No Túmulo de Christian Rosenkreutz
Publicado em 28/06/2011 14:24:27 | Tópico: Fernando Pessoa
| Quando, despertos deste sono, a vida, Soubermos o que somos, e o que foi Essa queda até corpo, essa descida Ate á noite que nos a Alma obstrui, Conheceremos pois toda a escondida Verdade do que é tudo que há ou flui? Não: nem na Alma livre é conhecida... Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui Deus é o Homem de outro Deus maior: Adam Supremo, também teve Queda; Também, como foi nosso Criador, Foi criado, e a Verdade lhe morreu... De Além o Abismo, Sprito Seu, Lha veda; Aquém não há no Mundo, Corpo Seu. II Mas antes era o Verbo, aqui perdido Quando a Infinita Luz, já apagada, Do Caos, chão do Ser, foi levantada Em Sombra, e o Verbo ausente escurecido. Mas se a Alma sente a sua forma errada, Em si que é Sombra, vê enfim luzido O Verbo deste Mundo, humano e ungido, Rosa Perfeita, em Deus crucificada. Então, senhores do limiar dos Céus, Podemos ir buscar além de Deus O Segredo do Mestre e o Bem profundo; Não só de aqui, mas já de nós, despertos, No sangue actual de Cristo enfim libertos Do a Deus que morre a geração do Mundo. III Ah, mas aqui, onde irreais erramos, Dormimos o que somos, e a verdade, Inda que enfim em sonhos a vejamos, Vemo-la, porque em sonho, em falsidade. Sombras buscando corpos, se os achamos Como sentir a sua realidade? Com mãos de sombra, Sombras, que tocamos? Nosso toque é ausência e vacuidade. Quem desta Alma fechada nos liberta? Sem ver, ouvimos para além da sala De ser: mas como, aqui, a porta aberta? ....................................... Calmo na falsa morte a nós exposto, O Livro ocluso contra o peito posto, Nosso Pai Rosaecruz conhece e cala.
*** *O ocultismo de Fernando Pessoa. Paz Profunda para quem tem olhos de ver!
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