Vejo o beijo mareando na pele azul de dois céus, Comunicando através das lágrimas secas e molhadas
Vejo feixes de luz alcatroando a estrada de ouro e de prata
Vejo o pestanejar suave do mar na noite apresada
Vejo a vela raiada do sol, substituindo o negro das borbulhas douradas
Vejo o círculo … fechado … aberto … na horizontal … na vertical … de tudo o que é céu…
Vejo na alquimia das marés, a poesia de baloiço que traz e leva horizontes …
Horizontes que aqui defino, que aqui semeio:
Horizonte Tranquilo
Nessa lonjura que as promessas comprometem Se extingue a solidão num reconfortar de mar
Horizonte (in) Tranquilo
Numa brisa crescente que amarrota o estômago num acenar Os olhos ganham velas imaginárias, esbofeteadas pelo ondular
Horizonte Nocturno
O frio escurece as luzes das embarcações nos sons húmidos das ondas Enquanto a lua inveja o farol que rodopia perante as estrelas mudas
Horizonte Saudoso
O espelho mais fiel ao reflexo da alma, buscando a parte que falta Para lá da memória dos afectos, para lá do azul sem fim
Horizonte Longínquo
O céu tremido e distante embarga as saliências da morte, No azul orvalhado que não obedece ao incómodo dos olhos
Horizonte (morto) Novo
O espírito fecha os estores e se desprende na brancura dos azuis Gotejando gotículas solares, irrigadas de sal humano
Horizonte Teu
Aquele que não vejo mas sinto, quando refino o silêncio no peito erguido e te procuro … E tu me respondes na voz do vento, no arrepio profundo das lágrimas, no sofrimento das estrelas …