Pablo Neruda : Os barcos
em 10/01/2009 19:40:00 (6763 leituras)
Pablo Neruda

Como no mercado se botam no saco carvão e cebolas,
álcool, parafina, batatas, cenouras, costelas, azeite, laranjas,
o barco é a vaga desordem onde caíram
melífluas robustas, famintos jogadores, padres, mercadores:
às vezes decidem olhar o oceano que se deteve
como um queijo azul que ameaça com olhos espessos
e o terror do imóvel penetra na face dos passageiros:
cada homem deseja gastar os sapatos, os pés e os ossos,
mover-se em seu terrível infinito até que já não exista.
Termina o perigo, a nave circula na água do círculo,
e longe aparecem as torres de prata de Montevidéu.

(In "Memorial de Isla Negra. Brasil: L&Pm, 2007)



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