ah sou a pública evasão para desejos inibidos a que não teme a fúria dos deuses a que mostra a calcinha na esquina de uma rua a que satisfaz do preconceito os devarios hibridos a que sofre sorrindo e chora pelos teus revezes a que sem prazer se expõe ante o abominável lascivo nua
sou a prostituta a puta a rapariguinha da treta cheiro a perfumes baratos odores de misturas insalubres levo tareia dos tribunos a quem presto vassalagem o meu ser é fruto apodrecido branca mista ou preta sem camisinha se a nota for graúda não ligo a cenas lúgubres taxada ao tempo e ao serviço não tenho alma sou selvagem
olhem-me de frente mulheres servis idolatradas sou a fêmea que não sonha que não tem cio nem orgasmos a que não cheira ou geme de prazere é a despachar fico calada sou a outra face de cada uma de vós mulheres prendadas não sou verso nem poema apenas um corpo sem espasmos onde machões afogam a mágoa da sexualidade frustrada
autor:JRG
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