Federico García Lorca : Romance da Lua Lua
em 30/01/2014 15:58:23 (5528 leituras)
 Federico García Lorca


ROMANCE DA LUA LUA
(frevo)

Sobre a frágua veio a lua
com seus babados de renda.
O menino mira, mira.
O menino a está mirando.

No ar súbito, comovido,
a lua move seus braços
e mostra, lúbrica e pura,
os seios de duro estanho.

Foge, lua, lua, lua.
Se viessem os ciganos,
com teu coração fariam
anéis e colares brancos.

Oh, foge lua, lua, lua.
Quando vierem os ciganos,
te acharão sobre a bigorna,
com teus olhinhos fechados.

Foge, lua, lua, lua.
Que já sinto seus cavalos.
Deixa-me, filho, não pises
o meu alvor engomado.

Vinha perto o cavaleiro,
o tambor do chão tocando.
E, dentro da frágua, o menino
tem seus olhinhos fechados.

Pelo oliveiral, bronze e sonho,
eles vinham, os ciganos.
As cabeças para cima
e os olhos sempre-cerrados.

Foge lua, lua, lua,

E dentro da frágua choram,
dando gritos os ciganos.
O ar da noite vela, vela.
O ar da noite está velando.

Ai!! Como canta a coruja,
como canta no galho!
Através do céu, a lua
vai o menino levando

Foge lua, lua, lua.


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