Tô cansado!

Data 14/12/2006 14:02:37 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Tô cansado de ser sempre o culpado
Tô cansado de tanto pedir desculpas
De tanto receber pedidos de desculpas
Tô cansado de dizer: Amo-te!
E receber em troca a indiferença
A desconfiança, o desamor...
Tô cansado de não ser acreditado,
Respeitado, valorizado, entendido, compreendido...
Tô cansado de ser julgado, questionado,
Condenado, absolvido...
Tô cansado de tentar explicar o inexplicável
De evitar o inevitável
Tô cansado de bancar o herói
Tentar sacudir teu pensar
Esconder os problemas debaixo do tapete
Tô cansado de procurar palavras doces,
Melodiosas pra não te magoar, machucar...
Nunca sei a hora que posso falar
Se digo: Não! Era pra ter dito: Sim!
Se digo: Sim! Era pra ter dito: Não!
A recepção é sempre uma incógnita
Tô cansado de tentar adivinhar
Em que momento posso te telefonar
Prá não te atrapalhar...
Tenho receio de atender meu celular
Porque sei que tu vais me questionar:
Quem era? Porque mudou o tom da voz?
Era a ex-mulher ou outra vagabunda qualquer?
Tô cansado!
Cansado de ouvir tuas lamúrias
Tô cansado de discutir a relação
E no final saber que tudo é em vão
Tô cansado de fazer amor
Fingir que nada aconteceu
Uma taurina outro escorpião
No momento tudo é explosão
Delírio, paixão...
Mas quando o dia amanhece
Novamente tudo acontece
Descobri que vivemos em mundos diferentes
Fora da sintonia: um AM o outro FM,
Um Online o outro Offline
Tô cansado de promessas feitas e não cumpridas
Será sempre minha culpa e desculpa?
Não tenho culpa de ter percorrido
Tantas estradas nesta vida
Caminhos pedregosos, incertos, sem rumo...
Tantas decepções, pesares, amarguras...
Aprendi, cresci, sofri, amadureci...
Não tenho culpa de ter deixado prá trás tantos amores
Paixões fulminantes,
E em cada lugar deixado uma parte de mim.
Tô cansado deste passado sempre presente
Lembrado, martelado... desgastando a gente
Impedindo os planos futuramente
Tô cansado deste maldito baú que carregas
Coisas velhas, mofadas
Discutidas, avaliadas...
Tô cansado de hora marcada
Cansado de calendário
Quero te presentear a qualquer hora
Sem precisar ser uma data especial
Quero quebrar tuas regras
Mudar a agenda desta monotonia
Sei que não sou nenhum poço de virtude
Mas também não sou ambivalente
Apenas sou verdadeiro como qualquer gente
Tô cansado!
Cheguei ao limite
Meu ouvido não é pinico
Chegamos ao fim.

Daynor Lindner




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