Cisnes brancos (Alphonsus de Guimaraes)

Data 16/07/2011 13:20:30 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Cisnes brancos, cisnes brancos,

Porque viestes, se era tão tarde?

O sol não beija mais os flancos

Da montanha onde morre a tarde.


O cisnes brancos, dolorida

Minh’alma sente dores novas.

Cheguei à terra prometida:

É um deserto cheio de covas.


Voai para outras risonhas plagas,

Cisnes brancos! Sede felizes...

Deixai-me só com as minhas chagas,

E só com as minhas cicatrizes.


Venham as aves agoireiras,

De risada que esfria os ossos...

Minh’alma, cheia de caveiras,

Está branca de padre-nossos.


Queimando a carne como brasas,

Venham as tentações daninhas,

Que eu lhes porei, bem sob as asas,

A alma cheia de ladainhas.


Oh cisnes brancos, cisnes brancos,

Doce afago de alva plumagem!

Minh’alma morre aos solavancos


Alphonsus de Guimarães.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=192607