COCAINA
Data 10/08/2010 19:30:30 | Tópico: Poemas
| ali, encoberto pelo sossego da praça, vi-o quando inclinou-se, como reverenciando os alvos trilhos; fungando-os alucinadamente...
o ar entrou pela canícula levando o inferno às narinas, rompendo cepto, e se desfazendo no cérebro. ar misturado ao pó. e só.
'um espasmo, e o olhar orbitou, o coração disparou, o corpo delirou e a alma gritou a dor do flagelo.
poucos segundos, e um homem perdido, ou de má sorte. agora morrendo, irreversivelmente no vácuo da overdose. triste retrato...
do outro lado da rua; a sínica figura do traficante. o mensageiro da morte, observa; circunspecto, olhar estático, livre de qualquer suspeita, atrás das lentes fotocromática, grossas e de grau.
esperando o fim, num semblante macabro, satânico.
esboçando um sorriso; do louco sem troco, do produto sem lacre a droga, e o lucro, que não é pouco.
tombou, outro; nem inocente, nem culpado. marca-se na planilha para estatística... - mais um morto -
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