Daniel Faria : Vida e Obra
em 07/05/2011 19:54:28 (3818 leituras)
Daniel Faria

Apresentando Daniel Faria:

Daniel Augusto da Cunha Faria nasceu em Baltar, Paredes, a 10 de Abril de 1971.
Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa – Porto, tendo defendido a tese de licenciatura em 1996.
No Seminário e na Faculdade de Teologia criou gosto por entender a poesia e dialogar com a expressão contemporânea.
Licenciou-se em Estudos Portugueses na faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante esse período (1994 - 1998) a opção monástica criava solidez.
A partir de 1990, e durante vários anos, esteve ligado à paróquia de Santa Marinha de Fornos, Marco de Canaveses. Aí demonstrou o seu enorme potencial de sensibilidade criativa encenando, com poucos recursos, As Artimanhas de Scapan e o Auto da Barca do Inferno.
Faleceu a 9 de Junho de 1999 quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga.

Obra

1991 Uma Cidade com Muralha

1992 Oxálida

1993 A Casa dos Ceifeiros

1998 Explicação das Árvores e de Outros Animais

1998 Homens que são como Lugares mal Situados

1999 A vida e conversão de Frei Agostinho: entre a aprendizagem e o ensino da Cruz

2000 Dos Líquidos

2000 Legenda para uma casa habitada


Sobre o Poeta


"Escrever sobre uma voz de poeta que foi bem mais do que uma promessa..." - opiniões sobre o poeta


"Pensava vir a escrever o presente prefácio, porque considerava útil a publicação deste trabalho de licenciatura que acompanhei. Custa é escrevê-lo atravessado pela dor e pela saudade. A morte imprevisível do seu autor, a 9 de Junho de 1999, com apenas 28 anos, faz deste acto, de tornar público o que escreveu, uma exigência e obriga-nos a conhecer o breve itinerário do autor.
(...)
Sugeri-lhe que alargasse a outros campos da arte, para além da poesia, o seu enorme potencial de sensibilidade criativa. Valeu a pena ver o encenador de teatro a pôr de pé, com magros recursos, momentos inesquecíveis, quer no Marco de Canaveses quer no Seminário.
(...)
A superioridade humana do seu estar atraía quem o conhecia de perto. Quando pressentia o bem de uma relação investia, sem medida de tempo e de formas, no crescimento da amizade. E sofria. E desdobrava-se desapercebidamente. Inventava recursos, com imaginação de criança.
(...)
A timidez perante a multidão e o jogo da liderança causavam-lhe dificuldades na opção presbiteral para serviço da diocese. Sucessivas experiências em Singeverga, no tempo de férias ora confirmavam o desejo (devir a ser monge), ora semeavam novas perguntas."

Carlos Azevedo, A vida e conversão de Frei Agostinho


"Trata-se de poemas-impressões de viagem ou percurso onde o que fica na palavra, entredito, são as espigas colhidas, as soleiras ao relento, o corpo/coluna, a falta de água nas mãos em concha onde encalham barcos (...)
É duma voz submissa que estes poemas nos dão conta."

Arnaldo de Pinho, A Casa dos Ceifeiros


"Daniel Faria deixou o que transcende a memória de um nome, a permanência de um lampejo que o futuro, corrector de impulsos e de distracções, bem poderá erigir ao plano de uma evidência maior. Inscreve-se esta colectânea de versos por isso na observação dessa possibilidade, o que dela fará uma página em branco, apta ao abraço dos sinais que o trânsito de uma alma pretender registar. (...)
Os poemas de Daniel Faria assombram-se e acendem-se num advento da morte, tão ansiado quanto temido, que dela faz pedra da ara do sacrifício e aprendizagem do voo da redenção. Desta antecipação do fim, percebido como golpe, e não como condição, tratam os versos que o equiparam ao que 'dói como os cristais que são impuros' por serem humaníssimos na sua efemeridade."

Mário Cláudio, Legenda para uma casa habitada


"Agora está morto e relembro claramente o corte da dor que me anunciou a sua morte. Era um poeta muito mais novo do que eu por isso muitas vezes fala uma linguagem desconhecida, mas a densidade dos seus poemas como uma aparição súbita mostra aqueles fragmentos que a nossa alma relembrará."

Sophia de Mello Breyner Andresen, Legenda para uma casa habitada


"Apesar da confiança que lhe davas - parece-me que lhe permitias andar pelos teus versos com demasiado à vontade - não devias ter deixado que viesse assim, às portas do Verão, a morte. Naqueles dias em que ainda acreditava poder outra vez voar no teu olhar, recordo-me de imaginar-te a vaguear numa branca solidão, suspenso, hesitante entre o teu ofício de ordenar as palavras, como quem ordena simples bocadinhos de papel de cor sobre um cartão, ou ser ordenado pela Palavra que tanto amavas."

Nuno Higino, Legenda para uma casa habitada

* Fonte: http://danielfaria.no.sapo.pt/


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Enviado por Tópico
HelenDeRose
Publicado: 07/05/2011 19:57  Atualizado: 07/05/2011 19:57
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 Re: Vida e Obra p/ Todos
Olá amigos do Luso,

Agora já podem enviar textos de Daniel Faria na página dos Clássicos.

Agradeço a participação de todos, bem como, as sugestões de autores consagrados.

Helen De Rose
(moderadora dos clássicos)

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