Diário de uma prostituta....

Data 13/08/2007 12:35:54 | Tópico: Textos

O meu pai batia-me, pois era bêbado. Não tinha emprego por isso bebia, bebia para esquecer as suas tristezas, para esquecer que tinha um lar para cuidar. Batia também na minha mãe. Era uma constante, nesta vida. Até que um dia minha mãe resolveu sair de casa comigo e com os meus irmãos, para nunca mais voltar a vê-lo. Andávamos de casa em casa fugir de tudo e de todos, medo reinava e imperava connosco. Era assim uma vida desgraçada, assim passei a minha adolescência, de escola em escola. A minha mãe cada vez mais fraca, andava com qualquer um que aparecesse, esquecia que tinha os filhos para cuidar.
Até eu passar para a marginalidade foi um passo, tão pequeno, quanto de uma criança. Primeiro o álcool, depois as drogas e por último a prostituição. Não é uma vida que me orgulho, mas sou origem dos factos que me originaram. Não tive ninguém que me apoiasse, me desse um rumo a minha vida. Comecei-me a prostituir aos 15 anos, minha mãe estava entretida com os seus namorados para se lembrar ou cuidar dos filhos. Parecia que nem queria saber, comecei para sustentar os meus vícios. Ao princípio até gostava, sabia bem o que estava a fazer, até ganhava dinheiro.
O pior veio a seguir, clientes violentos, queriam-me forçar a fazer algo que não desejava a ter relações indesejadas, cai no fundo, mais não poderia cair...Desejei acabar com esta vida, mas faltava-me a força de vontade, algo que me permitisse ajudar para remar para outro lado da maré. Até que um dia soube que estava grávida, foi o dia mais feliz da minha vida saber que ia ser mãe, não queria saber quem era o pai, Podiam ser tantos, nem desejava saber, era essa notícia que precisava para mudar de vida, desejava ser melhor mãe do que os meus pais foram para mim. Mas o pior foi uns meses depois de saber esta notícia, saber que tinha sida. Foi como um desmoronar de um castelo de cartas, parecia ver os meus pais a rirem-se de mim e a dizerem que nunca serás melhor que nós. Pois nasceste de nós e serás sempre como nós. Não sabia o que fazer, falei com os médicos e disseram que havia possibilidades de o meu filho ter sida. Valeria a pena nascer uma criança que estava condenada a sofrer? Será justo eu matar esta pobre criança que não têm mal de ser assim? Será que valeria a pena viver? Foram as perguntas que ficaram no ar, será que alguém me pode ajudar a responder a estas perguntas e a outras que não sei a resposta, ajudem-me pois eu já não tenho forças para viver.



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