Garcia Lorca : Rosa Mutável
em 24/08/2008 16:04:01 (4149 leituras)
Garcia Lorca

Quando se abre na manhã,
rubra como sangue está.
O orvalho não a toca
com medo de se queimar.
Aberta à luz do meio-dia
é dura como um coral.
O sol assoma nos vidros
só para a ver fulgurar.
Quando nos ramos começam
os pássaros a cantar,
e quando a tarde desmaia
nas violetas do mar,
torna-se branca, tão branca
como uma face de sal.
E logo que a noite toca
brando corno de metal,
e as estrelas avançam
enquanto se esconde o ar,
no risco fino da sombra,
começa-se a desfolhar.

in TRINTA E SEIS POEMAS E UMA ALELUIA ERÓTICA,Federico Garcia Lorca, Tradução de Eugénio de Andrade, Editorial Inova Limitada, Janeiro de 1970


**************************************************


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jessé barbosa de oli
Publicado: 25/08/2008 15:14  Atualizado: 25/08/2008 15:14
Da casa!
Usuário desde: 03/12/2007
Localidade: SALVADOR, Bahia
Mensagens: 334
 Re: Rosa Mutável
o lírico êxtase da observação
repousa nestes versos,
eivando os olhos de quem os saboreia
com o inefável vírus da carnal
botânica emoção.

Links patrocinados

Visite também...