tarde
Que nunca abracei.

Regensburg
29-05-2010
Beija-flor
 
PASSOS SEM CHÃO

RENASCI VIVO

 
RENASCI VIVO

Assim me segrego na partição dos dias
Bocejando viveiros na raiz dos choupais
Tropeço nas horas que se tornam esguias,
Remendo um poema, em vielas sombrias
Superando em mim os limites legais.
Paciências me pedem estas grades frias
Onde prendo a raiva que goteja a mais!

Transponho a montanha que se ergue erecta
Expiro os tornados, entranhados nos dentes,
Esboço um momento, rasgo de poeta
Escorrego no tempo, bem antes da meta.
Num bailado de sonhos eu guardo em sementes
Deixando crescer em mim muda e secreta
A voz paulatina das almas descrentes.

Agarro na réstia, da alegria ensaiada
Cravo-a numa hipérbole e faço-a banir
Com destrinça mestria a tristeza encravada,
Roubando-me as noites e a madrugada,
Conquistada ao acaso no meu desistir!
Agora sou agua, sou terra lavrada,
Esperando do nada, voltar a existir.

Agora,
Sou fogo, sou vento,
Sou vinho em fermento
Sou terra, sou chão
Sou lava e vulcão
Sou sonho, utopia
Sou noite e sou dia
Sou sol e sou crivo
Porque me dei à luz,
E renasci...
Vivo.

Regensburg
13-05-2010
Beija-flor
 
RENASCI   VIVO

FRAMBOESA DE OURO

 
FRAMBOESA DE OURO

À sombra, dum coalhado olhar vidrante
Trazendo nas mãos, o desejo a almejar
Esperei na primeira fila, expectante
Ver o filme começar.
Era um filme legendado em mudo
Para quem nada percebe, mas entende tudo.

Vibravam espanta-espíritos, bem à soleira
Daquele sobrado, escrito em estrangeiro
A fita era adesiva e a luz matreira
E o filme tinha cortes de dinheiro.
Era o meu filme, mas não era a minha estreia
E comecei a ver... A coisa estava feia.

Estava no lugar, que a vida me vendera
“É o melhor”, disse a troçar
E o filme que era bom, desaparecera
Meu camarote, era um vazio sem ter lugar.
Entrei, esperando ver um filme de sorrisos
E me deparo, com uma “serie” de improvisos.

Realizei, produzi e fui actor
Duma curta-metragem, que tristeza
Do Óscar que ganhei, levo o sabor
A desalento amargo, a framboesa.
O argumento era o melhor,
A paixão, o encanto,
Mas não vingou, perdeu a cor
E o meu filme de amor
Foi lançado a preto e branco.

Regensburg
20.08.2010
Beija-flor
 
FRAMBOESA DE OURO

POR TI EU PARO O MUNDO

 
POR TI EU PARO O MUNDO

Pode ser mesmo amanhã,
Vem sem aviso
Traz o olhar de mar bramindo, vagabundo
Semeia no meu corpo o teu sorriso
Que eu paro o mundo
Se for preciso.
Acorda no meu dorso, este cansaço
Que mora em mim, é vigilante
E prende a minha vida num abraço
Que eu paro o mundo
Por um instante
No teu regaço.
Inscreve-te em mim, faz-te meu tema
Risca e rasga a pele, põe-te legível
E dança no meu mar, mulher poema
Pisa meu palco, faz tua cena
Como em cinema
Eu paro o mundo.
E no longe, longe perto que se fez
Brotou no leito uma rosa perfumada
Cravando espinhos sussurrantes na nudez
Parando ali o mundo e sem porquês
Foste a vida em mim vivida e desfolhada.
Assim te quero tão poesia, tão prosa
Jardim florido neste sonho que fecundo
Corpo de pétalas, mulher viçosa
Por seres tão bela, eu paro o mundo
Eu paro o mundo,
Por seres tão rosa.

Regensburg
10-06-2010
Beija-flor
 
POR TI EU PARO O MUNDO

QUERO ACREDITAR / SEMPRE VOLTAS ----> DOIS POEMAS

 
QUERO ACREDITAR

E aqui me encontro,
Cansado,
Foi mais um dia de jornada,
Face triste,
amargurada...
Fumo um cigarro pensativo,
Que me devolve o desgosto
Amargo,
Depressivo,
Numa terra estranha, sem rosto.
Desejo acreditar que sim,
O sol voltará a nascer,
Amanhã não será o fim,
No tanto que quero viver.
Ainda sei acreditar...
Não, que o meu sonho é em vão.
Não, que o meu amor não vem!
Mas que tenho à minha espera,
Onde?
Não sei... Alguém

Regensburg
20-09-97
Beija-flor

SEMPRE VOLTAS

Foste sorriso sentindo,
Encantos de primavera,
Lábios ardentes, pedindo
O beijo que não te dera!

Foste uma espiga divina
Na seara do nosso amor,
Gota de orvalho cristalina,
Nos olhos dum sonhador!

Vinhas trazendo na boca
Rubras rosas de saudade,
E asas, de liberdade

Neste amor que ainda invoca,
Vens pela noite às escuras,
Ter o amor que procuras!

Regensburg
11-09-97
Beija-flor

Nada têm a ver um com o outro, apenas são mais dois dos que hibernaram no sotão.

Beija-flor
 
QUERO ACREDITAR   /  SEMPRE VOLTAS ----> DOIS POEMAS

O meu primeiro livro..
Podem encontrá-lo em:

http://www.worldartfriends.com/store/ ... flor&submit_search=Search.

Atenciosamente.