cidade de àgua

Data 29/08/2009 15:10:28 | Tópico: Poemas

... quanto de mim,
é uma lua solitária que habita
e se perde nas ruas.
nesta cidade de àgua
e a noite..
a noite que de mim se pronuncia
a noite que de mim é conhecimento.
ah!
este silencio sentido
este bater de dentes
este morder no vazio
esta carne do nada
este sabor a hospício
esta casa líquida
esta cidade de àgua

pudera eu
expandir em minhas veias
o sonho ..este trajecto,
nesta busca da perfeiçao
de largar tudo
e de nao ter nada
respirar livre
ser um pássaro na alvorada.
e o nascer do sol
é um novo sábio de beleza viva.
ah!
o que de mim alimentava os outros,
o que dos outros se davam em mim.


esta cidade de àgua
este abismo nocivo
este cansaço metamorfose
esta virtude enigmática
este desejo malfadado
este castigo

pudera eu
cantar da lua solitária...
cantar o agora das palavras
a agonia de um amor que nao vem
até a língua ficar desértica
até a garganta expirrar ferida.

ah!
esta casa líquida
esta cidade de àgua

e quanto de mim
se arrasta na amargura das horas
deste tempo que nao passa
esta sepultura de pedra
esta pedra gelada
este novo saber
este saber de nao saber nada
este ser e nao ser
esta cidade de água.








Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=96826