José Régio : Testamento do poeta
em 31/08/2008 13:20:00 (4346 leituras)
José Régio

Testamento do poeta


Todo esse vosso esforço é vão, amigos:
Não sou dos que se aceita… a não ser mortos.
Demais, já desisti de quaisquer portos;
Não peço a vossa esmola de mendigos.

O mesmo vos direi, sonhos antigos
De amor! olhos nos meus outrora absortos!
Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,
Que fostes o melhor dos meus pascigos!

E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo e todos vejo reduzidos,
E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!…
Basta-me o gesto de contar um verso.

José Régio
(1901-1969)



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Enviado por Tópico
ellianaalves
Publicado: 10/09/2008 15:52  Atualizado: 10/09/2008 15:52
Colaborador
Usuário desde: 14/06/2008
Localidade: Petrolina-PE
Mensagens: 567
 Re: Testamento do poeta

Muito bom,gosto disso...


Enviado por Tópico
jessébarbosadeolivei
Publicado: 25/09/2008 11:27  Atualizado: 25/09/2008 11:27
Da casa!
Usuário desde: 14/09/2008
Localidade: SALVADOR, Bahia ---- BRASIL
Mensagens: 368
 Re: Testamento do poeta
que legado maior deixa
um grande bardo, senão a sageza e a profundidade
dos seus versos, hein?

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